Era uma vez no ano de 1987, uma filha que perdeu sua mãe quando ainda era bebê. Certo dia Dona Cândida teve que ir até a cidade fazer entregas de alguns pedidos à seus clientes, dona Cândida estava grávida de sete meses de sua caçúla e seu esposo havia falecido fizera um mês, tinha ido à cidade de barco, porém quando o barcou ancorou no porto ela sentiu a dor do parto, todos já haviam descido, encontrando-se sozinha realizou seu próprio parto. Como naquele tempo telefone não era comum, ela ficou esperando ajuda, foi então que chegou a Dona Nete, que a ajudou nos últimos detalhes. A Criança e a mãe estavam muito bem. Alguns dias depois voltaram para o interior da Cidade de Maués. Um ano se passou e dona Cândida teve novamente que ir até a cidade, queria levar sua bebê, porém dona Francisca Avó materna da criança, não achou seguro, pois a viagem seria a noite, então a criança acabou ficando. Naquela noite quando o barco saiu do porto e estava muito longe, não sabemos como mas apareceu um furo pelo qual estava entrando muita água.

Quando viu aquilo dona Cândida correu fazendo alarme e todos tentavam secar o barco, não havendo jeito ela mesma pegou um balde e começou a jogar água pra fora. Dona Cândida era uma mulher linda, olhos graúdos, lábios grossos, cabelos longos e ondulados quase lisos e olhos castanhos claros, nessa hora ela pegou uma fralda da filha que carregava consigo e amarrou nos cabelos para não atrapalharem na hora de retirar a água. No momento de desespero a fralda escapou e seus cabelos acabram sendo puxados pelo eixo do motor, ninguém percebeu, mas aquela mãe sentia a pior das dores, sabia que jamais voltaria a ver sua filhinha, o eixo continuou a puxá-la sem dó. Quando perceberam ela já estava pela metade do corpo entre os eixos, levaram-na para o hospital na cidade, mas não teve jeito.

A família foi avisada no interior trouxeram sua pequena bebê antes da mãe morrer, ela queria abraçá-la mas não podia nem ao menos falar. A menina ficou com uma ama de leite até os sete anos e fora morar com sua avó até seus 21 anos. Porém até chegar a essa idade sofria muito por ausência da mãe, por não tê-la em seus momentos mais profundos, e cada vez mais ia deprimindo-se a Aninha que aos olhos dos adultos sempre seria aquela menininha que perdeu sua mãe tão cedo, não lhe foi dada a oportunidade de conhecer nenhum de seus pais. Sentia-se injustiçada, por que outros tinham pai e mãe? Quanta injustiça dizia a pequena Aninha.

Aninha estudou todas as séries, fez faculdade em administração, sempre procurou qualificação, mas em seu íntimo sempre se perguntava: Por que minha mãe me abandonou? Hoje Aninha com seus 25 anos, já compreende muitas coisas, e sabe o quanto uma mãe faz falta, pois sente-se sempre como se algo lhe faltasse, mesmo tendo uma vida boa agora já na casa de sua Madrinha, pois sua avó morreu ao interar 85 anos no ano que Aninha concluiu a faculdade. Foi mais uma perda, seu mundo ficou sem chão. Porém pensa diferente, quer crescer na vida, não quer casar, e quer adotar crianças que não tiveram a oportunidade de ter seus pais para educá-los, ampará-los e dar muito amor e carinho. Fazendo isso Aninha sente que estará suprindo todo o amor que não recebeu, principalmente do amor de sua mãe, que tanta falta lhe faz até hoje.

Aninha quer suprir essas crianças que pensa em adotar, para que elas nunca venham a sentir o que ela mesma sente até os dias atuais. Pois ninguém foi capaz ainda de preencher esse espaço, que com tanto carinho ela sempre reservou para sua amada mamãe, que tanta falta lhe faz.