ASPECTOS PSICANALÍTICOS DO PODER TERAPEUTICO DO SEXO
Dr.Wagner Paulon
2008

Nos meus trinta anos de vida profissional, disse aos meus pacientes que o sexo devidamente usado tinha o poder de curar e rejuvenescer. Eu sei disso - já o testemunhei numa série de casos. No entanto, durante a maioria destes anos, as minhas idéias foram consideradas chocantes, não-científicas e, mesmo por alguns dos meus colegas mais próximos, um tanto indignas, impróprias da minha digna profissão. O sexo não era, simplesmente, aceito como receita psicanalítica nos meus dias. Hoje, a ética puritana está morrendo e as minhas idéias sobre o poder do sexo poderão vir a obter alguma credulidade, senão aceitação.

O levante sexual está em curso, e agora a sociedade sabe que os problemas sexuais podem tornar as pessoas mentalmente infelizes e fisicamente doentes, devendo ser curados de qualquer e por todos os meios possíveis. Estes problemas já não são tratados como segredos vergonhosos, nem é para o meu descrédito profissional que faço tudo o que posso para ajudar as pessoas a vencê-los, ou pelo menos, viver com eles.

Nos dias de hoje, é uma prática comum a de os casais irem a conselheiros matrimoniais, clínicas de sexo, encontros de grupo, maratonas e outras formas de terapia para aprenderem juntos a curarem os seus preconceitos sexuais. Nos meus dias, não se poderia ter ouvido falar disto. Mas, embora a idéia do sexo como força curativa já não seja tão chocante como então, aceitar esta idéia não é, por si só suficiente. Para nos beneficiarmos do sexo curativo, devemos saber usá-lo devidamente. O sexo não é apenas fazer o que acontece naturalmente: os seres humanos, ao contrário dos animais, têm de aprender a fazer amor.

Somente apaixonarmo-nos e casarmo-nos não basta para aprendermos. Nem tampouco a leitura de manuais de sexo: pode-se aprender a cozinhar a partir de um livro de cozinha, mas não se pode aprender a fazer amor de um modo satisfatório a partir de um livro de sexo. Pelo contrário, os manuais de sexo podem nos enganar e nos conduzir a conclusões erradas, exortando-nos a processos pré-ordenados degrau-a-degrau que nos repelem e restringem - e a negar a nossa individualidade única e o arrebatamento singular da auto-expressão. Como é que pode ser perfeita uma coisa que não é verdadeiramente pessoal?

A qualidade sexual só pode ser adquirida através da experiência e da prática.

As pessoas que quiserem aprender realmente a arte de fazer amor, porão de lado outras considerações e colocarão acima de tudo as suas relações íntimas; se se concentrarem na arte de fazer amor poderão e conseguirão descobrir também, entretanto, o mistério e a magia do poder terapêutico do sexo. Supostamente, qualquer remédio é mais efetivo quando "tomado sob orientação", e o sexo não é exceção neste contexto. Se o sexo deve curar, fortalecer e rejuvenescer o corpo e a alma, então o psicanalista que o prescreve deve instruir primeiro o seu paciente sobre o modo de usá-lo positivamente.