Artigo – EUA preparam possível intervenção militar na Venezuela. Mas presença de tropas da Rússia, da China e de Cuba, intimidam. Potências estrangeiras ainda acreditam numa solução diplomática. Roberto Ramalho é jornalista e Colunista do Portal RP-Bahia.

Os presidentes dos EUA, Donald Trump e do Brasil, Jair Bolsonaro, se encontraram reservadamente no dia 19 de março em Washington, para tratar entre outros assuntos, a cooperação na área da defesa, Combate ao crime transnacional, políticas comerciais e uma provável aliança visando à invasão da Venezuela.

Após reunião com Donald Trump nessa terça-feira (19.03.2019), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que Brasil e Estados Unidos "farão o possível" contra a ditadura de Nicolás Maduro e não descartou ceder o território brasileiro para uma possível intervenção militar norte-americana na Venezuela.

Bolsonaro não detalhou ações tomadas em conjunto ("tem certas questões que se você divulgar deixam de ser estratégicas", afirmou) e deu resposta evasiva ao ser questionado por um jornalista se permitiria uma "base militar estadunidense ou pessoal do Brasil para dar apoio na Venezuela".

"Essas questões reservadas, que podem ser discutidas, se já não foram, não poderão se tornar públicas", afirmou Bolsonaro ao lado de Trump, na frente da Casa Branca.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela para destituir o presidente Nicolás Maduro. Ele disse considerar o Brasil um parceiro estratégico para o restabelecimento da democracia no país sul-americano e que nenhuma hipótese está descartada.

“Eu sei exatamente o que quero que aconteça na Venezuela. Nós temos opções diferentes sobre a Venezuela, vamos conversar sobre elas. Todas as opções estão sobre a mesa. É uma vergonha o que está acontecendo na Venezuela, toda a crise e fome, vamos falar sobre isso em profundidade”, declarou o presidente Trump ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Salão Oval da Casa Branca.

Embora a Venezuela venha sofrendo um embargo comercial fortíssimo de Washington e de bloqueio de ativos financeiros do governo desse país, e Os EUA definam que já tenha havido progresso com a autodeclaração de um governo de oposição, presidido por Juan Guaidó, e o reconhecimento expresso de pelo menos 50 países, mesmo assim preparam a saída imediata de Nicolás Maduro do poder, por meio de uma invasão, tendo como aliados a Colômbia e o Brasil, que ajudariam com deslocamento de tropas por via terrestre e marítima, cabendo ao governo americano usar bombardeiros e atacar as principais bases militares da Venezuela.

Rússia e China já sabem que existe essa possibilidade real e estarão preparando as tropas militares da Venezuela para o confronto iminente. Além das Forças Armadas venezuelanas, ainda existem os paramilitares conhecidos por milicianos.

A Força aérea da Venezuela é composta por 24 modernos caças Sukhoi-36, de última geração, assim como de outras aeronaves. O Exército conta com modernos sistemas de mísseis terra-terra SS-300, e mísseis que são atirados pelo ombro de um militar, denominado IGLA, que o Brasil também possui alguns exemplares. É inegável e indiscutível que a Venezuela precisa de ajuda humanitária, mas outros países, como o Haiti, também precisam. 

É preciso mencionar – e tropas do Brasil estiveram por lá representando a ONU -, que na América Latina há países em grave crise humanitária. É o exemplo claro do Haiti que vive crise e necessidades mais urgentes.

Países da África precisam ainda mais de ajuda. E para ajudar, existem leis internacionais que organizam esse tipo de apoio. É preciso deixar bem claro e estar atento para não cair em nenhum dos lados da guerra de propaganda dos envolvidos na crise venezuelana.

Na verdade o que Os Estados Unidos querem ao invadir e colocar um presidente fantoche na Venezuela – Juan Guaidó - é o Petróleo e demais riquezas que esse país detém.

Bolsonaro provavelmente queira entrar nessa aventura para agradar o grande irmão americano, que nunca se preocupou com nosso país. Há muito tempo que o Brasil almeja fazer parte do novo Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 países, e Os EUA não deram apoio e praticamente não darão. O único fato importante da visita foi a cessão da base de Alcântara para Os EUA poderem usá-la para lançamento de satélites e de foguetes. Mas nada impede que Os Estados Unidos possam também fazer uso para lançamento de mísseis, mesmo que seja testando.

Os EUA são considerados o País que tem as Forças Armadas mais poderosas do mundo, já tendo participado da 1ª e 2ª Guerras Mundiais, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã (única derrota até hoje), Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão (até hoje combatem os talibãs, insurgentes muçulmanos que são contra o governo pró-Estados Unidos), Guerra do Iraque, tendo, também, intervido no América Central e do Sul, apoiando e ajudando a implantar governos ditatoriais de extrema-direita, responsáveis por milhares de mortos e outros milhares de torturados e expulsos do país de origem.

Força Armada Nacional da República Bolivariana da Venezuela (Fuerza Armada Nacional Bolivariana) é a principal força de defesa da Venezuela. Tem um dos maiores e mais bem armados exércitos do continente. Em 2015, o país tinha mais de 123 000 militares em suas fileiras (515 mil se contar com as milícias e a guarda nacional), com um orçamento anual de US$ 4,5 bilhões de dólares, segundo o Wikipedia. Em relação ao Exército Nacional ele é um dos quatro ramos das Forças Armadas da República Bolivariana da Venezuela, cujas responsabilidades são pelas operações terrestres contra ameaças externas ou internas, garantindo a segurança, soberania e ordem da nação.

E numa declaração irresponsável, o filho do presidente Jair Bolsonaro afirmou a uma emissora de TV do Chile, quando concedeu uma entrevista, que o uso de força militar na Venezuela não está descartado. Eduardo Bolsonaro disse que Nicolás Maduro é um criminoso e que todas as opções estão sobre a mesa. A repórter, então, pediu a opinião particular do deputado sobre o uso da opção militar contra Maduro.

Então disse ele pegando a isca: “Ninguém quer uma guerra. Guerra é ruim porque haverá perda de vidas. Há consequências colaterais. Mas não creio que Maduro vá sair do poder de uma forma pacífica. De alguma maneira, em alguma hora, em alguma medida, será necessário o uso da força porque Maduro é um criminoso”.

Sua declaração repercutiu na cúpula de chefes de estado realizada no Chile. O presidente negou a hipótese formulada pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Sete presidentes de países da América do Sul participaram do encontro. Foi uma espécie de enterro da Unasul, criada em 2008, no auge do chavismo e de governos de esquerda e centro-esquerda na região.

O encontro da sexta-feira (22) marcou o alinhamento de uma nova ordem política, conservadora nos costumes e liberal na economia, constituindo-se no primeiro passo para o novo modelo de integração regional, com um fórum, o Prosul, que pretende promover debates, ações conjuntas, sem impedimento para os acertos bilaterais. Chile, Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Guiana assinaram a declaração de Santiago. Menos Uruguai, Bolívia e Suriname, que mandaram apenas observadores. Esses três países ainda têm um viés alinhado ao pensamento implantado pelo falecido presidente Hugo Chavez. A Venezuela sequer foi convidada.

Exatamente pela grave consequência do regime de Nicolás Maduro, os presidentes que participaram do encontro reforçaram o apreço pela democracia. E a crise na Venezuela também foi manchete no Chile. Paralelamente ao debate da integração, o deputado Eduardo Bolsonaro, do PSL, filho do presidente, falou sobre o tema ao jornal “La Terceira”.

Depois, Eduardo Bolsonaro completou que qualquer ação contra Maduro deve antes ter o apoio das Forças Armadas da Venezuela. Na sexta-feira, a jornalistas brasileiros o deputado ponderou que a posição do governo é outra. Declarou ele após a entrevista concedida a um Canal de Televisão: “Não, não, militarmente está descartado. É que o Trump fala que todas as cartas estão na mesa. Todas as cartas são todas as cartas. Ninguém quer intervir militarmente. Isso daí não é uma hipótese relevante. O Brasil não pensa nisso”. O presidente Jair Bolsonaro concordou com o filho ao também classificar o regime de Maduro de criminoso.

E numa afirmação muito forte contra o governo do presidente Maduro, declarou: “A ditadura da Venezuela se fortalece na fraqueza do Maduro. Ele não decide seus atos. Uma parte são os dois mil generais que estão do lado dele, alguns, narcotraficantes. Tem lá, aproximadamente 60 mil cubanos, que decidem também por Maduro. Temos as milícias, temos terroristas. Então, esse pessoal é que dá força, que faz com que Maduro fique de pé”.

É preciso salientar, também, que existem tropas de mercenários russos e também de chineses na Venezuela e que tanto China quanto a Rússia investiram bilhões de dólares e jamais irão perder esse dinheiro.

E fechando o artigo, as Agências AFP e Reuters divulgaram que dois aviões da Força Aérea da Rússia aterrissaram no principal aeroporto da Venezuela, no sábado (23.3.2019), carregando um oficial russo de Defesa e quase 100 tropas, de acordo com um jornalista local, em meio ao fortalecimento de laços entre Caracas e Moscou.

De acordo com as Agências Internacionais de Notícias, um site que acompanha vôos mostrou que dois aviões deixaram um aeroporto militar na Rússia com direção a Caracas, na sexta-feira, e outra página que faz o mesmo serviço mostrou que um avião deixou Caracas no domingo.

A reportagem surge três meses depois de as duas nações realizarem exercícios militares em solo venezuelano, que o presidente Nicolás Maduro chamou de um sinal de fortalecimento das relações, mas que Washington criticou como uma invasão da Rússia na região.

O repórter Javier Mayorca escreveu no Twitter, no sábado, que o primeiro avião levou Vasily Tonkoshkurov, chefe de gabinete das forças terrestres, acrescentando que o segundo era um avião de carga carregando 35 toneladas de material. Um jato com passageiro Ilyushin IL-62 e um avião militar de carga Antonov AN-124 saíram para Caracas, na sexta-feira, do aeroporto militar russo Chkalovsky, parando no caminho na Síria, de acordo com o site de acompanhamento Flightradar 24. O avião de carga deixou Caracas na tarde de domingo, de acordo com o Adsbexchange, outro site de acompanhamento de vôos.

Segundo a Reuters, uma testemunha viu o que pareceu ser um jato de passageiro no aeroporto de Maiquetia, neste domingo. Não ficou imediatamente claro por que os aviões vieram à Venezuela. O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu imediatamente ao pedido por um comentário. Os ministérios de Defesa e de Relações Exteriores da Rússia não responderam às mensagens buscando um comentário. Um porta-voz do Kremlin também não respondeu.

O governo Trump impôs severas sanções à indústria de petróleo da Venezuela, em uma tentativa de tirar Maduro do poder, e pediu que os líderes militares da Venezuela o abandonassem. Maduro denunciou as sanções como intervencionismo dos EUA e recebeu apoio diplomático da Rússia e da China. Em dezembro, dois aviões de bombardeio estratégico da Rússia, capazes de carregar armas nucleares, aterrissaram na Venezuela, em uma demonstração de apoio ao governo socialista de Maduro que irritou Washington.

O Brasil não deve jamais participar de uma possível invasão a Venezuela somente para agradar Os EUA. Se isso vier a acontecer, será a total submissão de nosso País a outro estrangeiro. Já faz mais de um Século que o Brasil não participa de uma guerra e não temos inimigos na Região.

A única solução para o problema será por meio da via diplomática. Porém, não será alguém que se declara e auto se proclama presidente da Venezuela que solucionará o problema. De mais de 200 Países no mundo, apenas 50 reconheceram sua autoridade. E Juan Guaidó não foi eleito pelo sufrágio universal.

Referências:

Enciclopédia Wikipedia;

Agências Internacionais de Notícias AFP, Reuters e Agência Estado;

Consultas a sites e jornais internacionai como "El País", BBC Brasil, entre outros.