O presente artigo visa apresentar a importância da arte e a ludicidade na prática pedagógica em turmas de Educação Infantil. Tendo como problemática o seguinte questionamento: qual a importância da arte lúdica no processo de desenvolvimento integral de uma criança?

Ensino de arte lúdica para crianças em séries iniciais.

Portanto, por estudos vinculados a concepção de que a arte lúdica tem interferência na formação humana e, na prática cultural das crianças

O trabalho foi realizado por revisão de literatura, por meio de pesquisa bibliográfica com embasamentos em obras, sites oficiais e documentos que abordam sobre o tema arte e ludicidade e tendo como foco a formação de professores para trabalhar com este componente curricular. 

Muitos autores que estudaram sobre o processo da educação e da psicologia demonstram essa relação entre a arte lúdica e o desenvolvimento auxilia com os seus estudos, com as teorias que embasaram a elaboração desse trabalho. 

As pesquisas apontam que a arte lúdica deve ser trabalhada com foco na prática interdisciplinar que tem como ponto central a ação das crianças, considerando que a interação é um dos eixos essenciais para o processo aprendizagem. Portanto, o trabalho oferece um suporte a mais para o trabalho do professor, para poder realizar a prática diferenciada que vise à aprendizagem, consequentemente que produza uma educação de qualidade e leve o aluno da educação infantil ao pleno desenvolvimento, citado como uma das funções da educação na Constituição Federal de 1988. 

Dessa forma, entende-se que educar não é apenas a transmissão de conhecimento, mas sim incitar no aluno a curiosidade e motivá-los a produzir conhecimentos e serem autônomos e conscientes de sua atitude.

 1 INTRODUÇÃO

Os problemas educacionais constituem grande preocupação para toda a sociedade brasileira, pois são vários fatores que interferem na realidade educacional de todos os alunos, têm-se fatores familiares, econômicos, violência, sociais, organizacionais e, também, de técnicas e procedimentos pedagógicos adotados pelos professores e gestores educacionais.

Há a necessidade de refletir sobre procedimentos metodológicos e didáticos a serem utilizadas no ambiente educacional, apesar dos vários fatores que vem interferindo no processo ensino aprendizagem, as dificuldades de aprendizagem necessitam ter intervenções, visto que a educação é um direito de todos e responsabilidade da família, da sociedade e dos governantes.

Uma das sugestões é que a base educacional seja bem trabalhada, ou seja, que os professores da Educação Infantil, por meio de um processo reflexivo, com aplicação de didáticas e procedimentos adequados, realize intervenções em turmas da Educação Infantil, que tem como característica principal o primeiro contato da criança com a aprendizagem, as interações pedagógicas.

A Educação Infantil é a primeira etapa de ensino da criança, conforme citado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996, art. 19). Com atendimento a crianças de zero a cinco anos, nas Unidades Educacionais de Creche, Centro de Educação Infantil, ou outros ambientes que trabalhem com esta etapa de ensino e tendo como finalidade o pleno desenvolvimento da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, como complemento a ação da família e da sociedade.

Muitos estudos apontaram que a Educação Infantil é o período que a criança mais absorve o conhecimento, pois é a primeira etapa de ensino (LDB, 1996), momento em que deve haver preocupação por parte dos professores e pais para transmitir conhecimentos que sejam significativos para a criança se desenvolver integralmente. A arte é um dos componentes educacionais que trabalham com a coordenação motora e a capacidade criativa de uma criança, considerada de importância para o desenvolvimento humano.

A arte é uma disciplina presente há muito tempo, desde a época em que a humanidade, morava em cavernas, onde se expressava por meio de pinturas rupestres, com a manipulação de cores e instrumentos rudimentares como base para sua arte, diversos pesquisadores, arqueólogos, antropólogos e historiadores acreditavam que o homem pré-histórico tinha a intenção de dar sentido a algo, de comunicar-se com os outros por meio dessa arte.

A atividade artística é própria do ser humano desde o nascimento, onde há um mundo cheio de imagens e cores, onde o indivíduo necessita decodificar e interpretar as imagens, apropriando-as para o uso em seu contexto social, até o seu desenvolvimento integral e consequentemente embasando todo o seu processo de ensino a ser percorrido até a fase adulta.


2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA APRENDIZAGEM

Considerando que a Educação infantil é um período de grande efervescência de aprendizagem, momento de significativa aquisição de aprendizagem das crianças, etapa relevante para todo o processo de ensino aprendizagem. A Educação Infantil é umas das etapas de ensino que necessita de maior atenção, pois é o primeiro contato da criança com o aprendizado:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LEI 9394/96, artigo 29).

Portanto, a Educação Infantil é composta por crianças até os seis anos, que estão em processo de desenvolvimento integral e que precisam de apoio de toda a sociedade, em especial de sua família, para haver o desenvolvimento saudável, pois são dependentes e necessitam de apoio a todo o momento e, também, tem seus direitos como cidadão.

Muitas são as concepções de criança, a Base Nacional Comum Curricular (2017) adotou a mesma concepção das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, aludindo que a criança é:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivência, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010).

Ao refletir sobre a concepção de criança, há a necessidade de se proporcionar práticas cotidianas no ambiente educacional que possam levar ao desenvolvimento integral dessas crianças, presentes na Educação Infantil, de nossas escolas. A criança é um ser que possui direito, e a aprendizagem é um desses direitos; pois é através dela que a criança se desenvolve integralmente.

Conforme os eixos de sustentação para a prática pedagógica:

As interações com pessoas (seus pares e com os adultos) e objetos em diferentes contextos e situações, que favorecem a ampliação do repertório cultural das crianças, potencializando as aprendizagens e o desenvolvimento. As brincadeiras, pois é brincando que as crianças representam o mundo e simulam as relações existentes, imitando, repetindo, transformando e ampliando suas experiências. (BNCC, 2017, p. 7).

As práticas adotadas, em sala de aula, pelos profissionais devem levar as crianças da Educação Infantil ao processo de desenvolvimento integral, sendo as principais práticas citadas na BNCC (2017), baseadas em interações e brincadeiras. A aprendizagem da criança na Educação necessita estar estruturada por meio das interações e a brincadeira, que visam atender seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, sendo eles:

  • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
  • Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
  • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
  • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
  • Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. (BRASIL, 2017).

Conforme a citação acima, a criança aprende através da convivência com os seus colegas e educadores na unidade educacional, das brincadeiras realizadas no espaço escolar, da participação nas atividades propostas pelo educador, exploração e expressão de suas emoções, sentimentos, descobertas, etc. A interação é item essencial para haver desenvolvimento de habilidades necessárias para a criança, em sua fase de ensino, para a sua formação como ser humano.

O professor deve refletir sobre a sua importância nesse processo, possibilitando essas interações no cotidiano escolar. Portanto, a aprendizagem das crianças da Educação Infantil é tão importante quanto à do Ensino Fundamental e Ensino médio, e ela deve estar baseada através da interação e brincadeiras, conforme afirmou a BNCC/2017. Ou seja, o professor deve realizar um planejamento de aulas que possibilite diversas situações que levem as crianças ao desenvolvimento integral, uma das práticas indicadas é o uso de jogos e brincadeiras.

O processo de conhecimento e análise do que a criança já sabe ou precisa aprender, devendo: “aceitar a realidade dos processos de assimilação implica também aceitar que a aprendizagem alguma começa do zero; o estudo pormenorizando do que a criança traz consigo – sua bagagem de esquemas interpretativos [...] (FERREIRO, 2011, p.65)”. O professor deve antes de tudo entender que a criança já tem um conhecimento que vem de suas experiências no contexto em que ela convive.

De acordo com Leão (2008), a escola representa o primeiro ambiente formal onde acontece o desenvolvimento integral dos cidadãos, sendo indicado que haja um contato sistematizado com o mundo da arte e suas linguagens, como a arte visual, o teatro, a dança, a música e a literatura. Portanto, é compreensível que a abordagem feita ao ensino da arte na Educação Infantil, seja realizada de forma efetiva, não apenas, em segundo plano, onde o seu fazer é reduzido a uma mera atividade de lazer e recreação, por meio de processo mecânico.

3 ARTE E LUDICIDADE

A atividade artística é própria do ser humano desde o nascimento, onde há um mundo cheio de imagens e cores, onde o indivíduo necessita decodificar e interpretar as imagens apropriando-as para o uso em seu contexto social. Conforme Barbosa (2004), a arte tem grande relevância para o homem, não apenas, como instrumento para desenvolver a sua criatividade, sua percepção, entre outras habilidades, mas tem importância em si, como assunto, como objeto de estudos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2000), decompôs a arte em três eixos norteadores: a produção, a fruição e a reflexão do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte. E a arte tem representado, desde os tempos anteriores, como atividade essencial do ser humano, ao produzir itens e promover determinadas circunstâncias psíquicas no receptor, não extenua definitivamente o seu sentido nessas operações. Ou seja, são provenientes de processo geral, que as condiciona, levando-os a produção da arte, constituindo relação com o universo e consigo mesmo. (BOSI, 1999).

Porém, ainda há muito que aprender sobre o ensino de arte na unidade educacional, precisa ser trabalhada efetivamente. Considerando que ao ser aplicado corretamente, tem grande contribuição para o desenvolvimento integral da criança. Conforme destacado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (2000), a arte trabalha com o processo de produção, pois é uma das áreas da linguagem; com a fruição, trabalha a criatividade da criança, a imaginação e a busca pelo belo; propiciando a construção de muitas habilidades necessárias para o processo de aprendizagem.

A arte é um dos componentes curriculares que auxiliam no desenvolvimento humano, tanto que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996, em seu artigo 22 destaca: “§ 2º O ensino de arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, para promover o desenvolvimento cultural dos alunos”, onde foi retirada a disciplina de Educação Artística do currículo escolar sendo inserida a disciplina de Arte, reconhecida oficialmente como uma área do conhecimento.

O trabalho com a arte lúdica na educação Infantil é realizado por meio de interações que devem existir na sala de aula. Vygotsky (1991) aponta a interação uma forma da criança se desenvolver, portanto, o educador da criança na Educação Infantil deve proporcionar atividades que possibilitem essa interação, uma das atividades que a criança já pratica em sua casa é o uso de jogos e diversas brincadeiras.

O lúdico possibilita um espaço para brincar e conviver com os outros, uma grande interação através dos jogos e das atividades, onde as crianças aprendem novos conhecimentos e mudanças de comportamento. Para o processo pedagógico é um agente motivador e coerente, pois as crianças, muitas vezes, já tiveram o contato com brincadeiras e jogos; porém é na Escola que há a direção dessas atividades para o processo de aprendizagem. (KISHIMOTO, 1997).

Alguns conceitos são essenciais para entendimento sobre a arte lúdica, que se apresenta no contexto infantil na forma de expressão da sua visão de mundo, de sua representação da realidade, no momento em que a criança rabisca ou desenha no papel, na areia, na terra, na água; a criança está usando a linguagem da arte para expressar-se. Esses trabalhos de expressão não são apenas impressões que a criança deixa sobre o suporte, mas explicitam o seu desenvolvimento intelectual, emocional e perceptivo. Então, esse é um dos conceitos essenciais para o embasamento da arte lúdica na vida de nossos alunos.

O conceito de arte é um deles, foi tratado por vários teóricos.

A Arte é o social em nós. O social não é apenas o coletivo, assim como as raízes e a essência da arte não são individuais (...). É uma atividade de fundo social na qual o homem se forma e interage com seus semelhantes e seu mundo numa relação intercomplementar de troca (...). O enfoque estético da arte deve combinar as vivências do ser humano ao nível individual com a recepção do produto estético percebido como produto social e cultural. (VYGOTSKY, 1991, p. 12).

A relação entre a arte e o lúdico se baseia na ideia de que ambos proporcionam a criatividade e imaginação; pois em todas as atividades artísticas há o desenvolvimento de todas as nossas potencialidades criativas e imaginativas o mesmo acontece nas atividades lúdicas. Sendo assim, tanto a arte quanto o lúdico permite ao aluno o estabelecimento de novas regras, criação de novos caminhos e aplicação de novas ações. As autoras defenderam essa ideia Martins, Picosque e Guerra (1998):

A linguagem da arte nos dá a ver o mundo mostrando-o de modo condensado e sintético, através de representações que extrapolam o que é previsível e o que é conhecido. [...] Nessa construção, o artista percebe, relê e repropõe o mundo, a vida e a própria arte [...] Adquirimos um conhecimento daquilo que ainda não sabíamos e, por isso mesmo, transformamos nossa relação sensível com o mundo e as coisas do mundo (p.46).

Na Educação Infantil, o lúdico precisa ser visto como uma oportunidade de levar as crianças a compreender os significados e a importância das brincadeiras.

(...) O efeito educativo da brincadeira infantil, na qual as crianças se sentem ligadas por toda uma rede de regras complexas, ao mesmo tempo, aprendem a subordinar-se a regras, a essas regras como a subordinar a elas o comportamento das outras e a agir nos limites rigorosos traçados pelas condições da brincadeira. (VIGOSTSKI, 2004, p.263)

O uso de atividades lúdicas tem grande contribuição para que a aprendizagem seja realizada prazerosamente para todas as crianças. A mesma conseguirá assimilar as regras do jogo, adquirindo assim habilidades que auxiliarão para o seu convívio social, como a habilidade da interação social, habilidades matemáticas, etc. A importância do lúdico:

É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu conhecimento do mundo adulto e é também nela que surgem os primeiros sinais de uma capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar (…). Brincando a criança cria situações fictícias, transformando com algumas ações o significado de alguns objetos”. (VYGOTSKY, 1991, p.122)

A atividade lúdica faz com que as pessoas, tanto crianças como adultos, adentrem ao mundo da fantasia, muitas realizam as suas vontades. Como por exemplo, ao observar as crianças de uma turma do 6º ano, onde os mesmos jogavam o jogo do banco imobiliário; jogo que é possível realizar trocas, compras e vendas; os alunos além de realizarem alguns desejos de compras de casas e apartamentos caríssimos, eles desenvolviam habilidades matemáticas e a oralidade.

Em uma atividade lúdica, as crianças se realizam, ao participar de uma atividade, não há lugar para outra coisa além dessa atividade. Não há uma divisão, se está inteiro, pleno, flexível, alegre, saudável. Podendo ocorrer, de se estar em meio a uma atividade lúdica e, em simultâneo, estar dividido com outra coisa, mas com certeza, não estará verdadeiramente participando dessa atividade, então a atividade não será plena, e por isso, não será lúdica. (LUCKESI, 2005).

Mais uma vez, a atividade lúdica foi reconhecida como um recurso pedagógico muito significativo e necessário para o progresso do desempenho e da convivência social de uma pessoa, em especial, das crianças. As atividades escolares que trabalham, com a arte e a ludicidade como formas de facilitadores para o processo de ensino dos alunos proporcionam práticas educativas que fortalecem o desenvolvimento social, cultural e intelectual de todos envolvidos no processo.

O ensino da arte é relacionado ao processo de criação e criatividade dos alunos. Sendo que a Arte possibilidade a criação de processos da imaginação e criação no ambiente educacional, onde é possível perceber as suas infinitas possibilidades de articulação entre as atividades voltadas para a equiparação e superação das dificuldades na aprendizagem.

O trabalho artístico, seja visual, cênico, sonoro, ou até mesmo, a combinação destas expressões artísticas, possibilita um progresso em nossa imaginação, onde a percepção é aliada aos nossos processos culturais, sensíveis e cognitivos. Dessa forma, as contribuições que a arte proporcionou ao processo ensino aprendizagem estão diretamente ligadas ao exercício do uso de experiências, cuja finalidade é inserir o aluno em constante contato com as diversas linguagens artísticas, estimulando-os na vivência do desenhar, representar, tocar, cantar, escrever, sem a necessidade de se falar o que é certo ou errado. Sendo que o importante não é o resultado, mas sim, o caminho percorrido pelos alunos, gerando práticas educativas do ensino da Arte que podem levar os alunos ao desenvolvimento pleno.

A importância de se trabalhar com a arte lúdica na Educação Infantil é que a mesma possibilita a obtenção de uma transformação social e cultural, sendo essa uma tarefa árdua para os educadores, pois a Arte era reconhecida como uma disciplina que não tinha uma função na vida dos alunos, era considerada uma atividade de lazer e recreação, com poucas aulas e sem retenção de alunos, relacionadas às atividades decorativas e/ou muralistas.

Dessa forma, a arte lúdica contribui para o pleno desenvolvimento cognitivo dos alunos, auxiliando na capacidade de visão de mundo e na percepção e ressignificação de conceitos preestabelecidos e organizados culturalmente. Busca a valorização de todas as etapas da construção do conhecimento produzida pelos alunos.

Segundo afirmou Duarte Jr. (1991, p. 74):

A educação é, por certo, uma atividade profundamente estética e criadora em si própria. Ela tem o sentido do jogo, do brinquedo, em que nos envolvemos prazerosamente em busca de uma harmonia. Na educação joga-se com a construção do sentido - do sentido que deve fundamentar nossa compreensão do mundo e da vida que nele vivemos. No espaço educacional comprometemo-nos com a nossa "visão de mundo", com nossa palavra. Estamos ali em pessoa - uma pessoa com os seus pontos de vista, suas opiniões, desejos e paixões. Não somos apenas veículos para a transmissão de ideias de terceiros: repetidores de opiniões alheias, neutros e objetivos. A relação educacional é, sobretudo, uma relação de pessoa a pessoa, humana e envolvente.

Destarte que, a arte lúdica como parte do processo ensino aprendizagem, elemento da educação e por meio de princípios estéticos, desenvolve-se através da interação entre os alunos, levando-nos a perceber a importância de que a arte lúdica consegue romper com as barreiras impostas pela exclusão social, além de possibilitar o desenvolvimento pleno dos alunos.

Pois a arte lúdica cria oportunidades de comunicação além da linguagem oral e escrita, que por meio das interações entre os alunos e objetos artísticos (pinturas, músicas, gravuras, desenhos, filmes, danças etc.) possibilitam a melhora na relação com o meio de convívio.

Dessa forma, a arte lúdica não pode se limitar a uma data comemorativa, ou como decoração nas unidades educacionais. A arte valoriza a organização do mundo da criança, bem como a interação com o outro e com o seu meio de convivência. É necessário que haja maior estímulo, motivação para o ensino da arte lúdica nas unidades educacionais para as crianças da Educação Infantil, visto que a escola deve ser um espaço vivo, que contribui para o desenvolvimento pleno de seus alunos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda há resistência nos ambientes educacionais, em relação à utilização da arte lúdica no processo de ensino aprendizagem das crianças na Educação Infantil. Em muitas unidades, a arte ainda não ocupa um lugar de importância, nota-se que a arte é realizada sem finalidade determinada, sem intenção educativa e para que isso não ocorra é necessário sensibilizar os profissionais da educação para reorganizarem as suas práticas pedagógicas usando recursos artísticos a fim de que o processo de ensino aprendizagem se torne significativo.

Atualmente, a tecnologia avança em todas as áreas de nossas vidas, em especial na educação, as crianças estão envolvidas com estas tecnologias e muitas vezes, esquecem e não se importam com a hora das atividades da arte lúdica no ambiente escolar. A arte lúdica não pode ser perdida no contexto escolar; pois a opção do trabalho com a arte lúdica em sala de aula é muito fascinante e educacional, além de proporcionar o pleno desenvolvimento dos alunos.

Os documentos oficiais, as leis que protegem os direitos à Educação, em especial a LDB, consideram que a Educação Infantil é “a primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”, essencial para que a criança se desenvolva integralmente.

Finalmente, a aprendizagem da arte lúdica tem a finalidade de propiciar a aquisição de conhecimento, a interação entre as crianças e os adultos e o envolvimento no processo de ensino aprendizagem, que por consequência leva a criança ao desenvolvimento não somente cognitivo, mas social, mental, entre outros, que contribuem para a ampliação da visão de mundo das crianças.

Para finalizar, a arte lúdica é uma das formas mais eficazes, influentes e bem-sucedidas para que a criança aprenda e adquira habilidades necessárias para a próxima etapa de vida. Sendo necessário que o educador aprofunde no mundo da aprendizagem da arte lúdica, por meio de formações e estudos, para haver uma educação centrada nos interesses das crianças, a formação e capacitação profissional são essenciais, somente assim, o educador poderá aplicar atividades e práticas da arte lúdica com objetividade e foco.

REFERÊNCIAS 

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos

tempos. 5. ed. São Paulo: PERSPECTIVA, 2004.

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a Arte. 6 ª ed . São Paulo. Ática. 1999.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular na Educação Infantil. 2017. Disponível em: . Acesso em: 06 de outubro de 2020..

______. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

______.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Ministério da Educação. – Brasília: MEC, SEB, 2010.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.

_______. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte/Secretaria de Educação Fundamental. Caracterização da área de arte. Ministério da Educação e do Desporto. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos Estéticos da Educação. 2a ed. Campinas – SP: Papirus, 1988.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo, 20. ed. , São Paulo: Cortez, 2011.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

KISHIMOTO, T. M. Jogos, Brinquedos e Brincadeiras na Educação. São Paulo: editora Cortez, 1997.

LEÃO, Raimundo Matos. A arte no espaço educativo. 2008. Disponível em:

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LUCKESI, C.C.: Ludicidade e atividades Jurídicas; uma abordagem a partir da experiência interna. UFBA, 2005.

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

VIGOTSKY, L. S. Psicologia Pedagógica (2a. ed.). São Paulo: Martins Fontes. 2004.

_______, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Autora:
Juzelina Sena da Silva Freitas
Co-autores:
Araney Oliveira Domingues
Iara Oliveira Domingues de Amorim
Edna Cristina Alves Martins Braga de Souza
Márcia Alves da Silva
Licenciatura em Pedagogia – Cuiabá/MT


Conteúdo revisado e atualizado pela última vez em 14/11/2022.