João Paulo Benevides de Melo[1]

Prof.ª Dras. Edlucia Turiano e Jedida Melo[2]

Introdução

Em qualquer sociedade haverá um regime de leis e posturas socialmente aceitas que orientam seus integrantes a terem um comportamento cidadão na interação social.  São regras repassadas de geração a geração pela família, pela escola e por outros setores da sociedade que vão se moldando às características atuais e repassando aos seus entes um modelo padrão de comportamento que deve ser respeitado e seguido.

No entanto, com toda complexidade presente na sociedade atual, há muito o que se discutir sobre os valores humanos, sobre o princípio da cidadania, da ética, da moral, do respeito ao próximo e, consequentemente, da preservação do direito do outro. Estes são elementos basilares e norteadores que devem ser seguidos por todo indivíduo pertencente a uma cadeia social. A contraposição a estes elementos gera uma ruptura da paz e da ordem pública desencadeando conflitos e prejuízo na ordem social, política e econômica. Para muitos estudiosos, essas relações conflituosas se evidenciam em segmentos críticos das relações sociais, em espacial, no trânsito.

Desenvolvimento

A vida corrida das pessoas, a necessidade imediata de diminuir as distâncias, os aspectos sociais, econômicos, políticos, a ineficiência do estado na criação de políticas e medidas eficazes no sistema de Mobilidade Urbana e educação para o trânsito têm se tornado um desafio na atual sociedade, sobretudo, no combate a redução nos números de acidentes. No Brasil, a cada 12 minutos uma pessoa morre vítima de acidente de trânsito, ou seja, são aproximadamente 5 mortes a cada hora.Colocando o país na terceira posição com maior número de óbitos no trânsito com 38,651 mortes, perdendo apenas para a China e índia. De 2010 a 2015 o custo para a saúde pública resultantes desses atendimentos chegou a 1,3 bilhão de reais.

Diante de números tão assustadores é fundamental entender as causas que favorecem o cometimento desses sinistros. Estudiosos argumentam que é necessário olhar para o trânsito e estruturá-lo em um tripé (educação para o trânsito, engenharia tráfego e fiscalização de trânsito). É necessária uma política de educação para o trânsito sólida e perene, investimento em infraestrutura e tecnologia nas vias públicas e um modelo de fiscalização que coíba as transgressões dos condutores e demais usuários da via pública.  No entanto, a realidade brasileira está muito distante desse modelo ideal.

O fator comportamento acaba sendo determinante durante a atuação do usuário em via pública. São posturas, muitas vezesperigosas, que podem ser determinantes para a ocorrência de um sinistro. Nesse ponto, a educação se apresenta como uma ferramenta capaz de conscientizar e moldar uma postura cidadã no trânsito. Desde que ela seja feita de forma continua e consistente. Com planejamento e atingindo todos os cidadãos. O que na prática também não está dentro do ideal.

Hoje,por mais quea temática trânsito esteja inserida dentro da política pedagógica das escolas, de forma transversal e contemplada desde as séries iniciais, ainda não foi possível melhorar as estatísticas de acidentes. Muitos jovens, por mais que tenham familiaridade com o tema, não são capazes de ter uma postura cidadã quando estão na via pública. Nesse contexto, é necessário questionar, também, o porquê do número de reprovações nos exames dos DETRANs dos estados para a aquisição da CNH. No RN, esse número chegou a 58% de inaptos nos exames teóricos em 2016. O que sugere que algo nesse processo está errado. Ou relacionado a formação dos alunos, ou a política pedagógica dos centros de formação de condutores ou a metodologia da banca examinadora dos DETRANs, ou todos esses fatores somados. 

Conclusão

Os altos índices de reprovações nos exames do DETRAN RN sugerem que muitos jovens estão fazendo as avaliações e ainda estão despreparados. Sabe-se que o fator psicológico tem uma influência significativa na hora do exame, para muitos especialistas, ele é decisivo, por vezes atrapalhando o raciocínio e induzindo o jovem a cometer erros. Nesse ponto, pode se questionar a formação dos instrutores de trânsito e a política pedagógica das autoescolas utilizadas para a formação dos jovens. Por outro lado, é necessário trabalhar essa temática ainda nas series iniciais nas escolas e durante todo o ciclo educacional, além de promover políticas públicas entre os entes da federação, bem como elaborar um serviço de fiscalização integrada que coíba determinadas posturas perigosas no trânsito. São ações que visariam diminuir as mortes violentas e lesões graves no país. Se o trânsito é responsabilidade de todos, cabe a cada cidadão refletir sobre seu comportamento enquanto usuário da via pública.

Referências

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[1] MESTRANDO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – FICS

[2] DOUTORAS EM EDUCAÇÃO – UEP e FICS