Noir Aparecido Zaia










ASPECTOS RELEVANTES DAS ARTES TERAPÊUTICAS:
A BUSCA DA SOLUÇÃO PARA O FRACASSO ESCOLAR















Americana-SP
2009













Noir Aparecido Zaia






ASPECTOS RELEVANTES DAS ARTES TERAPÊUTICAS:
A BUSCA DA SOLUÇÃO PARA O FRACASSO ESCOLAR







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Monografia apresentada como avaliação e conclusão do curso de Pós-Graduação




Americana-SP
2009
















































AGRADECIMENTO
Agradeço em primeiro lugar, a Deus por ter me dado condições de chegar até aqui, a minha família.





































Dedico,
A , minha mãe Jaci, pois é a razão da minha vida, e sempre colabora comigo, mesmo sem ter a noção do quanto me ensina e do bem que me faz.













































"A arte surge a meio caminho do homem e do universo. Nela, ele se reconhece, encontra seus pensamentos e seus sentimentos, ao mesmo tempo que faz seu aquilo que o cerca e que não é ele. A dualidade irredutível de sua dupla experiência externa e interna se encontra, enfim, resolvida."
R. Huyghe (1967)



SUMÁRIO





INTRODUÇÃO .............................................................................................01

1 VISÃO HISTÓRICA DO FRACASSO ESCOLAR ...............................03
1.1 O Fracasso Escolar ................................................................................ 03
1.2 Dificuldades de Aprendizagem...............................................................07
1.3 Interação entre Tarefa, Criança e Meio ..............................................12
1.4 Avaliação e Intervenção ........................................................................13
2 ARTETERAPIA-ANTÍDOTO PARA O FRACASSO ESCOLAR......15
2.1 O que é Arteterapia?.............................................................................. 15
2.2 Objetivos da Arteterapia contra o Fracasso Escolar ...........................17
3 TÉCNICAS EXPRESSIVAS.................................................................... 20
3.1 O Valor dos Materiais .......................................................................... 20
4 A ARTE E A CRIANÇA ...........................................................................26
4.1 A Importância do Desenvolvimento de uma Atividade Criadora ......26
4.2 O que Significa a Arte para a Criança? ................................................27
4.3 Importante: a Beleza ou o Indivíduo que se Revela? ..........................28
4.4 Motivações para a Expressão Artística..................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................32
INTRODUÇÃO

O termo "fracasso escolar" é amplo e engloba diferentes problemas, com causas mais variadas possíveis. As crianças com problemas de aprendizagem freqüentemente apresentam dificuldades na aquisição de habilidades escolares (escrita, leitura, matemática, coordenação) e/ou comportamentos inadequados para a idade, desatenção e pouco interesse. Essas crianças não conseguem acompanhar o ritmo de aprendizagem dos colegas e se não atendidas adequadamente tornar-se-ão repetentes e progressivamente apresentarão maiores dificuldades.
Muitas crianças possuem um desempenho escolar abaixo do esperado porque são expostas a exigências para as quais ainda não estão preparadas ou a currículos que não respeitam diferenças ou o ritmo de aprendizagem individual. Em função disto, a criança pode tornar-se desinteressada, desatenta e inquieta. Uma vez corrigida a situação pedagógica, modifica-se o desempenho escolar. Nestes casos não há problema com a criança, mas sim a necessidade de uma adaptação a suas características individuais.
Pensando nesta necessidade de encontrar recursos que, além de assegurarem melhor rendimento escolar também agissem profilaticamente, a Arte terapia foi escolhida por proporcionar aos alunos a oportunidade da livre expressão através dos inúmeros recursos artísticos.
Agindo preventivamente, a Arte terapia auxilia na precaução de doenças, comportamentos e condutas indesejáveis, vistas como anormais. Através da expressão artística pode-se trabalhar o baixo rendimento que resulta no fracasso escolar, os problemas de indisciplina e relacionamentos, a "baixa-estima", a insegurança e agressividade, bem como a observação precoce de indícios de doenças.
Faz-se necessário ter em mente que o problema muitas vezes não está na criança e sim no meio, como na família ou na própria escola. Muitas vezes a queixa de mau rendimento escolar não expressa uma deficiência na criança e sim uma inadequação das propostas educacionais. É preciso que se mude o enfoque quando uma criança não vai bem à escola, pois a justificativa de que se trata de um fracasso pessoal e individual não corresponde à realidade. Há muitos outros culpados envolvidos.
A formação de professores tem sido freqüentemente considerada a partir de critérios técnicos reducionistas que, a priori, visam estabelecer um perfil desejável de profissional em um quadro de atribuições práticas genericamente delineadas. Na perspectiva do ideal, a realidade do fracasso do ensino parece irrelevante como se, de fato, o ser humano fosse incapaz de aprender com os seus erros. Sustentando os princípios de que na sua maioria os problemas de aprendizagem são de ensino e de parâmetros estreitos do projeto educativo, o presente trabalho visa tomar as modalidades e técnicas expressivas como principal instrumento na busca do sucesso e luta contra o fracasso escolar.

1 VISÃO HISTÓRICA DO FRACASSO ESCOLAR
1.1 O Fracasso Escolar
Inúmeras são as pesquisas que visam às causas do fracasso escolar nas séries iniciais do ensino fundamental. Tal preocupação é antiga e, os pesquisadores procuram justificá-lo através de características físicas e psicológicas, estudando as condições sociais e os métodos educacionais.
"No século XIX buscava-se a explicação para os problemas de aprendizagem nos conhecimentos advindos das ciências biológicas e da medicina, ou seja, procura-se em alguma anormalidade orgânica e justificativa para o fracasso das crianças com dificuldades escolares" (PATTO, 1990. P. 16).
Na década de trinta em outros países, e nas décadas de sessenta e setenta no Brasil, houve a incorporação de alguns conceitos psicanalíticos no meio escolar, mudou não só a visão dominante de doença mental, mas também as concepções correntes sobre as causas das dificuldades de aprendizagem. A consideração da influência ambiental sobre o desenvolvimento da personalidade nos primeiros anos de vida provocou uma mudança terminológica no discurso da Psicologia Educacional. Dessa forma, a criança que apresenta problemas de aprendizagem deixou de ser considerada anormal passando a ser designada como criança com dificuldade de aprendizagem.
Pode-se dizer que nas décadas de sessenta e setenta na Europa, e na de oitenta no Brasil, o aspecto social e sua relação com o fracasso escolar começa a ser enfatizado pelos pesquisadores. Além disso, surgem os primeiros questionamentos relacionados a patologias, tomadas como gênese das dificuldades escolares. O ponto central de interesse passou a ser o papel da escola, quanto ao efetivo preparo da clientela que a freqüenta. Neste sentido, as dificuldades de aprendizagem deixaram de ser pesquisadas como sendo um problema exclusivo do aluno, uma vê que os fatores intra-escolares e os de ordem social, econômico e político envolvidos na educação também passaram a ser investigado.
Os diferentes pontos de vista apresentados por estudiosos do assunto mostram que, ao longo da história, o fracasso escolar passou por diferentes justificativas. Inicialmente procurava-se explicar o fracasso através dos aspectos orgânicos da aprendizagem, passando a se considerar mais tarde os aspectos emocionais e sociais. Só depois, consideraram-se os aspectos intra-escolares e os mecanismos subjacentes ao processo de aprendizagem. Os principais fatores apontados pelos estudiosos no assunto foram os descritos nos tópicos seguintes.
1.1.1 Fatores Socioeconômicos e Culturais
Várias pesquisas apontam que o maior índice de fracasso escolar ocorre com crianças carentes. Em tais pesquisas, as explicações apontadas para o problema do fracasso escolar dizem respeito à condição econômica da família. "É, sobretudo à família, às suas características culturais ou situação econômica, que predominantemente se atribui, em última instância, a responsabilidade pela presença ou ausência das pré-condições de aprendizagem na criança" (MELLO, 1982, P.90).
Ainda pode-se evidenciar entre alguns professores a associação da imagem do mau aluno na criança carente. Esta relação também se apresentou em estudos realizados por BARRETO (1981) com cerca de 160 professores de classes de alfabetização em São Paulo. Para a autora, o fato de os alunos serem bons ou maus está profundamente aliado às características da organização familiar da qual ele provém, as quais, por sua vez, refletem as condições econômicas, sociais e culturais em que vive a criança. Assim, família ideal, para esses professores, é relativamente pequena, composta de pai, mãe e dois ou três filhos no máximo, e a família numerosa é considerada indesejável e inconveniente. Ele ainda afirma que para muitos professores, as crianças pobres não tem cultura por serem: "1º - analfabetos ou apresentarem baixa escolaridade, quando se atribui à cultura o sentido de escolaridade; 2º - grosseiros e ignorantes, quando a cultura é entendida como polidez e refinamento; 3º - carentes quando se representa a cultura como um modo de ser e de proceder e uma forma de transmitir isso aos seus filhos, o que é peculiar a determinados grupos da sociedade" (BARRETO, 1981, p. 88).
Além de BARRETO (1981), muitos outros estudiosos do assunto chegaram à mesma conclusão onde os professores entrevistados apontam nas crianças de classe econômica desfavorecida o Q.I. baixo, subnutrição, imaturidade e problemas emocionais.
Desta forma, coloca-se o atraso mental que as crianças pesquisadas trazem justificam-se pela falta de alimentação, doenças crônicas, e a outros fatores que elas estão expostas.
Em suma, na maioria dos estudos aqui descritos, existe certo ponto de convergência entre os autores no qual apontam que os fatores sócio-econômicos e culturais podem influenciar muito no rendimento escolar, mas eles não são suficientes para explicar isoladamente os altos índices do fracasso escolar nas séries iniciais do ensino fundamental.
1.1.2 Fatores Biológicos
Apresentamos como fatores biológicos que interferem na aprendizagem:
-Fatores genéticos.
O meio social muito pode atuar como facilitador do desenvolvimento, porém, a aprendizagem também é parcialmente herdada geneticamente. Para a reeducação das dificuldades de aprendizagem a contribuição genética para análise faz-se indispensável.
- Fatores pró, peri e pós-natais.
Segundo análises, os resultados apontam que as crianças cujas mães tiveram complicações na gravidez, no parto ou nasceram prematuras, um grande número apresenta dificuldades de aprendizagem.
Esse fator também é analisado para que possam ser feitas reeducações com essas crianças.
- Fatores neurobiológicos e neurofisiológicos.
Considerando que a aprendizagem é dependente da organização neurológica do cérebro e sabendo que tal função depende dos fatores genéticos é compreensível que alguns fatores bioetiológicos sejam de natureza neurobiológica e neurofisiológica.
Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem não apresentam lesões no cérebro, porém, a maioria as evidencia.
Até os três anos, o cérebro aprende as aquisições básicas e cruciais que perduraram por toda a vida. A deficiência protéica pode nessa fase deixar rastros de perturbação tônica, falta de atenção, problemas de motricidade, hiperirritabilidade, instabilidade emocional entre outros.
Com base nos estudos desses fatores pode-se dizer que fracasso escolar é "distúrbio que costuma ser encontrado nos primeiros anos escolares e depois a partir de 9 a 10 anos, até a idade adulta. Nas séries iniciais o fracasso escolar diz respeito à leitura, escrita e cálculo." (DROUET, 2000, p. 168).
É importante que a criança que apresenta dificuldade de aprendizagem seja detectada logo nas séries iniciais e encaminhada para especialistas a fim de trabalhar suas dificuldades evitando assim o fracasso escolar e as frustrações.



1.2? Dificuldades de Aprendizagem
1.2.1 ? Definição de Dificuldades de Aprendizagem (D.A.)
Este é um termo em que se refere a um grupo de desordens manifestadas por dificuldades na aquisição e utilização da audição, fala, leitura, escrita ou raciocínio lógico.
Para alguns estudiosos nem sempre os professores de crianças ditas normais fazem um encaminhamento especial para aqueles que apresentam certo problema. Pode-se dizer que por mais eficiente que sejam professores e pedagogias, a D.A. não desaparece nem se extingui.
A criança com D.A. não é deficiente, mas apresenta certo déficit específico de aprendizagem. Ela não é uma criança normal em alguns aspectos, atípica em outros, ela simplesmente aprende de uma forma diferente das demais.
Mas de 100 comportamentos específicos já foram identificados, no entanto, os dez mais freqüentes são:
- hiperatividade;
- problemas psicomotores;
- labilidade emocional;
- problemas gerais de orientação;
- desordens de atenção;
- impulsividade;
- desordens na memória e no raciocínio;
Os jovens e crianças com D.A. são identificadas com base em critérios pedagógicos arbitrários, através de pareceres e avaliações médicas tradicionais, consideradas padrões, que não levam para uma reeducação ou conversão. Outros alunos nem mesmo chegam a ser identificados, eles são aprovados de série para outra sem que se trabalhem suas dificuldades ou permaneçam por certo tempo na mesma série. Esses alunos muitas vezes acabam excluídos das classes de apoio ou contra-turno, porque os professores afirmam que não têm condições de recuperação.
1.2.2? Características das Crianças com déficit de atenção D.A.
A criança que apresenta D.A. não pode ser confundida com uma portadora de deficiência mental, porque possui inferioridade intelectual global.
Usualmente revelam-se como crianças inteligentes, embora apresentem dificuldades na escola. Invertem letras como "d" por "b", "u" por "n"; números "6" por "9"; não aprendem seqüência dos dias da semana, dos meses ou estações do ano; está em permanente atividade, não se concentra, não para de falar, é muito distraída e teimosa. Além dessas características apresenta os seguintes problemas: esforça-se para aprender, mas não consegue, perde objetos, atrapalha-se para falar, coordena com dificuldades seus movimentos, sabe muitas coisas, mas não aprende ler e nem escrever entre outras coisas.
1.2.2.1? Problemas de Atenção
Muitas crianças apresentam dificuldade em fixar a atenção, dispersam-se com muita freqüência, não mantêm por muito tempo as funções abertas e vigilância. Essas crianças apresentam normalmente problemas de seleção quando dois ou mais estímulos estão presentes.

1.2.2.2- Problemas Perceptivos
Os problemas mais comuns encontrados são os visuais e os auditivos. A percepção subentende a capacidade de extrair o significado daquilo que o estimula, aprendizado, este estímulo se realiza através do feed-back. "A capacidade perceptiva de discriminar, analisar, sistematizar, reconhecer e armazenar estímulos e suas relações está indissociavelmente ligado à manipulação de objetos" (FONSECA, 2000, p.225).
Nas escolas já existem programas de triagem visual e auditiva assim que é detectado algum problema, essas crianças são encaminhadas para especialistas, porém, deve-se ter cuidado porque nem sempre os testes empregados em acuidade auditiva mostram as anomalias audiológicas existentes.
1.2.2.3? Problemas Emocionais

As crianças com D.A. geralmente são descritas pelos pais e professores evidenciando uma instabilidade emocional, dependentes e com facilidade de frustração, sua conduta social apresenta dificuldades no ajustamento à realidade e problemas de comunicação.
Elas mostram-se inseguras e sua afetividade é instável manifestando-se por ansiedade, agressividade, tensão, regressão, oposição, narcisismo, negativismo, exclusão, rejeição, perseguição e de abandono.
A repetição do insucesso leva a criação do mesmo e de uma resistência para aprender. "Sem uma professora simpática, confiante, amiga e conhecedora, a criança não vence o ciclo vicioso da D.A. e o desajustamento emocional." (FONSECA, 2000, p. 265).
É de fundamental importância que o professores estejam conscientizados ao trabalharem com crianças que apresentem D.A, é preciso que ele se mostre confiante, amigo e conhecedor para que assim esses alunos tenham reforços positivos e possam sanar suas dificuldades.
As crianças que apresentam problemas emocionais tendem a obterem fracos resultados escolares. É preciso que sua auto-estima se eleve porque mais tarde essas crianças que apresentavam desajustamento social podem se tornar delinqüente, por isso, a importância de valorizar essas crianças.
1.2.2.4? Problemas de Memória
A memória é o processo de reconhecimento daquilo que foi armazenado em nosso cérebro. As funções de atenção e compreensão estão relacionadas à mesma. Existem três processos básicos de memória que são conhecidos: - memória de curto termo ou imediata: tem função de atenção e de discriminação das mudanças que ocorrem no ambiente. ? memória de médio termo: faz a relação entre as informações já armazenadas com aquelas que estão sendo adquiridas no momento. ? memória de longo termo: armazena as informações organizadas e selecionadas para serem reutilizadas no futuro.
É característica da criança com D.A. esquecer aquilo que lhe foi ensinado, desta forma pode-se dizer que ela não assimilou o que aprendeu.
1.2.2.5? Problemas Cognitivos
As aprendizagens simbólicas como leitura, escrita e o cálculo envolvem processos muito complexos. O processo de leitura, por exemplo, compreenderá o uso da atenção, a percepção visual, a memória e a fala. Se um desses processos estiver com problemas, comprometerá toda à leitura.
Fazem parte da capacidade cognitiva a atenção, percepção, emoção memória e a lingüística, esses fatores são básicos e fazem com que a criança aprenda de forma rápida e eficaz.
1.2.2.6. ? Problemas Psicolingüísticos
Estudos apontam que existe relação entre o processo psicolingüístico e as desordens da linguagem falada e escrita.
Esses problemas ocorrem devido à má compreensão do significado de palavras, frases, histórias, diálogos ou conversas telefônicas. As crianças com D.A. apresentam dificuldade em associar palavras faladas à sua imagem, outras, que apresentam problemas na linguagem falada os encontrará também na linguagem escrita, porque as duas estão relacionadas.
1.2.2.7? Problemas Psicomotores
As crianças com D.A. na maioria das vezes apresentam problemas associados à motricidade e à psicomotricidade, elas têm um bom controle postural e geralmente uma perfeita coordenação de movimentos. A grande maioria apresenta movimentos exagerados (dismétricos), rígidos (sem melodia quinestésica) e descontrolados (não seguem uma seqüência organizadora).
"A atividade mental absorve a atividade motora, isto é, transforma-se em psicomotricidade que serve como base para todas as aprendizagens humanas" (FONSECA, 2000, p.286).
A motricidade é a base para toda aprendizagem, quando motricidades globais e finas não são bem trabalhadas, queima-se uma etapa do processo e a aprendizagem não se torna eficaz.








1.3? Interação entre Tarefa, Criança e Meio

A tarefa, a criança e o meio constituem os elementos de um modelo que pode ser montado com base nas dificuldades apresentadas por ela. O profissional deve trabalhar com esta situação de forma como ela se apresenta e conduzir a avaliação e a intervenção dentro dos limites e dos recursos disponíveis.
1.3.1? Tarefa
A tarefa antes de ser colocada para uma criança deve ser analisada, quando muito extensa e deve subdividir-se em uma série de tarefas menores.
O sistema cognitivo da criança é discutido em termos, de acordo com suas habilidades para processar a informação, o que é decisivo para o desempenho satisfatório de uma tarefa. O estudo do processo normal de desenvolvimento cognitivo nos fornece diretrizes úteis sobre o que deve ser estudado nas crianças com D.A.
Os processos cognitivos são fundamentais para a realização da tarefa, porém, existem outros processos mentais que afetam o desempeno da criança. Isso inclui os processos de execução e de motivação, que podem ser vistos como mecanismos de controle que desempenham papel fundamental na regulagem do sistema cognitivo. As crianças com D.A. em geral possuem estratégias de execução inferiores e motivação reduzida para tentar resolver determinada tarefa, por causa de sua história de fracassos.
1.3.2 - Meio
O meio é o contexto no qual a criança e a tarefa interagem. A compreensão do meio é importante em dois aspectos: primeiro, o meio pode ser, em alguns casos, o fator agravante principal do problema de uma criança, quando os fatores ambientais contribuem para a dificuldade da criança. Em segundo, mesmo se o meio não for o fator que contribui para uma dificuldade de aprendizagem, muitas vezes é possível modificá-lo de tal maneira que facilite a aquisição da habilidade que a criança não tem.
O meio consiste no mundo externo físico e social da criança, micros sistemas que é "um padrão de atividades, funções e relações interpessoais vivenciadas no tempo, pela pessoa em desenvolvimento, em determinada situação, com características físicas e materiais particulares" (DOCKRELL, 2000 p. 57) Para as crianças, inclui-se o local onde moram, outras crianças que com elas convivem e aquilo que fazem juntas.
As relações sociais em um micro sistema podem determinar o sucesso ou o fracasso das atividades.
As crianças se deparam com vários micros sistemas durante a execução de suas atividades de vida diária. Quanto mais a intervenção abordar habilidades que possam ser praticadas em outros micros sistemas, maior será seu êxito e sua eficácia. O desenvolvimento da leitura é um bom exemplo disto. A leitura é fundamentalmente aprendida na escola, mas a quantidade e o tipo de apoio que é dado em casa afeta significativamente o progresso da criança.
1.4? Avaliação e intervenção
1.4.1? Avaliação
As avaliações das crianças com D.A. devem apresentar um perfil das potencialidades e necessidades dentro dos domínios relevantes do funcionamento cognitivo.
Ao desenvolvermos um modelo para a compreensão as demandas de processamento da tarefa e a função do meio em relação às habilidades que a criança possui. A principal contribuição da análise cognitiva das dificuldades de aprendizagem é compreender a tarefa pela interação com a criança. O modelo normal de desenvolvimento para a aquisição de habilidades cognitivas fornece a fundamentação essencial para a análise de suas capacidades.
1.4.2? Diagnóstico
As crianças podem apresentar dificuldades específicas que inicialmente afetam apenas uma área do desempenho cognitivo. Um importante pré-requisito para intervenção é a existência de um esquema teórico que guie nossa compreensão das dificuldades de aprendizagem e de sua avaliação.
1.4.3. Testes de habilidades
Os testes de habilidade são desenvolvidos para enfatizar os processos específicos que parecem ser essenciais para o sucesso acadêmico da criança.
A medição de áreas específicas e delimitadas do desenvolvimento foi elaborada como procedimento diagnóstico para detectar as áreas deficientes que necessitam de intervenção.
A avaliação deve incluir uma análise do meio no qual o problema está ocorrendo, uma análise da tarefa e um diagnóstico das dificuldades vividas pela criança. Para avaliar as suas habilidades são necessários testes com normas de referências e com critérios.
Apesar de servirem para avaliar as suspeitas da existência de um problema, os testes com normas de referência, não fornecem nenhuma informação sobre a natureza da dificuldade da criança. Os testes com critérios de referência ajudam a determinar as intervenções mais adequadas e deve ser baseado na compreensão dos requisitos para o processamento de informação da tarefa, o que permite a identificação dos componentes básicos da tarefa.





2 ARTETERAPIA ? ANTÍDOTO PARA O FRACASSO ESCOLAR
2.1. O que é Arteterapia ?
Variados autores definiram Arteterapia, todos com conceitos semelhantes ao que diz respeito à auto-expressão. É a arte ilimitada unida ao processo terapêutico, que transforma a Arteterapia em uma técnica especial.
A arteterapia resgata o potencial criativo do homem, buscando a psique saudável e estimulando a autonomia e transformação interna, para reestruturação do ser.
Partindo do princípio, de que muitas vezes não se consegue falar de conflitos pessoais, a Arteterapia possui recursos artísticos para que sejam projetados e analisados todos esses processos, obtendo uma melhor compreensão de si mesmo, e podendo ser trabalhado no intuito de uma libertação emocional. Através da expressão artística o homem consegue colocar seu verdadeiro "eu" da maneira mais pura e direta que possa existir.
De acordo com escritos freudianos, as imagens escapam com mais facilidade do superego do que as palavras, alojando-se no inconsciente e por este motivo o indivíduo expressa-se melhor de forma não verbal. A necessidade da comunicação simbólica origina-se deste pressuposto, como forma de autoconhecimento no tratamento terapêutico.
No volume XI de Obras Completas de Freud, o mesmo relata que freqüentemente experienciamos os sonhos em imagens visuais, sentimentos e pensamentos; sendo mais comum na primeira forma. E parte da dificuldade de se estimar e explicar sonhos deve-se à dificuldade de traduzir essas imagens em palavras. Muitas vezes, quando as pessoas sonham, dizem que poderiam mais facilmente desenhá-los que escrevê-los.

O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Jung passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora da personalidade. "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é a vida" (JUNG, 1920).
Já para a Gestalt, tanto o processo artístico como o experiencial, são recursos valiosos para intensificar o contato, com raízes em funções motoras e cognitivas.
Cada vez que a arte é utilizada, como: desenho, pintura, modelagem, vivencia-se ativamente um evento. À medida que as linhas e formas emergem de uma atividade, pode-se observar que está se formando um registro gráfico visível de alguma coisa ou sensação percebida. Tendo registrado essa percepção, cada indivíduo tem uma realidade tangível para usar como preferir.
Fazer coisas ? fazer arte - é natural ao homem. Os seres humanos tanto precisam como querem fazê-la. Esse desejo é inerente da humanidade, podendo ser usado de diversas formas, com vários graus de facilidade e para vários fins. Então, por arte entendem-se as formas que emergem das experiências criativas individuais. Assim, Gestalt significa a habilidade para perceber configurações totais. Perceber sua personalidade como uma totalidade das muitas partes que, juntas, formam a realidade que se é.
Janie Rhyne coloca em seu livro "Arte e Gestalt" que, para entender a Gestalt, é só observarmos uma criança saudável. Elas são naturalmente gestalticas, pois:
? vivem no presente;
? dão completa atenção ao que estão fazendo;
? fazem o que sentem desejo;
? confiam nos dados de suas próprias experiências;
? e até que sejam "ensinadas", em contrário, sabem o que sabem com simplicidade direta e exatidão.
2.2 ? Objetivos da Arteterapia contra o Fracasso Escolar
Uma obra de arte consegue por si só, transmitir sentimentos como alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual que se encontra o autor no momento da criação.
A Arteterapia tem como objetivo, favorecer o processo terapêutico de forma que o indivíduo entre em contato com os conteúdos internos e muitas vezes inconscientemente, que foram barrados por algum motivo expressando assim sentimentos e atitudes, até então desconhecidos.
A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila, cola, figuras, desenhos, recortes...) tem como finalidade, a mais pura expressão do verdadeiro eu, não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada criação e explícito como resultado final.
As técnicas de utilização dos materiais, acima citados, são para simples manuseio dos mesmos, e não para profissionalização ou comercialização.
A busca da terapia da arte, ainda que profilaticamente, é uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos internos, é a possibilidade da catarse emocional de forma direta e não intencional.
As linguagens plásticas, poéticas e musicais dentre outras, podem ser mais adequadas à expressão e elaboração do que é apenas vislumbrado, ou seja, complexidade implica na apreensão simultânea de vários aspectos da realidade. Esta é a qualidade do que ocorre na intimidade psíquica; sonho e visões, sem a ordenação moral da comunicação verbal do cotidiano. Propõe-se então, a estruturação da ordenação lógica e temporal da linguagem verbal, de indivíduos que preferem ou de outros que só conseguem expressões simbólicas.
De acordo com o pensamento de Carl Jung, devem-se observar os sonhos, pois são criações inconscientes que o consciente muitas vezes consegue captar, e que junto ao terapeuta, pode-se buscar sua significação. Para Jung, a arte tem finalidade criativa, e a energia psíquica, consegue transformar-se em imagens e através dos símbolos, colocarem seus conteúdos mais internos e profundos.
Sendo assim, a arteterapia na escola, ou melhor, os recursos arte psicoterapêuticos vêm sendo utilizados com o propósito de facilitar a comunicação e expressão das crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e adaptação. Importante ressaltar que, as crianças que não aprendem não são necessariamente desprovidas de inteligência, mas sim, podem estar respondendo a um ambiente familiar ou a uma instituição educacional que não lhes dá muita opção. A escola, como comunidade de instância educacional, deve tornar-se um ambiente acolhedor, agradável e atrativo, que venha ao encontro das expectativas desses alunos.
Como quase todos os distúrbios emocionais ou mentais estão vinculados à falta de autoconfiança, é fácil perceber como a estimulação adequada da capacidade criadora da criança pode favorecer salvaguarda contra tais distúrbios.
Pode-se dizer que há casos onde a problemática da aprendizagem transcende a questão escolar, ela está enraizada na própria história do sujeito, na sua dinâmica familiar, e são nesses casos que a arte pode contribuir para o desenvolvimento do conceito do "eu" e crescimento interior da criança, através da livre expressão.
Existe articulação entre estrutura afetiva e cognitiva, que não podem separar as questões de baixo rendimento escolar provocado por questões incidentais como: doenças, mudanças de residência, de escola, de professor e outros acontecimentos.
Das crianças com dificuldades, muitas não são identificadas no início de sua vida estudantil e algumas são encaminhadas para avaliações especiais, por razões que não estão diretamente relacionadas com suas habilidades cognitivas específicas visando garantir a continuidade e o sucesso desta proposta pedagógica.





















3 TÉCNICAS EXPRESSIVAS

3.1 ? O Valor dos Materiais
A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila, cola, figuras, desenhos, recortes, materiais recicláveis e outros) tem como finalidade, a mais pura expressão do verdadeiro "eu", não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada criação e explícito como resultado final.
O estudo do material a ser utilizado é extremamente importante em Arte terapia. Cada um desses materiais tem propriedades que mobilizam emoções e sentimentos de maneiras diversificadas a cada indivíduo.
É necessário que a "arte psico terapeuta" ? tratando-se de escola analise o valor terapêutico do material para cada criança, pois podem penetrar de maneira mais rápida e em particular nos conflitos internos e inconscientes do indivíduo.
3.1.1 ? Desenho
Pode ser utilizado o giz de cera, pastel a óleo, pastel seco, lápis de cor, hidrocor, carvão e lápis grafite. Todos possuem significados terapêuticos semelhantes.
No desenho, a coordenação motora fina é bastante trabalhada, portanto o controle é essencial, não só o motor, mas principalmente intelectual. A atenção, a concentração e o contato com a realidade são explorados. É ordenador e é a melhor forma de representação da imagem. É usada em quase todas as técnicas arte terapias. O que é valorizado não é a forma, mas sim o significado.
O desenho de cópia enfoca a atenção na realidade exterior, e é indicado em pessoas que fantasiam, obrigando-as a perceber e reproduzir a realidade tal como ela é. A imensa dificuldade que encontram em produzir não é só o medo de errar, é a própria dificuldade de dar direcionamento em sua vida. É indicado para pessoas dispersas, sonhadoras, confusas pré-adolescentes e adolescentes. Desenvolve o senso estético, fixando o meio externo.
No desenho livre, as pessoas entram em contato com sua realidade interna, deixando fluir conteúdos que estejam a ponto de emergir.
Nos desenhos dirigidos, aqueles feitos a partir de um tema que a arte-psico terapeuta escolhe, os indivíduos entram em contato, com sua realidade, mobilizando emoções bloqueadas que precisam emergir. Indicados para pessoas deprimidas, com tônus vital rebaixado.
Quanto aos desenhos monocromáticos propiciam o trabalho com emoções superficiais, em nível periférico. Já os desenhos coloridos permitem o trabalho com emoções profundas. Não é necessária a análise do desenho, e sim a análise da interpretação do indivíduo com relação ao feito.
3.1.2 ? Pintura
Quanto mais expressão, mais autoconhecimento e mais autoconfiança.A pintura, assim como o desenho, pode ser livre, de cópia ou dirigida. Com a pintura, trabalha-se a estruturação e a área afetiva emocional, chegando ao equilíbrio das emoções. E quanto mais fluída a tinta, mais emocional é o resultado.
Quando a pintura flui, nascem ali emoções e sentimentos. A esfera afetiva emocional está mais abrangente, pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida em si. As tintas utilizadas geralmente são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e nanquim.
A tinta guache exige maior controle de movimento, libera emoções e incentiva a imaginação.
A aquarela, devido a sua leveza, e o uso obrigatório de água, mobiliza ainda mais o lado afetivo. Indicada para pessoas muito racionais e com dificuldades afetivas. Contra indicada para deprimidos.
Devido à dificuldade de fazer e formar figuras por ser muito aguda, a anilina é excelente para pessoas que temem perder o controle das coisas.
A tinta óleo é recomendada para pessoas com depressão, pois possibilita maior equilíbrio da situação e das emoções.
O nanquim, quando puro é de fácil controle, mas exige agilidade e sensibilidade. Quando usado com água, é mais fluída, exigindo muito mais habilidade, atenção e concentração.
3.1.3 ? Modelagem
A modelagem pode ser feita com massa caseira, argila, cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar.
O efeito da modelagem atua nas sensações físicas e viscerais, como também no sentimento e cognição. A técnica exige uma canalização de energia adequada, por partir do nada para a criação de algo podendo ser livre ou dirigida.
A sensação do contato com o barro pode ser muito gratificante ou não. A argila age como transformadora, de um estado de desencontro para um estado de equilíbrio, podendo trazer a tona conflitos internos indesejáveis. Por ser moldável, integra a ser com o mundo exterior, mostrando-o que pode adaptar-se às situações, sendo fluída, recebe projeções e é dominada, favorecendo ao manipulador a libertação de tensões, fadigas e depressões, pois é um material vivo e de ação calmante.
No físico trabalha questões ligadas à estruturação e coordenação motora. No emocional mobiliza sentimentos e emoções primitivas, para que possam ser conhecidas e trabalhadas.
Nos casos de negação e resistência à argila, oferta-se o papel machê ou a massa de farinha de trigo, pois no início não é apropriado forçar o indivíduo a agir contra sua vontade. Com a adaptação a estes recursos, aos poucos se inclui o barro.
A modelagem em cera de abelha é caracterizada pela pureza do material. Ao contrário do barro, que é um material frio, rouba calor, contém sais minerais e sílica podendo causar rachaduras nas mãos quando o nível do ácido úrico está elevado, a cera de abelha é indicada às pessoas frágeis e com pouca reserva calórica.
O papel machê é um material frio e viscoso, mas que também oferece retornos, pois se pode moldar e criar, não chegando aos efeitos da argila por não ser um produto natural primitivo.
A massa de farinha de trigo é feita pela própria arte psico terapeuta, com ou sem a ajuda do cliente. Ao contrário do papel machê, é utilizada estando morna, para melhor manuseio.
Em termos terapêuticos, pode levar os adultos a recordações maternas, ou da infância. Proporciona a capacidade criadora, auto-estima, catarse emocional e autoconfiança.










3.1.4 ? Material Reciclável

O trabalho com material reciclável estimula a reconstrução, a criatividade, as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança.
É um material transformador, pois se dá uma nova utilidade ao que antes era lixo. É a mudança através do concreto, é a busca de possibilidades de transformação e do conhecimento.
Por poder aliá-lo a pintura, colagem e a modelagem, o trabalho com material reciclável é uma atividade rica e complexa que mobiliza o conteúdo interno, e já o transforma, reaproveitando-o de forma benéfica.
Materiais recicláveis diversos como: plástico, vidros, papéis, madeira, tecidos e outros, podem e devem ser utilizados, de forma livre ou dirigidos.
3.1.5 ? Colagem
É uma atividade estruturante que pode ser realizada com materiais diversos: recortes de revistas, jornais, pedaços de papéis coloridos, diversos grãos, serragem, cortiça, purpurina, tecidos.
Nesta atividade, o sujeito busca nos materiais idéias que possam expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e idéias que possam expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e idéias em relação ao tema. O planejamento, o direcionamento e a atenção do cliente ajudam na estruturação de sua própria vida.
É um recurso rico, pois o indivíduo planeja, analisa, fica atento, concentrado, organizado e paciente. É uma atividade multiplicadora.
3.1.6 ? Tecelagem
É uma técnica eficaz que amplia as percepções de mundo e rompe com o automatismo. Na tecelagem, o indivíduo consegue sentir as diferentes texturas dos fios e é estimulado a exercitar o pensamento (já que neste processo precisa contar os pontos, mudar a cor dos fios, separar a lã). O uso de fios, lãs ou linhas, simbolizam o que tecemos dentro de nós.
3.1.7 ? Pipa
A construção de pipas integra elementos ar e terra, possibilitando a tri dimensão e o contato com a energia eólica. Estimula a coordenação motora e visio-motora e é uma atividade consciente, racional, perceptiva e proporciona embasamento para a geometria, além de ser um ícone de multiaprendizagens.
3.1.8 ? Fantoches
São ótimos para construir personagens, dando a cada um o papel que lhe corresponde na vida real.
3.1.9 ? Contos de Fada
A estrutura de conto de fadas ilustra a psique humana tendo assim uma função terapêutica. Desenvolve antecedentes e conseqüentes, criados para adultos e, posteriormente, para crianças.










4 A ARTE E A CRIANÇA

4.1 ? A Importância do Desenvolvimento de uma Atividade Criadora

Qual será a importância para a criança de desenvolver uma atividade criadora?
Para responder a esta pergunta é necessário que se coloque na situação da criança. É preciso "olhar com os seus olhos" e descobrir o que se passa na mente da criança quando está ocupada com uma atividade de arte.
Quando a criança começa uma atividade artística ela pode estar pensando em "alguma coisa". Esta "alguma coisa", às vezes, parece insignificante para os adultos. Para a criança isto exprime sempre um confronto com o seu próprio "eu", com sua experiência pessoal. À medida que pensa nela, suas reflexões se concentram na experiência que terá de criar. O processo do seu raciocínio, sua habilidade para pensar e absorver-se em alguma coisa ficam estimulados. Isto constitui uma parte importante da fase inicial das atividades criadoras.
Através da arte a criança consegue expressar suas preferências bem como as coisas que lhe desagradam, suas reações emocionais com seu próprio mundo e com o mundo que a cerca. Combina então, dois fatores muito importantes: seu conhecimento das coisas e sua relação própria e individual, para com elas. Tais relações podem ser aumentadas pelas experiências que tenham das coisas.
Faz-se necessário ter em mente que tudo que uma criança faz e todas as experiências pela qual passa, exercem alguma influência sobre ela. Se a criança, em seu trabalho criador procura continuamente relacionar entre si todas as suas experiências, tais com pensar, sentir, perceber, tudo isso deve também exercer um efeito de integração sobre a sua personalidade.
"Descobrir e explorar o que se pode fazer com os diversos materiais utilizados para a criação artística, aprender como se comportam, constitui também uma das tendências mais ambicionadas que a criança desenvolve por meio das atividades criadoras" (LOWENFELD, 1997 p. 17).
Também a capacidade de pensar de forma independente e inventiva, favorecida pelas manifestações artísticas, não se limita à própria arte. Trata-se de uma faculdade que o homem utiliza, quando tem oportunidade de lutar por objetivos melhores. A criança deve desenvolver seu pensamento e sentimento a respeito de si mesmo e do seu ambiente, deve desenvolver-se equilibradamente, vindo a ser pessoas que utilizam, beneficamente, o pensamento, o sentimento e a percepção.
4.2 ? O que Significa a Arte para a Criança?
O sistema educacional está totalmente voltado à aquisição de conhecimentos. No entanto, o simples conhecimento que, muitas vezes na faz sentido algum à criança, não é suficiente para transformar o ser em algo melhor e estimulá-lo na busca do saber. Ao contrário dos objetivos principais, o simples conhecimento acaba por desestimular as crianças, tornando-as meros expectadores de sua própria aprendizagem, levando-as muitas vezes ao fracasso escolar.
A educação unilateral, em que se dá a máxima importância à acumulação do saber, tem descuidado de muitas coisas também importantes, de que as crianças necessitam para se adaptarem, adequadamente, ao mundo. As manifestações artísticas, iniciadas nos primeiros anos de vida, podem significar a diferença que existe entre indivíduos adaptados e felizes e outros que, apesar de toda a capacidade, continuam, às vezes, desequilibrados e encontram dificuldades em suas relações com o próprio ambiente.
Para as crianças a arte pode constituir o equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções. É um meio de expressão, é uma comunicação do pensamento. Pode tornar-se como um apoio que procuram naturalmente ? ainda que de modo inconsciente ? cada vez que algo os aborrece. A arte é para onde as crianças se dirigirão, quando as palavras se tornarem inadequadas ou incompreensíveis.
4.3 ? Importante: A Beleza Externa ou o Indivíduo que se Revela?
A criança manifesta em sua arte o seu mundo, pelos seus próprios meios. Ela deve expressar livremente o que sente dentro de si, seja o que for.
Nas expressões artísticas infantis, algo desperta muito mais curiosidade do que a simples beleza externa. O indivíduo que se revela, a seu modo, em seus trabalhos, não somente pode ser mais fascinante como também sua capacidade em proceder assim será de importância vital para seu crescimento e desenvolvimento. A criança não deve ser obrigada a respeitar o conceito adulto sobre "o que é bonito". Os desenhos ou pinturas infantis não precisam agradar pelos efeitos externos ou estéticos. Neste momento, a arte infantil não pode exercer melhor efeito do que oportunizar o prazer e a alegria da criação, resultado de manifestações espontâneas. O importante é o processo da criança ? seu pensamento, os seus sentimentos, as suas percepções, em suma, as reações ao seu ambiente.
4.4 ? Motivações para a Expressão Artística
É notável, ao verificar a expressão artística infantil, que há diferenças entre o que a criança vê e o que expressa em sua arte uma vez que, em seu trabalho artístico, expressa somente o que é importante para a sua percepção naquele momento.
Uma boa motivação escolar consiste em sensibilizar algumas das relações que anteriormente permaneciam passivas ou não eram utilizadas. Naturalmente, essas relações mudam, e é preciso ajustar a motivação às necessidades da criança que cresce.
A criança deve ser exposta a experiências capazes de desenvolver suas qualidades de percepção, e não simplesmente impostas a tentativas que, para elas naquele momento, são simplesmente inconcebíveis.
Para a criança, o próprio ato de criar pode fornecer-lhes novos vislumbres, perspectivas e nova compreensão para a ação futura. "Provavelmente, o melhor preparo para criar seja o próprio ato de criação" (BRITTAIN, 1977 p. 16)
Proporcionar-lhe a oportunidade de criar, constantemente, com os conhecimentos que possua é a melhor preparação para o seu futuro ato, sua criação. Para que haja uma experiência artística criadora, é necessária a relação entre o artista e o seu meio. É a interação dos símbolos, do eu e do ambiente que fornece os elementos necessários aos processos intelectuais abstratos.
O homem aprende através dos sentidos e quanto maior for à oportunidade para desenvolver crescente sensibilidade e maior a conscientização de todos os sentidos, maior será também a oportunidade de aprendizagem.
O melhor incentivo ou motivação que a criança pode ter, em seu lar ou na escola, é a existência de uma atmosfera onde as relações sensitivas com objetos e com os meios são estimulados a todo o momento e não somente quando se destinam a expressão artística. "A vida e a arte são inseparáveis" (LOWENFELD, 1977 p. 42). Desenvolvendo-se tal ambiente, a criança será estimulada por tudo que a cerca e, encorajada prematuramente a utilizar todos os órgãos do sentido bem como seus sentimentos, que reagirão sensitivamente, conservando-se maleável diante dos diversos estímulos que virão ao seu encontro.



CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema aqui discutido é abrangente, e de fundamental importância para o conhecimento de todos os envolvidos com a educação.
Muitos são os profissionais que acabam se deparando com crianças que não apresentam rendimento na aprendizagem e daí o que pensar? São os professores que não sabem ensinar ou os alunos que não querem aprender?
Depois de lermos muito a respeito, estudarmos as mudanças de algumas técnicas, ou até mesmo pensarmos que se deve pedir a ajuda da família ou da equipe pedagógica, nós professores percebemos que o problema está muito além da sala de aula e nesse momento é importante que esses alunos sejam encaminhados para profissionais especializados e que possam apontar caminhos para a solução desses problemas.
Todo esse trabalho consiste em buscar a solução através da arte, ou melhor, os recursos arte-psico-terapêuticos, que podem e devem ser utilizados com crianças marcadas pelo fracasso escolar. O maior objetivo da arteterapia não é o de curar crianças, mas sim agir preventivamente, por meio de "doses de arte", para que estas crianças não persistam nas dificuldades de aprendizagem, para que não fracassem escolarmente e muito menos acabem evadindo de nossas escolas.
Temos muitos professores que, ao terem conhecido os benefícios da arte, se propuseram a trabalhar com o projeto da arteterapia. Tais professores nos relataram que as crianças apresentaram melhora em seu comportamento, obtendo maior atenção e concentração nas atividades. Estes relatos confirmam a validade e importância do projeto para que haja transformação interior nestas crianças, para que elas se reconheçam como seres humanos e que saibam que são suficientemente importantes e que podem expressar-se através de suas obras.
Com isso, ganhamos também uma clara confirmação de que a arte resgata o potencial criativo, buscando a psique saudável, a autonomia e transformação interna, para a reestruturação do ser. Fazendo-se descobrir por meio da arte e que esta sim, é uma forma verdadeira do ser humano imprimir sua alma ao mundo. De forma digna e autêntica, sem máscara, nem rótulos, sendo o que é em toda sua plenitude.




















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