Álvaro Viera Pinto.

 

Reflexão e análise do trabalho desenvolvido por Álvaro Viera Pinto, aluno do colégio dos Jesuítas, Santo Inácio no Rio de Janeiro.   Posteriormente estudou medicina, esteve em contato com grandes intelectuais do seu tempo.

Viveu a agitação da Semana de Arte Moderna, trabalhou como médico, entretanto, por motivações políticas foi exilado em 1964.

Viveu na Iugoslávia, sendo transferido para Chile, escrevendo grandes trabalhos entre eles: Ciência e Existência, como também Sete Lições sobre educação de adultos, sendo que trabalharemos o terceiro capítulo a respeito da consciência ingênua e crítica na educação.  

Em primeiro lugar a definição da consciência ingênua aquela que não inclui a representação da realidade exterior em si mesma, não compreende as bases contraditórias da vida real, na formatação do próprio pensamento.  

Em outras palavras a consciência ingênua é a educação legitimadora das relações sociais do domínio político da sociedade capitalista.

Desse modo, não entende as condições determinantes que levam o educador pensar como pensa alienadamente, na perspectiva meramente da manutenção do estatus quo.

 Uma educação que não provoca as regras da sociedade de mercado sustentado pelo liberalismo econômico.

 Contrariamente, a consciência crítica, por natureza dialética, sistematiza-se pela representação mental substanciada na memória proveniente do mundo exterior com a clara percepção dos condicionamentos objetivos da vida real.

 Portanto, possibilitando tal representação, uma consciência não alienada do mundo, não defende o modo de sociedade produtiva excludente. 

Com efeito, é fundamental que os educadores percebam as concepções ingênuas do mecanismo do ensino aprendizagem.

Sendo desse modo, indispensável à delimitação das duas maneiras de definir as influências na prática do ensino aprendizagem, as concepções ingênuas e críticas.

A necessidade da opção crítica dialética, como concepção do trabalho educativo, objetivando a superação da alienação social política, no plano do desenvolvimento histórico, no uso metodológico da linguagem, o saber é um ato de mudança.

A visão ingênua ensina, alfabetiza, em uma perspectiva meramente metafísica, fora da realidade propulsora, não está objetivado com o entendimento da mesma.  

A educação crítica por estar preocupada com o modelo de exclusão, desenvolve uma reflexão fundamentada na transformação social, alfabetizar para mudar, motivo pelo qual toda educação é política.  

Desse modo, a teoria não ingênua, parte de uma análise que considere a realidade dos educandos, com a finalidade de intervir no processo criticamente dos próprios educandos.  

Com efeito, destruindo a concepção ingênua que acredita que as ideias são anteriores ao mundo da prática, acha que a realidade é o resultado do mundo das ideias e, não as mesmas produzidas por questões materiais.  

A priori, a consciência crítica é aquela que possui  a percepção dos condicionamentos reais da vida, sendo que os objetivos fazem parte de tais representações.  Dessa forma, a consciência crítica dialética torna-se objetivamente autoconsciência.

A concepção crítica percebe o analfabetismo como tragédia humana, precisa ser eliminado, o que só será possível com leitura política correta de uma sociedade justa socialmente.

Desse modo a ação pedagógica não é especificamente só uma questão linguística, como pensa a consciência ingênua, entretanto,  essencialmente política.

Com efeito, o pedagógico não desenvolve por ele mesmo, mas por meio da ação correta da educação.

 A declaração de neutralidade pela consciência ingênua, simplesmente a sustentação da politicidade intrínseco do domínio político da burguesia.  

Por esse motivo para concepção crítica da alfabetização a educação não poderá ser a repetição mecânica da transmissão do saber.

Portanto, necessário à inserção do educando a crítica da realidade política, contrariamente, afirmação das classes dominantes.

Alfabetização inaugura-se um processo educativo cujo educando é sujeito, objetivando justiça e cidadania, sustentadas em princípios humanistas.   

O ato da leitura e da escrita, necessariamente a compreensão da vida real do educando, entendendo a realidade da vida, a história não será possível se a realidade não for refletida corretamente.

 Dessa forma, com coerência o desenvolvimento dos educandos transformados também em educadores.

 Em um processo contínuo de transformação da vida real. O absoluto respeito à realidade permanente entre teoria e prática, na ação contínua do bem estar social.

Edjar Dias de Vasconcelos.