O trabalho pedagógico exige uma série de conhecimentos prévios que vão além dos métodos de ensino ou atividades como receitas que deram certo.
Para ser professor e entrar em uma sala de aula, é necessário saber a que veio, porque veio e principalmente a quem veio, ou seja, é preciso conhecer os alunos, saber seus interesses, anseios, necessidades, sonhos, etc.
Quando se trata do profissional que trabalha com Educação Infantil, é necessário ter conhecimento de algumas especificidades dessa área de ensino, a começar pelo histórico das concepções a respeito dela em tempos e lugares diferentes.
O modelo de instituição específica para educação infantil surgiu com os conhecidos "jardins de infância" da França, no século XVIII, como uma espécie de remição das situações flagelantes resultantes das relações de empregadores e empregados na Revolução Industrial. Crianças filhas de pais trabalhadores em fábricas sofriam maus-tratos, descaso para com a saúde e até mesmo a sobrevivência. A esse fator inicial está ligada a concepção da Educação Infantil como assistencialismo. Em uma sociedade capitalista, não havia interesse da classe dominante, que as classes populares fossem autônomas, esclarecidas, críticas, pois nesse caso, reivindicariam seus direitos. Logo, pensou-se em uma ambiente de atendimento as necessidades básicas a saúde, como higiene e cuidados.
No Brasil o modelo assistencialista foi seguido por muitos anos, ou pelo menos até a década de 80 quando houve uma ampliação das discussões sobre as reais funções da Educação Infantil que atendesse as necessidades da sociedade moderna. Foi aí que surgiu a concepção de que as crianças não necessitavam apenas de cuidados, mas também de educação.
Apesar das mudanças, o entendimento de cuidado seguiu até os dias atuais, um tanto dissociado do conceito de educação. Ou seja, a organização dos espaços escolares se divide em períodos e atividades específicas de cuidado, e outras específicas de chamadas atividades ou vivências pedagógicas.
Mas, segundo Gomes o(a)s professore(a)s de E.I. não são "(...)mães auxiliares, mas sim profissionais da educação" com características, embora afetuosas, diferentes das familiares, no sentido de serem dotadas de intenção educativa. Logo, as funções do profissional de educação infantil precisam ser repensadas. Os debates apontam para a necessidade de uma formação bem mais abrangente e unificadora para estes educadores.
Ao visitarmos instituições escolares, verificamos que ainda falta na concepção atual das escolas de Educação Infantil um entendimento de que a ação "cuidar" desenvolvida na instituição de ensino como um ato educacional é, portanto, diferente do materno, porque é intencionalmente planejado, de forma a ajudar no desenvolvimento integral da criança, o que envolve aspectos como saúde, já vista nos padrões assistencialistas, bem estar, higiene, regras de convivência social e condutas investigativas (criticidade) diante das próprias ações e das ações dos outros que a incluem, além de incentivar seu desenvolvimento criativo.
Por outro lado, o ato educativo, também continua dotado de cuidado, afeto, atenção da parte do professor para com as crianças, a fim de que elas tenham crescimento satisfatório e desde pequenos entendam a educação como uma forma de qualificar a sua vida e a vida de sua comunidade.



REFERÊNCIAS:

GOMES, Vanise dos Santos. Cuidado e educação: uma breve introdução à temática. Disponível em http://www.uab.furg.br/file.php/150/aula2/aula2.pdf, acesso em 11 de maio de 2009.