Era uma vez uma linda moça. Ela tinha um belo jardim em sua imensa casa. Um jardim construído por ela e da forma que ela quis. Era um verdadeiro palácio florido. Flores de todos os tipos, tamanhos e cores. Mas quando aquela linda flor chegou vinda de fora e de muito longe, ela obviamente escolheu coloca-la num lugar totalmente preparada para ela. Ela a aguardava ansiosa, parecia uma demora interminável. Por fim ela havia chegado e ela começou todo o preparativo de plantação. Usou a medida certa de terra preta misturada com 1/10 de medida de terra de rio para facilitar a drenagem. Colocou a flor no seu local e drenou ate que a terra inteira ficasse abundantemente úmida. E lá ficou admirando a bela flor que tinha adquirido. Esse namoro durou por longos anos, afinal quando a adquiriu sabia que esta planta é semi-aquática e que iria ser preciso uma dedicação diária de atenção nela. E ela crescia linda e maravilhosa e lhe arrancava vários suspiros diários. O namoro foi tão profundo que quando adormeceu ela percebeu em sua volta o quanto tinha desprezado aquele imenso jardim. Ela tinha se esquecido de tantas outras flores que já estavam ali fazendo parte sua vida por muito mais anos que aquela nova flor. Porem a dedicação dupla que ela tinha que exercer não seria fácil, aquilo a consumia. E com o passar do tempo aquilo a fez adoecer. Por que amava demais aquilo que tinha feito e construído, e o amor era tão imenso e intenso que lhe pesava a consciência. A qual ela se dedicaria mais? Aquelas que sempre estiveram ali, ou a que por tantos anos esperou em ter em seu jardim? Ela fez seu Maximo! E por fim teve a idéia de colocar aqueles esguichos automáticos. Que por hora resolveu, mais na verdade nem todas as plantas recebiam de forma gradual aquele alimento que lhes era prescrito. E mesmo doente ela persistiu em se desdobrar em duas e como resultado nenhuma delas chegou de fato morrer. Mas ela percebeu que muitas delas haviam mudado seu aspecto, aquele jardim não era o mesmo. Ela não era mais a mesma. 

Essa infelizmente é a nossa vida. Temos “uma imensa casa”¬¬ – nosso coração – e nele temos “um belo jardim” – pessoas que tanto amamos – e passamos a viver em função dessas pessoas, pessoas com “tipos, tamanhos e cores” diferentes, mais que amamos muito cada uma a sua maneira. E às vezes na vida, e em nossa imensa casa e em nosso belo jardim podem aparecer novas flores – “vindas de fora e de muito longe” – que também vão requerer atenção. E claro a principio ate daremos conta de cuidar de tudo, mas com o tempo nosso coração ficara dividido e ate doente de não poder cuidar de tantas coisas ao mesmo tempo, tanto das que já estavam ali como da nova que se adentrou em nosso espaço. E solução de repente é passar a ficar igual a um daqueles – “esguichos automáticos” – atirando para todos os lados. E de repente o que era belo fica feio, e aquela relação afetiva toda embora não morra, muda – “muda seu aspecto”.

É triste mais a vida é assim. Mais seria muito mais triste se em vez de um jardim tivéssemos como que um deserto em nossa vida, um deserto em nossa imensa casa. E neste deserto só houvesse um sol para nos secar – secar por dentro – isso sim seria muito pior. Nunca a desculpas exatas para o afastamento de pessoas amadas, ambos os lados terão suas convictas explicações e justificativas. Mais nunca haverá desculpas por um amor verdadeiro acabar, e disso eu não sofro porque meu amor ainda existe. E embora exista num “aspecto diferente” ele se renova a cada manha a cada dia com grande intensidade.