Gentileza, bondade... algumas qualidades que presenciei recentemente, uma pequena reflexão sobre uma atitude tão singela e que honestamente me deixou tão feliz e fortaleceu minhas esperanças em um mundo mais solidário e ainda com pessoas mais altruístas.

Há uma campanha atual e nacional aqui nos EUA onde resido, como várias que vemos ao redor do mundo, em que você doa um dólar e recebe um pequeno nariz vermelho de borracha (semelhante à de um palhacinho). A campanha sem fins lucrativos tem como finalidade ajudar crianças e adolecentes em todo o mundo no combate à fome e à pobreza. Enfim, ao entrar em uma rede de farmácias e me dirigir à fila, percebi algumas meninas acompanhadas de uma pessoa adulta, até aí tudo normal.  Quando de repente as meninas disseram que estavam ali para doarem para a campanha, mas queriam comprar todos os narizinhos disponíveis que elas pudessem.

A caixa surpreendida disse, “creio não ter mais do que cem narizinhos comigo”, as meninas responderam, “ok, isso nos ajuda na nossa missão, já que iremos doá-los e anunciar esta campanha na nossa escola”. A caixa disse que aquilo não era para ser revendido, em um tom impulsivo e até meio frio. A menina imediatamente respondeu: “Não, não é isso, senhora. Iremos doar a outras classes na nossa escola e anunciar que podem vir aqui para continuarmos ajudando outras crianças, há algum problema nisso?” A senhora adulta permaneceu só observando e respaldando as meninas sem dizer uma palavra, mas ali presente.

Algumas pessoas já começavam a ficar impacientes aguardando na fila, outras já faziam cara feia quando o gerente chegou como se estivesse checando a fila e, ao ver as caixas de doação, perguntou sorrindo: “É projeto escolar?” Então a mãe respondeu: “Não, senhor. Minha filha e minhas sobrinhas decidiram que era hora delas fazerem algo amais para ajudar quem precisa de maneira mais ativa e estes narizinhos irão ser doados a outras criancas na escola dela para divulgar a campanha”. Olhei para o lado discretamente e percebi as pessoas na fila começando a sorrir. O gerente disse: “Receberemos mais amanhã e a senhora fique a vontade em retornar”. A mãe respondeu: “Eu já contribuí, as meninas sim retornarão, pois estão utilizando toda a mesada que irão ter para o verão para ajudar na campanha”. 

Em suma, ter presenciado aquela atitude tão sincera, com a delicadeza e simplicidade daquelas meninas foi tão lindo e realmente me sensibilizou. Fiquei muito pensativa com a atitude de tão jovens crianças pensando no futuro e bem-estar do próximo com tanto carinho. E por outro lado, os adultos que esperavam na fila, sorriram ao perceberem a grandeza do ato de solidariedade e de nobreza daquelas crianças naquele momento. Acoes que realmente falam mais do que mil palavras...

Mas o que realmente me tocou ainda mais naquele gesto tão simples e tão significativo, naquele específico momento e tão especial foi que, por alguns minutos, fez com que eu retrocedesse no tempo, quando anos atrás, senti, presenciei e vivenciei a solidariedade à flor da minha pele. Quando eu, horas após ter sobrevivido à tragédia do ataque às Torres Gêmeas do WTC em Nova York, ao ter escapado da área afetada e ainda visivelmente coberta em cinzas, dei de encontro com desconhecidos com pedaços de pano e copinhos de água nas mãos para ajudar aos afetados. Sem mesmo perguntar meu nome ou algo, a primeira coisa que perguntavam era: “Em que posso ajudar? Está ferida, tem cortes?” Momentos que me marcaram, ações que jamais irei esquecer em minha vida. Em meio tamanha destruição, devastação e total desorientação, sentir a bondade do ser humano de maneira tão singela e honestamente generosa foi algo inexplicável.  Em meio a tantas outras situações que presenciei, aquela, sem dúvida, é uma das que me marcaram para sempre.

Logo, e mais uma vez, percebendo que gestos generosos são contagiantes. Que a bondade não tem idade. Às vezes, não temos capacidade de reconhecer estas ações ocorrendo em pequenos detalhes e durante o dia-a-dia. Mas, que ações como essas, atitudes que brotam  ao nosso redor emanando bondade, solidariedade, irmandade ainda de forma tão viva e poderosa e preenchendo o nosso corrido cotidiano sejam sempre notadas. Pois são simples gestos que fazem a diferença que são um verdadeiro evento. Ações que marcam na vida das pessoas para sempre.

Especialmente, nos dias de hoje em que se ouve demais falar sobre tantas coisas ruins que não nos atentamos a tantas demonstrações de pequenos atos como os dessas meninas, por exemplo.  Permita–se ver o mundo além do cotidiano. E que não tenhamos de depender apenas de campanhas para chamar nossa atenção.

Lembrando-se sempre que a qualquer momento em nosso dia, em nossa existência, de que há milhares de maneiras de demonstrar compaixão, bondade, irmandade e bons sentimentos. Uma vela não se danifica ao acender outra vela... ja dizia um poeta

Então, ouvir quem necessita falar, sorrir a alguém, elogiar alguém e elogiar com força e atitude, oferecer-se de voluntário, são ações que promovem o bem. Que isso possa afetar alguém de maneira construtiva, positiva, e nos impulsione a fazer sempre o melhor.

A vida é feita de sentimentos, de emoções e de situações que nos servem como aprendizado. Só nos resta aprender e a assimilar para o nosso próprio desenvolvimento e na busca de um mundo mais justo e correto e mais evoluido. E que como em um passe de mágica possamos criar mais sorrisos do que lágrimas ou enxugá-las quando se fizerem presentes se não houver outra forma. Fazer coisas boas acontecerem. Já dizia o grande pensador, Johann Goethe: “A magia está em acreditar em você mesmo. Se puder fazer isso, você poderá fazer qualquer coisa acontecer”.

Que pequenos atos assim sejam contagiantes e que a bondade se espalhe e seja percebida sempre. E assim que o hábito de agradecer seja algo que venha de suas atitudes.

Sorria para o mundo sempre !! Adriana Maluendas