Artigo: Negociação e conflitos nos setores público e privado

Roberto Ramalho é jornalista, Relações Públicas, articulista de diversos sites, e blogueiro

A negociação coletiva é um tema de grande relevância para o Direito do Trabalho nacional, assim como para o cenário mundial, pois é partir dela que se obtém a solução de conflitos inerentes às relações laborais existentes entre o capital – representado pelas empresas e pelo governo de um lado, e o trabalho, representado pelos trabalhadores e servidores públicos do outro, possibilitando a restauração do equilíbrio entre as forças produtivas.

Nos países capitalistas avançados, a negociação coletiva de trabalho envolvendo governo e patrões na esfera de poder, e trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos, já ocupa lugar de destaque, sendo largamente utilizada, minimizando a sobrecarga do Poder Judiciário na solução das lides.

A tendência, principalmente entre patrões e empregados é cada vez mais, permitir que as próprias partes envolvidas encontrem a melhor solução para dirimir seus conflitos.

A Administração Pública nas esferas federal, estadual e municipal constitui um dos principais empregadores em nosso país.

Com a evolução das atividades do Estado, este passou a atuar em setores que anteriormente eram típicos da iniciativa privada, alterando-se a feição do funcionário público, identificando-se cada vez mais as necessidades do trabalhador do setor público com as do trabalhador do setor privado.

Defendendo a possibilidade de negociação coletiva no Setor Público, ele hoje se apresenta como um estudo sistematizado e uma alternativa, bem como em conexão com a realidade, enfocando as experiências nacionais em relação à negociação como um todo.

A negociação coletiva de trabalho no setor público evidencia a tendência nacional ao reconhecimento e a implementação definitiva deste moderno e eficiente meio de solução de litígios trabalhistas.

No atual momento também vem sendo utilizada a ferramenta da mediação como um processo pacífico de resolução de conflitos, em que uma terceira pessoa ou entidade, imparcial e independente, com a necessária capacitação, se propõe em facilitar o diálogo entre as partes para que melhor entendam seus conflitos, buscando cada qual seus interesses a fim de alcançar soluções criativas e possíveis.

Por este conceito, depreende-se que este método possui um dinamismo adequado à atualidade.

A possibilidade de visualização da dinâmica desse processo, ao aportar novos paradigmas na prevenção, gestão e resolução de conflitos da sociedade contemporânea, proporciona o resgate da complexidade das inter-relações modernas, procurando ampliar recursos para a capacitação e treinamento de mediadores independentes, institucionais, extrajudiciais e judiciais, como uma ferramenta para dirimir dúvidas sobre o processo da mediação, de uma forma objetiva, instrutiva e informativa.

O tema mediação é um método cooperativo de solução de conflitos interpessoais e organizacionais.

A filosofia da mediação funciona como um pano de fundo sobre o qual se descrevem os processos e mergulha-se em relevantes questões comportamentais e emocionais entre mediadores e mediandos.

Por ser um método estimulador, a mediação produz efeitos sobre o psiquismo das pessoas, os quais se refletem nos comportamentos de mediandos e mediador.

Nesse sentido, explora-se essa questão segundo uma visão sistêmica, e que será sempre pautada pela cuidadosa aderência à prática, por meio de referências a situações reais que ilustram os desenvolvimentos teóricos.

Em sua obra Método de Negociação, Editora Atlas, 1ª Edição, 206 páginas, Yann Duzert, professor da Fundação Getúlio Vargas afirma que todos os dias negociamos.

Segundo o autor, negociamos em família, na empresa, nas esferas pública e internacional.

Yann Duzert diz, também, que bem conduzida, a negociação é motivo de sucesso em projetos, reforça vínculos sociais, facilita a resolução de conflitos e tomada de decisão.

Negociar é, portanto, uma competência essencial. Mas nós não nascemos bons negociadores, nós nos tornamos, afirma ele.

Duzert propõe um Método de Negociação como uma filosofia, defendendo a teoria do ganha-ganha, um método que ajuda a estruturar a sequência de negociação para cumprir o essencial antes do evidente, ou seja, a de preparar os agentes antes de agir, ouvir antes de falar, criar valor antes de distribuir, e gerir emoções antes de lidar com a substância da negociação em si.

Fundamentado em teorias clássicas e contemporâneas, sua obra traz sua experiência de milhares de horas de formação e consultoria, e sua metodologia de trabalho proporciona que os agentes possam agir corretamente e no momento certo, reduzindo o risco de bloqueio ou de tensão, gerando, portanto, no seu final, a multiplicação das chances de sucesso na negociação.