Artigo – Ainda é uma “gripezinha”, presidente Bolsonaro? Roberto Ramalho é jornalista, servidor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e Cipeiro.

O mundo não está preparado para uma pandemia global de um vírus respiratório como essa. A afirmação foi dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando a Covid-19 ainda estava limitada a territórios chineses, em janeiro deste ano, sobretudo a cidade de Wuhan, o epicentro do surgimento da doença.

Nesta época, ainda não sabíamos o nome da doença e nem a nomenclatura que dariam a ela, do Sars-CoV-2. Dias depois a OMS daria o nome de Covid-19, e os nomes serem traduzidos da seguinte forma: Co=Coronavírus, vi=vírus e 19 o ano de seu surgimento.

Do dia 31 de dezembro de 2019, quando houve a primeira notificação em Wuhan, na China, até as 20h dessa segunda-feira (11), já eram 4.165.752 (quatro milhões cento e sessenta e cinco mil e setecentos e cinqüenta e dois) casos confirmados ao redor do planeta, em todos os continentes, dos quais 285.307 (Duzentos e oitenta e cinco mil e trezentas e sete) terem evoluído para óbito, conforme o mapa mundial da Universidade Johns Hopkins, que fica nos Estados Unidos.

Se imaginarmos que em Nova York fica no país mais rico do mundo, faltaram profissionais para combater a doença, como médicos, e de ter faltado respiradores, leitos, não precisamos afirmar mais nada.

Inclusive já está faltando em todo lugar. Nenhum país do mundo tem dois mil leitos de UTI disponíveis e esperando para serem usados a qualquer hora onde e quando quiser. Isso simplesmente não existe.

Nós estamos vivendo uma situação absolutamente fora do parâmetro e de controle, principalmente se as pessoas no Brasil não se conscientizarem que somente por meio do isolamento social poderemos controlar e depois podermos voltar à normalidade que nós vivíamos.

Os médicos, cientistas, infectologistas, epidemiologistas, e especialistas em doenças infectocontagiosas praticamente imploram quando são entrevistados na mídia, mas, o que vemos é a população desobediente, incrédula, insensível, tudo por causa de um presidente irresponsável e criminoso que afirmou tratar-se somente de uma “gripezinha” ou de um “resfriadinho”.

Até hoje o jornal “O Estado de São Paulo” requer para que o Poder Judiciário determine que o presidente Bolsonaro entregue seus exames para podermos saber se ele contraiu a Covid-19 – ele é um homem público – e depois de haver uma sentença favorável da Justiça Federal e de uma decisão também favorável do Tribunal Regional Federal da Região, o Superior Tribunal de Justiça, na pessoa de seu presidente, declaradamente Bolsonarista, negou o pedido.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, decidiu na sexta-feira, 8, atender ao Palácio do Planalto e barrar a determinação para que o presidente Jair Bolsonaro tornar-se públicos os exames realizados para verificar se foi infectado ou não pelo novo coronavírus.

Coube a Advocacia-Geral da União (AGU) acionar o STJ para impedir que Bolsonaro fosse obrigado a divulgar os laudos dos testes.

Então o “Estado de São Paulo” recorreu ao STF, que por sorteio designou o ministro Lewandowski como relator do processo.

E segundo o Portal UOL (www.uol.com.br), o governo federal, por meio da AGU (Advocacia-Geral da União), informou que entregou hoje (12.05.2020) os testes feitos pelo presidente Jair Bolsonaro para covid-19 ao ministro Ricardo Lewandowski, relator no STF da ação que o jornal O Estado de S. Paulo moveu para ter acesso aos exames.

Assim se expressou em nota oficial a AGU: 

"A Advocacia-Geral da União (AGU) informa que entregou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski os exames realizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para testar o contágio por Covid -19. Os laudos confirmam que o presidente testou negativo para a doença. Os documentos entregues pela AGU foram recebidos no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski”.

Enquanto isso o ministério da Saúde informa que somente nessa terça-feira (12.05.20) o Brasil bateu recorde com 881 mortes em 24 horas por coronavírus.

O País tem mais de 12 mil mortes pela Covid-19 até essa terça-feira, e, infelizmente a tendência é de morrer mais pessoas. E ainda acredito que o presidente da República, senhor Jair Bolsonaro, continue zombando e dizendo que tudo não passa de uma “gripezinha” ou de um “resfriadinho”.