Barulho de Botas no Cairo!
Publicado em 19 de dezembro de 2012 por Lahcen EL MOUTAQI
Os egípcios começaram a votar a favor ou contra um projecto constitucional que divide profundamente o país, provocando muitos protestos e confrontos.
Diante disso interrogamos sobre o que esconde o fundo da crise constitucional e a poítica na qual o Egito se livra num cenário de luta sem precedência?
A Fitna é considerada um artificio de contra atacar e dos adversários, bem como um fundo de confronto violento entre pró e anti-Morsi, e secundariamente entre partidários e opositores da Constituição como projeto objeto da controversia.
Isso alimenta as idiologias racistas e nefastas ao progresso contribuindo em todos os casos a um ambiente capaz de mergulhar o país ainda mais num clima de violência, de tensão e da insegurança.
Pior, o espectro da anarquia e o retorno do militar permanecem ominpresentes.
De fato, os opositores ao presidente Morsi o culparam de um desvio autocrático e de um totalitarismo islâmico, mas continuam recusando a chamada ao diálogo com Morsi, insistindo sobre o adiamento do referendo constitucional.
Uma Consulta agendada em duas etapas revelou um resultado que risca exacerbar as divisões dos egípcios, se não for controlado a tempo, tendo em vista as diferenças profundas e insuperadas, de uma vez por tudo para vencer o mal que assola o país.
Tendo multiplicado os gestos para reafirmar que ele era o presidente de todos os egípcios, e não de uma irmandade, tem que dizer que Morsi não enfrenta uma contra-revolução, mas sim uma oposição que nunca o concedeu quaisquer credibilidade nem promessa de ajuda para o restabelecimento da situação.
Estes movimentos de oposição destacam a luta pela liberdade e laicidade do Estado, acusando a Irmandade Muçulmana de ter confiscado a revolução na Praça Tahrir, tentando assim restringí-la a uma ditadura da sharia!
Nós não vamos ir no sentido, como frisam alguns editorialistas de má-fé da origem desta crise, da qual os egípcios parecem presos entre o martelo do Exército e a bigorna dos islamitas, condenados, entretanto, a escolher entre a peste e a cólera ...
Embora a crise parecia sem saida e as noites brancas da Praça Tahrir cada vez mais longas, o militar é a cada vez mais tentado para intervir, visando a restaurar a ordem e evitar o caos, porque agora os barulhos de botas assombram as canções da revolução.
Lahcen EL MOUTAQI
Pesquisador Universitário