Artigo – A fuga espetacular de Carlos Ghosn do Japão e o tratamento desumano do Ministério Público e governo japonês. Roberto Ramalho, advogado, jornalista e Colunista do Portal RP-Bahia.

A fuga espetacular de Carlos Ghosn, com certeza deverá virar filme com extraordinário sucesso.

Recentemente Jornais do Japão e da Turquia divulgaram mais informações sobre a fuga do ex-presidente do Conselho de Administração da Nissan Motor Carlos Ghosn do Japão.

De acordo com o jornal turco Aksam, o executivo teria usado dois jatos particulares de uma companhia área turca e teria se escondido em uma caixa de equipamento de som.

O que se sabe, e essa é a verdade dos fatos, é que o Carlos Ghosn ficou cerca de 130 dias preso em uma solitária, dormindo em uma só posição, com luz acesa 24hs, e sendo interrogado pelas mesmas coisas e assuntos todos os dias. Depois foi liberado para esperar seu julgamento, detido em seu apartamento, com tornozeleira eletrônica e de ter pago R$ 50 milhões de fiança, valor que acabou depois sendo confiscado após sua fuga. Isso é configurado na literatura como terrorismo psicológico.

Além disso, ele foi impedido de ser visitado pela família, sobretudo por sua esposa.

Ao jornalista Roberto D'Ávila, Ghosn afirmou que o fato de ter sido impedido de ver a mulher, Carole, foi uma das razões maiores que o fizeram pensar.

Afirmou Carlos Ghosn: "Não dá mais, nunca vou ter um julgamento equilibrado, onde vou poder me defender, se, antes do julgamento, tenho uma decisão arbitrária, contrária aos direitos humanos."

Assim como está acontecendo no Brasil em relação a diversos políticos de esquerda e centro-esquerda, Ghosn foi acusado formalmente sem provas, tratado como o pior dos terroristas, e o Japão chama isso de justiça.

O que realmente aconteceu, foi uma armação da liderança da Nissan para derrubá-lo do cargo de CEO do grupo Renault-Nissan-Mitsubishi.

No Japão, existe a tradição de somente japoneses poderem administrar e gerir empresas do país. E um estrangeiro no comando de uma empresa japonesa foi o cúmulo.

Qualquer um no lugar dele faria o mesmo inda mais sabendo que com um sistema injusto e tendencioso como a justiça de lá ele pegaria 20 anos de cadeia.

Segundo Agências Internacionais, Ghosn é acusado de malversação financeira no Japão. O ex-CEO da Renault e da Nissan foi solto em abril de 2019, com a condição de não saísse do Japão à espera de seu julgamento.

Ele estava em prisão domiciliar em Tóquio, mas fugiu alegando que o sistema judicial japonês era "tendencioso". Ainda são desconhecidos todos os detalhes da fuga do Japão, mas se acredita que Ghosn tenha embarcado em um jato particular em 29 de dezembro, com destino a Istambul, na Turquia. Chegou lá no dia seguinte e tomou outro avião rumo a Beirute, no Líbano. O governo libanês nega que o executivo tenha entrado no país.

Em entrevista coletiva concedida a imprensa mundial na quarta-feira (08.01.2020), em Beirute, capital do Líbano, onde também tem cidadania, Ghosn se defendeu das acusações do Ministério Público japonês e do Poder Judiciário daquele País, afirmando que foi montada uma farsa para prendê-lo e julgá-lo culpado de gestão fraudulenta.

O ex-CEO da Nissan-Renault afirmou que foi o responsável por salvar a empresa da falência, tendo conseguido reverter a situação e colocá-la num lugar de destaque no cenário mundial.

Rebatendo Ghosn, autoridades japonesas criticaram a entrevista coletiva concedida pelo ex-CEO da Renault-Nissan, na manhã da quarta-feira (08.01.2020), após ter fugido do país para o Líbano.

A ministra da Justiça do país, Masako Mori, tratou a fala de Ghosn como "intolerável", após ele ter declarado ter sido "coagido" pela Justiça japonesa a confessar irregularidades.

Por meio de nota, a ministra da Justiça do Japão afirmou que "o tribunal libertou o réu Ghosn sob fiança porque ele prometeu cumprir as condições da fiança de que ele não deve se esconder, fugir ou viajar para o exterior, mas ele fugiu do Japão, e fugiu de seu julgamento criminal. Tal ação não seria tolerada pelo sistema de nenhuma nação. Além disso, ele tem propagado informações falsas no Japão e no mundo sobre o sistema jurídico e sua prática no Japão. Isso é absolutamente intolerável".

Ainda sobre o assunto, na quinta-feira (9.01.2020), a ministra da Justiça do Japão Masako Mori, em nota enviada pela Embaixada do Japão, classificou as declarações do ex-CEO da Nissan como “abstratos, obscuros ou sem fundamento”. Ex-diretor da empresa fugiu de Tóquio em 29 de dezembro de maneira espetacular, sem deixar pistas até chegar em segurança à capital do Líbano, Beirute.

Em Beirute, ex-presidente da Renault-Nissan deu entrevista exclusiva ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews. Ghosn se negou a detalhar como escapou porque 'seria perigoso'. Com certeza implicaria as pessoas que o ajudaram a fugir do Japão.

Sobre a expectativa de ajuda do governo brasileiro, ele se disse decepcionado. E afirmou: “Eu estava esperando que, a certo momento, talvez uma pressão do governo brasileiro para facilitar um tratamento normal, adequado fosse feita. Infelizmente, não foi feito. Mas tá bom.”

Ainda falando sobre o assunto com o jornalista da Globo News, Roberto D’Ávila, Carlos Ghosn disse que “estava muito feliz porque o presidente (Bolsonaro) ligou para minha irmã, falou com ela. Estava otimista sobre o fato de que o presidente ia fazer um pouco de pressão sobre os japoneses. Não sozinho, mas como os franceses, igual os outros. Infelizmente, entendo que ele recebeu aviso do ministro das relações externas: não podemos atropelar os japoneses. Acabou não acontecendo.”

Sobre sua relação com o Japão, afirmou que só fez o bem, recuperando a empresa Nissan da falência.

Declarou Ghosn: “Eu fiz muito bem para o país, fiz muito bem para a empresa (Nissan), então, eu não entendo por que o país está me tratando assim.”

E completou: “Eu não tenho muita mágoa do povo japonês, acho o povo japonês excelente, são muito gentis. Eu não tenho problema com o Japão, tenho problema com um pequeno grupo, parte da elite japonesa, que são pessoas ‘nacionalísticas’, muito fechadas.”

O caso do ex-CEO da Nissan, demonstrou, sobretudo em um País oriental, como o Japão, como é difícil administrar e gerenciar uma empresa de outra nação.

Mesmo fazendo o bem, já que tirou a empresa japonesa da falência, o governo japonês foi rude e preconceituoso.

Japoneses são muito rígidos na forma e maneira de gerir e administrar empresas, e uma empresa multinacional de grande porte ser salva da falência por um estrangeiro, deixaram os japoneses incomodados. Essa é a realidade dos fatos.

Carlos Ghosn não fugiu da Justiça japonesa. Fugiu dos maus tratos, da forma como o prenderam e interrogaram. Parecia que ele estava na Idade Medieval, na ‘idade das trevas’.

A história já nos informa o bastante sobre como era governado o Japão naquela época dos senhores feudais.

Creio, com certeza, que Carlos Ghosn provará sua inocência.

Fontes de pesquisa e informação:

Site - www.globo.com.br;

Site – www.uol.com.br;

Site – www.bbcbrasil.com.br;

Globonews – entrevista coletiva, “ao vivo” do ex-CEO da Nissan-Renault, Carlos Ghosn.

Globonews – Entrevista de Carlos Ghosn ao jornalista e apresentador Roberto D’Ávila, em 08.01.2020.