Gean karla Dias Pimentel[1]

Jucelma Lima Pereira Fernandes[2]

Raquel Rocha Drews Valadares[3]

Sebastiana Félix da Cruz Freitas[4]

Valquíria Mendes Marques[5]

Valquíria Rodrigues Dias[6]

Fala-se muito atualmente sobre as diversas abordagens teóricas que ilustram o cenário escolar há muitas décadas. E tomando como ponto de partida essa variedade de opções teóricas declaradas e praticadas pelos professores/as, é que a autora Mizukami (19860, desenvolve um estudo direcionado às diversas abordagens que regem todo o processo de ensino-aprendizagem dentro das escolas. Com o objetivo de descobrir a multidimensionalidade do fenômeno educacional e as interpretações que a ele se recai a partir dos pressupostos provenientes de decorrências ou implicações específicas.

A primeira observação a ser feita é que, feita a análise sobre essas abordagens, Mizukami descobriu que as concepções teóricas valorizam e explicam mais alguns aspectos e desvalorizam outros, da mesma forma também é possível perceber que certas linhas teóricas são mais explícitas em alguns aspectos do que em outros.

É necessário frisar também que, existe uma possibilidade de juntar as diversas sugestões que explicam o fenômeno educacional, pelo menos em algumas das suas características, para esclarecimento e entendimento daquele fenômeno, de tal maneira que venha vencer os reducionismos oriundos das diversas abordagens. Dessa forma, na maioria das vezes a teoria assume papel limitado.

Logo, não existe nenhuma teoria que permanece a mesma por sua natureza, fins e prioridade diante das mudanças sociais, filosóficas e psicológicas, principalmente para o ser humano que avalia, utiliza e analisa-a de acordo com o mundo que o cerca.

Nota-se por outro lado, que as abordagens aqui referidas não organizam conjuntos fechados e nem ortodoxia, nem mesmo quando recorrem às idéias dos verdadeiros criadores das respectivas abordagens, porém, quando a fonte é secundária ou de seguidores dessas posições teóricas a originalidade é mais visível.

No entanto, apesar das abordagens apresentarem características organizadas ou elas são incompletas pelo fato de ainda estarem em estágios de elaboração ou reelaboração, ou dão origem a explicações passageiras que duram só algum tempo, já que não têm aspectos, validação empírica e nem se coloca frente a frente com o real.

Neste sentido, Mizukami acredita ser de suma importância lembrar que:

[...] as teorias não são as únicas fontes de resposta possíveis, completas e incorrigíveis, para as situações de ensino-aprendizagem. Elas são elaboradas para explicar, de forma sistemática, determinados fenômenos, e os dados do real é que irão fornecer o critério para a sua aceitação ou não, instalando-se, assim, um processo de discussão permanente entre teoria e prática. (MIZUKAMI, 1986, p. 107).

Mizukami continua afirmando que o professor deveria pelo menos tentar utilizar essas teorias para explicar o real ou fazer com que fosse apreendido, confirmado ou refutado diante da aproximação do fenômeno educacional. A autora vai mais além e faz críticas aos professores/as, pois não concorda que tudo aquilo que eles/as aprenderam durante a sua formação acadêmica, permaneçam externo a esses profissionais em relação a sua prática pedagógica e do seu posicionamento diante ao fenômeno educacional como se nada estivesse relacionado à sua ação pedagógica.

 Mizukami acredita que se o professores fizessem a articulação entre o seu saber acadêmico e o seu saber adquirido através da sua experiência pessoal, seu comportamento seria mais coerente dando dessa maneira um fim nas discussões questionadoras a respeito da teoria e da prática. Pois, essa desarticulação e a não utilização das linhas teóricas estudadas durante a sua formação docente, na sua ação pedagógica deixa a pensar “[...] que as teorias que constituem o ideário pedagógico permanecem externas ao professor. Não são incorporadas, discutidas, refletidas a ponto de serem vivenciadas”. (MIZUKAMI, 1986, p.107-108).

De acordo com Mizukami, essa provável desarticulação entre os saberes adquiridos pelos educadores na academia e na sua vida pessoal, nos mostra que é preciso repensar os cursos de formação de professores, dando maio ênfase nos conteúdos relacionados às disciplinas de cunho pedagógico, mais especificamente aquelas que são voltadas para a análise das abordagens referentes ao processo de ensino-aprendizagem, de tal forma que se torne possível articulá-las à ação pedagógica em suas diversas manifestações, facilitando assim uma maior compreensão do real.

Uma das soluções em que se pode pensar para supera tal problema é a da estruturação dos cursos de Licenciatura de forma a que teorias e práticas pedagógicas não fossem consideradas de forma dicotomizadas, mas sim que, a partir da prática, se pudesse refletir, discutir, analisar, questionar, criticar diferentes opções teóricas em confronto com esta mesma prática. [...] também poderia ser esta uma forma de evitar o problema da crítica pela crítica, desligada de uma prática pessoal experienciada em uma realidade definida e que sempre vem desacompanhada de propostas que objetivem minimizar os efeitos negativos apontados pelos próprios críticos. (MIZUKAMI, 1986, p.108).

Com muito mais razão, acredita-se que os cursos de formação de professores deveriam promover acareações entre as inúmeras abordagens seus desígnios e demandas, extremos, diferenças e convergência. Possibilitando dessa maneira que o futuro professor analise melhor a sua ação pedagógica, de seus questionamentos, desígnio e determinações, com intuito de conscientizá-lo a respeito da sua ação docente e desse modo poder interpretá-la e contextualizá-la e superá-la diariamente.

É por isso que, em vez de esperar do professor o domínio de várias abordagens, espera-se que faça ligações entre as mesmas e a sua prática pedagógica. Neste sentido, a prática pedagógica possivelmente assumirá o sentido de práxis, ou seja, de um exercício teórico – pratico que sucessivamente fornecerá elementos que facilitará o entendimento do discurso.

Por analogia, os dados analisados mostram que os professores são mais adeptos, as abordagens cognitivista e sócio-cultural, a abordagem humanista como uma terceira opção e em último caso escolhe a abordagem tradicional e comportamentalista. Lembrando que a visão tecnicista de educação não prevalece entre os educadores. Ressaltando que dentre todas as abordagens aqui estudadas a preferida dos professores é a:

Abordagem cognitivista apresentada neste trabalho (a piagetiana) e a preferida pelos professores, desde que o aluno se encontre em um ambiente que o solicite devidamente, e que tenha sido constatada a ausência de distúrbios biológicos ligados preponderantemente à atividade cerebral, ele terá condições de chegar ao estágio das operações formais. Não se justificam nem se legitimam, por esta abordagem, desigualdades baseadas nas potencialidades de cada um, tal como poderia decorrer dos princípios escolanovistas. Estaria neste detalhe, talvez de grande importância, já que o determinismo biológico age mais em função de determinar desenvolvimento, do que de determinar máximos de desenvolvimento para cada sujeito, a idéia que despertaria maior interesse para um trabalho realizado por um profissional com as idiossincrasias de um educador? (MIZUKAMI1986, p. 111).

Essa preferência, talvez esteja relacionada à sua capacidade em abordar tanto princípios liberalistas quanto dos escolanovistas e do ensino tradicional. Uma das possíveis ligações existente entre o cognitivismo e o escolanovismo, acredita-se que seria o destaque que ambos dão a participação ativa do aluno durante o processo de aprendizagem e de desenvolvimento, embora priorizando as características individuais de cada um.

Segundo Mizukami (1986) comenta: “o escolanovismo acentua a importância do aprender a aprender, o cognitivismo, o desenvolvimento de operações, o estabelecimento de relações, o ato de conhecimento envolvido no processo de ensino-aprendizagem [...]”. (p.111-112).

Outro aspecto a ser considerado e que poderia explicar essa grande aceitação da abordagem cognitivista pelos professores é a possível ligação existente em meio ao desenvolvimento intelectual e os ideais defendidos pelo ensino tradicional no discorrer dos séculos, teorias...

Pode-se concluir afirmando que entre o grupo estudado, percebe-se que o método tradicional de ensino é que predomina, “[...], pois na essência, o professor que sabe e que detém as informações transmite o conhecimento e as informações aos alunos que ainda não sabem”. (Mizukami, 1986, p.114). Dessa maneira o conhecimento, na maioria das vezes parte da autoridade ou do professor ou do livro-texto. Dificilmente o conhecimento é redescoberto ou reelaborado pelo educando, permanecendo assim desarticulado de suas necessidades e interesses.

Referência Bibliográfica

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos da educação e ensino)

[1] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[2] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[3] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[4] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[5] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[6] Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.