Atendimento Educacional Especializado as pessoas com surdez

nas Aulas de Língua Portuguesa: Avaliação X Inclusão

 Estudos e pesquisas tem nos levado, nos últimos dez anos sob várias vertentes linguísticas, a reflexões sobre a língua e as propostas de ensino do Portuguêspara pessoas  com necessidades especiais tipo surdez, ora com foco na aquisição  da língua portuguesa , em sua modalidade oral ou escrita, comparando a língua  a língua das pessoas com surdez com a dos ouvintes ora com foco em análise de dados, especialmente com estudo de casos de crianças , jovens ou adultos com surdez que tenha ou não adquirido e desenvolvido a Libras e sua relação com a aquisição e o desenvolvimento com a língua portuguesa, principalmente com sua modalidade escrita: leitura e produção de texto. Nesses trabalhos estudiosos e pesquisadores têm desvendado vários problemas linguísticos das pessoas com surdez: desde fracassos em codificar e decodificar textos curtos em português, em seus aspectos formais, até textos mais complexos, com falta de densidade científica, coerência e coesão.

        Há também inúmeras propostas de educação linguística de pessoas com surdez com destaque para o ensino de Português condicionado a aprendizagem de Libras, esta como primeira língua aquela como segunda língua ou a discussão polêmica entre língua e identidade cultura surda; ou língua do surdo versos língua portuguesa como língua estrangeira na aquisição pelas as pessoas com surdez,como se fosse a pessoa com surdez um estrangeiro ou estranho na língua de seu país. Enfim, essas propostas adotam diferentes teorias : Estruturalismo, Gerativismo, ou seja pessoa com surdezicologia cognitiva e pessoa com surdezicolinguística; porém nota-se um turbilhão de ideias e fundamentos teóricos, às vezes, em alguns pesquisadores com a presença de certos ecletismos teóricos notadamente em termos de conceber e aplicar conceitos de língua e de linguagem em sua maior parte do que realmente propor e elaborar sob a luz de uma fundamentação teórica mais clara e objetiva no processo de avaliação  com uma metodologia e uma didática – pedagógica para melhor desenvolver  a educação linguística em pessoas com surdez.

      Trago aqui uma proposta didática - pedagógico e metodológico para se ensinar português para as pessoas com surdez. Acredito no ensino de português como produto eficaz para as pessoas que sofre com o problema de surdez que até então estão surgindo soluções dentro do processo Ensino Aprendizagem como processo avaliativo ecomo processo e uso nas práticas sociais. Por isso, defendemos que o espaço escolarconstitui-se como o lugar base  as pessoas com surdez a aquisição e desenvolvimento da modalidade de língua portuguesa em suas várias formas e adequação do uso, sobretudo por essa língua ser conteúdo do ensino regular, das séries ciclos iniciais ao ensino superior, e por ser direito dos cidadãos com surdez constituírem-se como sujeito letrado numa segunda língua, em seus vários níveis de desenvolvimentos. E a língua portuguesa podeser um dos eficazes instrumentos para sua constituição como sujeito cidadão deste país ou países que falam a língua em destaque, visto que nela se destaca o poder discursivo de expressão formal de sentidos, com ela é possível estabelecer as interações verbais entre o EU e o OUTRO e dela se apropriam todos que buscam e produzem conhecimentos científicos, os saberes e os bens culturais a que demos direito. Diante do exposto, exemplificaremos , a seguir a base para o atendimento especializado para o ensino, quanto ao processo avaliativo da leitura, escrita, aprendizagem a gramatica de uso pelas pessoas com surdez.

     Numa visão de leitura e ato de ler, propomos o ato de ler como ato de linguagem que se constitui num movimento de conexão entre o todo e as partes que se pressupõe como texto, tecido tessitura de palavras, arranjos sonoros, jogos imagísticos, seja escrito, seja gestual visual pela qual se percebe, escreve, sente e vê o mundo. Assim, conforme diz Martins ( 1982), ler é além das atribuições de significados a imagem gráfica segundo o sentido. Assim, envolve aspectos sensoriais emocionais e racionais. Há portanto, diferentes níveis de leitura que extrapolam do texto para o mundo. Ler não é dizer o já dito, mas falar do outro o sentido, é impossível uma leitura de consenso uniforme, pois no conflito das interpretações se revela a diversidade rica de um texto e, através dele a da realidade.

     Nesse sentido, a leitura é um processo de interlocução e interlocutário mediado pelo texto em que há um movimento de ir e vir constante do sujeito com surdez.

Resultamos algumas estratégias no processo avaliativo que julgamos muito importantes para os atos de interpretação e compreender que desenvolvemos na pratica escolar. O processo de interpretação e compreensão como linguagem e sistemas semióticos, depende da informatividade ; interpretar está ligado a fazer pressuposições, ler com implícito, inferência e intertextualidade.

      Ao se ensinar português escrito para pessoas com surdez, deve-se conceber que o processo de letramento requer o desenvolvimento e aperfeiçoamento da língua em varias práticas de interação verbal e discursiva, principalmente da escrita no processo avaliativo do individuo com surdez. Isso demanda que as atividades propostas de reflexão sobre a língua precisam para a observação e análise da língua em uso, quanto ao seu conhecimento, estrutura, sistema linguístico funcionamento e variação em contexto de pratica e uso, seja no processo de leitura do escrito e da produção do escrito. Porém, o domínio da gramatica normativa não se sustenta por si somente, pois há um processo de produção de vários gêneros textuais discursivo, com a interação de permitir ao aluno ampliar sua competência e seu desempenho linguístico no uso de sua gramática internalizada e reflexiva. Isso se reflete nas atividades propostas e avaliativas que os professores elaboram de acordo com a necessidade de cada aluno exemplo disso são as atividades linguísticas a língua como estrutura, organização e funcionamento e daepilinguística, a língua e seu uso em situações adequadas, em vários contextos de uso da modalidade padrão e não padrão da língua portuguesa.

      Acreditamos que o processo teórico-metodológico para avaliação da pessoa com surdez seja da seguinte forma:

  • Uma proposta didática - pedagógica que norteie um primeiro estágio de ensino voltado para os processos iniciaisde alfabetização e letramento;
  • Uma proposta didática – pedagógica para um segundo estágiode ensino norteado aos processos de maior complexidade em que os textos veiculados apresentaram estruturas, organização e funcionamento da leitura, interpretação e escritura de acordo com a língua padrão.
  • Uma proposta didática – pedagógica deum terceiro estágio mais avançado da língua oficial escrita. Plenamente ao alcance de pessoas com surdez.

Podemos até mesmo questionar como se constitui o atendimento com pessoas com surdez no processo avaliativo no ensino de português

Esse atendimento constitui-se como um dos momentos didáticos pedagógicos em favor do desenvolvimento e da aprendizagem da língua portuguesa pelos alunos com surdez. Diante disto esse atendimento se da em uma sala com recursos multifuncionais e em horários diferentes da sala de aula comum. Todo o ensino e avaliação deve ser aplicado preferencialmente por um professor formado em Letra ou pedagogia que conheçam os pressupostos linguísticos adequados para apropriação do aluno da série ciclo.

Neste texto, tivemos o propósito de demonstrar a possibilidade de as pessoas com surdez estudarem na escola comum numa perspectiva inclusiva, com o atendimento educacional especializado oferecido como complemento a classe, visando ao pleno desenvolvimento e aprendizagem por meio de Libras e com o estudo da Língua Portuguesa.

      O objetivo desse atendimento é desenvolver a competência linguística, bem como textual nas pessoas com surdez. Para que essas pessoas sejam capazes de gerar sequências linguísticas, o atendimento educacional deve ser em ambientes totalmente adequados de acordo com a necessidade de cada pessoa com surdez. Sendo assim, teremos resultados no processo de inclusão na educação brasileira.

Referências:

BUENO,J.G.S. Diversidade, deficiência e educação no processo avaliativo. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nº 12, julho-dezembro, 1999, p. 3-12.

BRASIL, Ministério da Educação. Língua Brasileira de Sinais.V.III. – ( série atualidades pedagógicas , n.4.). In: LUCINDA, F. B. et.Al (org) Brasília: MEC-SEESP, 1997.

PIERUCCI, A. F. Ciladas da Diferença. São Paulo: Editora 34, 1999.

BAKHTIN, M. Marxismo efilosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

MARTINS, M. H. O que é leituraSão Paulo: Brasiliense,1982.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 3 ed. Lisboa: Stória, 2001.

ANDRÉ, M. (org). Pedagogia das diferenças na sala de aula. 9º ed.Campinas –SP, Papirus. 1999.

CAMPOS.T.M. Oliveira  A. A. S. Avaliação em Educação Especial: o ponto de vista do professor  de alunos com deficiência. Estudo em Avaliação Educacional. São Paulo, janeiro, 2005.

LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposições. Ed. Cortez, São Paulo, 2008