1. Maria Laurenice da Costa Fabrício 

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa teórica apresenta algumas reflexões a partir de uma postura histórica sobre as pessoas com deficiência auditiva. Ressaltando de forma particular, a maneira como elas eram tratadas por pessoas oralizadas nos mais diversos ambientes sociais, e de forma especial o ambiente educacional. Um outro aspecto elucidado nessas reflexões é que devemos levar em consideração as orientações dos PCNs, bem como da LDB, sendo que uma delas diz respeito a essas pessoas com deficiência, por terem sido castigadas ao longo do tempo, não podem de forma alguma ficar à mercê de um processo de exclusão social, e por que não dizer educacional. Um outro aspecto importante a ser lembrado, e que fazemos questão de salientar é em relação a falta de formação para os profissionais em educação, possivelmente esse despreparo ocasiona em exclusão dentro do próprio processo de inclusão. Infelizmente observamos muito isso nas nossas escolas, pois não apresentam uma estrutura física nem psicológica para receber e desenvolver um trabalho com essa comunidade. Ao final dessas reflexões constatamos que os poucos profissionais com essa preparação encontram muitas dificuldades para a aplicação desse trabalho. Isso se pode constatar também pelo que enfatizam os estudiosos selecionados para compor o rol dessas anotações.

 PALAVRAS-CHAVES:  Interação.  Ambiente  educacional. Aprendizagens

ABSTRACT


This work of theoretical research presents some reflections from a historical stance on the hearing impaired. Particularly emphasizing the way they were treated by oralized people in the most diverse social environments, and especially the educational environment. Another point made clear in these reflections is that we must take into account the orientations of the NCPs as well as of the LDB, one of which concerns those with disabilities, because they have been punished over time, can not be in any way Through a process of social exclusion, and why not say educational. Another important aspect to be remembered, and which we emphasize is the lack of training for professionals in education, possibly this lack of preparation leads to exclusion within the process of inclusion. Unfortunately we observe this a lot in our schools because they do not have a physical or psychological structure to receive and develop a work with this community. At the end of these reflections we find that the few professionals with this preparation find many difficulties for the application of this work. This can be seen also by what the selected scholars emphasize to compose the roll of these notes.

 KEY WORDS: Interaction. Educational environment. Learning

 

 

INTRODUÇÃO

Nessa abordagem pretendemos apresentar reflexões sobre algumas práticas de letramento voltadas para as pessoas portadoras de necessidades especiais, relacionando-as às interações interpessoais no ambiente educacional, que de alguma maneira amplia as possiblidades de inserção dessas pessoas em ambientes sociais, especialmente porque os processos de linguagens a que se faz referência torna-os sujeitos de direito e produtores do conhecimento. A partir desse entendimento, significa dizer que os conhecimentos mencionados poderão contribuir para a construção de uma rede de relações sociais. De acordo com Frias (2010, p. 13) a inclusão dos alunos Surdos na escola regular devem contemplar mudanças no sistema educacional e uma adaptação no currículo, com alterações nas formas de ensino, metodologias adequadas e avaliação que condiz com as necessidades do aluno Surdo; requer também elaboração de trabalhos que promovam à interação em grupos na sala de aula e espaço físico adequado a circulação de todos.

De acordo com esse autor interessa mostrar de que maneira devem ser compartilhados os fios dos saberes. E no que se refere às interações, elas são mencionadas como forma de inclusão ou estratégias para provocar o envolvimento de um grupo de pessoas que, durante muito tempo estiveram à margem de diversos espaços sociais. Assim em Souza (2011, p. 20) “A interação é o meio que possibilita compreender os papéis e lugares sociais ocupados, valores e atitudes envolvidos nas situações forjadas (...)”.

Enfrentar essa temática em relação à construção de estratégias de aprendizagem para esses sujeitos constitui aqui, o principal objetivo, pois as possibilidades de interação e contribuições para esses processos inclusivos, faz-nos acreditar que é possível estimular novas práticas pedagógicas no ambiente escolar, e de forma particular no espaço da sala de aula.

  1. Condições históricas sobre sujeitos com deficiências auditivas

 Para começo de conversa se faz necessário um esclarecimento sobre a terminologia sujeitos, que nesse contexto deve ser entendida como indivíduos ou pessoas, retirando-se assim toda a conotação pejorativa que se possa atribuir à palavra.

As condições históricas a que fazemos referência dão conta que era comum dizer que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência, e que as pessoas portadoras dessa patologia eram seres amaldiçoados pelos deuses, sendo portanto obrigados a viver à margem da sociedade, e em muitas situações chegavam a ser sacrificados. Essa prática sustenta-se, por sua vez, na crença da subordinação de uma inteligência a outra, a qual Rancière ( 2004) denomina de embrutecimento humano.

No decorrer dos séculos observou-se que elas não desenvolviam suas potencialidades em virtude da ausência de estímulos para facilitar a comunicação entre elas e ouvintes. Esse discurso a princípio aparenta ser revelador de um aspecto negativo, mas foi assim que, em meados do Século XVI alguns educadores passaram a demonstrar inquietações para inseri-los em alguns contextos sociais: do educacional ao de trabalho. Situando essas ações em um contexto histórico é inevitável não observar que  esse discurso  tem muito de convicções pessoais dos envolvidos. Já que também acreditamos a necessidade de se pensar essa interação além do senso comum. Em ( SAVIANI, 2012 p. 3 “ ... a questão da marginalidade a partir de determinada maneira de entender as relações entre educação e sociedade”. Em conformidade com o que afirma esse autor percebemos que as dificuldades de aprendizagem, sejam elas associadas a deficiências ou não, têm no reconhecimento do sujeito que aprende o ponto central para o desenvolvimento de toda e qualquer estratégia para superação das dificuldades.

É necessário explicitar que a falta de conhecimento da cultura surda dificulta os processos de interações e ensino-aprendizagem. Esses comentários servem como ponto de partida para observar que a comunidade surda é uma nação, uma pátria, sem localização geográfica mas que não pode estar à margem da sociedade nem do seu tempo. Em  ( SAVIANI, 2012 p. 4 “ A educação emerge aí como um instrumento de correção dessas distorções. Constitui, pois, uma força homogeneizadora que tem por função reforçar os laços sociais, promover a coesão e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social”.  Isso tudo se justifica pelo fato de que cerca de 90% dos surdos são de famílias oralizadas e a nacionalidade que eles passam a integrar consiste em sua forma própria de comunicar-se. E essa forma própria de comunicar-se é desconsiderada, porque em muitas situações sociais a sua Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS não é usada como referência, havendo a imposição da Língua Portuguesa, que para eles funciona como uma segunda língua e jamais ganhará forças no interior dessa comunidade. Em SAVIANI, 2012 p. 6 “ Nesse quadro, a causa da marginalidade é identificada com a ignorância...

  • Uma reflexão sobre os marcos legais

A nova LDB foi um passo muito importante em direção a uma escola democrática e igualitária. O princípio da educação inclusiva consiste no reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo a uma escola para todos – um lugar que inclua todos os alunos, celebre a diferença, apoie a aprendizagem e responda às necessidades individuais.

Atualmente, profissionais e estudiosos, surdos e ouvintes, discutem mais amplamente a questão da educação da pessoa surda. Existe também uma nova visão com relação ao ensino e à vivência com aqueles que não escutam nas escolas e instituições. O maior objetivo desde o início dos trabalhos de pesquisa foi o desenvolvimento de uma metodologia e uso de materiais didáticos que auxiliassem o surdo nesse processo de capacitação para o ensino da Libras. Foi assim que em 1992 o grupo de pesquisa de Libras e Cultura Surda Brasileira da Feneis, que tinha à frente a lingüista Tânia Amara, iniciou a primeira fase desse processo, com a finalidade de preparar instrutores de Libras para utilizarem um material mais adequado didaticamente em salas de aulas com ouvintes.

A iniciativa recebeu apoio do MEC/Seesp-FNDE, que garantiu posteriormente a publicação do livro Libras em Contexto - Nível 1 (caderno do professor e do aluno) , acompanhado de uma fita de vídeo, fornecido aos instrutores de Libras que participaram do primeiro curso de formação para instrutores já com a nova metodologia. O material foi didaticamente elaborado, dividido em unidades e organizado cuidadosamente em sua parte prática. Mais tarde, com financiamento da Cordenadoria de Educação Especial, ligado ao Ministério de Justiça, a FENEIS organizou em Brasília o Curso de Capacitação de Instrutor de Libras de todo o Brasil, e muitos se tornaram agentes multiplicadores, divulgando a nova metodologia em todo o país. Nessa fase, todos os que participaram do curso voltaram para os seus Estados com a responsabilidade de ensinar a nova metodologia. Na ocasião, a equipe da Feneis viajou por todos os Estados para acompanhar esse trabalho. Todas essas conquistas fizeram parte do Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos, implementado pelo MEC/Seesp, a partir do projeto da Feneis, desenvolvido pelo grupo de pesquisas. O Programa prevê o apoio a Libras, com a inclusão do idioma inclusive nos currículos de ensino básico asurdos para os próximos dez anos. Dentro dessa perspectiva, um segundo passo foi concretizado. Após muitas avaliações e em cima da mesma proposta metodológica, as aulas foram reorganizadas, nascendo a segunda edição do livro Libras em Contexto. O Nível 2 (professor e aluno) é uma versão revisada, atualizada e ampliada. Também é acompanhada de uma fita de vídeo, que está sendo distribuída nas escolas da rede pública que atuam com surdos em todo o território brasileiro, já que se tornou o material didático do Programa Nacional, sendo referência de trabalho em todo o país

Outra novidade é a implementação dos Centros de Apoio ao Surdo (CAS) em diversos Estados. A princípio, serão instalados cinco Centros de Apoio, que seriam um local de convivência do surdo, suporte e pesquisas. Embora a verba venha do MEC, a infra-estrutura e os recursos humanos caberão à Secretaria de Educação dos Estados. Mas os projetos não param por aí. Revisar o dicionário digital de Libras (página 27) e criar um Tradutor de Língua de Sinais são as duas mais recentes propostas para incrementar as atividades ligadas à educação dos surdos. "No caso do projeto do Tradutor, a ideia é a criação de um boneco (um protótipo) que seja utilizado a princípio nas escolas e futuramente que interprete até programas de TV. Essa pesquisa está envolvendo uma equipe multidisciplinar", conta Tânia. Até então todo o material produzido a partir dos projetos do grupo de pesquisa da Feneis não objetivou fins lucrativos, sendo distribuído gratuitamente. Só agora a Feneis está investindo numa nova edição do livro Libras em Contexto, produzido pela Edupe (Editora da Universidade de Pernambuco), que será vendido. Isso porque o livro financiado pelo MEC foi para distribuição gratuita apenas para a Rede Pública e não atende ao público dos cursos particulares do Brasil inteiro.

Segundo os PCN’s  “A centralização do conhecimento nos processos de produção e organização da vida social rompe com o paradigma que a educação seria um instrumento de ‘conformação’ do futuro profissional ao mundo do trabalho. Disciplina, obediência, respeito restrito às regras estabelecidas, condições até então necessárias para a inclusão social, via profissionalização, perdem a relevância, face as novas exigências colocadas pelo desenvolvimento tecnológico e social”. Analisando essa questão vamos constatar os seguintes aspectos:

  • Até hoje no Brasil os surdos, usuários da língua brasileira de sinais - a libras, não têm como escrever em sua própria língua.
  • Para escrever usam a Língua Portuguesa, ou o português escrito, sua Segunda língua.
  • A produção escrita dos surdos é quase inexistente, limitando-se a comunicações rudimentares feitas com dificuldades.

 

De tudo o que foi dito até aqui é importante elucidar as iniciativas das Universidades, com relação à criação de Cursos de Licenciatura de Letras com Habilitação em Libras objetivando Formar Profissionais para atuar nesse mercado de trabalho tão carente. E diante disso tudo temos que reconhecer a enorme responsabilidade de todos que trabalham em educação, para evitar assim que, nesse processo de inclusão termine acontecendo muitas exclusões, ou seja aquele que precisa deveria ter uma vida acadêmica não se sinta à vontade frequentar esses espaços escolares. E ainda podemos acrescentar a informação de que essa responsabilidade consiste em preparar adequadamente todas as pessoas que compõem essa comunidade, de forma que possam atuar não só socialmente, mas também em um mercado de trabalho tão concorrido. Parece adequado lembrar também que há muitos professores atuando em sala de aula sem a menor noção de como preparar essas pessoas. O problema não se esgota aqui, pensar em como todas essas questões podem ser abordadas, estabelecer a melhor ordem e planejar a progressão no desenvolvimento dessas formações para que as necessidades de pensar a educação de pessoas portadoras de deficiências auditivas.

 

  1. Uma Política Educacional de inclusão Social

Levando em conta as reflexões apresentadas nesse artigo, se faz necessário pensar também na autonomia de todos os que trabalham em educação para que se construa autonomia em sala de aula, sabendo que é importante ter domínio desse conhecimento para saber qual comportamento assumir e qual postura deverá ter para conduzir esse processo de ensino-aprendizagem. Cumpre observar também que determinados assuntos deverão ser, por vezes abordados mais superficialmente em uma parte e mais detidamente em outras, tudo isso  para ar  ao professor a liberdade de escolha no que concerne ao nível de profundidade com o qual deseja trabalhar os assuntos que foram escolhidos para o fazer acadêmico. E, se esse professor não tiver nenhuma preparação, como conduzirá os assuntos.

Para compreender melhor todos esses processos no trabalho com pessoas que apresentam essas deficiências é preciso fundamentar nossas reflexões no que o MEC orienta. Em primeiro lugar, lembrar que ele abraçou essa causa através de uma política de inclusão que pressupões transformação no ensino, isso tudo porque estudar é um direito de todos e todas. E as pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Conquanto acreditamos que seja necessário admitir que essas perspectivas, por si só não garantem a formação plena, já que o responsável por essa formação é o professor, e ele sim, tem que urgentemente cuidar ou desejar participar de cursos de formação para, assim, contribuir muito para essas transformações. Inúmeras polêmicas têm se formado em torno da educação escolar para pessoas com surdez. A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio, que para ser efetivada faz-se necessário considerar que os alunos com surdez têm direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, bem como ao Atendimento Educacional Especializado. Conforme Bueno (2001:41), é preciso ultrapassar a visão que reduz os problemas de escolarização das pessoas com surdez ao uso desta ou daquela língua, mas sim de ampliá-la para os campos sócio políticos.

Acreditamos que essa abordagem privilegia a relação entre esses autores, professores x alunos, em seus contextos de conhecimentos, possibilitando reconhecer as diferentes relações e de como o domínio de uma educação bilíngue pode contribuir para facilitar essas relações, basta observar o que nos apresenta o MEC em sua política educacional para as pessoas com deficiências auditivas.

 

Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngue, a escola está assumindo uma política linguística em que duas línguas passarão a co-existir no espaço escolar. Além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual será a segunda língua, bem como as funções em que cada língua irá representar no ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis às crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de como, onde, e de que forma as crianças utilizam as línguas na escola. (MEC/ SEESP, 2006)

 

  • Aprendizagem no ambiente escolar

Um dos desafios aqui, consiste em compreender as múltiplas identidades dos sujeitos envolvidos, e perceber como eles se comportam conforme os contextos e as condições no ambiente escolar. E considerando que esses desafios se constituem a partir das culturas dos sujeitos que a integram, abrem-se assim, possibilidades de construção de propostas pedagógicas relevantes e significativas. A partir desse entendimento necessário se faz ressaltar que, a diversidade de sujeitos presentes no ambiente escolar é uma característica definidora dos objetivos que se pretendem alcançar.

Dada a sua complexidade, não estamos abordando aqui qualquer tipo de aprendizagem, mas a aprendizagem escolar, que ocupa aqui uma dimensão central. O processo de superação das dificuldades de aprendizagem tem sido pouco trabalhado (Rossato; Mitjáns Martínez, 2009). Corroborando com esse autor compreendemos que as dificuldades de aprendizagem escolar não podem ser consideradas universal, uma vez que abrange um conjunto de fatores distintos em cada sujeito. Ainda sobre esse caso Vigotsky (1997, p. 20) explicita que nos processos de aprendizagens o desenvolvimento estaria relacionado às possibilidades de compensação de cada sujeito.

 Feitas as apresentações temos de reconhecer a enorme responsabilidade envolvida na formação dessas pessoas, mas ainda precisamos compreender as situações sociais que irão determinar o contexto de desenvolvimento dessas interações, isso porque os problemas de comunicação vão interferir sensivelmente não só no relacionamento entre pessoas com deficiências auditivas, mas também no relacionamento com as que são ouvintes.

A escola surge como um antídoto à ignorância, logo um instrumento para equacionar o problema da marginalidade”. Entendemos a partir desses pressupostos  que o caminho para devolver  a integralização não está somente no fato de um ou outro grupo compreender os processos linguísticos mas em se sentir aceito. A partir da visão dos estudiosos podemos acrescentar que a língua pode ser uma linguagem  verbal, ou seja, a linguagem que faz uso dos signos linguísticos. As línguas seriam assim não só uma das formas de manifestações da linguagem, mas mais especificamente a materialização da linguagem verificada nas diferentes comunidades. Mesmo com tudo que foi dito até aqui, é inevitável considerar a centralidade da área de linguagem e as possibilidades de proporcionar letramentos múltiplos, já que como nos lembram as Orientações  Curriculares do MEC “ a leitura e a escrita  são ferramentas de empoderamento e inclusão social”. Já que é com ela que as comunicações se firmam entre todos, ouvintes ou não ouvintes. 

  • Uma proposta para o letramento no espaço da sala de aula

Nessas reflexões necessário se faz elucidar que os letramentos, para além das habilidades de ler e escrever, podem ser mais bem compreendidos como um “conjunto de práticas sociais, cujos modos específicos de funcionamento têm implicações importantes para as formas pelas quais os sujeitos envolvidos nessas práticas constroem relações de identidade e de poder”(Kleiman, 1995). De acordo com o mencionado por essa autora, verificamos que é importante aproveitar uma situação que está em evidência e, construir possibilidades para inseri-las nos contextos de realidade das pessoas portadoras de necessidades especiais auditivas. E aqui propomos uma delas, utilizando marcas da cultura hip-hop porque podemos através dessas marcas, motivá-los a construir um outro olhar em relação ao mundo. A intenção aqui é evidenciar a cultura hip hop para esse grupo social e dizer que esse movimento de interação vai emergir com o letramento que poderá advir de tal compartilhamento.

  • Atividade: Oficina

A realização de oficinas e palestras a respeito desse conteúdo será imprescindível a presença de um intérprete de libras para estabelecer possíveis pontes entre todos no sentido de valorizar os processos comunicativos e de aprendizagens.

  • Vídeos dos documentários: Hip Hop “A voz da periferia”
  • Ler um texto que fale sobre a cultura hip hop de forma que se possa problematizar preconceitos, intolerâncias e estigmas em relação a esse movimento social.
  • Conhecer a letra da música “No Caminho do Bem” de Mv Bill

 

2..2.2 Plano de aula: O plano de estudos e atividades  serão baseados nos seguintes pontos:

 

  • Conteúdo(s) 

- Hip Hop enquanto movimento social de luta contra o preconceito e injustiças;

- Em quais pontos a realidade dos alunos se identifica com a ideologia do movimento Hip Hop

 

  • Objetivo(s) 

Ao final desse estudo os alunos deverão ser capazes de:

  • Conhecer a cultura Hip Hop;
  • Compreender que o Hip Hop é uma cultura e ao mesmo tempo um movimento social;
  • Entender que as manifestações culturais do Hip Hop surgiram como forma de protesto contra o preconceito e injustiças sociais;
  • Compreender que há várias formas de se manifestar contra as injustiças e uma delas é o Hip Hop.
  • Ano(s) : Ensino Fundamental II
  • Tempo estimado : 1 mês
  • Material necessário 
  • Os recursos necessários para a realização desse estudo são:
  • Folhas de cartolina, cola, canetas pilot, tesouras, figuras relativas ao tema para a produção dos cartazes e murais;
  • Auditório da escola com data show (ou outro espaço que possa ser utilizado) para a abertura da dia da culminância apresentação dos grupos de coreografia,  o worksop sobre Hip Hop e exibição dos documentários;
  • Vídeos dos documentários: Hip Hop “A voz da periferia”

 

  • Desenvolvimento 

1ª etapa 

METODOLOGIA: Para se alcançar os objetivos propostos serão seguidas as seguintes etapas:

  • DESENVOLVIMENTO:

- 1ª Etapa: Realizar reuniões de apresentação e planejamento com a Coordenação pedagógica da Escola e com os professores para definição de quando, onde e como acontecerão as atividades e oficinas, as atribuições de cada professor (comissão de organização/ staff) e montagem do programa do dia da culminância do projeto.

 

2ª Etapa: Organizar com os professores como serão realizadas as atividades em aula e os conteúdos a serem abordados;

 

- 3ª Etapa: Sob a supervisão da professora de artes, os alunos divididos em pequenos grupos, irão confeccionar murais e cartazes sobre o tema, bem como informativos sobre o início das atividades e sobre o dia da culminância do projeto.

 

- 4ª Etapa: Realização das atividades da culminância do projeto.

 

ESTRATÉGIAS DE TRABALHO:

2ª etapa 

ESTUDOS PARA A COORDENAÇÃO DO PROJETO:

- Significado e conceito de cultura Hip Hop;

- Ideologia do movimento Hip Hop;

- Hip Hop enquanto movimento social;

 

 

3ª etapa 

ATIVIDADES PARA O DIA DA CULMINÂNCIA:

  • Apresentação de grupos de dança;
  • Workshop sobre cultura Hip Hop;                   
  • Oficinas de Batalha Hip Hop (dança) Em parceria com o Programa Mais Educação
  • Exibição Do Documentário Hip Hop “A voz da periferia”;

 

4ª etapa MÚSICA: No Caminho do Bem (Mv Bill)

O caminho do bem (leia logo, saiba logo)
O caminho do bem (está na hora, é agora)
O caminho do bem (acredite, não duvide)
O caminho do bem

Sei que já fiz muita coisa errada na minha vida
Mas no rap na arte encontrei uma saída
Um jeito de manter a mente sã e ocupada
E ficar distante das parada errada
Já me senti varias vezes deprimido e muito sozinho
Mas em busca do bem eu encontrei meu caminho
Nossa passagem é tão curta por este planeta
Pra pensar em maldade viver no escuro arrumando treta
Através do Hip-Hop e dos 4 elementos
Iniciei minha busca por conhecimento
Pra entender como esse mundo funciona
Quem ganha quem perde e onde cada um se posiciona
Eu prefiro seguir no caminho do bem
Venha você também
Melhor jeito não tem

O caminho do bem (leia logo, saiba logo)
O caminho do bem (está na hora, é agora)
O caminho do bem (acredite, não duvide)
O caminho do bem

Eu também to no caminho do bem
Corro pelo certo
Por isso eu ando sem
Medo
De manter a cabeça erguida
Tudo que eu aprendi reflete na minha vida
E no caminho que eu escolhi
Se o bem que eu plantei foi o bem que eu colhi
Resolvi a manifestação do lado mau
Hoje fortaleço minha força espiritual
Na moral to tranquilão
Nas esquina onde andei
Eu segui fazendo meu som
Eu o livro fique vivo (que o bagulho é bom)
Eu prefiro seguir no caminho do bem
Venha você também
Melhor jeito não tem

O caminho do bem (leia logo, saiba logo)
O caminho do bem (está na hora, é agora)
O caminho do bem (acredite, não duvide)
O caminho do bem


Pode aguardar
Que o mundo inteiro
Logo saberá
No Brasil primeiro

O caminho do bem (leia logo, saiba logo)
O caminho do bem (está na hora, é agora)
O caminho do bem (acredite, não duvide)
O caminho do bem

Se liga
Depois de 6 milhões de anos de evolução
Uma das nossas maiores virtudes é a compaixão
Estender a mão pro irmão que está no sufoco
Esse extinto que temos é ajudar os outros
Como outras qualidades com a capacidade
De criar se adaptar se comunicar
Nos garantiu sobrevivência até aqui
Não dá pra admitir
Tão querendo o mundo destruir
Desvalorizando a natureza
Nada que inventarmos
Terá igual beleza (salve)
Vítima e a fase racional (salve)
À quem procuram o bem e não querem o mau
Eu prefiro seguir no caminho do bem
Venha você também
Melhor jeito não tem

O caminho do bem (leia logo, saiba logo)
O caminho do bem (está na hora, é agora)
O caminho do bem (acredite, não duvide)
O caminho do bem.

 

 

AVALIAÇÃO: 

  • 1º Relevância do tema;
  • 2º Pontos fortes e fracos na organização do projeto;
  • 3º O que deu certo e o que deu errado;
  • 4º Grau de envolvimento dos alunos com as atividades.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dessas constatações pode-se entender que diversos registros encontrados na literatura dos últimos quinze anos buscam descrever algumas características das produções escritas de surdos, lidas, por grande parte dos profissionais, como “dificuldades apresentadas por eles quando na apropriação ou em etapas posteriores do processo aprendizagem da linguagem escrita.”

A partir de um trabalho de pesquisa e da construção de um dicionário de escrita de sinais da LIBRAS, a pesquisadora STUMPF, da Escola Especial Concórdia – ULBRA procurou “desenvolver um ambiente para o ensino da escrita da língua brasileira que permita às pessoas ouvintes ou surdas aprender através do computador a escrita da mesma, possibilitando assim, além da aprendizagem a comunicação pela Internet entre pessoas surdas e ouvintes usuárias da LIBRAS  foi o objetivo proposto para a implementação de um curso com estas característica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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