Quais são os sentimentos que nos transmitem o rosto da Gioconda?

São inúmeros os pensamentos que se pode ter. Estaria sorrindo? Em caso positivo, para quem - Leonardo? Ou seu sorriso representa lembranças de fatos prazerosos - olhava, sem na verdade 'ver' quem estava à sua frente, mas sua alma estava a deliciar-se com reminiscências saudososas?

Tem-se a impressão de calma, placidez, bondade, temperança ...

Vez que a arte é recepcionada de forma diferente por cada criatura consoante sua sensibilidade, foram essas minhas 'imprecisas impressões': um rosto cujo conjunto de harmoniosos traços são indecifráveis e podem dar asas à imaginação.

Muito a humanidade deve às artes em geral, principalmente à literatura.

A novela das oito terminou...

Como sempre, Aguinaldo Silva mostrou, com o grande talento que tem, sua justa preocupação com o cenário de circo no qual o Brasil tem sido transformado - e não tão paulatinamente - por grande parte dos representantes do povo e mesmo do Judiciário.

Mesmo sem ter condições para assistir a todos os capítulos, dos que pude fazê-lo , o que mais me agradou e impressionou como cidadã foi o em que a boca de Gioconda disse tudo aquilo que os brasileiros de bem têm preso na garganta.

CHEGA!

CHEGA!!! Gritou Gioconda.
E da boca da até então plácida Gioconda passou a jorrar, qual catarata de águas límpidas e bravias, a indignação toda da nação brasileira (naturalmente do seu segmento que não recebe as esmolas de toda a espécie, em forma de "bolsas" várias...)

A interpretação magistral de Marília Pera deu intensa vida às palavras escritas por Aguinaldo. E de tal forma que, ao ouvi-la, tinha-se a nítida impressão de estarmos lavando a alma - e em cadeia nacional!

Ah ... se os políticos assistissem àquela novela... As falas de Marília-Gioconda são mensagens objetivamente perpendiculares para os que nos estão espoliando descaradamente em nome de uma "representatividade democrática", quando, na verdade, grande maioria está a defender apenas seus pessoais e excusos interesses. Isso, quando não a cometer falcatruas utilizando-se dos respectivos mandatos como instrumentos de seus vários abusos e transgressões, pois acobertados pela eticamente inaceitável 'imunidade parlamentar'.

Ah ... se os políticos tivessem assistido - e ouvido - o brado de Gioconda, certamente dar-se-iam conta do quanto estamos todos fartos de tanta falta de bom caráter, mentiras, roubalheiras, tratantadas, conluios e dos ridículos e surreais dólares em cuecas... Só para citar alguns dos muitos desvios de comportamento de 'suas excelências'.

Sem mencionar Lula , Gioconda indicou que a 'elite ' (ou "azelite", no falar do homem de Garanhuns) à qual ela pertence - e sempre considerada por Lula e grande parte dos petistas como a causa de todos os males sociais, é justamente a classe que paga, através de impostos abusivamente escorchantes, não só as benesses todas como as gastanças desenfreadas que Lula, família e toda sua equipe têm feito desde que o petista ascendeu à presidência.

Aquele capítulo magnetizou-me de maneira profunda. Levou-me a traçar um suscinto paralelo fisiognomônico entre Gioconda-da Vinci e Marília-Gioconda. Esta assemelha-se muito à de Leonardo... Porém, toda serenidade que Marília Gioconda apresentava no início da novela transformou-se em ira sagrada ao falar para o povo as verdades que a maioria, por falta de preparo, geralmente não pensa. Todavia, quando instado a fazê-lo, abre os olhos para a realidade .

Gioconda 'falou e disse'.

MAIS "GIOCONDAS" , AGUINALDO !