Os países do mundo vivem um momento excepcional, difícil e sensível devido à propagação da epidemia de Covid-19, um momento de turbulências, de caos e de confusão, pois essa pandemia expõe as deficiências da atual ordem mundial, revelando a falsidade e o equívoco das descrições históricas e clichês pré-fabricadas objeto dos elogiados, de uma certa sacralidade e ingenuidade do mito do poder do sistema liberal, consequências da revolução industrial e tecnológica, da economia de mercado, dos valores da globalização.

Muitos aspectos da epidemia desvendaram esta face do impacto do vírus Corona, difícil de entender, de interpretar e perceber as cenas dramáticas transmitidas em termos de múltiplos resultados e cenários de crise, lembrando os tempos das epidemias e desastres, que aniquilaram muitas nações e povos durante os séculos passados, cujo número de lesões excede 1 milhão e 800 mil casos, e mortes ultrapassam 108 mil casos.

Uma catástrofe humanitária que continua a se expandir, assustando tudo mundo, enormes prejuízos nas vidas e nos sistemas econômico e social de diferentes países são cada vez mais importantes, destacando esses desastres / crises prejudicando alguns sistemas econômicos e a saúde dos países do "mundo civilizado", causando um colapso ao poder ou ao mito da "supremacia ocidental", prevalecida por quase um meio século.

Em relação as repercussões dessa pandemia sobre o mapa dos equilíbrios de poder no sistema global, muitos acreditam o retorno da situação ao normal, mas contudo, não se pode ignorar o seu impacto sobre o intelectual e o tipo da astrologia, conforme a revista American Foreign Policy, 20/3/2020, cujos 12 pensadores e especialistas duvidam da suposição voltar a normalidade com menos prosperidade, após a Corona. 

O debate sobre tal resultado acabou considerando que o mundo vai se tornar menos aberto, próspero e livre. Uma vez que o debate sobre tais resultados dessa pandemia não se limita, entretanto ao diagnóstico e tratamento dos aspectos econômicos, sociais, hospitalares e psicológicos objeto desta epidemia; mas sim ao requer pensar e tentar prever a forma e a natureza da nova ordem mundial, desenhada nos novos horizontes, cujos alguns possíveis cenários a estudar e analisar.

No contexto de estudo das repercussões dessa pandemia ao tentar antecipar os resultados de possíveis mudanças e desenvolvimentos, pode-se dizer que o mapa de alianças, de interesses e de localizações de países, após essa epidemia será outro, consequências do desequilíbrio e de transformação que conhece o mundo; sem dúvida isso se repercute na gestão de um grupo de processos e crises internacionais, notadamente nas questões internacionais, em termos de natureza e de complexidade extensa de um modo ou de outro em relação ao conflito de interesses e de influência entre as potências internacionais.

Em relação a esse aspecto, a disputa regional do Saara ocidental reflete algumas questões espinhosas e complexas, provavelmente no quadro das repercussões do vírus Covid 19, o Marrocos encontrado, face aos grandes desafios, no final deste ano. Além dos grandes desafios econômicos e das mudanças geopolíticas que vão sem dúvida obscurecer o equilíbrio da causa da unidade territorial, dos vários cenários da ocorrência regional e das mudanças incomuns e dramáticas, sobretudo de algumas regiões e capitais influentes.

Nesse contexto, o sistema americano e europeu afetado pela epidemia de Corona aparece claramente violento e implosivo, porque a forma pela qual se enfrenta a catastrófica e comovente questão é vista de maneira vaga e indiferente. O futuro dos líderes de alguns países, cuja posição de algumas entidades perde o equilíbrio e os processos vitais da natureza humana. A este título da estratégia, os Estados Unidos da América e a União Europeia, duas potências ocidentais se consideram um meio de tratar e gerir um conflito, seja no nível do Conselho de Segurança ou no espaço europeu, bem como no seio das instituições políticas, parlamentares e judiciais.

No nível americano, as eleições previstas, 03 de novembro deste ano, revelam que os controles passam despercebidos. Antes da pandemia de Corona, o presidente Trump se parece confiante, agora hesitante, cambaleando entre o martelo do alto número de mortes, a dificuldade de hospitalizar um grande número de americanos, e por outro lado a bigorna da recessão e da ascensão dos número de desempregados.

As calamidades não ocorrem individualmente,  como se disse, o presidente Trump não consigue recuperar o seu fôlego, uma vez esta pandemia impede muitos outros recursos econômicos  e financeiros, cuja situação desagradável, sobretudo para os democratas  que decidem a nomeação de Joe Biden, após a retirada de Sanders no dia 08 deste mês corrente do  ano 2020.

A nomeação do democrata Biden, vice-presidente do ex-presidente Barack Obama, à luz da crise epidêmica e econômica que assola a América, além da queda dos preços globais do petróleo, torna-se o segundo mandato de Trump afetado e difícil, já que o candidato democrata inicia a sua campanha no quadro deste vírus de Corona.  Revelando o desequilíbrio e a popularidade contro  Trump, a pandemia joga contra, uma rivalidade da volta à estaca zero, as conquistas anteriores do atual presidente desaparecem diante da dramática contaminação do vírus da Corona no país.

Para a questão do Saara, o fracasso de Trump em gerir e conter um assunto regional, repercute  sobre o surto do vírus corona, sem dúvida, suas chances de renovar seu mandato pela segunda vez continuam sendo mínimas, o Marrocos vai ser obrigado a domar o novo governo, incapaz de decodificar, aproximando o último ano do mandato de Trump, suavizando as posições, depois de três anos magros desta administração.

A intervenção de Marrocos junto á administração de Trump, durante este último ano, permite obter um conjunto de ganhos e gerir a questão da integridade territorial em nível internacional, desde o ano da renúncia de Kohler, maio do ano passado, sem haver no horizonte um outro enviado Pessoal, consagra a tese das pressões e oponentes do Reino. O conflito, por sua vez, chegou à estaca zero, na segunda agenda do Conselho de Segurança, um certo impasse e colapso paira sem explodir nos campos de Tindouf.

Com a possibilidade de declínio da influência americana em favor de novas potências, a maioria das especulações avançam um novo mundo, um estágio de transição da globalização, da América no sentido da China.
No nível europeu, as várias instituições e órgãos da união parecem impotentes e frouxos, perante esta situação econômico-financeira entre os países da União Europeia, motivo da pandemia que agrava cada vez mais a relação da Itália, da França e da Espanha, para com outros países mais afetados pelo vírus na Europa, a exemplo da Alemanha, da Áustria e da Holanda. Propondo emitir ´títulos da Corona´, um bloco mais afetado da epidemia, capaz de financiar a saúde; no entanto, essa proposta não foi o consenso sob o pretexto de medo e compartilhar dívida soberana.

Além de fechar as fronteiras dentro desse espaço, o assunto não parou por aí: muitos países, sobretudo a Alemanha e a França, adotaram um conjunto de medidas estritas para proteger seus produtos de consumação e recursos médicos, impedindo a exportação, apesar dos pedidos de socorro de muitos países afetados, como a Itália e  a Sérvia.
Quanto à forma e ao futuro da união, a declaração da chanceler alemã junto aos repórteres, antes de uma conferência de ministros das finanças da zona do euro, visando o plano de resgate econômico do bloco, contra uma união que enfrenta o seu maior teste desde a sua fundação.

Certamente, nesta fase, a união  convive com os momentos de transformação ou de desintegração, de acordo com certas premissas sombras; no entanto, todos os cenários permanecem abertos, prováveis, de acordo com os indicadores econômicos dessa união condenados a passar por grandes transformações, notadmaente nos níveis econômico e político.

As repercussões desta epidemia sobre o psicológico e social dos indivíduos podem constituir um cartão eleitoral nos próximos meses e anos, complicando o aumento da extrema direita ou das correntes populistas em alguns países europeus, cuja Itália e Alemanha enfrentam profundas transformações estruturais que podem afetar a unidade e a continuidade da união.

Na Itália, as condições para deixar a União se tornaram favoráveis, pelo menos no nível popular e na imaginação actual. O cenário da queima da bandeira da União Européia constitui um sentimento de descontentamento e de raiva contra essa entidade, a exemplo dos italianos, de acordo com os contextos atuais, transmitido pelos sofrimentos e tragédias dessa pandemia que causou ao ver deste bloco europeu uma moldura vazia e sem alma.

Por outro lado, os cálculos dos políticos e do chauvinismo tornaram o projeto ou o pedido da saída da união para a Itália visível, no quadro de uma incubadora popular em diferentes círculos sociais, cujo cenários possíveis evocados durante as intervenções da Rússia e da China.

Quanto à Alemanha, a repetição do cenário britânico é possível de acordo com a situação actual, dado o pragmatismo e a força da máquina alemã, não há dúvida de que depois de Corona, o mundo será outro, a poisção do poder político, bem como a continuação desse país dentro do espaço europeu algo questionável, e condicionado a uma melhor posição, de acordo com novas posições e condições de transformações no seio da associação do Conselho da Segurança.

Quanto à França, aliada tradicional do reino de Marrocos, necessitando um grande momento para reorganizar suas cartas internamente, economicamente e politicamente, no nível da União Europeia, e mesmo  no nível internacional, obrigada a retirar seus soldados no Iraque, cerca de 200 soldados.

Economicamente, a pandemia fez com que o crescimento parasse em vários campos, o que levou o Ministro da Economia e Finanças da França a dizer que seu país está caminhando para a pior crise econômica, desde a Segunda Guerra Mundial, a taxa de crescimento da economia francesa deste ano parece ser inferior a 1%, enquanto planificado ser de 1,3%, antes da crise do vírus.

Por fim o processo da leitura das diferentes transformações e eventos que conheceu a Europa, durante o primeiro semestre deste ano, além do que a pandemia de Corona causou ao espaço europeu, institucional, econômico e politicamente, levou a persuadir alguns países para continuar junto aos membros da União, à luz da ascensão das correntes iemenitas hostis, e da Integração na União Europeia por razões políticas, econômicas, culturais e étnicas.

Mesmo se as condições internas atuais revelam um papel da desintegração da União, após a crise de Corona, os fatores externos não são menos importantes, sobretudo os esforços da Rússia que visam restaurar as glórias do passado e controlar a Europa Oriental, diante das tentativas da China de penetrar nos mercados europeus e continuar na busca de dificultar a união econômica da união.

Diante desses cenários, a questão do Saara constitui um espinha dorsal, esperando-se a fraqueza da União Europeia ou da sua desintegração, o que afeta a maneira pela qual o Marrocos deve gerir as complexidades e os caminhos do conflito, cujo Marrocos parceiro importante comercialmente, economicamente e politicamente, tanto no espaço europeu como dentro da entidade unificada, através dos órgãos e instituições da União.

Em termos de antecipação e prevenção, o cenário de desintegração da União Europeia, se for descartado ou possível, após essa pandemia, a concretização deste cenário parece certamente oneroso para Marrocos, devido a um conjunto de considerações e cálculos estratégicos e táticos, finalmente o Marrocos, após um longo caminho de conquitas e influências, no espaço europeu como parceiro econômico e comercial, aliado político forte não hostil aos interesses do Reino, assegura-se sobre os importantes questões da imigração, do terrorismo ou do tráfico de drogas.

Lahcen EL MOUTAQI
Professor univeristário- Rabat, Marrocos