“As quatro dimensões que obstinam a Educação Brasileira” 

Prof.Msc. Miguel Arnaud Marques, Advogado,  Professor, formado pela  Universidade do Estado do Pará- UEPA, FAPAN/FAPEN, Universidad Autonoma de Assuncion. 

Introdução 

Este texto procura refletir sobre as  dimensões que obstinam a educação brasileira, possui um enfoque reflexivo com bases em vivencias e leituras . E um texto puro, pois não buscou se copilar e sim refletir sobre a temática proposta.

Iniciamos afirmando que  a  educação é um dos ditames assegurados na constituição federal e estendida as diversas constituições estaduais. Neste sentido e significado pode se perguntar:  porque nosso pais não avança  na educação? O que obstina o crescimento da educação brasileira? E como nos cidadãos podemos lutar por uma educação de qualidade.

Estas e outras perguntas são plausíveis de discussão para que possamos nos fortalecer enquanto agentes participes da construção de uma educação brasileira de qualidade.

A dimensão Territorial e  impactos na educação

 O pais e um dos maiores do mundo em território, fato este que dificulta as politicas publicas e controle por parte dos governantes e gestores dos órgãos competentes. No que pese a respeito da educação, pode se observar que ainda em muitos estados brasileiros há um descaso, desmerecimento ou ate poderíamos dizer uma desacreditação na educação que acaba refletindo em nosso pais. É notório a carência de projetos de leis que trazem benefícios a comunidade escolar.

Nas escolas publicas que, recebe pessoas fruto de uma sociedade desgastada e excluída ao longo dos tempos, de uma sociedade oprimida pela escravidão, por um pais que não consegue responder aos anseios sociais,  de maneira que venha a cumprir seu verdadeiro papel social  de ensinar o homem para se tornar cidadão.

O nosso sistema  de educação, infelizmente e  paulatinamente vai entrando em  colapso. Seja por falta de uma sustentabilidade de politicas educacionais, seja por problemas pedagógicos ou a própria rede física das escolas.

 Nesta seara, também  se encontra um quadro de professores fragilizados e frustrados com a profissão que almejou, tanto que muitos professores vem a educação como um complemento de renda e outros que acreditam na profissão são massacrados com um jornada de trabalho acima de40 horas, buscando garantir  ao final do mês o mínimo de retorno financeiro.

Muitos estados e municípios não cumprem a lei do piso do magistério fazendo com      que professores e sindicatos sempre estejam buscando e realizando greves.

 Mas não é somente o salário o ápice desta desacreditacão na educação e na destruição da escola publica,  as escolas encontra se  com uma déficit de na rede física de ensino, salas quentes, pouca luminosidade, falta de aparatos tecnológicos para seu bom funcionamento.

 Se buscarmos conhecer a realidade  de forma mais profunda, a maioria da rede de ensino não tem um suporte da rede física, que assegure um ambiente de qualidade propicio a oferecer uma educação de qualidade. Um espaço que seja acolhedor e responda  as necessidades dos alunos e de seus familiares. A família precisa esta presente na escola procurando colaborar da melhor forma possível de fazer funcionar esta maquina que se chama escola. Maquina humana que forma pessoas. Não adianta o governo investir em Bolsa família se a fome pela educação ainda é um problema que assola nosso  pais. Nada adianta falar se em projetos de acesso a universidade se ainda não resolvemos o problema da educação básica.

E preciso ter um olhar mais critico sobre as ações de governo, nossos governantes  precisam construir e reconstruir politicas educacionais que venham a favor dos anseios sociais, pois os gestores e diretores dedicam se ao trabalho e as vezes retiram de seu próprio recursos, para suprir a carências na escola, um dia é uma lâmpada, outro e a coleta para o próprio lanche dos alunos e assim a escola pública vai em frente. A escola possui uma estrutura que precisa ser mantida , e sempre estará sujeita a ocorrências como: falta gás, papel, tonner, queima lâmpadas estoura cano e somente o recurso do fundo recebidos seja pelo Estado ou pelo Governo federal, pagos por ano para a maioria dos sistemas de ensino, não é suficiente para atender a demanda. Claro que estamos nos reportando as escolas que não recebem PDDE ou que ficam longe dos grandes centros.

Este quadro verdadeiro e real que se vive na educação do pais , perpassa também pela falta de merenda escolar, livros didáticos, acesso a rede comunicações, falta de capacitação aos educadores, apoio aos educadores para realizarem a pós graduação e outros entraves que de forma significativa atingem a educação. Por outro lado,   externamente a educação e sucateada pela própria violência trazida do contexto social, crianças abandonadas por seus pais, crianças em situação de risco, famílias desestruturadas, crianças delinquentes e ate doentes de alma espirito e corpo. Esta é a realidade da maioria das escolas publicas inserida na sua maioria no bojão das periferias.

Evasão Escolar

Neste bojo encontramos também o abandono de alunos das escolas  publicas, um levantamento da organização Todos Pela Educação, com dados de 2021, que registram um crescimento de 171,1% na evasão escolar em relação a 2019 em todo Brasil. Dessa forma pode se observar que o reflexo  demonstra o fechamento de muitas turmas da educação básica, principalmente no turno da noite, onde as dificuldades de frequentar as escola ainda e maior quando se torna adulto são realidades que vivem a rede de ensino.

  Diante deste aspecto e bom já iniciarmos uma reflexão sobre o nosso papel enquanto educador, será que estou fazendo mesmo meu papel e educador? Ou estou apenas vendo a banda passar e aguardar o momento de me aposentar?. E preciso refletirmos e buscarmos alternativas e soluções para educação do pais, de forma que esta  venha atender os anseios e desejos de uma sociedade que clama pelo progresso em todos os sentidos.

A educação segundo a constituição e um direito de todos e dever do estado, sendo garantido pela constituição. O estado somente tem que  cumprir com seu papel e o cidadão deve fazer seu papel para de forma a colaborar com o crescimento educacional do pais.  Porém, e perceptível que a educação de nosso pais esta longe de acontecer uma revolução, e para que isso ocorra, precisamos sim de pessoas corajosas que combatam a corrupção e que possam lutar ao lado de nos professores em prol do ato educativo.  Já as famílias precisam participar mais da educação de seus filhos, serem exemplos de pais e mães que desejam um futuro promissor para seus filhos. Ainda por se falar em família é preciso uma estruturação e uma reconstrução em todos os sentidos, é preciso o aluno ter pai e mãe como espelho de intervenção no seu cotidiano, assim ele  responderá dignamente aos anseios sociais. Por outro lado é preciso investir mais na educação, e até descentralizar certos gastos, ficando a responsabilidade para a própria escola seus conselhos e gestores a dirimirem os recursos. Dessa forma, as praticas abusivas dos órgãos em não garantir uma estrutura física adequada ao ensino e aprendizagem,  seria amenizada paulatinamente, já que a escola teria recursos para aplicar onde houvesse necessidade por meio de um olhar dos atores que fazem a educação, que vivem a escola.

Acesso a Universidade Publica

Penso que um dos entraves do governo para a melhoria da educação no pais, nasce na educação básica e se estende ao acesso as Universidade Publicas. Diante deste  cenário caótico que sobrevive a educação em nosso pais, que até para ingressar ao nível superior o aluno e submetido ao exame denominado ENEM, exame este que é um verdadeiro crivo, onde os que tem conhecimento e sorte conseguem uma vaga na universidade, enquanto a maioria desiste e parte para a mão de obra barata e uma realidade por todo canto do pais, e nada adianta os famosos proUni, se as vagas são limitada?

Se pegarmos os gestores de nosso pais e aplicássemos as provas do ENEM, com certeza não concluíram no tempo, e se duvidar não teríamos nota máxima 10 em todos os descritores. Esta forma de exame somente demonstra que a escola o estado e a sociedade e celetista, e preciso mudarmos essa concepção que já vem se enraizando em nosso pais a muito tempo no pais.

É preciso um percepção mais próxima de nossos governantes para buscarmos juntos aos professores novos métodos de avaliar a educação no Brasil e novos métodos de ingresso a Universidade  Publica. O que não dá mais e para aceitar as atrocidades que este modelo falido de exame adotado em nosso  pais.  E preciso repensar novas praticas e novos modelos de acesso a Universidade publica, que ainda é insuficiente para o tamanho de nosso Brasil. Precisamos escutar nossos alunos, professores para construirmos coletivamente uma nova modalidade de ingresso ao ensino superior. O ENEM,  foi uma  forma de avaliar o ensino médio e acabou tornando se uma forma de acesso as universidades, sendo que  a maioria desmereceu as peculiaridades regionais por uma forma mais global de acesso.

As universidades públicas deixaram de valorizar em seus exames de ingresso as produções regionais, poemas, contos e romances de nossos escritores regionais. Esta atitude de forma radicalizada veio desmerecer e desvalorizar nossa cultura regional.  Dessa forma nossos jovens de hoje, pouco ou quase não tem conhecimento dos nossos escritores regionais. Este  quadro precisa ser revertido, pois a tendência,  talvez,  a ousadia dos governos federais seja apenas fazer a formação de obra barata, adquirir conhecimento pelo conhecimento cientifico e desmerecer a cultura de nosso pais.  

Dificuldade de Acesso a Educação Básica

Outro obstáculo a ser considerado é a educação básica, onde o acesso ainda e precário, basta visitarmos os lugares mais distantes e afastados dos grandes centros,   que se constata que o serviço publico não consegue atender a população, mais especificamente o setor educacional, imagine os da saúde, saneamento e outros.  Apesar de projetos que buscam amenizar este quadro, ainda vejo que estamos longe de atender este grande Brasil.

A falta de vagas na educação infantil ainda é uma demanda que precisa ser resolvida, há municípios que nem oferta creche as crianças  e nas escolas o uso do giz e comum em sala de aula. Esta é uma realidade que precisa ser vista e revista por nossos gestores.

Neste aspecto a criação de microrregiões com créditos específicos para estas aéreas e não apenas chegar demandas do Governo Federal para o atendimento poderia ser uma alternativa de amenizar o sofrimento do povo. Não se pode mais esperar e ficar batendo em ponta de faca, pois já sabemos que não deu certo o formato educacional existente. Precisamos de escolas equipadas em todos os aspectos e de tempo integral para que nossos alunos sejam melhores  atendidos.

Considerações

Penso que a criação e desmembramento de muitas atividades que são realizadas pelo governo deveriam passar para a gerencia das escolas, de maneira a fortalecer sua própria gestão financeira e didática., pois a realidade  das escolas não mudam,  nas grandes periferias não é diferente, enquanto no sertão ou nas ilha do norte do pais, as crianças enfrentam dificuldades de transporte, merenda escolar, energia elétrica, climatização e outros, nas periferias sentem a falta de segurança, roubos, ameaças violência contra a criança e ate tiroteios que alcançam as escolas levando estas a suspensão de aulas.

Estes são alguns pontos que o sistema de ensino publico a  tem que enfrentar para garantir aos alunos o acesso a educação, sendo que estas barreiras devem ser superadas pelos governos em parceria com a sociedade.

E levando se em consideração  todas estas dificuldades e que  se pode afirmar  que a educação do pais cresce muito pouco, há pouco investimento na educação básica, a raiz de todo o sistema educacional. E nada adianta as mudanças que são realizadas nos currículos e nas bases nacionais, se as mesmas não conseguem alcançar os menos favorecidos.