Autora: Ludmila Pereira de Almeida
FICHAMENTO
COUTO, H.H. As advinhas crioulo-guineenses: uma perspectiva ecocrítica. Revista Planalto, Literatura, nº2, Brasília, 2003.
IDEIAS BASICAS: Sendo a ecocrítica como também uma relação de cultura e meio ambiente natural, Couto analisa as advinhas no crioulo-guineense, resultado do contato entre línguas do português local e línguas africanas, e são faladas por pessoas de classe baixa que vivem na periferia. As advinhas faladas por esse povo, são narrativas orais que envolvem palavras que retratam o cotidiano, como por exemplo, a palavra ‘fome’, que repete várias vezes nas advinhas analisadas no texto, isso acontece porque a alimentação é uma preocupação já que não se tem condições, tanto naturais quanto econômicas, de garantirem para o próximo dia. Assim, podemos perceber que a relação com o meio em que estão, influencia nas escolhas de enunciados que representam e fazem parte do dia a dia, das necessidades e da cultura dos crioulo-guineenses.
P.81- “Por abordagem ecológica, ou ecocrítica, entende-se, para uma primeira aproximação, o estudo do “papel que o meio ambiente natural exerce sobre a imaginação de uma comunidade cultural, em determinado momento histórico especifico (Heise 1997).”
P.82- “De acordo com a autora (Glotfelty), que é uma das representantes mais proeminentes dessa orientação, “toda critica ecológica compartilha a premissa fundamental de que a cultura humana esta ligada ao mundo físico, afetando-o e sendo afetada por ele”. Ainda de acordo com essa autora, “a ecocrítica tem como objetivo as interconexões entre natureza e cultura, especialmente os artefatos culturais língua e literatura”.
P.84- “O motivo para essa variação de forma é que as advinhas são dinâmicas, podemos ser enriquecidas por quem lança o desafio ao interlocutor [...] em que ele e o interlocutor se encontram.”
P.86- “Em (1) e (2) já se pode ver um dos temas mais recorrentes na literatura oral guineense e, consequentemente, nas advinhas, o ato de comer. [...] Portanto na ecologia guineense, o ato de comer é um dos mais salientes. As pessoas geralmente estão no limite da sobrevivência.”
P.88- “O que tudo isso mostra é que, no contexto de uma visão ecológica, ecocrítica, do mundo não é muito apropriado partir-se da linguagem e buscar na realidade aquilo a que ela se refere. [...] Os verbos vem em segundo lugar, em termos estatísticos, uma vez que neles se projetam as relações que se dão entre os seres/organismos.”
P.91- “É importante observar que a base de tudo é a terra, no sentido de globo terrestre, como ecossistema maior, visão comtemplada pela advinha (8).[...] Ela rechaça também o etnocentrismo, o androcentrismo e–ismos semelhantes.”