AVÓS QUE CRIAM SEUS NETOS

É cada vez mais comum vermos avós assumindo a criação de seus netos. Devido ao aumento da expectativa de vida no país, aliado ao fato de que, atualmente, os idosos têm condições de saúde cada vez melhores, graças ao avanço da medicina, muitos avós tem papel ativo na criação de seus netos.

Em alguns casos, até três gerações moram juntas, por vontade e, muitas vezes por necessidade. Em outras situações, os avós moram sós com os netos, sem a presença dos pais.

Em estudos recentes com avós que cuidam de seus netos, como o artigo “Avós que assumem a criação de netos”, constatou-se que isso geralmente acontece quando os pais são “falecidos, despreparados por serem adolescentes ou adultos imaturos, negligentes, desconhecidos, dependentes químicos, abusadores, portadores de deficiências físicas e/ou de transtornos mentais”.

Durantes a entrevista realizada com as avós, constatou-se que as mesmas sentem prazer e alegria por terem a oportunidade de participar ativamente na criação de seus netos. Os pais, por outro lado, se sentem seguros por poder trabalhar sabendo que seus filhos estão com um membro da família de confiança. Além do que, essa relação faz bem para ambas as partes.

É importante destacar o papel predominantemente feminino na educação das crianças na sociedade brasileira. No Artigo, Mainetti e Wanderbroock corroboram essa visão, afirmando que: “As mulheres costumam ter participação ativa na vida familiar ao longo do ciclo vital e, segundo Kipper e Lopes (2006), essa participação é renovada quando se tornam avós”. Ou seja, na prática, essa questão está centralizada no binômio mãe-avó – os pais e avôs, quando presentes, geralmente assumem o papel de coadjuvante.

A pesquisa de Mainetti e Wanderbroocke (2013), aponta que, apesar da opinião do senso comum de que os avós são “carrascos dos filhos e escravos dos netos” e que os “mimam” muito, citam Coutrim (2007)  ao afirmar que “ o rendimento escolar é o mesmo entre crianças cuidadas pelas avós em relação às demais. Embora muitas avós tenham baixa escolaridade, transmitem valores e oferecem apoio emocional às crinças sob sua tutela e isso aparece refletido no bom desempenho escolar dessas crianças”.

Porém, nem tudo são flores. Muitos avós demonstraram preocupação com relação ao futuro devido sua idade avançada e medo de não poder continuar com sua função por motivo de saúde, deixando assim seus netos desamparados. Outros avós sentem que há um descaso por parte dos pais, que deveriam assumir mais os próprios filhos. Por outro lado, alguns pais se sentem desautorizados pelos avós, que têm, em sua opinião dificuldade em lidar com limites com relação às crianças.

A mãe que precisa da ajuda da avó no cuidado com seus filhos (em tempo integral ou parcial), não precisa se sentir culpada. Em situações como essa, é natural que avó participe da educação de seu neto. O importante é que a mãe não se furte a se posicionar quanto ao seu estilo de educar.

“Para isso, é preciso, em primeiro lugar, ter seus princípios e valores claros para si mesma e, depois, promover conversas com sua mãe/sogra, de modo a deixar claro que a linha a ser seguida é ditada pelos pais, e que a estes são a autoridade principal em relação aos filhos. O mesmo se aplica à avó que entende que a filha/nora permite que ela tenha papel de mãe em seu lugar. Só quando os adultos conseguem falar francamente é possível aparar as arestas dessa relação tão linda entre avós e netos, e que pode ser benéfica para todos”, analisa Márcia Belmiro.

BELMIRO, Márcia. Avós que criam seus netos. Instituto Infantojuvenil, 2020. Disponível em: https://institutoinfantojuvenil.com.br/avos-que-criam-seus-netos/. Acesso em: 04 de nov. de 2020.

MAINETTI, Ana Carolina; WANDERBROOCKE, Ana Claudia Nunes de Souza. Avós que assumem a criação de Netos. Internet, 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2013000100009. Acesso em: 04 de nov. de 2020.