Pela sétima vez em menos de dois meses, o Banco do Brasil anunciou mais uma medida para elevar a oferta de crédito.

O Banco do Brasil anunciou ontem a ampliação de R$ 11,6 bilhões no limite de crédito de 303 mil micro e pequenas empresas que tenham conta no BB.

Além disso, foram reduzidos os juros cobrados nas linhas que oferecem financiamento de capital de giro para companhias de pequeno porte -que tenham faturamento anual de até R$ 15 milhões.

Atualmente, segundo o Banco do Brasil, a carteira do banco de micro e pequenas empresas – as que têm faturamento anual até R$ 15 milhões – soma R$ 37,4 bilhões.

Apesar de a decisão estar alinhada com a recomendação feita pelo Palácio do Planalto para que bancos públicos ajudem a amenizar os efeitos da crise, a instituição diz que a medida é técnica e não gera aumento do risco de calote, nem prejuízo para o acionista.

Desde que o novo presidente, Aldemir Bendine, tomou posse em 23 de abril, o BB tem anunciado praticamente uma nova medida de aumento do crédito a cada semana.

Os limites de crédito serão ampliados em 20%, em média, para as empresas beneficiadas, afirmou o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global do BB, Ricardo Flores.

Os R$ 11,6 bilhões adicionais representam um aumento de, em média, 20% no limite de cada companhia. Ao todo, o BB possui 1 milhão de micro e pequenas empresas entre seus clientes, sendo que, desse total, cerca de 700 mil tomam empréstimos regularmente.

O dinheiro sairá do caixa do próprio banco e será oferecido em operações que contam com a garantia de recebíveis, como cheques pré-datados, compras no cartão de crédito, títulos e duplicatas. Nesse tipo de transação, o empresário entrega o que tem a receber no futuro e consegue à vista o dinheiro mediante pagamento de juro. Funciona como a antecipação da restituição do Imposto de Renda.

O aumento no limite de crédito vale apenas para as operações de crédito que tenham recebíveis como garantia, ou seja, modalidades em que a empresa entrega ao banco duplicatas, cheques pré-datados ou outros tipos de pagamentos que serão recebidos de seus clientes como garantia de que o empréstimo será pago.

Há três semanas, o BB já tinha ampliado a oferta de crédito às pessoas físicas em R$ 13 bilhões, ao aumentar os limites de empréstimos de 10 milhões de clientes. Na ocasião, o banco também reduziu o juro cobrado de pessoas físicas. Assim como naquela ocasião, a mudança vai beneficiar apenas os clientes que, de acordo com os critérios do banco, tenham um bom histórico de pagamentos.

Para o BB, ser bom pagador significa, entre outras exigências, as de ter conta no banco há pelo menos um ano e nunca ter ficado inadimplente.

Segundo a instituição, a ampliação do limite de crédito vai permitir que os empresários aumentem o seu capital para comercialização, impulsionando a economia e favorecendo a geração de emprego e renda: "Os novos limites para operações com recebíveis permitem que essas empresas incrementem seu capital de giro com agilidade", avaliou o BB.

A redução dos juros, por sua vez, vale para todos os clientes que se enquadrem na definição de micro ou pequena empresa. O corte, porém, não foi linear. Na linha chamada BB Giro Rápido, por exemplo, em que os empréstimos são de até R$ 100 mil e podem ser pagos em até 18 meses, a taxa mensal máxima cobrada passou de 2,37% ao mês para 2,35%. Já no BB Giro Saúde, direcionado a instituições conveniadas ao Sistema Único de Saúde, o juro máximo caiu de 2,10% ao mês para 1,80% ao mês, além da variação da TR (Taxa Referencial).

O pacote anunciado em 15 de junho tenta amenizar a situação das micro e pequenas, um dos segmentos que mais sofreu com a crise no crédito.

Com o aumento do risco, bancos de pequeno e médio porte – que têm forte participação nesse setor – passaram a ter muita dificuldade de captar recursos. Sem dinheiro novo, os empréstimos foram cortados drasticamente e esses clientes tiveram de buscar financiamento em outras instituições, como a Caixa Econômica Federal e o próprio BB.Pela sétima vez em menos de dois meses, o Banco do Brasil anunciou mais uma medida para elevar a oferta de crédito.

Desde o agravamento da crise, no final do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insistido na necessidade de aumentar a oferta de crédito e reduzir o "spread" bancário. Lula tem pressionado os bancos públicos, principalmente o BB e a Caixa Econômica Federal, a reduzir as taxas dos seus financiamentos.
 
Posição de governo
No programa semanal Café com o presidente transmitido ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu que o pior já passou, e que a economia brasileira está dando sinais enormes de recuperação. E fez referência expressa à redução das taxas de juros dizendo que a queda da Selic para um patamar inferior a dois dígitos pela primeira vez na história demonstra a seriedade da política monetária do governo.

– Isso é importante porque, obrigatoriamente, os bancos privados e bancos públicos vão ter que reduzir as taxas de juros para que a gente possa facilitar o crédito para a população – destacou o presidente da República, explicando em seguida que não basta taxa Selic cair:

– É importante que o spread (diferença das taxas de captação de recursos e as de repasse em empréstimo pelo sistema bancário) diminua no Brasil. O spread ainda está muito alto, o spread ainda está seletivo, e nós vamos manter todo o esforço para controlar a inflação

Posição do mercado  
Para analistas, a decisão do Banco do Brasil de aumentar o limite de crédito para micro e pequenas empresas representa um passo importante para destravar as operações de financiamento à pessoa jurídica.

Segundo analistas grande parte dos R$ 70 bilhões liberados do compulsório dos bancos desde outubro de 2008 continua aplicado em títulos do governo. Esse dinheiro precisa ir para operações de crédito, para fomentar a economia.

Bibliografia
Jornal Folha de S. Paulo de 16 de junho de 2009
Jornal do Brasil de 16 de junho de 2009
Jornal O Estado de S. Paulo de 16 de junho de 2009 Jornal de Brasília de 16 de junho de 2009