Teoria do Conhecimento. 

Perguntas fundamentais.

O que é o conhecimento?  É possível o conhecimento? Qual é o fundamento do conhecimento?

Essas questões são vistas na disciplina de  filosofia, que recebem diversos denominações: Teoria do  Conhecimento, Gnosiologia, Crítica do Conhecimento ou Epistemologia. É necessário entender o significado etimológico de cada determinação, o estudo dos conceitos.

Vamos tentar entender o significado da Teoria do Conhecimento, estudar suas origens, seus fundamentos, e como se evolui no tempo histórico, aplicação as ciências de modo particular a filosofia.  Entretanto, apenas na época moderna a Teoria do Conhecimento passa ter muito sentido para as ciências em geral.

A Teoria do Conhecimento é uma disciplina de fundamental importância para filosofia, então o que é o conhecimento,  é importante a relação básica epistemológica   entre dois elementos, de um lado, o sujeito, de outro, o objeto, a relação de ambos no processo de conhecimento. Em que momento da análise existe ou não existe uma imposição de um  dos lados, em relação ao outro.

O sujeito é a ação conhecedora, sempre foi dessa forma, mesmo que o método não seja apenas idealista, mas também materialista dialético. O  objeto a relação conhecida,  aquilo que se deve estudar ou refletir, que pode também ser observado.

Nessa  perspectiva  o sujeito consiste em apreender o objeto, essa relação dá se o nome de conhecimento, o que não é fácil na realidade prática, isso porque a ação didática dentro do processo de aprendizagem parece estar tão somente sendo desenvolvida pelo sujeito.  O objeto, uma ação sem sujeito, evidentemente essa a crítica ao racionalismo puro, efeito elaborado criticado  por Kant.

O simples esforço no ato de conhecer exige a presença do sujeito conhecedor e do objeto em conhecimento. Esse esforço depende tão somente da doutrina filosófica em questão.

 Dá se maior ou menor relevância ao sujeito  ou ao objeto, existe uma certa ilusão na formulação desse mecanismo, porque em ultima instancia pode conhecer tão somente o sujeito,  o objeto é uma manifestação sem consciência, fato da mesma pertencer apenas ao individuo formulador da razão, sendo que a mesma em sua essência jamais poderá encontrar-se no objeto.  

 Quando a maior importância é dada ao sujeito, recebe se nesse caso, a denominação especifica, determina-se de idealismo, na outra relação  o objeto  especifica-se de realismo.

 Mas o próprio conceito de idealismo no seu ideário de síntese entende se na perspectiva de Hegel, como se o sujeito explicasse o mundo real, ou seja, a materialidade  pela projeção do mecanismo de síntese, a análise transforma se nesse mecanismo.

Não se nega em nenhum momento o mecanismo do acúmulo de síntese,  isso é necessário em qualquer epistemologia, a abstração não significa em nenhum momento a idealidade da razão como desejam os conservadores , nem a materialidade ao seu contrário, trata se de uma enorme dificuldade a elaboração do conhecimento realmente crítico.

O que é a verdade, pergunta difícil, pois implica em conhecimento, para Platão e Aristóteles, o conceito da verdade apenas corresponde de forma simples, a exata correspondência de um enunciado  com a realidade, da  chamada coisa em referência ao enunciado.

 Mas  isso não significa absolutamente nada, uma vez que as chamadas premissas necessárias as lógicas construídas podem ser apenas uma justaposição formal, com efeito, uma falsa correspondência.

Aristóteles dá a seguinte classificação a respeito do conhecimento e faz sua classificação em referencia.

O estado puro da ignorância, a mais absoluta ausência do conhecimento,  a pessoa simplesmente desconhece, essa é uma teoria falha a principio, porque todo conhecimento é proporcional a certo desenvolvimento da inteligência construída, o sujeito sabe pelo menos em parte, não existe com efeito a absoluta ignorância.

 A dúvida, quando o sujeito que conhece, acha que o conhecimento é apenas possível, mas tem dúvida, não tem absoluta certeza.

 Nenhum conhecimento é feito de certeza, as únicas certezas que temos são de coisas totalmente absolutas, exemplo tal homem, está morto, ou vivo, as proposições se constroem numa perspectiva histórica de proximidades.

 A duvida e a certeza tem de certo modo o mesmo peso na construção do conhecimento, motivo pelo qual não tem sentido fazer referência a respeito da dúvida. 

Opinião: o sujeito julga possível um conhecimento provável, acha possível conhecer, mas tem medo de se enganar, nesse caso o conhecimento pode ser apenas provável.

 Isso  é evidente o conhecimento  tão somente provável, por isso que a certeza do saber atende apenas em determinados tempos históricos, a refutação permanente, dada as necessárias mudanças dos paradigmas.

A Certeza: O estado em que sujeito tem plena certeza, a consciência a plena firmeza do conhecimento do objeto, o conhecimento surge como algo puramente evidente. Isso só acontece no cogito cartesiano, o que não é possível na realidade prática,  um  exagero aristotélico.

A velha questão a respeito da verdade, adequação do pensamento  ao objeto, adequatio rerum et intellectus. Essa proposição não é clara,  o que é o pensamento e qual é a realidade.

Na verdade gera grandes dificuldades não é possível chegar à objetividade. O objeto não é perceptível totalmente ao sujeito, sendo que o mesmo existe apenas na história do desenvolvimento de síntese desencadeada na razão moderna.

Verdade como fenômeno da revelação, ou seja, critérios divinos ou metafísicos, aquilo que Deus revela ao homem, nesse caso apenas uma perspectiva de fé, reduz se meramente a um sistema de crença, nesse sentido não poderá ter nenhuma finalidade epistemológica.  

Verdade empírica, aquela que é compreendida apenas pelo campo da experiência a verificação empírica no campo especifico da observação, o fato divido em parte, comprovado suas reações ao campo do experimental, particularizado, portanto, nada de aspectos universais, mas é o campo do desenvolvimento moderno.

Verdade como critério de utilidade.

Os filósofos pragmáticos estabeleram profunda relação entre a verdade e sua relação de utilidade, em alguma área de interesse do desenvolvimento humano.

 A verdade é aquela que corresponde com conhecimentos uteis  capazes de ajudar ao homem o seu domínio a respeito a natureza. Colaborar para ajuda mútua a humanidade,  tudo o que for bom para o homem é verdadeiro.

Verdade como Êxito, ideia desenvolvida por Nicola Abbagnano, é compreendida como qualidade por meio da qual o conhecimento revela sua eficácia, quando se consegue êxito.

Tudo que obtém sucesso é necessariamente verdadeiro, o caminho do que é falso relaciona e determina-se pelo fracasso. 

 A grande pergunta é possível o Conhecimento?

O  homem é capaz de chegar a verdade, essa é a grande pergunta. Qual é a possibilidade do conhecimento Humano, o sujeito é capaz  realmente de entender  o objeto, quais são as possibilidades do conhecimento.

Em  resposta essa questão existem duas  correntes  básicas e ao mesmo tempo antagônicas em relação aos fundamentos da filosofia, temos que entender essas correntes epistemológicas  e os seus significados.

A primeira delas trata se do ceticismo, que defende a impossibilidade de conhecer a verdade, descarta totalmente a possibilidade de a razão chegar ao conhecimento. A outra corrente trata-se do dogmatismo  gnosiológico, que defende a possibilidade total do conhecimento.

Ceticismo.

Costuma-se ser dividido em duas correntes básicas: a negação total do conhecimento denomina-se ceticismo absoluto, se a negação for parcial, denomina-se de ceticismo relativo.

No ceticismo absoluto, consiste em negar de forma total a possibilidade de conhecer a verdade. Nessa acepção o homem não pode afirmar nada, do mesmo modo nada pode conhecer.  Uma profunda radicalidade nessas proposições, o que de certo modo já são desconfiáveis.

O filósofo grego Górgias, afirma categoricamente, nada pode afirmar,  isso  porque segundo ele o ser não existe, o que existe é apenas a ilusão a respeito do conceito, não podemos conhecer a realidade, do mesmo modo comunica-la. Ele foi considerado como o pai do ceticismo.

Já Pirro outro filósofo grego é considerado na filosofia como o fundador do ceticismo absoluto.  Ele afirmava ser impossível conhecer a verdade devido duas fontes principais de erro.

Os erros dos sentidos: Nossos conhecimentos são provenientes de nossos sentidos: Visão, audição, olfato, tato, paladar. Mas nossos sentidos  não são dignos de confiança, eles são falhos por natureza,  não  se tem como chegar a verdade, tudo que percebemos, só chegamos a verdade de forma muito parcialmente, se é que chegamos.

Os erros da Razão: As diferentes opiniões contradições e manifestações, em referencias as mesmas coisas,  os limites da inteligência, a superação constante dos paradigmas a respeito do conhecimento, a transitoriedade do próprio conhecimento.

 Por todos esses motivos podemos dizer que não é possível alcançar algum tipo de certeza. A posição  é muito radical, seria melhor entender a verdade numa perspectiva relativa e histórica, uma verdade no caminho constante de sua evolução e superação ao mesmo tempo.

O ceticismo absoluto, é muito radical inútil e profundamente contraditório, por negar toda possibilidade do conhecimento,  não leva a nada, nega a si mesmo, ao afirmar que nada é verdadeiro, pelo menos existe algo  de verdadeiro que é afirmação que nada é verdadeiro,  com efeito, completamente ilógico.

 Como então defender um ponto de vista completamente contraditório em sua lógica formal de ensaio epistemológico.

Ceticismo relativo: consiste numa posicionamento moderado, em relação ao ceticismo absoluto, em vez de negar radicalmente, nega apenas parcialmente, a capacidade de conhecer a verdade.  Entende se que a verdade é possível apenas parcialmente, mas não na sua totalidade, pelo menos esse posicionamento parece ser mais razoável.

Existem varias modalidades de ceticismos relativos, vamos analisar algumas dessas teorias, enumeramos as seguintes teorias:

Fenomenalismo: Acepção deriva se do fenômeno, que significa a pura manifestação de um determinado fato, um determinado objeto em estudo, manifestação em forma de aparência.

 O fenomenalismo defende a ideia que só podemos conhecer o fato pela manifestação da aparência o objeto é de certa forma na sua totalidade incognoscível ao sujeito, o que é interessante entender a impossibilidade em saber o que significa de fato a verdade.

Não podemos conhecer a natureza da essência das coisas, o fenômeno deriva-se das teorias, o conhecimento não consegue penetrar na coisa em si,  temos acesso apenas na coisa para nós. Conhecemos apenas a exteriorização das coisas, elaboradas pelo nosso saber. Kant explicita essa teorização de modo claro na sua obra o livro da Crítica da Razão pura.

Probabilismo: Defende a seguinte teoria, nosso conhecimento não consegue conhecer a certeza absoluta das coisas, o que podemos atingir apenas uma verdade provável, a probabilidade poderá ter  maior ou menor crédito, mas jamais a certeza absoluta dos fatos, é impossível ter certeza, tanto no campo da experiência como da razão.

Dogmatismo Gnosiológico.

Defende a possibilidade do conhecimento, nessa etimologia podemos distinguir duas possibilidades distintas.

Dogmatismo ingênuo:  Acredita totalmente na possibilidade do conhecimento não vê nenhum problema na relação entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido, tudo é muito simples, o sujeito percebe muito bem, o mundo de tal modo como ele é.

Dogmatismo crítico: Acredita na possibilidade do conhecimento, num esforço permanente  entre os sentidos e a inteligência. Por meio de um trabalho metódico racional e científico, o homem torna capaz de decifrar a realidade.

Dentro dessa corrente encontramos os pragmáticos que entende o conhecimento  como resultado de uma operação  de pesquisa e investigação  por meio da qual o homem busca  solucionar os problemas por meio dos seus enunciados.

Empirismo: Tem sua origem epistemológica no grego clássico que significa experiência sensorial, nossas percepções são resultadas mecanismos sensoriais, audição, visão, tato, paladar, olfato.  O velho paradigma nada vem à mente sem passar pelos sentidos.

Locke afirmava que nascemos sem nada no cérebro, então de onde vem tudo que temos em mente, o vasto conjunto de conhecimento que temos na mente.  A resposta é simples da experiência que resulta sempre dos dados sensoriais, todos os conhecimentos está fundamentado na experiência,  entra se na mente pela observação e vai formando por esforço de síntese desenvolvendo intelectualmente.  

Racionalismo Gnosiológico:  O conceito origina do latim ratio, que significa razão, o termo racionalismo tem muitas definições, o termo aqui usado deposita a mais  absoluta confiança na razão humana como mecanismo capaz de conhecer a verdade.

Os racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte inesgotável de erros e confusões a respeito da complexa realidade do mundo. Diante dessa realidade, somente a razão humana é capaz de usar os princípios lógicos e atingir o conhecimento verdadeiro aceito universalmente.

 Esses princípios lógicos são considerados inatos, por motivo de tudo isso, a razão deve ser considerada como a grande fonte do conhecimento.

Realismo crítico e materialismo dialético: O empirismo considera a experiência como fonte do conhecimento, do outro lado, o racionalismo a razão, a única fonte real do conhecimento.

Diante de situações opostas, existem outras posições filosóficas, como realismo crítico e o materialismo dialético. Para essas epistemologias tanto os sentidos como a razão humana tem participação determinante no mecanismo do conhecimento.

Para o realismo crítico, segundo seus teóricos,  o universo do conhecimento não é uma cópia do universo objetivo, mas uma construção realizada pela inteligência, a partir exatamente dos dados sensíveis correspondentes sob suas formas imateriais  as realidades da experiência.

O universo do conhecimento é, pois o universo real, apreendido pelo espírito, segundo o modo imaterial que lhe próprio, desse modo o nosso conhecimento tem origem sensíveis, e, de outra parte, o que a razão compõe, a partir desses  dados, surge o universo inteligível.

Para o materialismo dialético, o conhecimento humano desenvolve da experiência sensível a lógica racional, os sentidos devem ser analisados e organizados pela razão, as observações  sistemáticas dos sentidos por meio da prática podemos saber se são falsas ou verdadeiras.  A verdade antes de ser  teórica ela é pratica.

Edjar Dias de Vasconcelos.