AUTORAS: Clarice Rodrigues Santana, Débora Aparecida Santos França, Kédma Macêdo Mendonça & Sibele Silva Leal Rodrigues, pedagogas, são professoras na rede municipal em Rondonópolis.

Falar sobre os sentimentos na primeira infância, é primordial, é necessário para que futuramente nossas crinaças saibam lidar com as conquistas, mas também com as frustações. Esse é o foco principal desse artigo, que nós professores saibamos trabalhar com esses pequenos saberes que com certeza engrandecerão -os  em um futuro bem próximo. Que possamos contribuir com a formação humana e preocupar-se com detalhes que fazem a diferença.

Está cada vez mais urgente à necessidade da educação básica compreender a importância em adaptar em seu currículo questões socioemocionais, afinal nos dedicamos a educar e cuidar de crianças que precisam se tornar cada vez mais “humanos”, nesse mundo que por vezes mostra-se insensível, mas a perceber o próximo com zelo e respeito.

Não é somente contribuir na formação humana é preocupar-se com detalhes que fazem a diferença nessa formação, afinal assim como gentileza gera gentileza à falta de sensibilidade também gera pessoas insensíveis, por isso é preciso preparar nossos pequenos a saberem lidar com as frustrações e compreender que a vida segue, que ciúmes pode ser um sentimento bom, mas que deve ser passageiro, que ser feliz é uma escolha independente dos problemas da vida, que sentir-se bem e bonito não depende de opiniões alheias, que devemos ter olhar fraterno e generoso com nossos semelhantes.

A questão não é somente preocupar-se em cuidar do mundo que devemos deixar para as crianças, mas como essas crianças encararão as situações nesse mundo, como irão lidar com aquilo que lhes afligem? Como irão dividir suas conquistas? Como irão compartilhar seus sentimentos? Como irão conformar-se com um sentimento que não é correspondido? Será que saberão que ninguém é tão bom que não precise do outro?

São tantos os questionamentos que já não dá mais para simplesmente cuidar e educar olhando para os aspectos “físicos” e estimular apenas a coordenação motora e seus “parentes” ou mesmo questões éticas e morais e as regrinhas de convivência. Ser professor de educação infantil, não é tarefa fácil, e cada vez mais há uma necessidade de ampliar os olhares e abraçar o ser humano na sua integralidade, afinal é para isso que nos dedicamos.

 Perceber qual a necessidade de cada criança é o maior gesto de carinho e respeito que podemos oferecer. Ouvindo, valorizando e ajudando nossas crianças a compreender e a lidar com o que sentem.

As crianças têm historias de vidas diferentes, umas passam por situações de vulnerabilidade social outras vivem em situação confortável, e o professor deve acolher a todos e perceber em seu trabalho a oportunidade de descoberta e vivencias significativas para o desenvolvimento de seus pequenos que também tem tanto a ensinar, afinal cada um traz consigo suas crenças, as influências no meio em que vivem, famílias com estruturas diferentes, religiões e costumes, e por aí vai.

Afinal, se nossas crianças são protagonistas do currículo da educação infantil como muitos estudiosos defendem, porque não falar sobre o que elas sentem? E sobre o que querem aprender no planejamento? Não é dar-lhes a responsabilidade de planejar seu dia, mas dar-lhes a oportunidade de gostar ou não, ficar feliz ou triste, calmo ou bravo, com medo com coragem, e deixar com que ela demonstre o que sentem sem ficar receosa de ser ela mesma.

Só conhecendo a essência de cada criança o professor poderá chegar até ela de verdade e aí sim a educação é transformadora, pois ela tocará a criança e deixara por toda vida o que foi aprendido um dia. Porque talvez o professor consiga ensinar muito mais sobre organização, cooperação e respeito ao próximo guardando brinquedos com suas crianças do que as enfileirando em cadeiras para que todas fiquem imóveis.

Muito já caminhamos na educação infantil, mas precisamos caminhar mais para que se perceba que não há assistencialismo quando se trata de cuidar e educar de crianças pequenas e que as mesmas não devem frequentar a creche porque as mães são trabalhadoras, mas porque essa fase da educação básica faz a diferença na vida das crianças.