Avaliação da Qualidade da Água Fornecida Pelos Operadores Privados e FIPAG no Distrito de Boane no período das cheias (Janeiro – Fevereiro de 2023)
Por Atilio Muhai | 14/03/2023 | SaúdeOs serviços de abastecimento de água contribuírem para a melhoria da qualidade de vida das populações, contribuem também para a prevenção e/ou redução da incidência de doenças de transmissão hídrica, o que produz efeitos positivos na sociedade tanto em termos económicos como sociais e de saúde pública. A água contaminada é o principal veículo de transmissão de doenças de origem hídrica, havendo necessidade da realização do controlo periódico, rotineiro dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos para garantir padrões da potabilidade da água para o consumo humano. O presente trabalho visa avaliar a qualidade da água fornecida pelos operadores privados e FIPAG no distrito de Boane. As colectas das amostras de água foram feitas em 5 fontes diferentes sendo 4 fontes de fornecedores privados e 1 fonte da rede pública (FIPAG). A escolha dos pontos amostrais foi feita de modo aleatório para que não ocorresse a indução dos resultados. Para a colecta das amostras foram usadas garrafas plásticas com capacidade de 500mL, previamente higienizadas. Em seguida as garrafas foram fechadas, etiquetadas e embrulhadas. Com vista a diferenciar as amostras dos fornecedores privados do fornecedor público, os privados foram codificados em FP1;FP2;FP3 e FP4 e para o caso de FIPAG este recebeu o código de RP1 e foram colocadas na Caixa Isotérmica contendo gelo para refrigeração e transportada directamente ao laboratório Provincial de Higiene, Água e Alimentos de Gaza conforme pode ser visto nos apêndices. Para a avaliação da qualidade de microbiológica das águas dos fornecida pelos fornecedores privados assim como FIPAG foram colheitas aleatórias uma amostra em cada ponto e codificado. Para o primeiro fornecedor as amostras forma codificadas da seguinte forma: FP1 (1). Para o segundo, FP2 (1). Para o terceiro, FP3 (1). Para o quarto, FP4 (1). Por último para o caso do FIPAG a amostra foi codificada da seguinte forma, RP 1(1). As amostras para a análise de coliformes totais e fecais foram colhidas em frascos de vidro de 500 mL. O trabalho conclui que Assim, os resultados laboratoriais mostram que dos cinco operadores por onde fez-se a recolha das amostras apenas três operadores (FP1; FP3 e FP4) tiveram amostras da água com parâmetros físico-organolepticos, microbiológicos e químicos próprias para o consumo humano segundo diploma ministerial n◦ 180/2004 de 15 de Setembro. Os resultados laboratoriais mostram que a água fornecida pelos fornecedores FP2 e RP1 é imprópria para o consumo humano.
Palavras-Chave: Avaliação; Qualidade da Água; Operadores Privados e FIPAG
I – INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização Desde 07 de fevereiro, a região sul de Moçambique está a ser fustigada por chuva intensa. As cheias desalojam milhares de pessoas, destruíram sementeiras e cortaram estradas no Distrito de Boane, na Província de Maputo. Estas cheias foram agravadas pelo aumento de descargas na Barragem dos Pequenos Libombos, tendo de certo modo comprometido a qualidade da água fornecida aos consumidores da Cidade e Província de Maputo no geral e em particular do distrito de Boane. Desta maneira, a qualidade da água destinada ao consumo humano é questão de grande importância e tem ocasionado preocupação no âmbito da saúde pública. O consumo de água contaminada ou fora dos padrões mínimos de qualidade torna-se factor de risco e agravos à saúde, devido à presença de seres patogénicos e ou elementos e substâncias químicas prejudiciais (Capucci et al, 2001). Em Moçambique, desde a Independência Nacional, o Governo e os seus parceiros têm vindo a implementar medidas visando a melhoria das condições de abastecimento de água e saneamento das cidades e vilas moçambicanas. Para além de investimentos na infraestruturação, reformas institucionais têm vindo a ser introduzidas visando a melhoria da qualidade e eficiência de prestação de serviços de Água e Saneamento (Matsinhe & Coelho, 2020). Segundo Rodrigues et al (2020), a população Moçambicana ainda carece da água para as suas necessidades básicas apresentando desigualdades na distribuição da água para o consumo humano entre a zona Urbana e a Rural. Encontrar a água na forma pura no ambiente torna-se um problema, pois muitas substâncias se misturam a ela com facilidade pelo facto de ser solvente natural muito eficiente. No entanto, para que essa substância seja consumida com segurança, ela precisa ser tratada e apresentar qualidade, sem qualquer mistura que altere ou interfira em suas propriedades (Leão et al, 2014). O sector de abastecimento de água tem hoje um conjunto de desafios relacionados com a qualidade e quantidade de água fornecida, e consequentemente com a saúde pública, em que a gestão do risco se tornou numa equação composta por inúmeras variáveis e com diferentes ponderações em função da situação geográfica, maturidade dos sistemas, formação dos técnicos, situação política, entre outros (CRA, 2015). 4 Segundo CRA (2015), em Moçambique, sendo a água potável um bem escasso, importa dispor das ferramentas para assegurar a manutenção da salubridade da água, com impactos não só ao nível da saúde pública, mas também do ponto de vista de sustentabilidade técnica e económica do sector. Não obstante, o presente trabalho tem em vista avaliar a qualidade da água fornecida pelos operadores privados e FIPAG no distrito de Boane. Especificamente o trabalho visa verificar os parâmetros físico-organolepticos, microbiológicos e químicos da água dos operadores privados e FIPAG; Comparar os resultados obtidos com os padrões estabelecidos pelo decreto Ministerial e buscar mediadas com vista a reduzir a contaminação da água usada para o consumo humano no distrito de Boane. Os serviços de abastecimento de água contribuíem para a melhoria da qualidade de vida das populações, contribuem também para a prevenção e/ou redução da incidência de doenças de transmissão hídrica, o que produz efeitos positivos na sociedade tanto em termos económicos como sociais e de saúde pública ( MOPHRH, 2020). Diz ainda o autor que a água contaminada é o principal veículo de transmissão de doenças de origem hídrica, havendo necessidade da realização do controlo periódico, rotineiro dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos para garantir padrões da potabilidade da água para o consumo humano. A água para o consumo humano necessita do controlo microbiológico para prevenção de doenças e garantir o desenvolvimento das sociedades. O desenvolvimento e a modernização das cidades não podem por isso fugir desta dependência, pelo contrário, a necessidade de água aumenta com o desenvolvimento e complexidade do aparato habitacional e produtivo das cidades (Matsinhe & Coelho, 2020).