As Obras da Carne

Pastor George Emanuel

 

A lista paulina das "obras da carne" (Gl 5; 19-21) mostra, justamente com a

lista citada por Jesus (Mt 15; 19), a repugnância que tais "obras" provocam em Deus e nos

homens. Examinemos mais de perto essas manifestações da carne.

a) A prostituição (Gr. porneia) e o adultério (Gr moicheia) substituem o amor

pelo egoísmo. A melhor tradução para prostituição seria imoralidade, dando a entender o tráfico

comercial do sexo. A raiz do grato "perne", que significa prostituta - tem como termo paralelo a

palavra "sermeni", que significa - vender -, o que alude ao comércio que as mulheres faziam e

fazem do sexo. Porém, o que Paulo quer indicar é todas as formas de pecado de natureza sexual,

Ex: Lesbianismo, homossexualismo, bestialismo, pedofilia, masturbação, sodomia, formicação,

adultério, etc...

b) Impureza (Gr akathorsea) literalmente - depravação na moral e ética. Tal

vocábulo indica uma ferida suja, na carne ou no espírito.

c) Lascívia (Gr. aselgeia), que significa, sensualidade, licenciosidade. A palavra

também indica uma ideia sexual desviada dos padrões morais.

d) Idolatria (Gr. idolon), veneras ou adorar ídolos e imagens. Os judeus

consideravam esse pecado como o motivo básico de corrupção do homem, aquele que aliena e

cauteriza a mente. Mediante a idolatria a natureza humana não regenerada cria suas divindades

segundo a imagem humana e conforme os desejos humanos, edificando uma teologia capaz de racionalizar a maneira como os pagãos viviam e como tencionavam continuar vivendo. Por todo

o decurso da história da humanidade a sua forma mais sutil e perigosa tem sido sempre o estado

da adoração ao próprio "eu".

e) Feitiçarias (Gr. pharmakeia) alusão ao uso de drogas de qualquer espécie,

benefícios ou venenosas. Visto que as feiticeiras e bruxas usavam drogas em seus rituais, casa

palavra veio a designar a prática da feitiçaria, da mágica, das bruxarias e de todas as formas de

ocultismo.

f) Inimizades (Gr. echthria), buscar prejudicar, almejando-o com ódio; e assim

fica exibido o caráter profano, visto que Deus é Amor.

As inimizades geram as hostilidades de todas as formas. A politicagem, a rivalidade,

as intrigas e a traição encorajam a formação de facções e partidarismo. A ambição de Diótrefes,

que gostava de exercer a primazia entre os irmãos (III jo 9), fazia com que ele se recusasse a

acolher o próprio apóstolo do amor. Diótrefes prestigiou a carne e prejudicou a igreja toda,

formando partidários que se opuseram ao "discípulo amado". Mas a carnalidade ultrapassa

também os tempos chegando aos dias de hoje na igreja local. Algumas denominações

evangélicas, dentro e fora do Brasil, pensam que são os únicos cristãos verdadeiros. Quem não

apóia integralmente sua doutrina, usos e costumes são como um parceiro de Satanás que mostra

agressividade e deliberadamente divide o corpo de Cristo. Que pena!!!

g) Porfias (Gr. eris), trata-se de uma atitude mental hostil, que cria problemas

inesperados entre as pessoas. Desavença, querela, briga, discordai.

h) Ciúmes (Gr. zelos) traduzido por "emulações", "inveja". O que está em foco é

um desejo intenso pela vantagem pessoal, com a degradação das realizações e qualidades dos

outros.

i) Iras (Gr. thumai) explosões de ira, indignação humana que não gera a justiça de

Deus. O espírito, o coração, a alma da pessoa fica dominada por um mau temperamento. Tal

sentimento (emoção) socapa e destrói o espírito de amor do cristão, transformando em

adversários aqueles que deveriam amar-se mutuamente.

j) Discórdias (Gr eritheiai) divisões, facções, espírito partidário; Jesus Cristo

denunciou tal exclusivismo (Mc 9;40).

l) Dissensões (Gr. dichostasiai) aqueles que servem a si mesmos, e não a Jesus

Cristo (Fp 3;18-19).

m) Facções (Gr. Aireseis) herege, seita, doutrinas não-ortodoxas. A raiz do termo

indica uma escolha, uma linha de pensamento fora da Bíblia. Na linguagem filosófica, denota

uma escola de pensamento qualquer, um grupo.

n) Inveja (Gr. phtonoi) uma aflição ante ao bem do outro. Como está no plural,

logo, o termo denota varias modalidades de desejos invejosos. Algumas traduções mais antigas

trazem o tempo pôs "mau olhado". O trecho de (Mt 20; 15) se utilizam dessa palavra Porventura

não me é licito fazer o que quero do que é meu? Ou são "maus os teus olhos" porque eu sou

bom? - Nesse caso a inveja aparece em sua forma mais virulenta.

o) Bebedices (Gr. methai) alcoolismo, causado por uso excessivo de bebidas - a

forma plural bem indica aquilo que é repetido em um estado contínuo de embriaguez.

Vergonhosamente, o alcoolismo conduz o corpo aos estágios físicos deploráveis da mesma forma

que os entorpecentes e o fumo. Quantos deixam de aliviar a fome dos filhos e as necessidades da

esposa para como porcos, jogado na lama da sarjeta, a viverem embriagados. O resultado de tal

pratica é um escravo das paixões e concupiscências, um homem viciado em muitas praticas nefastas.

p) Glutonarias (Gr. komos) Originalmente vem de "orgia", um cortejo festivo, em

honra ao deus Baco (Dionísio). Baco (Dionísio) era adorado com os excessos sexuais próprios

dos deuses gregos e romanos. Os que tais coisas praticavam, tal como se verifica nos dias de

hoje, não viam nada de errado em tais práticas. O conceito de liberdade era identificado como o direito de fazer o que bem queriam e ainda desfrutavam da imunidade da censura pública. E hoje em dia, por semelhante modelo, essa sociedade corrompida e perversa está entregue ao antinomismo e a libertinagem rumo ao inferno de fogo. Que Deus tenha misericórdia e arrebate alguns desse juízo iminente. Paulo apresenta a carne como uma esfera ou sistema que governa a

raça que se originou com Adão. Ela ultrapassa os limites do indivíduo para significar a coletividade ou incorporação da oposição humana contra Deus. É caracterizada pela ambição, desejos e concupiscências (I Jo 2; 16), chegando ao ponto de impedir o endividou de fazer o que ele quer (Gal 5;17). Os desejos de carne são contra os do Espírito, não porque a carne é material, mas porque escolhe os seus próprios padrões e destino, a saber, a perdição eterna no inferno.

 

As conseqüências da prática das obras da carne, diz Paulo, é que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam, e causas semelhantes a estas, ou seja, a lista não está completa. Antes, existem ouras práticas que podem excluir os homens do reino de Deus.