Henrique Guilherme Guimarães Viana

A vida na sociedade, a educação e a (trans) formação da cultura brasileira compõe, como dissemos anteriormente no artigo “Breve Panorama da Literatura Romântica no Brasil”, um mosaico de diversidades dos povos e etnias que aqui se encontravam ou para cá vieram. Mas, interfaceando Período Colonial, Período Imperial e a transição deste para o século XX, período republicano, podemos observar a importância da arte em todos os séculos, em nossa vida e de toda sociedade.

Assim, Ferreira Gullar (2010) nos fundamenta quando “diz”: “ A arte existe porque a vida não basta”.

A partir dessa pequena oração podemos entender que convivemos com a arte todos os dias, em todos os momentos e lugares e não nos damos conta da importância dessa visualidade, desde a arte rupestre à contemporaneidade.

 A arte rupestre (pinturas) realizadas em paredes de cavernas, mais antigas do Brasil foram encontradas na Serra da Capivara, no estado do Piauí. Na época entre 5000 a.C e 1100, povos da Amazônia fabricaram objetos de enfeites e de cerâmica destacam-se os vasos de cerâmica da ilha de Marajó e do rio Tapajós. A arte plumária (com penas de pássaros) feitas por indígenas e a pintura corporal, usando tintas derivadas da natureza, representam importantes exemplos da arte indígena.

Já no período compreendido entre os séculos XV e XVI, início da colonização e junto com os portugueses, chegam ao país influências artísticas renascentistas e do começo da fase barroca. Na época em que os holandeses invadiram o nordeste brasileiro e lá permaneceram (de1630 a 1654), muitos artistas retratam a paisagem, os índios, os animais, a fauna e a flora e o cotidiano do Nordeste.

Na época do governo de Mauricio de Nassau, chegam ao Brasil muitos pintores, entre eles o paisagista Frans Post. Este artista holandês usa técnicas de luz e cor típicas da pintura holandesa e retrata desta forma os cenários do nordeste do Brasil, no século XVII.

A partir dos séculos XVI ao XIX, surgem os movimentos, escolas ou estilos Barroco e Rococó, período que se destaca as esculturas e decoração de igrejas com características religiosas. Destacam-se neste período os seguintes artistas:  frei Agostinho da Piedade, Agostinho de Jesus, Domingos da Conceição da Silva e frei Agostinho do Pilar.
No auge do século do ouro, as igrejas são decoradas para mostrar o poder da Igreja. A utilização de curvas e espirais prevalecem nas obras deste período. Os artistas utilizam muito matérias-primas típicas do Brasil, tais como: pedra-sabão e madeira. O artista que mais se destacou nesta época foi Francisco Antonio Lisboa (Aleijadinho). 

A ARTE NO SÉCULO XIX

Em meados do século XIX a produção plástica da arte brasileira possui pouco destaque, com exceção do trabalho de Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde no Barroco mineiro. Podemos citar ainda a produção de artistas estrangeiros que durante o período colonial estiveram no país registrando as paisagens e hábitos locais, como Albert Eckhout.

D. João VI ao chegar ao Brasil em 1808 efetuou mudanças no cenário cultural da colônia. Em 1816, trouxe para o Brasil, pintores, arquitetos, desenhistas e escultores comprometidos com o ideal do neoclassicismo. Destacavam-se na Missão Artística Francesa: Nicolas-Antoine Taunay, Félix-Émile Taunay, Jean-Baptiste Debret. Auguste Taunay e Joaquim Le Breton (chefe da missão). Estes artistas buscaram retratar o cotidiano da colônia de uma forma romântica, idealizando a figura do índio e ressaltando o nacionalismo e as paisagens naturais.

CONCLUSÃO

Portanto, ao tecer considerações finais sobre o presente artigo, este estudo procurou sintetizar as transformações sociais, educacionais e artístico-culturais no século XIX. Constatou ainda que a política, o cientificismo, o patriarcalismo, os fenômenos sociais e naturais bem como as reformas no campo educacional contribuíram, mesmo que de forma tardia para uma vida social e cultural melhor.

Assim, é através da literatura, das artes visuais e das tessituras das notas  acima apresentados, mesmo como considerações/notas  introdutórias sobre as transformações ocorridas no Brasil do século XIX que este autor  insere, sua pesquisa, para estudar, escrever e pesquisar artes visuais será indispensável não interfacear com outras áreas do conhecimento ou seja, a cultura, a política e a educação de uma determinada sociedade.

REFERÊNCIAS

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1. Mestre em Humanidades, Culturas e Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Ciências Humanas da UIniversidade do Grande Rio - UNIGRANRIO - Campus I - Duque de Caxias - RJ