AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PARA QUE AVALIAR E COMO AVALIAR?

Fabiana Alves de Andrade[1]

Marlene de Almeida Leite[2]

Simone Barbosa Fernandes[3]

A Educação Infantil, é ofertada em creches e pré-escola em período parcial e integral e é considerada a primeira etapa da Educação Básica. e foi regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394 em 20 de dezembro de 1996, fato este que contribuiu para com a ampliação da educação infantil de maneira gradativa e significativa.

Nesta ótica, as brincadeiras e interações são eixos norteadores da ação pedagógica nessa etapa de ensino, uma vez que as primeiras vivencias das crianças com o ambiente escolar, se torna um processo gradativo no que diz respeito ao seus desenvolvimento afetivo, motor, intelectual, cognitivo, físico e conhecimento de mundo, oferecendo oportunidade de construir o seu conhecimento por meio das fantasia, brincadeiras e da ludicidade, de tal forma que gradativamente desenvolva suas potencialidades e habilidades, a ponto de ter autonomia para superar as suas dificuldades e necessidades.

Levando em consideração esses apontamentos acima descritos é de suma importância que se utilize de métodos e metodologias que auxiliem o professor, gestores e demais funcionários de certa Instituição, para com a interação e socialização entre ambos. Lembrando que a criança enquanto ser social, possui capacidades cognitivas afetivas e emocionais, por isso é de suma relevância que seja tratada como um ser histórico e produtor de cultura.

Ressaltando que, é durante a sua permanência na educação infantil que vai assimilar e estabelecer a noção de mundo, espaço, seus deveres e direitos, ou seja, é nessa fase educacional que irá estabelecer seus primeiros contatos culturais e sociais, dando desta forma inicio ao seu processo de interação e socialização com o "outro". Neste contexto, Libâneo (1994) cita que a avaliação é um instrumento utilizado no processo de ensino, que tem como objetivo verificar e qualificar os resultados coletados, para só assim, estabelecer uma relação entre os objetivos almejados, para posteriormente se posicionar em relação a redefinição e replanejamento das atividades a serem trabalhadas.

Considerando todos os apontamentos acima descritos, podemos citar que o ato de avaliar é fundamental para identificar e observar a atuação, participação e compreensão das crianças, nos aspectos emocional e cognitivo. Para isso, quando for avaliar, é necessário que o educador leve em consideração todo o desempenho, interação, socialização e os momentos em que elas assimilam e compreendem o que lhes estão sendo ensinado. Já que é por meio da avaliação que o professor irá entender e perceber as habilidades, potencialidades e preferências de cada criança em sua individualidade, interpretando assim, a ação.

Assim, avaliar na educação infantil vai além do desejo em observar, mas tem como função revelar ao professor os pontos onde carecem serem mudados, replanejado e reelaborado, com objetivo de desenvolver e criar conhecimentos e saberes que o leve a refletir a respeito da avaliação na educação infantil, bem como sobre sua ação educadora em relação as crianças. Uma vez que, quando avaliamos algo ou alguém, gradativamente desenvolvemos uma relação mais intima entre sujeito-objeto e entre sujeito-sujeito.

Com isso acabamos por criar vínculos diversificados em relação aquilo ou a quem avaliamos. Lembrando que o ato de avaliar não é novidade, pelo contrário, sempre existiu e existira e é uma prática diária e constante em nossas vidas, pois só assim chegaremos a um produto final com mais êxito. Ou seja, quando avaliamos obtemos informações, construímos e ampliamos conhecimentos, o que torna esse ato em ato político, cultural e social. Assim, avaliação na educação infantil é cuidar e se preocupar com as crianças na sua totalidade e particularidade, como um sujeito que se encontra em processo de crescimento e aprendizagem.

Nesta perspectiva, podemos descrever a avaliação na educação infantil como parte do processo de ensino e aprendizagem, buscando melhor compreender como se da este processo durante a primeira infância, e verificar o que está dando certo ou errado, o que precisa ser replanejado entre outros fatores que dará suporte para se avaliar sem rotular e muito menos classificar as crianças.

Para isso, é necessário que o modelo tradicional utilizado para avaliar, de forma dualista e classificatória, seja ignorado, e que a avaliação não se torne uma ferramenta utilizada para selecionar, julgar, excluir e de controle social. No sentido de que a avaliação é essencial no sentido de corrigir, observar e replanejar algo ou aquilo que esteja dando errado e não atende as necessidades e propicie aprendizagem significativa a todas as crianças envolvidas em determinada situação de aprendizagem.

Uma vez que, de acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (1998, p. 59) descreve que: “Existem no Brasil ainda ações pedagógicas nesse nível de ensino que possuem uma concepção equivocada do que é a avaliação, o que de certa forma traz na educação infantil, sérios problemas, com resultados desastrosos (...)”. Neste contexto, Kramer (2003, p. 95), afirma que "(...) é necessário que a clássica forma de avaliar, procurando os erros e os culpados, seja trocado por uma avaliação forte o suficiente para agregar elementos de crítica e de transformações" que transforme de forma positiva a sua ação pedagógica e a análise da compreensão e aprendizagem das crianças.

Diante todos esses apontamentos, é que podemos dizer que: avaliar na educação infantil tem como função investigar, refletir e repensar a ação pedagógica docente. o que acaba por se tornar em um medidor e mediador entre processo de ensino-aprendizagem e o educador (a), no estudo dos resultados obtidos. Ressaltando que, quando utilizada da maneira correta, a avaliação se torna em um instrumento de suma importância em prol da reelaboração da ação didática, já que a mesma trás a tona informações concretas a respeito das atividades propostas, se estar dando certo ou não, se as crianças estão compreendendo-as e assimilando-as ou não.

Assim, a avaliação também serve para apontar e direcionar quais os conteúdos, os materiais didáticos, as estratégias de ensino foram melhor assimiladas pelas crianças e se os objetivos almejados foram alcançados. Dai por diante, realizar um planejamento de acordo com os resultados adquiridos através do processo de avaliação realizada sobre a turma e a partir da reflexão feita sobre sua própria pratica pedagógica, com intuito de sanar com aquilo que não deu certo.

Nesta direção, A Lei 9394/96 que trás em suas entrelinhas as Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, trás  no artigo 31, a seguinte afirmação: “Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem objetivo de promoção mesmo para acesso ao Ensino Fundamental”. Em consonância a isso, é valido dizer que  o processo de avaliação na educação infantil deve estar pautada no repensar, nos registros, relatórios descritivos, observações, fotografias, filmagens, portfólios entres outros métodos e metodologias usadas para tal fim.

Em suma, o ato de avaliar por sim só já é algo muitíssimo importante para se conhecer melhor um objeto, fenômeno, comportamento... Assim sendo, quando realizada na educação infantil, tem como papel estabelecer mudanças que levará a compreensão do processo de ensino-aprendizagem, bem como o desenvolvimento cognitivo das crianças. O que deve transformar a avaliação em uma fonte mediadora de conhecimento que dará significado a ação docente sobre as crianças. Uma vez que a mesma é realizada a partir das vivencias e experiências por parte das crianças, durante a sua permanência nos espaços de ensino destinado a educação infantil. 

 

Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

 

BRASIL. Lei nº. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Poder Legislativo. Brasília, 23 de dezembro de 1996.

HOFFMANN, J. M. L. Avaliação na pré-escola: um  olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2006.

Oliveira, M. R. de. Educação Infantil, fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2007.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Tradução: Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 1999.

 

[1] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Anhanguera e Especialista em: Ludicidade e Psicopedagogia Clínica e Institucional, pela Faculdade Futura e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[2] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Anhanguera e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[3] Graduada em Pedagogia pela Universidade Unemat - Universidade do Estado de Mato Grosso. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.