Atiradores de Pedras x Escritores da Areia

Trouxeram a Jesus uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? ... Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.

Esta história, embora tenha ocorrido a dois mil anos atrás, alem de muito interessante, leva-nos a refletir sobre qual a nossa posição frente as várias situações que nos envolvem. Talvez não estejamos frente a uma mulher adúltera pronto a executarmos a lei vigente da época, mas quantas pedras jogamos e quantas pedradas recebemos diariamente?

Quantas vezes julgamos precipitadamente uma situação, ou somos julgados e até condenados sem nem mesmo termos a oportunidade de apresentarmos nossa defesa ou esclarecermos o contexto em que os fatos ocorreram?

Basta olharmos ao redor para detectarmos a quantidade enorme de pessoas que já se acostumaram a carregar pedras nas mãos, prontos para atirar em alguém.

São pessoas que são excelentes para julgar a atitude dos outros, mas que não sabem discernir os próprios passos. Não perdoam, guardam ressentimentos, mágoas e frustrações, descarregam sempre suas pedras em alguém que esteja próximo e até em si mesmo.

Qual o resultado disso? Divórcios, brigas, contendas, murmurações, facções, problemas familiares, vícios e toda sorte de situações que impedem um bom relacionamento ou a restauração de um relacionamento que foi quebrado.

Muitos por atirarem pedras ou de serem atingidos por elas já perderam seu lar, sua família, seu emprego, sua carreira e seu futuro.

Somos seres humanos sociáveis, vivemos em grupos e quando o nosso ambiente está cheio de exímios atiradores de pedras, a convivência se torna insuportável, seja na nossa casa, no nosso trabalho ou em qualquer tipo de agrupamento em que a comunicação se faz necessária.

O mais interessante de tudo é que o estrago maior ocorre com quem atira a pedra e não no que recebe a pedrada. Pois o que está com a pedra, tem nas suas mãos a responsabilidade de decidir em atira-la ou em larga-la, deixar a acusação de lado e promover a reconciliação ou partir para o ataque e acabar de vez com tudo e com todas as possibilidades de restauração.

Qual opção é a melhor? Qual fará com que o relacionamento entre o atirador e o alvo seja restaurado? Qual dará a ambos um futuro melhor? A decisão é muito séria para se desconsiderar as opções, as responsabilidades e as suas conseqüências.

Sem dúvida atirar pedras é mais fácil que larga-las, mas precisamos deixar de ser os acusadores, os que promovem intrigas, os irreconciliáveis. Precisamos salvar as pessoas, promover a reconciliação, sermos responsáveis por algo bom. Precisamos largar as pedras, esvaziarmos o nosso armário. Alguns tem tantas pedras guardadas que possuem até um caminhão para carrega-las.

Também temos que lembrar que as pedras pesam e por isso, quando as carregamos, andamos mais devagar, nos cansamos mais rapidamente e nos machucamos com mais facilidade, pois as vezes, as pedras de tão pesadas, caem nos nossos próprios pés, atingindo nosso coração, machucando o nosso interior a ponto de alguns desistirem até de viverem.

É claro que não podemos também ocupar o lugar da mulher adúltera que deliberadamente havia cometido um erro gravíssimo, e que pela lei antiga estava condenada a morrer apedrejada, mas a excelência da forma com que Jesus resolveu o impasse, nos leva a tomar esse fato como um exemplo a ser seguido.

Ao invés de acusarmos e condenarmos os outros atirando a nossa pedra, vamos escrever nossas acusações na areia, pois logo o vento passará e apagará o que foi escrito.

Ao oferecermos aos outros o perdão, estamos nos tornando mais leves, mais saudáveis e mais felizes, pois com essa atitude as chances de vencermos as dificuldades dos nossos relacionamentos são enormes, sejam eles conjugais, familiares, profissionais e ou sociais.

Vamos deixar de ser Atiradores de Pedras e tornemo-nos bons Escritores da Areia.


Texto elaborado por José Luís Ribeiro ? 1999
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