Basta!

Novamente se viu frente a problemas que não eram seus, que foram tirados de outras costas e colocados nas suas, como se nelas pesasse menos. Mais uma vez de tantas outras, quiseram coloca-la frente ao tribunal da vida, para solucionar problemas que a outros incomodavam mais que a ela, velha sábia que se tornara. O que não queriam fazer a ela caberia fazê-lo. É o que sempre pensaram, quando aparecia uma dificuldade incontornável. Desde sempre. Afinal...

Mas acontece que desta vez, em sua sapiência, disse um não que saiu de suas entranhas e se fez ouvir com todas as letras. Um não para que ela mesma ouvisse, assumisse e se posicionasse. Um não que a muito deveria fazer parte de sua vida,  cansada que estava de deixar-se conduzir pelas leis do outro. Aprendera com o tempo a separar o que queria fazer do que queriam que ela fizesse. Era chegada a hora de colocar em prática o que aprendera a duras penas. Desceu do pedestal em que foi colocada como guardiã que a queriam, guardiã da moral e dos bons costumes. Impôs sua vontade, bateu de frente com aqueles que queriam que o peso das decisões fosse seu, enquanto se escondiam a observar o resultado final. Ela que se expusesse, que desse a cara a tapa. Afinal... Era tão cômodo delegar poderes e cobrar atitudes. Mas finalmente ousara ser ela mesma, consciente que se tornara de que suas decisões não mais seriam manipuláveis por quem quer que fosse. Assumiria só o que era seu, convencida que estava que tudo na vida é mutável. Tudo. Basta querer que seja e ponto.

Que a pensassem distante, ensimesmada, inflexível. O basta já fora dado e seria seu companheiro ad eternum. Faria parte de suas noites bem dormidas, seria o fiel escudeiro de sua temperança.