As TIC’s  no ensino e na Sociedade em Moçambique,  o que fazer?

                                                                     João Zacarias Alberto Langa[1]

Resumo    

O presente artigo debruça-se sobre as TIC’s  no  ensino e na Sociedade em Moçambique,   tem como objectivo estudar o impacto das Tic’s no ensino e na sociedade no concernente ao uso de ferramentas tecnológicas, já que as transformações geo-políticas e sócio-econômicas, impõem a modificação radical da qualidade de mão-de-obra, e novas maneira de ser e estar na escola, e na sociedade.

A introdução das TIC’s no ensino como factor de competividade representa uma ilusão por causa da luta pelo controle da cota de mercado mundial de comercio destas ferramentas, entre os países com elevado aporte capital financeiro, com possibilidade de manipular e definir os processos a seguir para atingir a prosperidade económica através de planos de financiamento, A escola através da ideologia e financiamento destes, tem a tarefa de conduzir a socialização dos jovens em vista ao seu útil enquadramento social, contribuindo para a disseminação dessa ideologia as futuras gerações. Alguns factores negativos sobre o uso das ferramentas tecnológicas, preparação não adequada dos professores, falta de investimentos, são apontados a governa mentalidade e a dependência de investimentos nacionais a financiamento externo e a doações, tal é mais notável no sistema de autenticação biométrico usado na produção das cartas de condução e do Bilhete de Identidade. A metodologia é uma revisão documental que sustenta a análise e argumentação no presente artigo.

Palavras Chave: TIC’s, , investimentos, reflexão e  competividade.

Summary

This article focuses on ICT in education and society in Mozambique, aims to study the impact of Tic's in education and society in concerning the use of technological tools, since the geo-political changes and socio-economic, impose the quality of the radical change of hand labor, and new way of being and being in school and in society.

The introduction of ICT in education as competitiveness factor is an illusion because of the struggle for control of the world market share of trade of these tools among the countries with high contribution financial capital, with the possibility to manipulate and define the following processes to achieve economic prosperity through financing plans, the school through ideology and funding of these has the task of conducting the socialization of young people in view to useful social environment, contributing to the spread of this ideology future generations. Some negative factors on the use of technological tools, inadequate preparation of teachers, lack of investment, are appointed to govern mentality and dependence on domestic investments to external funding and donations, this is most notable in the biometric authentication system used in production driving licenses and identity cards. The methodology is a documentary review that supports the analysis and arguments in this article.

Key Words: ICT, investment, reflection and competitiveness.

 

Introdução

O presente artigo debruça se sobre as TIC’s no ensino e na sociedade em moçambique, tem como objectivo expor o estágio do uso da tecnologia em instituições da administração pública

Com adaptação das TIC’s a todas as formas de trabalho, que melhor representam um estágio de desenvolvimento tecnológico mas acentuável no domínio da técnica moderna, as TIC’s foram adaptados a vários contextos com precursão na vida de qualquer pessoa, e com benefício social, embora nem sempre de forma activa e proactiva para as comunidades.

O uso das TIC’s requer reengenharia de processos, na forma de trabalho e na formação de pessoas, isto porque no campo educacional, exigem que o docente tenha competência para explorar as possibilidades das novas maneiras de fazer o ensino numa base metodológica racional.

As TIC’s nas Escolas, Universidades, Estradas, Aeroportos, Hospitais, proporcionam valiosas possibilidades de ensino e Aprendizagem, Pesquisa, Promoção, divulgação de conhecimentos, ilustram conteúdos, flexibilizam o currículo, multiplicam espaços, reproduzem ou projectam teorias, melhoram a percepção dos lugares, do tempo e atendimento aos utentes em várias situações da vida social, tornando o desempenho do homem melhor [2]. A identificação das vantagens e limites do uso da tecnologia pode ser feita através de cursos, pela autoformação e por vivência ou experiência das pessoas que no seu cotidiano se relacionam com as tecnologias.

Assim o presente artigo centrou-se nos feitos mediáticos originados pelo uso das ferramentas tecnológicas nas escolas e em alguns serviços públicos em moçambique, mas o que fazer ou o que se pode fazer sem esta tecnologia? Será que assumimos que o uso da tecnologia em especial as ferramentas informáticas trazem uma maneira de ser e estar que exigem uma reflexão?

 

As TIC’s  no ensino e na Sociedade em Moçambique,   o que fazer?

O sentido da consciência da actividade docente reside no facto de ele ser capaz de fazer e responder a si próprio no mínimo as seguintes perguntas: porquê e para que ensino? E para que serve o que ensino?

A reflexão traduz se em um conjunto de conhecimento técnico-científicos que tornam o docente capaz de perceber aprender e estabelecer uma comunicação educativa eficaz, Piletti (2004).

Langa[3] (2015) referenciando Singo e Zavale (2010), afirma que as TIC’s evolucionaram a forma de como as actividades são desenvolvidas actualmente, tornaram se em factor de competividade, de desempenho organizacional tendo merecido a daptabilidade curricular. No entanto a adaptabilidade nem sempre surtiu os resultados desejados porque ensinar com TIC’s ou usando as TIC’s, requer grandes investimentos.

O uso das TIC’s requer reflexão sobre o seu fundamento, seu impacto social, escolar e sobre as razões e os factores que levam a esta objecção, sob risco de sermos escravos tecnológicos e consequente designação “ novos analfabetos” Singo & Zavale (2010).

A irreversível dade do uso das TIC’s no desempenho de todas as actividades com grande impacto no desenvolvimento político-económico, social e educacional,  requer  a cada um de nós esforço no sentido de compreende-las,  estuda-las cada vez mais, como forma de iluminar, e  de dotar os jovens de conhecimentos básicos que visem democratizar, autonomizar, familiarizar, porque esta é a nova forma de profissionalizar os jovens,  Singo (2014).

Isto porque a base da eficácia docente, como sendo as pessoas responsáveis na transição do currículo planificado em ensinado, encontra no pensamento do professor[4] a capacidade de interpretar e diagnosticar cada situação singular ou grupal na qual esta inserido no dia-a-dia da sua actividade, Sacristan & Gómez (2000).

As Novas Tecnologias são incorporadas ao cotidiano das pessoas,  fazem parte do saber viver e do saber fazer do aprendiz, …Biazus (2009).

A didáctica de invenção incluí capacidade docente na formulação de proposta aberta, flexíveis, inerente ao processo de educar, concorrendo para o alcance da qualidade, que é apenas julgada a partir dos objectivos e metas propostas, sem questionar a validade, o sentido, os métodos de ensino utilizado,  e a logica do não  investimentos em laboratórios, Salários de professores número de alunos por turma, factores que tem contribuído negativamente para um “cheque mate” na luta pela qualidade de educação na era da globalização, beneficiando assim os  mentores da globalização e a burguesia do banco mundial, Tommasi & Warde & Haddad (2007).

O projecto da introdução das TIC’s no Ensino Secundário Geral em Moçambique e noutros países do mundo, torna a intencionalidade confundida, dada a complexidade do processo educativo em geral, necessidade de investimento em infraestruturas e formação de professores, falta de recursos financeiro, com a criação de uma barreira de desenvolvimento intelectual em massa, e a consequente falta de mão-de-obra qualificada, dada a ausência de investimento na área da formação. o que garante emprego aos cidadãos dos países mentores da globalização e possuidores de capitais financeiros, já que é difícil produzir estudantes socialmente uteis, se a escola é vista como uma fabrica, Castanho et all (2004).

A visão da escola como fabrica e apropriada ao professor desempenhar a figura de morto e confunde profissão de ofício, com influência na qualidade do trabalho docente e nos resultados por estes conseguidos. Os ensinamentos sobre a pratica de um oficio apenas precisa de visão técnica enquanto para uma profissão precisa de conhecimentos pedagógicos – didácticos e reflexivos, deste modo as profissões distinguem se dos ofícios por estas serem professadas, Leite (2010).

A intencionalidade confundida leva aperceção de dominação e exploração com características típicas de um empreendedorismo forçado,  que uma vez descobertas as oportunidades, a luta é tornar a competência essencial não percetível aos demais, o que deixar perceber que o uso das  TIC’s,  para além de  visar formar os estudantes profissionalmente com vista a competividade no mercado global de emprego, tem outros objectivos a  condição  não explicados, Leite (2010).

Ao de mais a utilização das TIC’s como ferramenta de desenvolvimento impõem que pelo menos a maioria da população tenha acesso a energia eléctrica, pois este é a fonte da alimentação, o que não tem-se verificado uma vez que só 40 por cento de Moçambicanos tem acesso a energia, e com privilégio de utilizar as TIC’s, assim o desenvolvimento esta disponível para os 40% da população Moçambicana, JORNAL DOMINGO.CO.MZ [1].

Para além de que, o melhoramento das condições de acesso e utilização das TIC’s,  não depende da localização geográfica da instituição  porque o desenvolvimento não visa  certas áreas, motivo pelo qual o  governo aprovou a política de informática, que visa entre outras: elevar a eficácia e a eficiência das instituições do estado e de utilidade pública utilizando as TIC’s, BR nr 49, I Série, de 12 de Dezembro de 2000.

Para Bernardi (2008) a área de informática é vasta em possibilidade, o que envolve riscos e, consequentemente cuidadoso planeamento para evitar surpresas e prejuízos, não sendo comum que as empresas comecem a desenvolver paginas na internet, preambulo de comércio electrónico, compra de softwares de gestão integrados, sem a necessária planificação, pois a implementação de tais projectos é oneroso e envolve elevado investimento.

Langa (2015) não se distanciando de Bernardi afirma que, o uso das ferramentas informáticas tem  elevado índice de insatisfação, não pelo uso dos computadores, mas sim da forma e da velocidade em que as mudanças foram  efectuadas, e introduzidas na sociedade Moçambicana, para não mencionar os efeitos negativos do uso da plataforma informática de gestão das cartas de condução pelo Instituto Nacional de Viação de Moçambique (INATTER), uso da plataforma de gestão de atendimento aos pacientes no Hospital Central de Maputo, nestes dois serviços  públicos é facilmente notável a confluência de uma parte da população que esta nos 40% com acesso a energia e por sinal com privilégio para o uso das TIC’s, e que sobre sai melhor no uso das ferramentas tecnológicas, e a outra dos 60% sem a cesso a energia eléctrica  por conseguinte sem acesso ao uso das TIC’s, mais o que fazer ?

Os elevados investimentos na compra destas ferramentas são em parte fruto de doações, que não privilegiam em primeiro lugar as comunidades, visto ser para eles que o beneficio em bem e serviço por estes trazidos, permite avolumar a divida externa de  Moçambique, paga pelas contribuições das duas partes, parte dos 40%  paga com consciência porque com as TIC’s só veem ganhos, e a parte dos 60 % da população paga inconscientemente, porque para estes TIC;s é mas um obstáculo para o acesso ao desenvolvimento, a incapacidade de as instituições públicas responsáveis pelo produção do bilhete de identidade biométrico, agir a tempo e hora para responder a demanda, faz desta plataforma mais uma ferramenta ao serviço da governa mentalidade[5], mas o que fazer?.

Conclusão

Não é possível ignorar as TIC’s do processo educacional, laboral e o seu potencial modificador das formas de fazer o trabalho, de ensinar, de aprender, de interagir de acesso e de produção de conhecimento, de ampliação de espaços pedagógicos e de acesso a informação.

Desta forma professores, alunos, instituições públicas no geral devem estar preparadas para responder a esta demanda na era da globalização, será que estão?

Os professores, os técnicos que actuam em várias instituições da administração públicas, muitas vezes sem conta reconhecem a falta de preparação específicas para o uso apropriado das TIC’s, necessitando de formação contínua pertinente e oportuna á docentes e técnicos da administração pública em geral de forma a usarem as TIC’s de uma maneira consciente, competente e com benefício social.

E que o sistema de autenticação biométrico usado na produção dos bilhetes de identidades, passe a gestão de uma empresa nacional, para permitir maior controle, maior fiabilidade e menor número de passaportes estrangeiros falsos.

Bibliografia

Bernardi, Luiz António (2008). Manuel de Empreendedorismo e Gestão, Fundamentos, Estratégias e Dinâmicas, Editora Atlas, são Paulo.

Biazus, Maria (2009). Projecto Aprendi: Abordagens param uma arte/Educação Tecnologica. (1ª edição). Porto Alegre, Promoarte.

Feldkercher, Nadiane & Mathias Carmen Viera. “Uso das TICs na Educação Superior Presencial e a distância: a visão dos professores”, pp. 84-92.

JORNAL DOMINGO.CO.MZ [1]. http://www.jornaldomingo .co.mz/index .php/sociedade /1972. Bento Venâncio. 15 de Setembro  de 2013. Disponivel [Online] via correio eléctronico. Arquivo Pesquisado no dia 17 de Julho de 2015 as 10h e 34 min.

Langa, João Zacarias Alberto( 2015).Dimensionamento e Instalação de um Sistema Fotovoltáico Isolado Como Fonte Alternativa de Energia Eléctrica da Sala das Tecnologias de Informação e Comunicação: Mestrado em Informática Educacional, Maputo.

Leite, Carlinda et all (2010). Sentidos da Pedagógia no Ensino Superior, Porto, Legis.

Sacristan, J,Gimeno & Gómez, A.I.Pérez (2000). Compreender e transformar o ensino, Editora Artmed, Porto Alegre, 4 edição.

Sacristan, J. (2000). Currículo na reflexão sobre a prática, (3ª edição) porto alegre, Artmcol.

SINGO, Félix & ZAVALE, Cardoso (2010). TIC10.Tecnologias de Informação e Comunicação 10 ͣ Classe, Maputo, Textos Editores.

SINGO, Félix “Aprender e Ensinar Eficazmente com as TICSDidáticas e Práticas de Ensino e aprendizagem em Moçambique: Competência, Renovação e Qualidade, Maputo, Alcance Editores, 2014, pp.177-184.

Tommasi, Livia (2007). O Banco Mundial e as Políticas Educacionais, (5ª Edição). São Paulo, Cortez.



[1] Técnico de Recursos Humanos no SDEJT-Manhiça, Mestre em Informática Educacional-Universidade Pedagógica-UP (2015) Licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Inspecção-UP (2012), professor primário por mais de 10 anos nas Escolas Primárias do Distrito da Manhiça, tem curso do nível 2 sobre sistemas fotovoltaicos pelo centro de tecnologias educativas (CTE) da UP, Observador Eleitoral credenciado pelo Observatório Eleitoral.

[2] Feldkercher, Nadiane & Mathias Carmen Viera. “Uso das TICs na Educação Superior Presencial e a distância: a visão dos professores”, pp. 84-92.

[3] Langa, João Zacarias Alberto. Dimensionamento e Instalação de um Sistema Fotovoltáico Isolado Como Fonte Alternativa de Energia Eléctrica da Sala das Tecnologias de Informação e Comunicação: Mestrado em Informática Educacional, Maputo, 2015.

[4] Aquele que actua no âmbito curricular Pedagógico é: o que sabe oque se ensina, e o que se aprende, e como se ensina e se aprende, para que se ensina e se aprende e que a interação do saber entre o aluno e professor está mais relacionado com o desenvolvimento de competências cognitivas e relacionais do que, com a apropriação de conteúdos construídos por outros; Veja também: interacaoepercepcao.blogspot.com/

[5] Veja também: Burbules, Nicholas at all (2004). Globalização e Educação: Perspectivas Criticas, Porto Alegre, Artimed.