AS CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR NA EJA: UM ESTUDO DE CASO NUMA UNIDADE DE ENSINO DA REDE MUNICIPAL DE ITUPIRANGA - PARÁ NOS ANOS DE 2013 E 2014.

 

"ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL SERAFINA CARVALHO"

 

Hérica Fontes da Silva¹

 

ITUPIRANGA- PARÁ

2015

RESUMO:

Esta pesquisa teve o propósito de identificar os fatores que contribuem para a evasão escolar numa escola municipal na cidade de Itupiranga. A temática que norteou esta pesquisa é o resultado das inquietações e angustias surgida na vivência como docente na modalidade da EJA em uma unidade de ensino, bem como pelos objetivos não atingidos na prática pedagógica, devido à evasão escolar, o que gerou a necessidade de compreender os reais motivos que levam tantos alunos a abandonarem a escola. Pretendeu-se, também, verificar se as taxas de evasão são representativas diante do número de alunos matriculados e, levantar aspectos que possibilitem reduzir essa problemática nessa Unidade de Ensino. De modo geral, o acesso a escola tem sido facilitado propiciando o atendimento à demanda o mais próximo possível da residência do aluno, o que de certa forma tem facilitado o acesso a escola e um crescimento significativo da matrícula, e em contra partida o número de evadidos da escola também acabou aumentando. A evasão não é um problema apenas daquela escola. Contudo, o fato de a unidade escolar tentar atender às carências dos alunos, de forma holística, ou seja, no aspecto cognitivo, afetivo, moral, social, dentre outros, parece ser insuficiente. Espera-se que a compreensão dessa micro realidade possa servir de base ao desenvolvimento de novos estudos, contribuindo, assim, para a redução da evasão em todas as unidades de ensino. Considerando a abrangência do assunto e o quanto já vem sendo discutido, pretende-se fazer um recorte dos aspectos psicossociais, buscando dados referentes aos motivos da evasão escolar, relacionando-os com algumas variáveis, como: formação do professor, novas tecnologias, afetividade, necessidade de o aluno trabalhar, métodos de ensino, participação da família, gravidez na adolescência, drogas, violência e subemprego, e, assim, compreender o porquê dos alunos deixarem a escola. O trabalho tomou como ponto de partida uma pesquisa bibliográfica e documental, que teve como fonte livros, jornais, revistas, sites.

Palavras-chave: Evasão Escolar; EJA; Pesquisa; Escola Municipal; Alunos; Professores.

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  1. Graduada em Letras pela (UFPA) 2008, com pós em Gestão e Coordenação escolar (FACIMAB) 2011, e Psicopedagogia (FACIMAB) 2013.

INTRODUÇÃO

A educação de jovens e adultos - EJA tem como objetivo oportunizar aos jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência, apenadas e jovens em conflito com a lei, fora da faixa etária da escolaridade regular a conclusão e continuidade de estudos; Essa ainda visa oferecer a todos esses acima citados, oportunidades de escolarização que aliem a educação básica em nível médio à educação profissional, com desenvolvimento de competências e habilidades que propiciem a formação integral do aluno como cidadão e profissional de qualidade.

Nesse contexto, a educação de jovens e adultos - EJA em várias instâncias tem apresentado recorrentes situações de abandono escolar. As classes da EJA também recebem sujeitos com nível cultural e educacional diferenciado, o que faz do espaço da sala de aula um ambiente rico e marcado pela diversidade. Alem disso, os alunos de EJA em função de fracassos anteriores possuem, muitas vezes, uma baixa autoestima; portanto precisam ser motivados, e o educador deverá buscar diferentes maneiras de promover e despertar o interesse e o entusiasmo e acima de tudo mostrar a esses alunos  que é possível aprender. A evasão não é um problema apenas daquela escola. Na cidade de Itupiranga o índice de evasão no ano de 2013 foi de 11,64% e em 2014 atingiu cerca de 17,35%, conforme Estatística/2013 e 2014, Departamento de Controle e Estatística- da Secretaria Municipal de Educação - SEMED. Contudo, o que causa descontentamento nos profissionais de educação é o fato de se ter comprovação das ações desenvolvidas pela Unidade de Ensino, na tentativa de atender às carências dos alunos, de forma holística, ou seja, no aspecto cognitivo, afetivo, moral, social, entre outros. Todavia, existe o problema das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos alunos que permeia o processo de escolarização deles, tornando-os reféns da ignorância, mantendo-os como analfabetos. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. O paradoxo existente entre o que é difundido e a realidade dos alunos se concretizam ao se analisar a forma desinteressada como a educação pública é conduzida. Buscando elucidar esse processo que promove a evasão escolar, a questão sobre a qual este trabalho se debruçou foi a busca dos fatores que contribuem para a evasão escolar num ambiente onde a preocupação com o aprendizado dos alunos é prioritário. A escolha da unidade de ensino onde foi desenvolvido o estudo de caso obedeceu três motivos principais: identificar os fatores que contribuem para a evasão nessa escola; verificar se as taxas de evasão são representativas face ao número de alunos ali matriculados; levantar aspectos que possibilitem reduzir a evasão naquela entidade de ensino, uma vez que, todo o segmento engajado no movimento de uma educação que prepara o educando para exercer a cidadania acredita que: a participação da família contribui para a redução da evasão escolar; método de ensino voltado para a realidade do aluno contribui para a permanência dele na escola; currículo que viabilize uma formação técnica, a formação continuada de professores especificamente para EJA poderá auxiliar a frequência escolar. Todo esse contexto se faz necessário para uma tomada de direção para que o aluno da educação de jovens e adultos veja a educação que recebe como um suporte de grande qualidade que possa contribuir para um futuro melhor, baseado na formação de valores e ao preparo para o mundo do trabalho.  Espera-se que a compreensão dessa micro realidade possa servir de base ao desenvolvimento de novos estudos, contribuindo, assim, para a redução da evasão em todas as Unidades de Ensino do município de Itupiranga-PA. A preocupação com a evasão justifica-se, pois quaisquer que sejam os motivos, os alunos perdem a oportunidade de interagir com outras pessoas num ambiente letrado, deixando de construir o próprio conhecimento e impedidos de buscarem e adquirirem habilidades leitoras e escritoras, permanecendo, assim, sob a opressão da ignorância.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

            A evasão escolar não é um problema apenas daquela escola, pois de modo geral existe o problema das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos alunos da EJA que permeia o processo de escolarização, tornando-os reféns da ignorância, mantendo-os como analfabetos. Para Libâneo, citado por Gadotti (1994, p.12): A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem função de preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Para isso, os indivíduos precisam aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes, através do desenvolvimento da cultura individual (...). A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.

            Segundo Azevedo (2011, p.05), o problema da evasão e da repetência escolar no país tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelas redes do ensino público, pois as causas e consequências estão ligadas a muitos fatores como social, cultural, político e econômico, como também a escola onde professores têm contribuído a cada dia para o problema se agravar, diante de uma prática didática ultrapassada.

            De acordo com Oliveira (2012, p.05 apud Campos 2003), os motivos para o abandono escolar podem ser ilustrados a partir do momento em que o aluno deixa a escola para trabalhar; quando as condições de acesso e segurança são precárias; os horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a assumir; evadem por motivo de vaga, de falta de professor, da falta de material didático; e também abandonam a escola por considerarem que a formação que recebem não se dá de forma significativa para eles.

            Para Paulo Freire (1987, p.34): Os oprimidos, que introjetam a ‘sombra’ dos opressores e seguem suas pautas, temem a liberdade, na medida em que esta, implicando a expulsão desta sombra, exigiria deles que ‘preenchessem’ o ’vazio’ deixado pela expulsão com outro ‘conteúdo’ – o de sua autonomia. O de sua responsabilidade, sem o que não seriam livres.

            Campos (2003) estabelece a evasão escolar na EJA como um abandono por tempo determinado ou não. Diversas razões de ordem social e, principalmente, econômica concorrem para a evasão escolar dentro da EJA, transpondo a sala de aula e indo além dos muros da escola.

            Para os docentes, esta pesquisa foi relevante na medida em que abordou causas e consequências da evasão escolar, fornecendo uma melhor compreensão sobre o assunto, buscando sugestões que possam auxiliar, quando não possível na resolução, mas na tentativa de minimizar o problema.

            Nesse contexto, não existe fracasso escolar, mas sim, alunos que não conseguem aprender o que se quer que eles aprendam. Por esse motivo, ver-se um número tão elevado de evasão nas escolas.  Diante do exposto, percebe-se que o tema evasão escolar precisa ser analisado por meio de muitos debates que apontem diversas causas e possíveis soluções em diferentes vertentes.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Caracterização da pesquisa

            O presente estudo de caso busca descrever, registrar e analisar os dados coletados no decorrer da pesquisa de campo que tem como objetivo conseguir informações acerca de um problema para o qual se procura uma resposta. 

Para que a pesquisa ocorresse de forma satisfatória, utilizou-se como instrumento de coleta de dados para o presente estudo de caso, entrevista com a equipe gestora, informações cedida pela administração da escola, conversa informal com alunos, questionários, observações e análise de documentos arquivados na escola, como estatística de Rendimento final dos anos 2013 e 2014.

Para Cervo e Bevian (1996), a pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, dentre as quais os estudos exploratórios que não elaboram hipóteses a serem testadas, limitando-se a traçar objetivos, buscando informações sobre o assunto objeto de estudo.

Os questionários foram aplicados e realizados com alunos e alunas da referida escola, no turno da Noite, com turmas do 1ª, 2ª, 3ª e 4ª ETAPA modalidade EJA; a pesquisa foi realizada com 40 (quarenta) alunos. É importante ressaltar que a Escola Municipal de Ensino Fundamental Serafina Carvalho, tem uma resolução que habilita para a oferta de modalidade Regular do 1º ao 9º ANO e EJA do ensino Fundamental, e que no ano de 2013 o número de matriculados era de 868 alunos, e 2014 o número era de 738 distribuídos em 03 (três) turnos Manhã, Tarde e Noite.

3.2 Campo de Pesquisa

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Serafina Carvalho, está localizada na Av. Goiás nº 05 no Bairro Mutirão, na cidade de Itupiranga-PA. Essa Unidade Escolar no ano de 2013, funcionou com um número de 60 (sessenta) colaboradores e em 2014 com 63 entre Diretora, Vice-Diretora, Secretária, Orientadora, Coordenadora, Professores, Escriturários, Serventes e Vigias.

A escola dispõe de 10 salas de aula, 01 secretaria, 01 sala de direção com banheiro, 01 sala de coordenação com banheiro, 01 sala de orientação, 01 sala de professores com banheiro, 01 sala de leitura com banheiro, 01 cantina, 03 depósito (merenda, material didático Mais Educação, material de apoio de jardinagem e produtos de limpeza), 01 refeitório com capacidade para 80 crianças e 10 banheiros sendo 05 para masculino e 05 para feminino, contendo em cada espaço desses um adaptado para alunos portadores de deficiência; e anexo à esta escola 03 salas cedida pela igreja mediante acordo contratual com a prefeitura, nas quais funcionam os programas “Mais Educação e Segundo Tempo”.

A pesquisa para esse estudo de caso e a escolha dos alunos foi dirigida, uma vez que a Unidade de Ensino dispõem de arquivo de dados bem atualizado.   Diante das técnicas das coletas de dados, foi utilizado apenas o questionário preferencial, de forma que esse método busca avaliar a opinião de alguma condição ou circunstância que tem relação com a problemática da pesquisa. A pesquisa aconteceu no mês de Abril de 2015.  

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Evasão escolar é o abandono da escola antes da conclusão de uma série ou de um determinado nível em uma modalidade de ensino. A permanência dos alunos da EJA na escola é um dos grandes desafios da educação. A escola como determina a LDB, deve garantir a entrada e permanência dos alunos até que seus estudos estejam concluídos, no entanto, muitas são as causas da evasão escolar, e mais evidente ainda na modalidade da EJA. E não diferente disso, mediante resultados colhidos na pesquisa de caso realizada na Escola Municipal Serafina Carvalho com alunos da EJA constatou-se algumas causas que levam à evasão escolar, entre elas de instâncias político-social, motivacional e técnico administrativo pedagógico.

Em instância Político-social, pelo fato de não haver uma responsabilidade na construção de políticas públicas educacionais que priorize a qualidade do ensino na modalidade da EJA em sua totalidade e de igual forma a todos, de modo a suprir diversas expectativas.  

Em instâncias Motivacional e administrativa pedagógica, pela inexistência de propostas pedagógicas que diferencie da infantilização na alfabetização de jovens e adultos. É evidente que a qualidade da educação de jovens e adultos não depende da boa vontade de voluntários dentro da unidade escolar.

É necessária, a construção de políticas que priorizem de fato a qualidade desta modalidade de ensino. Que garantam a contratação de profissionais qualificados e que estes estejam motivados e formados especificamente para este fim. As qualidades do educador e dos métodos utilizados na educação de jovens e adultos influenciam muito na permanência ou não do aluno em sala de aula. Abordar temas pertinentes á realidade do aluno, fazer conexões entre as disciplinas e suas relações culturais, econômicas e sociais, é primordial para prender a atenção do aluno, pois torna o aprendizado mais atraente, despertando seu interesse, e fazendo com que descubra na educação um verdadeiro significado.

Vejamos quadro 01 com demonstrativo de estatística de 2013:

Turma

Nº alunos

Aprovados

Reprovados

Abandono

Transferência

% Abandono

1ª Etapa

23

09

01

13

00

56,52%

2ª Etapa

36

08

01

28

01

75,68%

3ª Etapa

80

27

07

47

02

58,75%

4ª Etapa

72

36

00

33

05

45.83%

Total

211

80

09

121

08

57,34%

Fonte: Arquivo de Estatística da Escola

Analisando o quadro 01 com demonstrativo de estatística de 2013, pode-se observar que o percentual do abandono escolar nas turmas da EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Serafina Carvalho foi bastante preocupante, uma vez que o número em todas as turmas apresenta elevado percentual de abandono. Vale ressaltar que nas duas primeiras Etapas da EJA (1ª e 2ª etapas) costuma ingressar alunos com o objetivo apenas de adquirir a capacidade de ler, escrever e compreender como funciona a estrutura da língua e o modo como é usada em nossa sociedade, como afirma COLLELO, 2004:27.

Já nas turmas de 3ª e 4ª etapas esse percentual continua elevado, mesmo sabendo que a expectativas desses alunos que se encontram nesse nível procuram a escola com o intuito de atender uma exigência de mercado de trabalho, mas que por fim acabam se evadindo da escola por achar que esta não atenderá respectivamente seus anseios profissionais.

A concepção simplificadora do processo de educação de adultos tende a ver o alfabetizando como alguém que não se desenvolveu culturalmente. Por isso, desenvolve a prática orientada apenas para o lógico o ensino, utilizando, muitas vezes, os mesmos procedimentos didáticos inadequados, empregados também para ensinar as crianças. Essa forma de ver a questão parece a alfabetização de adultos como uma ‘retomada de crescimento mental de um ser humana que estacionou na fase infantil’ (PINTO, 1994). Ela não considera o conhecimento prévio do alfabetizando, os saberes adquiridos através de sua história de vida, e ignora que o desenvolvimento e a aprendizagem acontecem na interação social, que não cessa pelo fato de o individuo permanecer analfabeto.

Vejamos quadro 02 com demonstrativo de estatística de 2014:

Turma

Nº alunos

Aprovados

Reprovados

Abandono

Transferência

% Abandono

1ª Etapa

11

02

00

09

00

81,82%

2ª Etapa

23

07

03

13

00

56,52%

3ª Etapa

53

16

04

13

06

24,52%

4ª Etapa

50

30

01

17

05

34,00%

Total

137

55

08

52

11

37,95

Fonte: Arquivo de Estatística da Escola

            Conforme mostra o quadro 02, o número de evasão escolar em 2014 continua bastante elevado, onde pelo demonstrativo o percentual mais elevado continua sendo nas duas primeiras etapas (1ª e 2ª). Em comparação ao ano 2013, o percentual total de evasão em 2014 diminuiu em torno de 19,39%, mas ainda sim o problema persiste de forma preocupante, pois de acordo com relatos numa conversa formal com a equipe pedagógica da escola Serafina Carvalho muitas ações pedagógicas voltadas para dinamizar a prática docente e envolver ainda mais o alunado da EJA foram realizadas, e  mesmo assim não foi possível assegurar a permanência desses na escola. É fato que, muitos são os fatores extraescolares que contribuíram para a desistência desses alunos como: falta de interesse do aluno, situação de risco no percurso que fazem até a escola, trabalho para manter o sustento próprio e da família, falta de incentivo, migração para outro município à procura de oportunidade de trabalho, falta de uma relação interpessoal saudável dentro da escola, reprovação escolar, gravidez (filho), casamento.

            No entanto, subtende-se que todos esses motivos vêm evidenciando ainda mais a evasão escolar como uma importante expressão da questão social, pois a interrupção do aluno na sua trajetória escolar gera uma série de prejuízos tanto para sociedade civil como para si mesmo, pois se tornará um trabalhador sem qualificação, mal remunerado e sempre a mercê do desemprego. A análise dos dados fornecidos pelo IBGE/Pnad (2001), pela Síntese de Indicadores Sociais/2002 e pelo Inaf (2005) permite constatar que a desigualdade em que se encontram os cidadãos brasileiros tem sido determinada, principalmente, pela renda, pela cor, pelo trabalho, e pela educação.

            Dessa forma, o IBGE (2002) também destaca que, nos últimos anos, a crise do desemprego que perpassa a sociedade e atinge mais fortemente a força de trabalho jovem, reforça a necessidade de qualificação (educação) em busca de colocação no mercado de trabalho.

            Esforços pontuais dos sistemas de ensino serão necessários para que a ampliação do acesso e permanência desses alunos na EJA se concretize também na qualificação da aprendizagem, pois enquanto o Ensino Fundamental está se universalizando, sujeitos com menos recursos vão à escola, enfrentando desafios para aprender, por conta tanto de condições de vida mais precárias como a convivência de um ambiente educativo mais empobrecido.  

4.1 Resultados do Questionário Investigativo

Este tópico apresenta a análise e discussão das respostas fornecidas ao questionário, no qual procurou identificar alguns aspectos relevantes que contribuem para a permanência dos educandos na escola, na modalidade EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Serafina Carvalho.

01) Você gosta de estudar nesta escola? (   ) Sim   (    )  Não

            Dos quarenta (40) alunos questionados 100% afirmam que gostam de estudar na Escola M.E.F. Serafina Carvalho.

            De forma unânime, todos os alunos entrevistados mostraram gostar de estudar nessa unidade de ensino o que prova que a escola é um espaço acolhedor.   

02) Se surgisse outra opção você trocaria de Escola?  (   ) Sim   (   )  Não

            Neste questionamento 85% dos alunos entrevistados responderam que não trocariam de escola, pois acham muito cômodo estudar em uma escola próximo de sua casa; e desses quarenta(40) alunos apenas 15% responderam que sim, haja visto esses morarem em bairros mais distantes e por se encontrarem em situação de risco.

03) Você está satisfeito (a) com a metodologia dos professores? (   ) Sim   (    )  Não

            85% dos entrevistados afirmaram gostar da metodologia adotada pelos professores dessa escola, e somente 15% disseram não gostar da metodologia dos professores. Com isso, é válido afirmar que a metodologia adotada por esses professores da EJA torna suas aulas atrativas o que talvez não seria um agravante contribuinte para a evasão escolar.

04) Caso surgisse uma oportunidade de trabalho você deixaria de estudar?(   )Sim (   )  Não

            Nessa pergunta 20% dos entrevistados deixariam de estudar caso surgisse uma oportunidade de trabalho; e 77,5% não deixariam de estudar se houvesse uma oportunidade de trabalho e 2,5% não quiseram opinar. Diante disso o que se constata é uma grande preocupação em torno dos estudos. Porém, esse percentual de 77,5% apresenta-se elevado em contradição com o grande índice de evasão, pelo fato da necessidade desses educando almejarem oportunidades de trabalho melhor, no entanto com ressalva, o possível trabalho terá que conciliar com os estudos e outras prioridades.  

05) Você está satisfeito (a) com a Direção Escolar? (   ) Sim   (   )  Não

            Dos quarenta (40) alunos entrevistados 92,5% afirmaram está satisfeito com a Direção Escolar; 5% não quiseram opinar e apenas 2,5% disse não está satisfeito com a Direção Escolar.

            Esse quesito levantou boas expectativas por parte da gestão que relatou vir atuando de forma dentro de uma proposta dinâmica e criativa, com o intuito de melhorar o atendimento ao alunado e primordialmente a qualidade do ensino.

06) De quem você recebe o maior incentivo para os estudos?   

 (   )Da família (    ) dos amigos    (    )da escola  (    ) de ninguém

            Ao serem questionados a respeito de quem recebem maior incentivo para os estudos, 2,5% afirmam receber incentivo dos amigos; 12,5% disseram receber esse incentivo da escola; 22,5% de ninguém e 62,5% dos quarenta alunos interrogados afirmaram que esse incentivo que recebem para os estudos vem da família.

            Quanto ao incentivo para os estudos, ainda é pertinente evidenciar a participação da família como fator principal no suporte de garantia desse direito, uma vez que o aluno tendo esse incentivo dentro do contexto familiar fica mais fácil conciliar os estudos com outras necessidades sociais.

07) As causas da evasão nesta escola são dos? (   ) Alunos  (    ) Pais     (   ) Professores    (   )  Direção    (   )  Infraestrutura  

            Dos alunos pesquisados, 70% constatam que as causas da evasão escolar nessa unidade de ensino acontecem por contribuição direta dos alunos; 7,5% dizem ser culpa dos professores; 7,5% da direção; 2,5% da falta de infraestrutura escolar interna; 12,5% não opinaram e por fim não atribuíram essa culpa aos pais/responsáveis.

            Nesses termos, o que se contatou foi que o maior percentual de atribuição às causas da evasão escolar tem sido por parte dos alunos, que com idade de decisão própria acabam por decidir suas prioridades como falta de interesse do aluno, situação de risco no percurso que fazem até a escola, trabalho para manter o sustento próprio e da família, falta de incentivo, migração para outro município à procura de oportunidade de trabalho, falta de uma relação interpessoal saudável dentro da escola, reprovação escolar, gravidez (filho) e casamento.

08) Ao vir para a escola você se sente em situação de risco?   (   )sim   (    )não

            Nesse questionamento, 67,5% dos alunos entrevistados atestam se encontrarem em situação de risco no percurso para a escola; e 32,5% dizem não se sentir nessa situação.

            Para tanto, cabe ressaltar que esse percentual confirma e dialoga com os registros encontrados na escolar por parte da direção que vem acompanhando com frequência os relatos de assaltos à mão armada, ameaça de estupro, investidas contra grupos de alunas e ainda ameaças de violências por parte de grupos organizados fora da escola. Já esses 32,5% dos alunos que disseram não passar por essas situações, é justificado por morarem muito próximos da escola e na sua maioria no retorno são acompanhados por um familiar. 

09) Como você avalia a relação interpessoal dentro da escola?          

 (   ) Excelente   (   )  Boa   (   ) Ruim    (   )  Regular

            Na avaliação da relação interpessoal dentro da escola, 47,5% dizem ser boa; 20% excelente; 20% regular; 10% ruim e 2,5% nenhuma das anteriores.

Dentro desse levantamento, constatou que a relação interpessoal não se torna algo relevante que venha contribuir negativamente para a evasão escolar já que as opções Bom e Excelentes se destacaram com êxito para uma convivência harmoniosa o que é importante dentro desse cenário educativo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Levantadas algumas causas e fatores que contribuem direta e indiretamente para a evasão escolar na Unidade de Ensino Municipal Serafina carvalho, convém sugerir algumas ações e medidas que possam amenizar o abandono escolar. Dentro desse cenário, vale lembrar que a educação de jovens e adultos apresentando-se ao final da década de 90, e até o presente momento não se reinventou ou se reformulou outros procedimentos metodológicos, pois ainda apresenta as mesmas adotadas nas décadas anteriores e o mais preocupante a mesma metodologia de ensino aprendizagem das séries iniciais.

Desse modo, por considerar a EJA uma educação possível é que pode-se pautar suas possíveis  medidas e ações ao combate à evasão escolar com: implantação de políticas integradas para a EJA, com valorização e formação continuada do professor dessa modalidade;  As escolas devem elaborar um projeto adequado para seus próprios alunos e não seguir modelos prontos, com o uso de variadas linguagens que devem incorporar atividades relacionadas à arte e a cultura, com utilização de linguagens alternativas como música, o cordel, o teatro, facilita o aprendizado, principalmente de estudantes mais velhos, que geralmente têm mais proximidade com a cultura popular; Os professores juntamente com a equipe pedagógica devem estar sempre atualizando seus conhecimentos e métodos de ensino voltados a essa modalidade na perspectiva de reorganizar o tempo que é elaborar um cronograma de aulas ajustado à disponibilidade dos alunos, pois organizando os dias e horários das disciplinas segundo as necessidades da turma garante o atendimento continuo  e a reposição de aulas; Currículo contextualizado que dê mais significado à aprendizagem; Articulação com empresas, com o intuito de estabelecer parceria com a finalidades de facilitar o acesso dos alunos à escola e evitar atrasos; Atendimento aos filhos, com infraestrutura para receber e acolher os filhos dos alunos; Oferecer um plano de estudos personalizados segundo as possibilidades, ou seja , atendimento individual; Acolhimento e merenda, determinam a permanência desses alunos na escola, pois muitos que vão diretamente do trabalho para a escola reclamam da falta da merenda.

A partir dessas conclusões, todas elas só poderão ser viabilizadas quando houver um maior interesse por parte das autoridades políticas elitizadas bem como pela sociedade que busca um país não alienado. Não basta querer fazer uma pátria educadora com perspectivas de grande desenvolvimento com os mesmos métodos centenários. Essa problemática da evasão escolar na EJA é um reflexo também de que a escola não está evoluindo; Temos agora alunos diferenciados que nessa modalidade não querem apenas aprender ler e escrever, mas querem oportunidades de se interagir e se integrar com o meio em que vive de forma ter o seu lugar ao sol garantido, através de suas habilidades adquiridas no contexto escolar.  

6. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Francisca Vera Martins de. Causas e consequências da evasão escolar no ensino de jovens e adultos na escola municipal “Expedito Alves”. Disponível em: http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 11/10/2011.

CAMPOS, E, L, F.; Oliveira D. A. Infrequência dos alunos trabalhadores, em processo de alfabetização na Universidade Federal de Minas Gerais 2003.

COLLELO, S.M.G. ( 2007). A escola que (não) ensina a escrever. São Paulo: Paz e Terra.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 168 p.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 26 ed. Rio de Janeiro- RJ: Paz e Terra, 1997..

GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico brasileiro. 5ª. Ed. São Paulo: Ática,1994. 173 p. LÈVY, Pierre. A emergência do cyber space e as mutações culturais.

GESTOR, SECRETARIA DA ESCOLA M.E.F. Serafina Carvalho, Itupiranga-Pa, dados de referências Ano - 2013.

MENESES, José Décio. A Problemática da Evasão Escolar e as Dificuldades da Escolarização. Disponível em: http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a- problematica-da-evasao-escolar...da-escolarizacao-2761092.html.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (2001). Geografia da educação brasileira. Brasília: Inep.

OLIVEIRA, Paula Cristina Silva de. “Evasão” escolar de alunos trabalhadores na EJA. Disponível em: http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos...pdf.

PINTO, A.V. (1994). Sete lições sobre educação de adultos. 9. Ed. São Paulo: Cortez.

SCHWARTZ, Suzana. Alfabetização de jovens e adultos: teoria e prática – 2.ed. – Petrópolis, Rj: Vozes, 2012

Secretaria Municipal da Educação de Itupiranga – SEMED (2015).

APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

 

ARTIGO: EVASÃO ESCOLAR

QUESTIONARIO PARA ARTIGO CIENTÍFICO

01) Você gosta de estudar nesta escola?

(   ) Sim   (    )  Não

02) Se surgisse outra opção você trocaria de Escola?     

  (   ) Sim   (   )  Não

03) Você está satisfeito (a) com a metodologia dos professores?

 (   ) Sim   (    )  Não

04) Caso surgisse uma oportunidade de trabalho você deixaria de estudar?

(   ) Sim    (   )  Não

05) Você está satisfeito (a) com a Direção Escolar?       

  (   ) Sim   (   )  Não

06) De quem você recebe o maior incentivo para os estudos?            

 (   )Da família (    ) dos amigos    (    )da escola  (    ) de ninguém

07) As causas da evasão nesta escola são dos?

 (   ) Alunos  (    ) Pais     (   ) Professores    (   )  Direção    (   )  Infraestrutura  

08) Ao vir para a escola você se sente em situação de risco? 

  (    )sim   (    )não

09) Como você avalia a relação interpessoal dentro da escola?          

 (   ) Excelente   (   )  Boa   (   ) Ruim    (   )  Regular

Turno:______________________

Turma:_____________________ Idade:_____________________