Lucas Kennedy Silva Lima
Licenciatura em Ciências Agrárias
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DEFINIÇÃO

A silvicultura pode ser definida como o melhor uso da floresta. Mas como em outras ciências, em silvicultura surgem outras definições. Entende-se como silvicultura a produção, reprodução e cultivo de florestas de modo a obter rendimento de forma perpétua. As praticas silvícolas tanto podem ser para preservação das florestas como para o reflorestamento tendo em vista o aspecto econômico e de uma pratica perpetua, visando o desenvolvimento das potencialidades existentes nas florestas.

HISTÓRIA

Com o desenvolvimento da civilização e o crescimento das populações só fez aumentar o consumo de produtos da floresta.
Por séculos as florestas foram à única forma de combustível; diretamente sobre a forma de madeira ou convertida em carvão. A madeira foi também importante na construção de casas, móveis, navios, etc.; por muitos anos antes da descoberta e uso de carvão de pedra, óleo, gás e eletricidade, a madeira foi o único combustível de que se dispunha.
A história nos relata que o primeiro serviço de reflorestamento foi feito em Nuremberg e Frankfurt, cidades da Alemanha, no século XIII. Que se tornou a primeira nação européia no desenvolvimento da silvicultura.
A Inglaterra, ao contrario, não soube conservar seus bosques, política para que concorram os seus governantes. Assim que Carlos I estabeleceu o prêmio para os que destruíssem as florestas, com a finalidade de incrementar o plantio de cereais. Cromwell seguiu a mesma política, visando o aumento da criação de ovelhas.
Mercê desta política, as estatísticas de antes da segunda Guerra Mundial nos dão a Alemanha com 27% da área florestal e a Inglaterra com apenas 4%.
Em vista disso, tem sido desenvolvido um vasto programa de conservação das áreas florestais das quais os marcos principais são:

Criação de Parques Nacionais;
Criação das Florestas Nacionais;
Criação de estações experimentais.
No Brasil, também já possuímos uma vasta legislação florestal, que vem desde as ordenações reais portuguesas. No período republicano os mais importantes fatos a assinalar são: em 1911 é criada oficialmente a Reserva Florestal do território do Acre. (hoje estado do acre). Esta resolução nunca foi posta em prática.
1933 ? Criações dos Hortos Florestais ? organizações destinadas à formação e distribuição de mudas de essências florestais.
Em 1934 ? Promulgação do código Florestal e Criação do Conselho Florestal Federal.
Em 1937 ? Criação de parques nacional.
Em 1941 ? Criação da Floresta Nacional do Araripe/Apody.

DIVISÃO DA SILVICULTURA


Dendrologia
Silvicultura Silvícola
Propriamente dita Regimes
Reflorestamento
Tratos culturais

Corte
Transportes
Silvicultura Utilização florestal Produtos florestais
Tecnologia florestal
Anatomia de madeira
Conservação de madeira
Proteção florestal
Economia florestal
Ordenamento florestal

Silvicultura Propriamente dita ? "É a arte de produzir, reproduzir e cultivar uma floresta de maneira que esta produza o maior volume de madeira no menor espaço de tempo e com menor despesa, em um determinado tempo".
Dendrologia ? estuda a árvore em sua anatomia, fisiologia e hábitos de crescimento.
Silvícola ? é a ecologia vegetal, estuda as relações da planta com o meio, inclusive as interações da planta com o floresta.
Regimes ? os regimes são como diminuição de algumas atividades que estão sendo realizadas na silvicultura. Como por exemplo, regimes de desbaste que consiste em uma diminuição das derrubadas das árvores levando em consideração que sempre haverá um custo na execução dessa atividade.
Reflorestamento ? o termo aplica-se apenas à implantação de florestas em áreas naturalmente florestais que, por ação antrópica ou natural, perderam suas características originais.
Os objetivos do ponto de vista silvícola são comerciais (produção de produtos madeireiros e não-madeireiros).
Tratos culturais ? Os tratos culturais visam à manutenção dos povoamentos, sendo realizados após o plantio até o fechamento do dossel de copas. Estes tratos têm como objetivo reduzir a concorrência por nutrientes, a luz e a umidade impostas às plantas pela vegetação invasora, limpeza, controle de formigas, replantio, capina, cobertura morta e etc.
A utilização florestal ? estuda os diversos processos de corte, descascamentos, tecnologia de transformação, transporte dos produtos florestais, etc.
Corte ? o corte geralmente no caso do eucalipto são feitos em três ciclos de corte para uma mesma muda original. De acordo com a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada 5 ou 6 anos). Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha, carvão, celulose, mourões, poste, madeira de construção ou serraria).
Altura de Corte ? a altura de corte em relação ao terreno define a percentagem de sobrevivência das brotações. Deve-se cortar bem próximo do solo, deixando-se o mínimo de madeira na cepa da árvore. O corte deverá ser chanfrado ou em bisel. As espécies com boa brotação devem ser cortadas a uma altura média de 5 cm acima do solo. As espécies com baixa capacidade de rebrota deverão ser cortadas a uma altura de 10 a 15 cm da superfície do solo. Poderá ser feito a machado ou com motosserra.
Transportes ? compreende o transporte dos produtos silvícolas não só da madeira mas compreende um âmbito mais amplo como mudas, sementes, produtos de um modo geral e etc.
Produtos florestais ? A madeira apresenta múltiplos usos, sendo solicitada na indústria de móveis, na construção civil, como elemento decorativo, na indústria de celulose e papel, na produção de painéis diversos, na produção de energia (lenha e carvão) e na indústria siderúrgica, entre outros. Porem os produtos florestais não se resume só à madeira pode citar-se frutos, essências, resina, fins medicinais, etc.
A tecnologia florestal ? trata os processos de secagem de madeira e sua transformação nos mais variados produtos, como papel, carvão, creosoto, gazes, álcool, etc.
Anatomia da Madeira ? esta diretamente ligada aos diferentes tipos de caule das folhas características que produzem madeira e etc.
Conservação de Madeira ? pode ser realizada através com substancias tóxicas que aumentam sua resistência aos agentes destrutivos é também uma parte do campo coberto pela utilização florestal.
A proteção florestal ? ensina a defender a floresta contra a ação destrutiva do fogo, insetos, fungos, e etc.
O fogo é o maior inimigo das florestas coníferas, que as chamadas plantas de folhas estreitas e ricas em óleos e resinas que alimentam o mesmo, como os pinus, eucaliptos, bambus, etc.
A economia florestal ? estuda os vários princípios que determinam a administração florestal de uma madeira permanente. A formação de leis como expressão de opinião publica.
Ordenamento florestal ? plano de exploração, com rendimento perpétuo, levando em conta os ensinamentos anteriormente estudados.
O rendimento perpétuo é a base fundamental do ordenamento e para isso se tornar indispensável o conhecimento do volume de madeira da floresta e seu aumento anual, de modo que a colheita não ultrapasse jamais o crescimento.

IMPORTÂNCIA DA SILVICULTURA
A principal importância da silvicultura é relacionada com o valor econômico traduzidos por rendas e empresas originadas pela extração de produtos florestais como madeira comercializável, lenha, carvão, estacas, celulose, resinas, látex, frutos, sementes, produtos medicinais, alcoóis e etc. Estes produtos são de grande importância para muitas regiões e países é ainda o valor das formações das florestas traduzido pelos estoques de carbono das mesmas.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS FLORESTAS BRASILEIRAS
As reservas florestais brasileiras com destaque econômico de vulto se encontram localizadas em três regiões:
Floresta Amazônica, cobrindo quase três milhões de quilômetros quadrado; seu valor do ponto de vista da silvicultura e menor do que se pensa geralmente, devido à alta dispersão das essências valiosas na massa de pouco valor econômico.
Floresta do Rio Doce, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. São florestas heterogêneas com essências de alto valor; encontra-se, porém, reduzidas por motivos da super exploração.
Floresta de Araucária são a de maior explorabilidade devido a sua homogeneidade relativa, se bem que tenham sido também vítimas de excesso de exploração.
Com exclusão do pinho do Paraná, as essências mais importantes em nosso comercio internacional são o cedro, a imbuia, a peroba, e a andiroba, se bem que sua proporção nas cotas de exportação seja diminuta quando comparadas com o pinho.
O cedro também quase todo da região sul; tanto é exportado por Foz do Iguaçu, como também por Uruguai no Rio Grande do Sul.
Nos dias atuais a essência de maior valor econômico das nossas reservas nativas é o mogno, porém com poucos registros estatísticos, pois a grande maioria de sua exploração tem sido feita ação da pirataria internacional.


FINALIDADES DA SILVICULTURA
Até pouco tempo atrás o maior objetivo da silvicultura era obter bastante madeira para a nação, evitando assim uma fome de lenha.
Os principais objetivos da silvicultura são:
Produção de madeira a produção de madeira abundante e barata, de fácil aproveitamento, deve ser assegurada no futuro. De um ponto de vista nacional, este é o maior objetivo simples.
Conservação da água ela é importante na preservação das fontes naturais que garantem água para beber e para irrigar e força. As florestas também protegem nossos morros contra cheia e erosões.
Conservação da vida selvagem florestas e animais selvagens são inseparáveis. Sem ela e impossível a sobrevivência do mesmo.
Foragem para os animais domésticos em muitas áreas do Centro Oeste e o Sul, milhões de cabeças de gado bovino, ovinos, entre outros, são criados com as forragens nativas formadas sob as florestas.
De um modo geral essas são as principais finalidades da silvicultura mais podem citar-se algumas finalidades da silvicultura como valor estético e espiritual, facilidades da recreação e influencias climáticas.

DENDROMETRIA

Dendrometria tem por objetivo geral a determinação do volume das árvores e suas respectivas partes, bem como as existências de madeira numa dada área. Pretende saber também, a grandeza e volume dos principais produtos florestais.
Para a consegui usa métodos e técnicas que permitam a medição das dimensões das florestas, das árvores e das suas partes. Um instrumento típico de dendrometria é o relascópio de espelho inventado no inicio do século passado por W. BITTERLICH.
A palavra dendrometria é também conhecida como: dasometria, medição florestal, mensuração florestal e silvimetria.
A dendrometria é aplicada com três principais objetivos:
Objetivos comerciais - visando estimar com precisão o que se retira das florestas na compra e venda de material.
Objetivos de ordenamento - na exploração do produto florestal, deve-se ter em mente o rendimento sustentado, onde o que se retira deve equivaler ao que cresce na mesma área. Para atingir este objetivo deve-se elaborar planos de ordenamento florestal a longo prazo, e para isso é preciso conhecer o desenvolvimento da floresta, por espécies e locais.
Objetivos de pesquisa - para se determinar com precisão o desenvolvimento de uma floresta usam-se técnicas especiais que avançam sem parar em outras condições, o que exige a pesquisa detalhada sobre a sua adaptabilidade ou a busca de novas técnicas de aplicação específica.


VIVEIROS FLORESTAIS
Localização e Caracterização, Tipos de Viveiro, Topografia, Drenagem, Quebra vento, Administração e controle.

Localização e Caracterização
Entende-se por viveiro florestal um determinado local onde são concentradas todas as atividades de produção de mudas florestais.
Para a escolha do local onde será instalado o viveiro, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos:

Facilidade de acesso

É necessário que o acesso possibilite o fácil trânsito de caminhões, sendo que todas as estradas deverão ser transitáveis mesmo em época de chuva. Os custos de transporte, principalmente de mudas produzidas em recipientes, são minimizados quando os viveiros situam-se a uma pequena distância da área de plantio. Longos trechos de estrada podem trazer danos à qualidade fisiológica das mudas e ocasionar perda de umidade do substrato.
Suprimento de água
Durante todo o período, após a semeadura, há necessidade de abundância de água para irrigação. Poderão ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem subterrânea, devendo ser evitada a introdução de algas ou sementes de ervas. A água deve ter menos de 200 partes por milhão (ppm) de silte e cálcio e menos de 10 ppm de sódio e 0,5 ppm de boro.
Área livre de Ervas Daninhas
Deverá existir contínua vigilância e erradicação das ervas daninhas efetuada imediatamente após o seu aparecimento, quer sejam perenes ou anuais.
Facilidade de obtenção da Mão de Obra
É indispensável que alguns funcionários morem nas imediações ou na própria área. A vigilância quanto ao aparecimento de doenças precisa ser permanente. Existem doenças cuja virulência pode ser tão intensa que provocam enormes danos em pouco tempo, principalmente em mudas recém-formadas.


Declividade da área
A declividade deve ser de 2%, no máximo, para não correr danos por erosão. É importante salientar que os canteiros devem ser instalados em nível, perpendiculares à movimentação da água. Áreas planas contribuem para o acúmulo de água da chuva, principalmente quando o percentual de argila for maior que o indicado.
Área do Viveiro
O viveiro possui dois tipos de áreas:
Áreas produtivas: é a soma das áreas de canteiros e sementeiras, em que se desenvolvem as atividades de produção Áreas não produtivas: constitui-se dos caminhos, estradas e áreas construídas.
A extensão do viveiro será determinada em função de alguns fatores:
1. Quantidade de mudas para o plantio e replantio
2. Densidade de mudas/m2 (em função da espécie)
3. Espécie e seu período de rotação
4. Dimensões dos canteiros, dos passeios (caminhos) e das estradas
5. Dimensões dos passeios (ou caminhos)
6. Dimensão das estradas (ou ruas)
7. Dimensão das instalações
8. Adoção, ou não, de área para adubação verde (no caso de viveiros em raiz nua)
A distribuição dos canteiros, caminhos, construções e principalmente o acesso devem visar a melhor circulação e utilização da estrutura do viveiro.
Luz
Deve-se levar em consideração a necessidade de luz solar, evitando na locação do viveiro uma área inconveniente. O viveiro deve ser instalado em local totalmente ensolarado. Se houver necessidade de sombra, pode-se lançar mão de abrigos, como o sombrite. Em alguns casos, o sombreamento é necessário em certos períodos. As espécies umbrófilas exigem proteção contra a luz solar. Os raios solares concorrem para a rustificação dos tecidos, tornando as mudas mais robustas e resistentes.
Em relação à exposição solar, deve-se colocar o comprimento dos canteiros voltado para a face norte, acompanhando-os ao longo de sua extensão. Contudo, tal medida para locação dos canteiros deve ser tomada, apenas se for possível, pois existem outros critérios prioritários
TIPOS DE VIVEIROS
Considerando a duração, os viveiros podem ser classificados em:
1. Viveiros Provisórios: temporários ou volantes, são aqueles que visam uma produção restrita; localizam-se próximos às áreas de plantio e possuem instalações de baixo custo.
2. Viveiros Permanentes: centrais ou fixos, são aqueles que geralmente ocupam uma maior superfície, fornecem mudas para uma ampla região, possuem instalações definitivas com excelente localização. Requerem planejamento mais acurado; as instalações são também permanentes e de maiores dimensões.
Com referência à proteção do sistema radicial, os viveiros são classificados em:
3. Viveiros com mudas em raiz nua: as mudas em raiz nua são as que não possuem proteção do sistema radicial no momento de plantio. A semeadura é feita diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado de se evitar insolação direta ou, até mesmo, vento no sistema radicial. O solo onde se desenvolvem as raízes permanece no viveiro. Após a retirada, são ordenadas em grupos, com material úmido envolvendo as raízes, antes da expedição para o plantio. Este tipo de viveiro é muito difundido no sul do Brasil para Pinus spp.
Contudo, algumas espécies promissoras na Amazônia, como o freijó ? Cordia goeldiana, tatajuba - Bagassa guianensis, e marupá - Simaruba amara ? têm demonstrado aptidão para plantio com muda em raiz nua em forma de "stripling".

4. Viveiro com mudas em recipientes: apresentam o sistema radicial envolto por uma proteção que é um substrato que o recipiente contém. Evidentemente, o substrato vai para o campo e é colocado nas covas, com as mudas, protegendo as raízes.
TOPOGRAFIA
O terreno deverá apresentar-se aplainado, recomendando-se um leve declive, favorecendo o escoamento da água, mas sem que provoque danos por erosão.
Para áreas com elevada declividade, a alternativa mais plausível é a confecção de patamares para a locação de canteiros. Os patamares devem ser levemente inclinados e devem ter dispostas ao longo de sua extremidade manilhas em forma de "U" , a fim de impedir o escoamento de água de chuvas fortes pelo talude, provocando erosão. Além disto, é aconselhável seu revestimento com gramíneas rasteiras.
A camada superficial removida deve ser reservada para aproveitamento na produção de mudas. Este substrato é mais fértil, mas pode apresentar o inconveniente de conter sementes de ervas. Neste caso, a fumigação deste material pode ser recomendável ou uso o de herbicida em aplicação pré-emergente.

DRENAGEM
Através da drenagem, provoca-se a infiltração da umidade gravitacional e a retirada de água por meio de valetas que funcionam como drenos. Sua localização mais usual é ao longo das estradas que circundam os blocos de canteiros. Os tipos de canalizações passíveis de uso são:
1. Vala Cega: composta de uma vala com pedras irregulares (a água corre pelos espaços entre as pedras sendo possível o trânsito por cima da vala);
2. Vala Revestida: composta de uma vala com revestimento de cimento, tijolos ou outros materiais;
3. Vala Comum: vala aberta ao longo do terreno (podendo ser vegetada ou não)
As dimensões das valetas variam conforme a necessidade de drenagem aérea. Normalmente, a largura do fundo que é plano tem cerca de 40 a 60 cm e a abertura de 70 a 80 cm. As paredes são inclinadas, na valeta aberta, para evitar seu desmoronamento. A altura das valetas também é variável, oscilando em torno de 90 cm.
Se a área for plana, a altura deve variar, com a profundidade maior para o lado externo, conduzindo a água para fora do viveiro. Sendo a área levemente inclinada, a profundidade da valeta pode ser uniforme.

Quebra-vento

São cortinas que têm por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. Devem, contudo, permitir que haja circulação de ar. São constituídas por espécies que se adaptem às condições ecológicas do sítio. Usualmente as espécies utilizadas são as mesmas que estão em produção no viveiro. O recomendado é que sejam utilizadas espécies adequadas, distribuídas em diferentes estratos, apresentando as seguintes características: alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento rápido, copa bem formada e raízes bem profundas.
É importante salientar que as árvores que compõem os quebra-ventos não devem projetar suas sombras sobre o canteiro. Para tanto, devem ser, em distância conveniente, afastadas dos viveiros. As raízes das árvores não devem fazer concorrência com o sistema radicial das mudas em produção.
Para otimização dos efeitos favoráveis, alguns critérios básicos devem ser observados:
1. A altura deve ser a máxima possível, uma vez que a área a ser protegida depende da altura da barreira.
2. A altura deve ser homogênea, em toda sua extensão do quebra vento.
3. As espécies que constituem o quebra-vento devem ser adaptadas às condições do sítio.
4. A permeabilidade deve ser média, não impedindo totalmente a circulação do vento.
5. Não devem existir falhas ao longo da barreira formada pelo quebra vento, para evitar o afunilamento da corrente de ar.
6. A disposição do quebra vento deve ser perpendicular à direção dominante do vento.
Administração e Controle
Para um melhor desempenho do viveiro, deve-se adotar alguns procedimentos administrativos, sendo os mais importantes:
1. Planejamento da produção visando cobrir todas as fases do processo, em que devem ser considerados o número de mudas a serem produzidas, as espécies e as épocas mais adequadas para a produção.
2. Estoque de insumos e demais materiais necessários para a produção, tais como embalagens, ferramentas e outros.
3. Disponibilidade de sementes necessárias ou locais definidos para coleta ou compra.
4. Supervisão dos trabalhos distribuindo atribuições e obrigações ao pessoal.
5. Acompanhamentos periódicos através de relatórios em que figurem informações sobre as espécies produzidas, atividades produtivas com seus rendimentos e custos atualizados da produção.
Para facilitar a administração e o manejo dos viveiros, são necessárias as seguintes instalações:
1. Casa do viveirista
2. Escritório
3. Depósito para equipamento e ferramentas
4. Depósito para produtos químicos
5. Abrigo aberto nas laterais (para atividades que não podem ser executadas sob chuva)
PRODUÇÃO DE MUDAS SILVÍCOLAS
A produção de mudas florestais, entre as atividades da silvicultura é uma das mais importantes, pois representa o inicio de uma cadeia de operações que visam o estabelecimento de florestas e povoamentos.
Desta forma, o sucesso da implantação e da produção florestal estão diretamente relacionados a qualidade das operações de viveiro e do seu produto, que são as mudas.
A produção de mudas pode ser de duas maneiras: sexuada (com o uso de sementes) ou assexuada (por propagação vegetativa).

Propagação via semente
Este tipo de propagação gera maior variabilidade entre os indivíduos o que possibilita maior distribuição e adaptação do material em condições de solo e clima diferentes.
Área coleta de sementes (ACS)
A área de coleta de sementes consiste na escolha de algumas árvores com características desejáveis. Cada árvore selecionada é chamada de planta-mãe, ou seja, cada semente terá 50 % do material genético de origem conhecida. A principal vantagem desse sistema é a grande disponibilidade de pólen que resulta em maior troca genética e maior nível de polinização, consequentemente grande quantidade de sementes viáveis e maior variabilidade genética. Os ganhos obtidos nessa área são relativamente baixos e é recomendada para o início do melhoramento do material introduzido.
Área produção de sementes (APS)
Na área de produção de sementes ocorre a retirada das árvores sem as características desejáveis através do desbaste seletivo. Assim cada semente terá 100 % do material genético proveniente de árvores com as características desejáveis. As principais vantagens desse sistema são: produção de sementes com material genético superior; baixo custo e em curto período. Essa área deve ficar isolada de outras onde existam florestas que possam estar polinizando os indivíduos selecionados.
Pomar de semente por mudas (PSM)
O pomar de sementes por mudas é implantado a partir da seleção de plantas de um teste de progênie (estudo feito sobre o comportamento das diferentes plantas selecionadas de diferentes populações). A área deve ficar devidamente isolada e corretamente manejada para produção de sementes. Esse sistema tem maiores ganhos genético, mas não pode ser obtido na introdução de material genético.

Pomar de semente clonal (PSC)

O pomar de semente clonal consiste na pré-seleção de diferentes materiais com as características desejáveis que devam ser clonados e implantados, com o devido isolamento, de modo a direcionar o cruzamento entre diferentes clones superiores. Nesse sistema ocorrem grandes ganhos genéticos e também pode ocorrer a precocidade na produção de sementes, quando a propagação é realizada via enxertia.
A propagação vegetativa é utilizada para obter ganhos genéticos de maneira mais rápida, pois essa técnica conserva características da planta mãe. Mas deve-se ressaltar que mesmo em floresta de origem de propagação vegetativa podem ocorrer diferenças entre um mesmo clone devido às diferenciações ocorridas durante a fase de propagação do material.
Existem diversos métodos para a propagação vegetativa de plantas jovens ou adultas e para todos os métodos deve-se trabalhar com condições de umidade e temperatura controlada e meios propícios para cada sistema.
Micro-propagação
Esse método de propagação vegetativa é baseado nas técnicas de cultura de tecidos e é realizado a partir de calos, órgãos, células e protoplastos. A cultura de tecidos consiste em cultivar segmentos da planta em tubos de ensaio que contenham soluções nutritivas e hormônios na dosagem adequada para o desenvolvimento. Após o termino da fase de desenvolvimento em tubos de ensaio, as plantas passarão por aclimatização e posteriormente serão levadas ao campo. Nesse sistema é possível obter com rapidez a produção de um grande número de mudas idênticas.
Macro-propagação
O método de macro-propagação é baseado nos métodos convencionais de estaquia e enxertia.
Estaquia ? É o processo de enraizamento de estacas obtidas de material selecionado. Essa é a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais que obtêm as estacas nos mini-jardins clonais. Podem existir nesse processo, além da metodologia, algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas, como o material genético e a idade (o material adulto apresenta maior dificuldade de enraizamento).

Enxertia ? É o processo de inserção da parte superior de uma planta em outra, através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser multiplicada (cavaleiro) sobre o porta-enxerto (cavalo). Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição do material, sendo que a melhor maneira de evitá-lo é utilizar plantas jovens.
A maior dificuldade da propagação vegetativa de plantas adultas é o enraizamento, sendo necessário trabalhar com material fisiologicamente juvenil ou rejuvenescido. As técnicas de rejuvenescimento podem ser realizadas através da poda drástica, aplicações de citocininas, propagação seriada via enxertia, propagação seriada via estaquia e micropropagação. Outros fatores também são importantes para o enraizamento entre eles a nebulização (prevenindo o estresse hídrico), o estado nutricional, a utilização de hormônios (para eucaliptos são utilizados o AIB e o ANA) e condições adequadas de desenvolvimento. Para a propagação vegetativa de eucalipto adulto é recomendada, para facilitar o processo, a utilização dos brotos epicórmicos originários da base das árvores.

REPARAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS UTILIZANDO ESPÉCIES SILVÍCOLAS

A degradação de uma área, independentemente da atividade implantada, verifica-se quando: a vegetação e, por consequência, a fauna, são destruídas, removidas ou expulsas; e a camada de solo fértil é perdida, removida ou coberta, afetando a vazão e qualidade ambiental dos corpos superficiais e/ou subterrâneos d?água. Quando isso ocorre, reflete-se na alteração das características físicas, químicas e biológicas da área, afetando seu potencial sócio-econômico.
A silvicultura é vista como um bom negócio para se investir em terras boas, mas em áreas degradadas o plantio de florestas é a única forma de recuperação. Onde temos terras degradadas a silvicultura certamente é a única forma de viabilizar a recuperação social, econômica e ambiental da região.
A maior dificuldade para implantar a silvicultura, é que o plantio de florestas é uma atividade de longo prazo e com custo inicial.
Evidentemente é muito grande o número de espécies vegetais que podem ser usadas em arborização; entretanto, tecnicamente (sob o aspecto econômico-financeiro), poucas delas são recomendadas. Algumas importadas (trazidas de outro pais), como é o caso do eucalipto, do pinus, do kiri; outras, nativas, como é o caso do Pinheiro do Paraná, jequitibá, Pau-pereira, Araríba, Pau-marfim, Sabia, Grevílea e etc.

REFERENCIAS
ANDRADE, Diniz Xavier de. Lições de Silvicultura, 1 parte Escola de Agronomia do Nordeste, Areia PB 1956.
Dendrometria, Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Dendrometria> Acessado em: 24 de maio de 2009.
Ambiente Brasil, Ambiente florestal, Viveiros Florestais: Localização e Caracterização, Tipos de Viveiro, Topografia, Drenagem, Quebra vento, Administração e controle. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/viveiros/viveiros_florestais.html> Acesso em 03, Setembro de 2009.
Jornal Impacto compromisso com a verdade, Técnicos fazem vistoria como mineradores Disponível em: <http://www.jornalimpacto.inf.br/modules.php?name=News&file=article&sid=290> Acessado em: 05 de setembro de 2009.
Instituto de pesquisa e estudo florestal, Sistemas de Propagação de Mudas de Essências Florestais, Paulo Henrique Müller da Silva, Engenheiro Florestal ? IPEF Atualizado em 24/05/2005 Disponível em: <http://www.ipef.br/silvicultura/producaomudaspropagacao.asp> Acessado em 05 de setembro de 2010