AS CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PROFESSOR

Por CLÉA MÁRCIA PEREIRA CÂMARA | 28/11/2023 | Educação

As contribuições do Estágio CURRICULAR Supervisionado na formação profissional do professor

Cléa Márcia Pereira Câmara – Unimontes 

 

RESUMO

O presente artigo que tem como tema: As contribuições do Estágio Supervisionado na formação profissional do professor, e é fruto de inquietações enquanto professora de Prática de Formação e Estágio Supervisionado no curso Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Montes Claros, campus Unaí – MG. O estágio é uma disciplina teórico-prática que tem sua carga horária determinada nos Projetos Políticos Pedagógicos de cada curso, que ocorre em horário extraclasse e que deve ser acompanhada pelo professor orientador através de plantões.  O Estágio Curricular Supervisionado compreende um momento especial da formação do licenciando para favorecer o conhecimento do real em situação de trabalho, sob a supervisão de um profissional habilitado e experiente. O estágio tem como objetivos: propiciar condições para que os acadêmicos licenciando possam articular teoria e prática, tendo a teoria como guia da ação transformadora; oportunizar a interação do estagiário com situações reais do trabalho pedagógico, tendo como perspectiva o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo e de atitudes favoráveis à aprendizagem significativa, pessoal e dos alunos na escola-campo do estágio; favorecer o desenvolvimento da responsabilidade social e política do licenciando com o sistema educacional e possibilitar o desenvolvimento das competências exigidas na prática profissional, no âmbito da Educação Básica. O Estágio Supervisionado é o momento de contato que o acadêmico dos cursos de licenciatura tem com seu futuro campo de atuação, possibilitando e favorecendo conhecer a realidade de seu futuro campo atuação conhecendo seus futuros colegas de profissão e permitindo até mesmo conhecer a realidade do sistema educacional partindo do local, regional e do nosso país. Através do estágio o acadêmico poderá refletir sobre suas futuras ações pedagógicas através de discussões e trocas de experiências com outros acadêmicos.  Estágio Supervisionado é uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Além de ser um importante instrumento de integração entre escola, universidade e comunidade através das ações propostas e realizadas. O estágio contribui muito na formação de futuros professores, pois além de promover contato com a docência, contribui para colocar em prática o que foi estudado no decorrer da graduação. A análise de algumas regulações definidas pelas políticas educacionais é o objeto deste trabalho, resultante de uma pesquisa bibliográfica/documental que buscou identificar as relações existentes entre a reforma do Estado, as tendências da educação traduzidas pelas políticas e o estabelecimento de novas regulações no tocante à formação e ao trabalho docente. Foi realizada uma pesquisa com acadêmicos do oitavo período do curso ciências biológica para conhecer quais as suas concepções a cerca das contribuições do estágio supervisionado na formação do futuro professor. Buscou-se a fundamentação teórica para este trabalho os autores Barreiro e Gebran (2006); Pimenta e Lima (2009); Nóvoa (1997); e Sousa e Fernandes (2004), dentre outros. Para os acadêmicos licenciandos, o estágio serve como um campo de conhecimento que envolve a observação, questionamentos e propostas de intervenções. Concluímos que a importância do estágio está ligada à necessidade de proporcionar aos acadêmicos licenciandos oportunidades para relacionar a teoria e prática com a realidade do cotidiano escolar. O mérito deste trabalho está além das contribuições para ampliar discussões sobre o tema e na oportunidade de investigar um assunto que incomoda tanto a professores formadores.

  Palavras - chave: estágio supervisionado, professor, acadêmico

 

INTRODUÇÃO

         

O estágio curricular supervisionado proposto pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes ocupa lugar de destaque por constituir o meio pelo qual o acadêmico via atividade de pesquisa, têm oportunidade de conhecer seu futuro campo de atuação, de fazer propostas de intervenção e de intervir, com vistas a exercitar sua atividade profissional de forma orientada e supervisionada por profissionais da área docente.

Na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, temos um departamento específico onde agrega as disciplinas de prática de formação e Estágio Supervisionado Curricular de todas as licenciaturas da instituição, é o Departamento de Estágios e Práticas Escolares - DEPE. Dentro deste departamento, temos o Núcleo de Estágio Curricular Supervisionado – NECs.

O DEPE tem a competência de gerenciar todo o processo de desenvolvimento de Estágio Curricular supervisionado oferecido pela Unimontes. O Necs é composto por um coordenador geral e por coordenadores específicos de cada uma das licenciaturas da Universidade, com função de acompanhar o desenvolvimento do estágio supervisionado. 

O estágio supervisionado na Unimontes é amparado pele Parecer CP/CNE nº 28/2001 e CP/CNE nº 009/2001 e Resolução CP/CNE nº 02/2002 e ainda a Resolução nº 447/2002 do Conselho Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais e ainda da LDBNE 9394/96 e Lei 11.788/2008.  

            O estágio Supervisionado é,

(...) um momento especial da formação do licenciando em que se pretende favorecer o conhecimento do real em situação de trabalho e onde, sob a supervisão de um profissional experiente, o futuro professor poderá problematizar a realidade nas unidades escolares do sistema de ensino. (Regulamento Estágio Curricular supervisionado dos Cursos de Licenciatura da Universidade Estadual de Montes Claros, 2005, p.07).[1]

 

            Para favorecer este conhecimento real, o licenciando realiza as atividades nas escolas campo, “Por estágio curricular entende - se as atividades que os alunos deverão realizar durante o seu curso de formação, junto ao campo de futuro trabalho. (Pimenta, 2005, p.21). Estas atividades irão propiciar ao acadêmico adquirir experiência profissional contribuir na sua formação. Essa experiência é importante e necessária, pois favorece ao futuro professor a oportunidade de conhecer e vivenciar com seus futuros colegas além de permitir conhecer a realidade do sistema educacional onde irar atuar.

            O estágio supervisionado é um momento especial que vai oportunizar ao licenciando colocar em prática o aprendido na teoria, 

Passerini, (2007), esclarece que,

 

O processo de formação do professor é contínuo, inicia-se antes mesmo do curso de graduação, nas interações com os atores que fizeram e fazem parte de sua formação. E este processo sofre influência dos acontecimentos históricos, políticos, culturais, possibilitando novos modos de pensar e diferentes maneiras de agir perante a realidade que o professor está inserido. (Passerini, 2007, pg.18)

 

 

Sendo assim, a formação do professor é um processo continuo que tem início quando entram no curso de licenciatura como alunos, pois todas as situações que vivenciam e presenciam, fazem parte de sua formação como professor e essas situações podem ser bem marcantes. Estas vivências é uma ação constante presente durante todo exercício docente.

Nesse sentido, Barreiro e Gebran (2006) argumentam, 

               

(...) que a formação inicial dos professores deve pautar-se pela investigação da realidade, por uma prática intencional, de modo que as ações sejam marcadas por processos reflexivos entre os professores-formadores e os futuros professores, ao examinarem, questionarem e avaliarem criticamente o seu fazer, o seu pensar e a sua prática. (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 21)

 

 É uma ação prática da formação do professor, no sentido em que se trata de aprender algo. O estágio possibilita refletir sobre o aprender a fazer fazendo, errando, acertando, tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, revendo, argumentando, tomando decisões, pesquisando, além de desafiar a pensar os princípios teóricos significam na prática, e construir assim sua prática pedagógica. Então no estágio o futuro professor deixa de ser somente receptor de informações e torna-se participante ativo, que usa seus conhecimentos e experiências prévias na sua formação. “A profissão docente está situada exatamente no intercâmbio entre o conhecimento sistematizado que a escola oferece e o aluno, portanto, se desenvolve nesta ponte representada na mediação entre o aluno e saber, o ensino e a aprendizagem.” (Lima, 2004, p.13)

O presente trabalho buscou compreender e analisar a importância do estágio supervisionado e de que forma as experiências vivenciadas durante esse período contribuem na formação do futuro professor..

A formação de professores tem como fator principal à força pedagógica, que se cumprem quando se efetiva a compreensão e a vivência dos princípios da aprendizagem.

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO 

 

“Conhecer é tomar posse. Pensar é trabalho da reflexão. 

O conhecimento se move na região do instituído, 

o pensamento na do instituinte.”

(Marilena Chauí)

 

Refletir sobre a temática do Estágio Supervisionado e a prática de formação e suas contribuições na formação inicial do professor, nos cursos de licenciatura, é fruto de inquietações enquanto professora, uma vez que o tema se tem estudado e publicado por diversos autores da área, venho aqui procurar entender o que pensa os estudantes e como se sente enquanto estagiários.

  Quando se inicia o estágio supervisionado os acadêmicos se deparam com a insegurança e o medo de não desenvolverem um bom trabalho em sala de aula. Alguns temem não dominar a classe, outros se preocupam com o conteúdo e outros questionam qual metodologia deve ser utilizada, mas tem aqueles acadêmicos que desejam lecionar e outros que nem cogitam essa idéia.

 Para Nóvoa (1997),

 

(...) as situações conflitantes que os professores são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo, portanto características únicas: o profissional competente possui capacidades de auto desenvolvimento reflexivo (...) A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva.  (Nóvoa, 1997, p. 27).

 

Mas com o passar do tempo os acadêmicos adquire mais segurança, e começam a se ver como “professores”, e essas mudanças são percebidas através dos diálogos entre eles com os seus colegas, de discussões das leituras dos textos e das atividades que fundamentam o exercício e o fazer docente propostos na sala de aula durante as aulas de preparação para o estágio.

O estágio supervisionado nos dois últimos períodos do curso consiste entre outras atividades, dois momentos distintos, onde no primeiro momento o acadêmico/estagiário observa a sala de aula, a didática do professor e com isso forma algumas opiniões que podem ser desfeitas ou fortalecidas durante o estágio. Já o segundo momento o acadêmico vivencia a regência, onde o mesmo se coloca a frente da dinâmica da sala de aula.

O acadêmico ao assumir seu papel na regência passa a colocar em prática aquilo que foi trabalhado na sala de aula, é o momento de aplicar o que foi vivenciado e torna-se um aprender continuo. 

O estágio é um agente formador do professor,  é um objeto de estudo e reflexão, pois quando se faz o estágio o futuro professor passa a enxergar a educação com outro olhar, um olhar mais crítico e severo que busca entender a realidade da escola, o comportamento dos alunos, dos professores e dos profissionais que a compõem.

 

 

 

CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

 

 

“Não é no silêncio que os homens se fazem, 

mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”

(Paulo Freire)

 

            É o professor da disciplina Estágio Curricular Supervisionado que apresenta o acadêmico estagiário ao diretor da escola campo, onde é formalizado o vinculo do estágio, através da carta de aceite do estágio. Neste momento é apresentado o planejamento a ser cumprido naquela escola. Juntamente com o professor regente da disciplina é apresentado também esse planejamento do estágio. Em comum acordo com o professor da escola, é elaborado o plano do estágio.  Este primeiro contato é um momento de muitas incertezas para o acadêmico/estagiário.  Entrar nas salas de aula e conhecer a realidade das mesmas gera as incertezas de um momento muito especial para a formação deste futuro professor.

Para Andrade (2005),

 

É, portanto, o Estágio, uma importante parte integradora do currículo, à parte em que o licenciando vai assumir pela primeira vez a sua identidade profissional e sentir na pele o compromisso com o aluno, com sua família, com sua comunidade com a instituição escolar, que representa sua inclusão civilizatória, com a produção conjunta de significados em sala de aula, com a democracia, com o sentido de profissionalismo que implique competência - fazer bem o que lhe compete. (Andrade, 2005, pg.2).

 

           

            Então é nesse campo que o estagiário desenvolve as atividades do estágio supervisionado, como a realização de projetos de intervenção pedagógica de acordo com a necessidade da escola, visando melhorar a qualidade de ensino da escola campo de estágio, com realização de aulas diversificadas e mais elaboradas, acompanhadas pelo professor supervisor de estagio, os acadêmicos contribuem aprendizagem dos alunos da educação básica.

            É a partir das sensações vivenciadas durante o estágio, o acadêmico toma gosto pela futura profissão e com isso fará com que o mesmo busque sempre alternativas novas de melhorias em sala de aula.

            O estágio supervisionado contribui na formação de futuros professores, pois além de proporcionar contato direto com a docência, contribui também para uma relação entre a prática e a teoria. Então o estágio supervisionado é muito mais que o cumprimento de exigências acadêmicas, é uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional do acadêmico, além de ser um agente integrador entre universidade, escola e comunidade.

            O estágio supervisionado contribui ainda proporcionado ao acadêmico uma maior aproximação da realidade, onde a aprendizagem se concretiza e faz com que o acadêmico / estagiário obtém uma visão mais crítica e responsável da instituição profissional em que poderá vir a atuar.

            Portanto, o estágio supervisionado é uma articulação entre a aprendizagem integradora, com os conhecimentos específicos e os conhecimentos fundamentais na formação docente. Nesta perspectiva, faz-se urgente a necessidade, de um redirecionamento do pensar “de que a formação teórica recebida nos primeiros anos da formação inicial é uma espécie de receituário, em que a prática é uma aplicação da teoria” (SOUSA e FERNANDES, 2004, p.92). Além disso, demonstrado pela experiência que é necessário romper com a visão de formação que tenha como foco “como deve ser um professor, o que deve fazer, que conteúdos estudar e os métodos para os ensinarem, mas pouco ou nada lhes é dito, por exemplo, acerca do controle e disciplina dos alunos” (SOUSA e FERNANDES, 2004, p.92).

           

METODOLOGIA

 

Pretendeu-se investigar a questão através de uma pesquisa qualitativa em educação por entendê-lo como uma abordagem que corresponde aos objetivos do mesmo, e, por enfatizar a necessidade de compreensão do objeto de estudo, nesse caso, o Estágio Supervisionado, considerando as relações existentes entre este e os sujeitos envolvidos na questão, a partir da significação que esses sujeitos atribuem ao fato pesquisado.

A metodologia adotada fundamentou-se na abordagem qualitativa (TRIVIÑOS, 1987), onde os passos do trabalho serão construídos junto aos sujeitos participantes do estudo.

Adotou-se como técnica de pesquisa a entrevista individual, utilizando-se entrevistas do tipo estruturadas e semi-estruturada, com questões abertas e fechadas para garantir ao pesquisador “certos questionamentos básicos, (...), oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante” (TRIVIÑOS, 1987, p. 146).

Quanto à utilização dos procedimentos técnicos, foram adotados: os bibliográficos, por ser de fundamental importância o levantamento em livros e periódicos do conhecimento cientifico dos diversos autores sobre o tema proposto; para a construção do referencial teórico, por caracterizar pela interrogação das pessoas cujo comportamento se deseja conhecerem, recolher informações de todos os integrantes do universo pesquisado, mediante procedimento estatístico, numa amostra significativa do universo de investigação.

Foram entrevistados 15 acadêmicos do 8º período de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros, campus Unaí-MG, este já haviam realizado o estágio supervisionado no ensino fundamental quando cursavam 7º período, e já estavam concluindo o estágio supervisionado no ensino médio no período da pesquisa, a partir de roteiros previamente preparados. Na entrevista foram feitas perguntas sobre o estágio supervisionado e suas contribuições na formação do futuro professor.

Na pesquisa qualitativa o pesquisador convive com os entrevistados e busca detectar através da pesquisa os problemas e as soluções sobre a realidade estudada.

Durante essa atividade, através de questionário colhido os dados, onde foi feita análise e interpretação, para que assim seja possível a comparação dos resultados observados. Os dados obtidos nas entrevistas foram organizados para as análises e interpretações.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

 

            A amostra a pesquisa foram 15 dos 19 acadêmicos do 8º período, do curso Ciências Biológicas/ licenciatura, selecionados de acordo com os que estavam presentes na sala de aula no dia da coleta de dados, onde destes 12 são do sexo feminino e 03 do sexo masculino.

 

Gráfico 1: Perfil dos entrevistados

 

Sexo

Feminino

Masculino


Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

Na segunda fase da pesquisa, quanto ao Estágio, foi perguntado em que série do ensino fundamental e no ensino médio realizou a regência, e de acordo com os dados, o resultado foi de acordo com o quadro abaixo: 

 

Quadro 01: Regência no Ensino Fundamental

Séries

6º Ano

7º Ano

8º Ano

9º Ano

Nº de Estagiários

06

07

02

05

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

Quanto à questão por que escolheram estas turmas para realizar a regência no ensino fundamental, as respostas predominantes dos acadêmicos foram,

 

“Por acreditar que pela idade os alunos seriam comprometidos e por nesta serie serem introduzidos os primeiros conceitos de biologia e química.” Acadêmico 01.

“Por familiarizar com os conteúdos da referente série” Acadêmico 03.

“Por causa da matéria trabalhada” Acadêmico” 04.

“Por causa da maturidade dos mesmos e pela facilidade no ensino da matéria.” Acadêmico 06.

“Por ser no inicio do ensino fundamental” Acadêmico 07

“Por afinidade com o conteúdo da série” Acadêmico 11.

“Devido ao horário disponível e compatível com o meu trabalho” Acadêmico 13.

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

De acordo com os essas respostas, percebe-se que o motivo da escolha da série para a realização da regência está relacionado com o fator idade dos alunos e com o conteúdo a ser ensinado. Como professora da turma, a proposta era que a sala fosse divida em grupos de igual número para a regência no ensino fundamental, isto iria favorecer o direcionamento dos trabalhos que deveriam ser desenvolvidos. Diante da resistência da turma, foi permitido que cada um escolhesse a turma de sua preferência para a realização da regência e assim os trabalhos foram adequando a essas escolhas. 

 

Foi perguntado também em que série do ensino médio realizou a regência, e os dados foram de acordo com o quadro 02:  

 

Quadro 02: Regência no Ensino Médio

Séries

1º Ano

2º Ano

3º Ano

Nº de Estagiários

07

05

03

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

Quanto à regência no ensino médio, foi perguntado: Por que escolheu esta turma para realizar o estágio de regência no ensino médio? Os mesmos acadêmicos tiveram as seguintes respostas:

“... por ter afinidade pelas matérias lecionadas neste ano” Acadêmico 01.

“devido ao estudo voltado para os seres vivos, os reinos.” Acadêmico 03.

“idade dos alunos.” Acadêmico 04

“qualquer uma que fosse...” Acadêmico 06.

“....por ser uma turma de alunos mais velhos.” Acadêmico 07.

“Por afinidade com o conteúdo e com a série.” Acadêmico 11.

“horário disponível, e afinidade com o conteúdo. Acadêmico 13.

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012.

 

 

Percebe-se na fala dos acadêmicos que o critério para a escolha da turma para a realização do estágio supervisionado, na regência, tanto para o ensino fundamental, quanto para o ensino médio foram os mesmos. Apenas se destaca o acadêmico 06, que para ele qualquer que fosse a turma estaria “preparado” para executar o seu estágio.

Na questão numero 06, na segunda etapa da pesquisa, foi perguntado: Que dificuldades encontraram/está encontrado na realização do seu estágio? As respostas mais predominantes foram:

 

< >Indisciplina / desinteresse dos alunos Turmas cheias Desmotivação dos alunos e do professor Metodologia do professor da escola Medo Falta de material áudio-visual  Falta de Laboratório Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012.

 

 

Na questão 07, perguntou-se como superou essas dificuldades? As respostas dos acadêmicos foram:

Buscar integração com as turmas, (Ac14); 

Metodologias diferenciadas, (Ac. 05); 

Busca de temas que motivam os alunos (Ac12); 

Aprofundamento nos conhecimentos (Ac.08); 

Buscando orientações com o professor da sala e ao professor orientador de estágio aplicando os conhecimentos aprendidos durante as aulas de prática de formação e de estágio supervisionado (Ac.02, 06, 07;

 Aulas mais dinâmicas, (Ac11, 13).

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

De acordo com os dados, todos os entrevistados, encontram dificuldades na realização do estágio. Pelo que demonstra estes dados, e pelas falas dos alunos, apenas três dos entrevistados buscaram ajuda ao professor regente e ao professor supervisor do estágio, os demais tentam sozinhos buscar soluções.  

A terceira etapa da pesquisa buscou-se entender: Quanto ao desenvolvimento do estágio. Nesta fase da pesquisa, foi perguntado: Quanto ao desenvolvimento do estágio, Faz ou Fez planejamento com freqüência para a execução das aulas: 99,9% afirmaram que sim e 0,1% afirmaram que às vezes, e quanto ao desenvolvimento do plano didático em consonância com o nível de desenvolvimento e ritmo de aprendizagem dos alunos, 98,% afirmaram que sim e 2% afirmaram que não.

Quando perguntado se realiza ou realizou ações e atividades que apresentam progresso na aprendizagem, 65% afirmaram que às vezes, e 25% afirmaram que sempre e 10% afirmaram que nunca.

Quanto às dificuldades dos alunos durante as aulas do estágio, 60% afirmaram que é na leitura, escrita e falta de conhecimento prévio da matéria e a justificativa destas dificuldades se dá pela falta de interesse dos alunos; já para 38% a dificuldade se dá apenas pela falta de conhecimentos prévios e a justificativa desta dificuldade se dá pela falta de interesse e pela falta de infra-estrutura da escola, para 0,2% dos entrevistados, a dificuldade se dá pela indisciplina dos alunos e justificativa é pela falta de interesse dos mesmos.

Perguntados sobre o uso das metodologias para reduzir as dificuldades, 55% dos entrevistados responderam que usam textos variados, enquanto que 45% usam aulas diferenciadas utilizando os recursos como data show, vídeos, filmes, aulas práticas, e para 15% dos entrevistados, afirmaram aplicar outros, porém sem detalhar os recursos utilizados, estes afirmaram que recorre ao supervisor.

Para buscar atender aos alunos que não alcançaram os objetivos propostos, com as metodologias usadas, quanto às atitudes 70% dos entrevistados responderam que aplicam novas metodologias, enquanto que 30% recorrem ao professor e ao supervisor.

Na quarta etapa da pesquisa, procurou-se entender a concepção do Estágio Supervisionado. Na questão 01, quando perguntados se acham importante o Estágio Supervisionado na formação do professor, a maioria respondeu que sim. O estágio supervisionado é um dos pontos chaves do projeto pedagógico, pois é o espaço onde a identidade profissional do professor é formada, por isso o mesmo deve ser uma ação vivenciada, uma ação reflexiva e crítica, constituindo assim um momento especial de articulação entre os conhecimentos teóricos e práticos.

Então o estágio é uma experiência necessária para a educação profissional, pois oferece aos acadêmicos futuros professor a oportunidade de conhecer a área onde ira atuar.

Gráfico 2: Importância do Estágio Supervisionado

 

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

De acordo com o gráfico 02, quanto à concepção de Estágio, 84% consideram importante e para 16% dos entrevistados o estágio é pouco importante. Para os acadêmicos a concepção de estágio é:

“considero importante sim, mas como é uma peça a mais para a minha formação, outras envolvem o desenvolvimento profissional próprio as especificas que envolve o curso em si.”

“O estágio é um ritual de passagem”

“Sem o estágio, o despreparo fica evidente”

“é importante, contudo uma carga horária menor seria suficiente para visualizar o contexto em que a educação se encontra.”

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

            Ao perguntar aos entrevistados quais sentimentos sentiu antes da realização do estágio, a maioria respondeu que sentiu insegurança e que tinha o desejo de realizar o estágio supervisionado. Quando se inicia o estágio supervisionado o acadêmico sente certa insegurança, um receio de não conseguir desenvolver um bom trabalho, mas ainda tem alguns acadêmicos que almejam ministrar aulas e com a ajuda do estágio supervisionado os acadêmicos passam por uma transformação e começam a ser ver como professores e o medo e a insegurança desaparecem.

Gráfico 3: Sentimentos antes de realizar o Estágio Supervisionado

 

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

As contribuições do estágio supervisionado para a formação docente na opinião da maioria dos acadêmicos é promover contato direto com o futuro campo de atuação, pois a experiência do estágio permite ao acadêmico se integrar na área do futuro campo de atuação, integrar teoria e prática, conhecer melhor os alunos e até mesmo o sistema educacional.

 

Gráfico 4: Contribuições do Estágio Supervisionado

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

Foi solicitado que: Liste as contribuições que você considera importante do estágio no processo de formação do futuro professor, os entrevistados, responderam:

 

1. Momento de reflexão sobre a formação; 

2. Além de auxiliar na segurança do ato de lecionar, o estágio também é uma etapa ..... para aqueles que possuem dúvidas quanto à profissão professor; 

3. Conhecer a escola, como funciona, seus funcionários, trabalho da supervisão, metodologias utilizadas pelos professores; como os alunos comportam durante uma aula dinâmica e diferente.

4. Decisão profissional, contato direto com alunos e escola;

5. Conhecer o professor de estágio, o professor regente e os alunos

6. Convivência com a realidade da escola; aprender a ensinar; conviver com as diferenças;

7. Conhecer a realidade que existe dentro da sala de aula, respeitar os limites que existem naquele meio; saber lidar com as dificuldades de cada um e elaborar estratégias que os ajude; e principalmente a descobrir se realmente esta profissão é que quer para continuar após o estágio.

8. O estágio supervisionado é a oportunidade de o aluno vivenciar com a ajuda de um professor experiente todas as dificuldades no futuro;

9. O estágio mostra como lidar com a turma, como se portar diante dos alunos, como tratar varias situações; Com a presença do professor é um pouco mais fácil, porque ele consegue a atenção da turma.

10. Saber efetivamente como é a realidade da educação no país.

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

Ao ser questionado o que sentiram com a experiência do estágio supervisionado a maioria dos acadêmicos respondeu que melhoria na prática pedagógica, pois é essa relação entre teoria e prática que faz o acadêmico buscar a cada dia melhorar a sua prática em busca de uma melhoria no processo de ensino-aprendizagem.

Gráfico 5: Sentimentos após o Estágio Supervisionado

 

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

 

            Aos entrevistados foram perguntados: acham importante os textos lidos e discutidos, as trocas de experiências realizadas dentro da sala de aula na universidade? A maioria respondeu que sim, que acha importante, pois não basta somente à teoria é preciso que a formação do professor se dê por meio de leituras, realização de projetos, de trocas de experiências, de investigações sobre a prática, de reflexões sobre experiências. Para a realização do estágio é de grande importância o papel que a teoria exerce na formação profissional visto que oferece perspectivas de análises para compreender a realidade escola e com isso possibilita que o ato de se fazer estágio tenha significado na formação inicial do professor.

 

Gráfico 6: Importância das trocas de experiências e textos

 

Fonte: Pesquisa realizada com acadêmicos do 8º período do curso de Ciências Biológicas/Unimontes/Unaí. 19/04/2012

 

Então não basta saber somente a teoria, ou boa parte dos conteúdos, mas, também, é preciso que a formação do docente se dê por meio de leituras, de realização de projetos, de trocas de experiências, de investigações sobre a própria prática, de reflexões sobre experiências passadas e presentes.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Caminheiro, não existe caminho

O caminho se faz ao caminhar.

(Antonio Machado)

 

 

            Para que o estágio supervisionado torne-se um agente de contribuição na formação de professor é necessário que os estagiários dos cursos de licenciatura não tenham apenas a visão de sua obrigatoriedade, mas que veja no estágio supervisionado a oportunidade impar da sua aproximação com o campo de sua atuação. 

Por intervenções, pesquisa entende que uma ação pedagógica que traga contribuições para que o acadêmico encontre possibilidades de alcançar as metas e objetivos propostos, ou seja, uma aprendizagem com significado.

 As experiências propiciadas pelo estágio podem ser potencialmente ricas para o acadêmico, já que possibilitam ligar os fios entre o conhecimento teórico e prático, pois o estágio pode ser um campo rico para construção e reconstrução de discursos e busca de caminhos e, sobretudo, momento importante de articulação entre conhecimentos e das vivências. Articulação essa, necessária e desafiadora, posto que a dicotomia entre teoria e prática se põe ainda hoje como um problema a ser superado.

Todas as ações propostas pelos professores de estágio e que realiza em sala de aula, com o objetivo de auxiliar o processo ensino e aprendizagem por uma educação de qualidade pode e deve ser considerada como uma ação pedagógica.

Entretanto, o Estágio não terá nenhuma contribuição para o acadêmico que vai apenas à escola no primeiro dia em que é acompanhado pelo professor supervisor do estágio, e volta no último dia para recolher a assinatura do diretor e do professor da sala de aula (o que normalmente gera certo constrangimento nos mesmo e uma péssima visão deste estagiário). Para este acadêmico o estágio constitui é apenas uma exigência enfadonha onde ele aproveitará o tempo livre para fazer trabalhos de outras disciplinas, estudar para provas, e até mesmo para descansar.

O estágio promove mudanças, amadurecimento, conhecimentos e crescimento na aprendizagem, no querer, no agir, no fazer e na tomada de decisões.    

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

ANDRADE, Arnon Mascarenhas de Andrade. O Estágio Supervisionado e a Práxis Docente. In: SILVA, Maria Lucia Santos Ferreira da. (Org.). Estágio Curricular: Contribuições para o Redimensionamento de sua Prática. Natal: EdUFRN, 2005. Disponível em: www.educ.ufrn.br/arnon/estagio.pdf; acesso em: 05 Mar. 2012.

 

BARREIRO, I. M. F.; GEBRAN, R. A. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado na Formação de Professores. São Paulo: Avercamp, 2006.

 

PASSERINI, Gislaine Alexandre. O estágio supervisionado na formação inicial de professores de matemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em matemática da UEL. 121f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina. Londrina: UEL, 2007.

 

LIMA, Maria Socorro Lucena. A hora da prática: reflexões sobre o estágio supervisionado e a ação docente. Fortaleza.: Edições Demócrito Rocha, 2004.

 

MENEZES, João Gualberto de Carvalho; BATISTA, Sylvia Helena S.S (orgs.), Revisitando a prática docente- Interdisciplinaridade, Políticas Públicas e Formação, Editora Thomson, São Paulo, 2003.

 

NÓVOA, Antonio. (coord). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal: Dom Quixote, 1997.

 

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.

 

Regulamento do Estágio Curricular Supervisionado dos cursos de licenciatura da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Elaborado pelo Departamento de Estágios e Práticas Escolares – DEPE e Núcleo de Estágio Curricular Supervisionado – NECS, aprovado pela Resolução Nº 118- CEPEX/2005

 

 

SOUSA, Manuela Valentina. FERNANDES, José António. Dificuldades de professores estagiários de Matemática e sua relação com a formação inicial. Quadrante. Lisboa,2004.

 

TARDIF, Maurice; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humana. Petrópolis, RJ,:Vozes, 2008.  

 

TRIVIÑOS, Augusto N. S.; Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987

 

 

[1] Regulamento do Estagio Curricular Supervisionado dos cursos de licenciatura da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Elaborado pelo Departamento de Estágios e Práticas Escolares – DEPE e Núcleo de Estágio Curricular Supervisionado – NECS, aprovado pela Resolução Nº 118- CEPEX/2005


Artigo completo: