Resumo

O texto trata da integração de dois paradigmas: sustentabilidade e Urbanidade para contextualizar o fenômeno urbano. A partir da década de 1960 intensifica os estudos sobre os impactos ambientais advindo do acelerado processo de urbanização, desencadeando em sucessivas conferências que construíram e disseminaram o conceito de sustentabilidade urbana. Na arquitetura a noção de sustentabilidade foi absorvida através da incorporação das dimensões espaciais e sociais na construção das cidades. Nesta vertente algumas teorias se firmam para dar respostas aos problemas decorrentes à crescente urbanização planetária. A teoria da Sintaxe espacial se consagra como uma delas, fundamentando-se nas implicações sociais da arquitetura do processo de produção e uso do espaço. Desta forma, através do paradigma da urbanidade pode-se contribuir na construção de uma cidade sustentável? É neste eixo reflexivo que o texto se apresenta. 1.

Introdução

Os acordos e agendas assinadas pelos agentes internacionais nas várias conferências realizadas no século XX, sobre as problemáticas advindas do fenômeno urbano, põem em cheque o modelo econômico em prol do desenvolvimento social e a proteção dos recursos naturais. O relatório de Bruntland (1987), “nosso futuro comum”, consolidou o relacionamento entre a cidade e o meio ambiente, uma tendência que vinha se afirmando desde o final da década de 1960. A tentativa de mudar os padrões de produção e consumo, principalmente no meio urbano, fez com que, por meio da Agenda 21, plano de ação da Conferência da ONU sobre o meio ambiente e desenvolvimento (1992), um pacto fosse realizado com a sociedade a fim de construir um novo paradigma de desenvolvimento econômico-social em prol da sustentabilidade ambiental. Por outro lado à agenda Habitat II, o plano de ação da conferência da ONU sobre Assentamentos Humanos (1996), consagra a dimensão ambiental nas cidades e estabelece a sustentabilidade e a gestão democrática como estratégias para o enfrentamento dos problemas urbanos. Através da aplicação dos princípios resultantes das três conferências surge a noção de desenvolvimento sustentável nas cidades. Nelas, o inchaço populacional multiplicado pela produção capitalista do solo urbano contribuem com a escassez dos recursos naturais, através da apropriação indevida e da excessiva demanda por serviços e infra-estrutura urbana e viária. Além disto, tal fato contribui para o stress urbano, a perda de identidade cultual, a marginalização social, a dispersão urbana e o aumento da distância do corredor emprego / moradia, tratado no texto como perda da Urbanidade. O conceito de urbanidade adotado no texto advém da sintaxe espacial defendida por Hillier, Hanson, Leaman e Holanda. De acordo com Holanda, por meio da Teoria da Sintaxe Espacial se pode utilizar instrumentos analíticos para re-estudar a centralidade urbana, compacidade axial e o índice de dispersão. Esses instrumentos analíticos a meu ver podem ser utilizados para a construção da “cidade sustentável”, principalmente, na mudança de escala dentro da cidade e na indução de novos padrões de moradia, transporte e consumo. 2 Dentro desta ótica, entre alguns autores e organismos internacionais aumenta a crença de que a construção da sustentabilidade urbana está intimamente ligada à manutenção do fenômeno urbano em escalas controláveis. Castelles analisa o fenômeno das economias produzidas pelas megacidades, considerando-as centros influentes da economia global, funcionando como imãs para o interior dos seus países ou regiões. Elas articulam a economia global, ligam redes informacionais e concentram poder mundial. Além disso, têm populações lutando para sobreviver e grupos buscando inserir-se nelas.