Eu buscava o amor com tanta intensidade que quase morri. Pulei do andar da felicidade para o da aflição. Gritei seu nome ao mundo. Refiz suas iniciais em uma das minhas coxas. Prometi que se tivesse o amor de volta, tatuaria seu nome em meu braço. O amor, em vez de voltar, desapareceu de vez.

Enlouquecido, não mais de amor, mais de revolta por ter sido abandonado, bem como um bebê após o parto, tomei meu carro e saí sem direção. Procurava indistintamente o rosto do amor. Fixava em tudo e a todos. Nada. Fiquei cada vez mais louco.

Já passava das 23 horas. Peguei meu celular e tentei, sem sucesso, de novo, o contato da minha felicidade revertida em carne e osso. Não queria acreditar que tudo aquilo era verdade. Meu anjo fora embora, me deixara naquele mar de infelicidades.

Acelerava cada vez mais. O carro alcançava 130 km. Gritava. Parei num sinaleiro. Dois ou três passageiros do ônibus assistiam meu desespero e entreolhavam-se. Eu gritava seu nome, o mais alto que eu podia.

Escutava no último volume a música Quelqu'un M'a Dit, de Carla Bruni. Estava mais do que enlouquecido, queria a morte. Eu necessitava daquele amor, ou o meu coração iria apodrecer. Iria parar e fazer-me viver, eternamente num campo de concentração.

Bati inúmeras vezes no volante do carro. Parei num posto de combustível. Desci e comprei uma lata de cerveja. Segui. A música se repetira diversas vezes. Troquei o cd: Nando Reis, com a música Pra Você Guardei O Amor, alta, no máximo. Chorei muito mais. Quase me descabelei.

Continuava em alta velocidade, por sorte, nenhum policial havia percebido que eu descontava meu desespero no acelerador. Fui parar num bar. Ao entrar, consternado, deparei-me com algo que me destruiria. Enxerguei meu amor, sentado com um homem alto e barba feita. Minha paixão segurava forte a mão daquele macho. A dor forte no coração, me fez cair de joelhos ao chão. Fui amparado pelo primeiro garçom que chegara.

No hospital, escrevo minha história. O Médico disse que foi uma parada cardíaca. Ainda estou com desespero. Mas preso, amarrado pelos remédios calmantes. Esses malditos comprimidos não me deixa derramar uma só lágrima. Vou dormir.

Junior tinha 22 anos e morreu naquela noite no hospital. Os médicos disseram que foi morte natural, o coração parou de bater.