Artigo – A necessidade de extinção do Hospital Portugal Ramalho e sua substituição por um Hospital de Clínicas. Roberto Ramalho é advogado, jornalista e servidor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.

A informação de que o único hospital psiquiátrico de Alagoas seria fechado ainda em 2016 por causa, sobretudo, da dificuldade para remarcação de consultas e que estava preocupando os pacientes que precisam de atendimento médico da unidade hospitalar, causaram um alvoroço entre os servidores do HEPR.

Estamos em março de 2019 e praticamente nada mudou. Embora o Hospital Escola Portugal Ramalho tenha mais de 50 anos de existência, muitos usuários continuam sem o atendimento adequado, principalmente no setor denominado de PISAM, onde são atendidos, ou deveriam os pacientes que já receberam atendimento e que foram internados anteriormente.

Ainda em 2016, em entrevista concedida ao site 7 minutos e TV Ponta Verde, o diretor do HEPR, Audenis Peixoto, afirmava o seguinte: “há uma questão na unidade devido ao número de médicos que se aposentaram. Nós temos um número baixo de médicos e as consultas estão sendo marcadas com uma distância muito grande e nós não temos condições de ter novos pacientes e nem a garantia de retorno em tempo menor”.

Segundo informações por mim colhidas, desde 2010 que existe um projeto que tem por objetivo transformar o Hospital Portugal Ramalho em um Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Ciências Médicas de Alagoas, a Uncisal.

Em 2015, o governador Renan Filho havia anunciado a decisão.
O fechamento da unidade estava previsto para acontecer naquele ano, mas que ainda não tinha data marcada.

A partir de então, os pacientes passariam a ser atendidos pelos Centros de Apoio Psicossociais (CAPS) que são de responsabilidade do município.

Maceió não chega a ter dez unidades de CAPS, com atendimento médico de urgência e sem internação, sendo que duas estavam se adequando para funcionar 24 horas e receber os usuários do Portugal Ramalho.

A então coordenadora de saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde, Tereza Tenório, afirmou naquela época que o município aguardava do governo uma lista com os nomes dos pacientes. Disse ela: “Estamos aguardando esse material para começarmos as transferências. Precisamos identificar o território dos pacientes para poder inseri-los na rede de atendimento”, informava a coordenadora.

Naquele ano, as marcações de consultas do Hospital Escola Portugal Ramalho seriam realizadas até outubro. Depois disso, após uma postagem de minha autoria nas redes sócias defendendo a continuidade da manutenção e existência do HEPR, outras milhares de pessoas repassaram o texto e o governador não mais falou sobre o assunto e a unidade hospitalar continua executando seus serviços a população alagoana até hoje.

Hoje refletindo sobre a atitude tomada aquela época, o que fiz de bom acabou causando um ciúme doentio em muitas pessoas que exercem cargo de comando na UNCISAL, assim como atualmente no HEPR. Arrependo-me totalmente de ter elaborado o documento e de ter publicado o texto para que o HEPR não fosse fechado. E isso é fato e não fake. Está tudo na minha página do Facebook, além de ter sido reproduzido em outras páginas e nas demais redes sociais.

Nesse local, só predomina hoje a maldade, a discórdia por parte de alguns servidores que exercem cargo de comando, em um ambiente hostil e de uma preocupação voltada somente para a vaidade.

A maior parte da diretoria é composta por pessoas despreparadas, sem o mínimo conhecimento de gestão, administração e governança.

E a Reitoria da Uncisal praticamente não está preocupada com a falta de insumos e de medicamentos. A crise no HEPR vem de muito tempo e continua existindo.

Além disso, pouco tempo depois de tomar posse, o Reitor Henrique Costa acabou com o almoço e a janta dos servidores. Poucos ainda conseguem se alimentar por conta de prestarem serviço com carga horária de 12 horas. No entanto, a alimentação não tem sido de boa qualidade.

O projeto, que visa transformar o Portugal Ramalho em um hospital maior, ou seja, em um Hospital de Clínicas, ainda poderá ser executado em longo prazo, com a inclusão de outras especialidades médicas.

Se depender de mim agora, o HEPR já deve ser fechado definitivamente ou o governo encampar e entregar a uma Organização Social para tomar conta. Só estou praticando a Lei do Retorno.

Esse é o primeiro de outros artigos que serão publicados ao longo do tempo. Próximo dia 19 de março, expira o prazo para que o Magnífico Reitor entregue os documentos por mim solicitados pela Lei da Informação e espero que o faça. Caso contrário, pedirei seu afastamento por descumprimento de algo que está ao seu alcance e que ele é obrigado a entregar.