As Lágrimas de um Feto

Tudo é tão insuportável.

Nada parece dar certo.

Já não é tão amável

Quando era um feto.

Agora os olhos abriram

E já consegue chorar.

Todos só te miram

Tentando te controlar.

Tu aprendeu a viver

Com pouco dinheiro.

Não te importa em sofrer

Como sofreu o carpinteiro.

Adora a bebida

Mas detesta ambição.

O que cura a ferida

É a tua imaginação.

Acredita nas insanidades

Que te fazem bem.

Tinha várias amizades

E agora está sem.

Tu espera ansioso

A noite chegar.

Depois fica furioso

Ao ver o dia clarear.

Vai ter que dormir

Mais outro sono.

Prefiria sumir

No próprio abandono.

A lágrima que cai

Não é de tristeza.

Só ela que atrai

A esplêndida beleza.

Tu tem a verdade

Mas falta a coragem.

Encontre a felicidade

Na próxima viagem.

Mantenha as pernas

Sempre preparadas.

Teus olhos como lanternas

Iluminando as estradas.

Não pense em desistir

E nem dizer que se arrependeu.

Tu só quer se divertir,

Foi para isso que nasceu.

Com a vontade na cabeça

E a pesia no coração,

Vai e despareça

Sem dar explicação.