A perda apesar de fazer parte da nossa vida, ainda é algo muito difícil de lidarmos e que acaba, na maioria das vezes, nos desestruturando. Consequentemente, leva-nos a desenvolver respostas desaptativas, ou seja, desenvolvemos estratégias para enfrentar as situações estressantes de perda. Quando se fala em perda, não podemos limitar o nosso pensamento apenas a morte de um ente querido, temos que pensar de forma mais ampla, a perda de um emprego, o término de um relacionamento afetivo ou de uma amizade; a perda de um patrimônio; a perda da saúde, entre outras perdas. Tudo isso são lutos que precisam ser elaborados, para que possamos dar continuidade a vida.

            Lutar, fugir, paralisar são as reações mais comuns frente às ameaças, porém, quando temos esse tipo de reação, não nos damos conta que esses sentimentos continuam ativos em nossa vida psíquica, mesmo que o desejo seja de se libertar deles.

            Quando perdemos um ente querido repentinamente, percebemos esse fato como algo ameaçador à nossa integridade física, psicológica e social. Frente a isso, a forma que encontramos para amenizar os sentimentos que nos são acionados é a evitação ou a resignação. É comum que tenhamos esse tipo de reação frente a privação emocional, ao abandono, a defectividade, pois trata-se de mecanismos de defesa que  visam barrar as emoções desagradáveis e que fazem parte da primeira fase do luto, visto que a negação e o entorpecimento não deixam de ser uma resposta de enfrentamento desaptativo frente a finitude.

            A sensação de abandono também surge na vida do enlutado e faz com que desenvolva pensamentos disfuncionais de que todas as outras pessoas poderão abandona-la, uma vez que o seu ente querido lhe abandonou. É nesse momento que as pessoas começam a barganhar com a intenção de alcançar algo desejado.

            O sentimento de culpa é comum aparecer, a pessoa passa acreditar que “ele morreu porque não cuidei e não fiz o suficiente para salva-lo ou porque os médico foram falhos”. Junto com a culpa surge a revolta e a raiva consigo mesmo.

Passada a fase da culpa surge a depressão que vem acompanhada pelo desespero e pela desorganização, visto que a pessoa se sente incompetente, fracassada, vulnerável e com isso, muitas pessoas, começam a catastrofizar a situação, acreditando que não têm condições de lidar com ela, que não conseguirá se recuperar, que não vai sobreviver.

Esses sentimentos se dão devido ao impacto gerado pela perda, pois este poderá ser tão impactante e doloroso que impossibilita a pessoa de uma recuperação saudável. A recuperação, a reorganização e a aceitação são etapas difíceis de serem alcançadas, levando, muitas vezes, a pessoa buscar ajuda de um profissional que o ensine a encontrar meios para superar a dor que toma conta de sua vida.

Como citei anteriormente, a dor da perda não se limita a perda de um ente querido, todo esse processo que mencionei que ocorre quando se perde uma pessoa de nossas relações, também ocorre em outras situações de luto, como por exemplo, o término de um relacionamento afetivo, a perda de um emprego, etc.

O ideal é que a pessoa enlutada, independente, do tipo de luto que está vivendo, conseguisse valer-se de algumas técnicas como a resolução de problemas, o automonitoramento, habilidades sociais, a restruturação cognitiva, pois isso iriam ajudá-la a prevenir e a lidar com a recaída, quando ela se apresentar.