Ao ler a matéria intitulada “Os dez incríveis portadores de deficiências com habilidades incríveis”, que listou Ludwig van Beethoven, Vincent Van Gogh, Hellen Keller, Frida Kahlo, Stephen Hawking, John Nash, Jean Dominique Bauby, Christy Brown, Marla Runyan, Sudha Chandran, fiquei a pensar na excelência da matéria,  pois 'acorda' os que se encontram 'adormecidos' para a realidade que a vida apresenta.

A 'realidade' é o o que efetivamente acontece. Cada um de nós, todavia tem sua própria maneira de percebê-la. São muitos os fatores endógenos e exógenos que concorrem para essa percepção: educação, sensibilidade, receptividade, ao lado dos sentimentos de fraternidade,  solidariedade e muitos outros: principalmente um coração onde habite o bem, os sentimentos todos que nos tornam realmente humanos.

 

Há algo a unir as pessoas aqui nomeadas, do passado e do presente, alguns gênios, outros não... uns conhecidos, outros nem tanto: a vontade inabalável de superarem-se a si mesmas.

 

Obtiveram êxito - e de tal forma, que seus nomes serão para sempre lembrados por seus feitos.

 

Todos merecem nosso respeito e reconhecimento. Todos são 'lições de vida'... todos são provas incontestes de que, se as circunstâncias aleatórias impõem limites, sejam quais forem,  as mentes  podem, com esforço, dedicação, trabalho árduo (até sofrimento) e, principalmente, com a 'anima'  a iluminar-lhes os caminhos, chegar onde muitos 'normais' nunca chegariam.

 

Até agora não surgiu ninguém que superasse a genialidade de Beethoven. Sem ser pitonisa, penso ser impossível a quem quer que seja compor mais beleza do que o fez o grande mestre da Música, o 'poeta dos sons'...

 

Van Gogh, cuja 'doença', tornou-o um pintor onde as cores se movimentam, parecendo dançar ao soprar da brisa,  com traços rápidos onde a luminosidade impera quase sempre, deixou-nos um legado  de cores e nuanças de tonalidades em harmonia não só com a própria natureza, como com a alma e a imaginação de cada um de nós que tem 'olhos para ver'.

 

Kahlo, com cores fortes, vibrando em alegria, pintou com  tons que pareciam reverberar o calor do próprio Sol... transformou sua dor física (e possivelmente espiritual), em beleza.

 

Hawking  é exemplo inconteste do que pode a força da mente: suas teorias e ensaios,  sempre em linha assintótica, têm sido publicados em diversas linguas. Um gênio aprisionado por um corpo quase inerte, sim, mas sua mente alça vôos em alturas só alcançadas pelas verdadeiras águias do Conhecimento.

 

Hellen Keller, por sua vez, possivelmente não seria 'a' H.Keller, se não tivesse tido Annie Sullivan como professora, mestra e amiga. Que 'dupla' magnífica! Não dá para pensar em uma sem lembrar da outra.

Não há dúvidas de Keller ter tido um QI elevadíssimo (não sei se foi mensurado ou não). Sullivan, no entanto, foi quem possibilitou o desencadeamento das forças interiores de Keller. Sua dedicação absoluta à sua pupila, seu amor, sua crença nas probabilidades potenciais daquele ser que não ouvia, não falava e não via, fez com que desabrochasse dela o Ser único que era e que passou a vida fazendo o bem, lutando pelos direitos dos trabalhadores.

 

Nash, cujo mundo interior era habitado por fantasmas criados por sua doença, tem trabalhos de tal magnitude, que superou - em muito- os de seus 'normais' pares.

 

Christy Brown, com seu anjo protetor, que sempre acreditou na recuperação do filho,  auxoliou-o, instigou-o, desafiou-o até que Brown libertou-se da paralisia que poderia tê-lo condenado a uma vida quase vegetativa. Tornou-se um poeta e escritor.

 

Chandran, Runyan e Bauby , cada um à sua maneira, mostraram e mostram, o quanto o ser humano, na verdade, não tem limites;  que os limites são traçados por seus semelhantes de almas pequenas, sem fé e firmados por convenções que nenhum de nós deveria aceitar pacificamente.

"A vida é luta renhida, que aos fracos abate e aos fortes só faz exaltar”, como ensinou-nos Gonçalves Dias.

 

Limites (se existem) levam-nos ao infinito. Conduzem-nos a possibilidades que pensáramos inexistirem.

 

Tudo, TUDO mesmo, depende de nós, de nossa força espiritual, da chama eterna que arde em nossas almas. De nós e, muitas vezes, da solidariedade e amor de nosso(s) semelhante(s)

 

Mirna Cavalcanti de Albuquerque Pinto da Cunha