CÂNDIDO, Stella de Oliveira. Arquitetura Sustentável – questão de bom senso. Arquitextos | São Paulo, ano 13, n. 147.02: Vitruvius, ago.2012. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13. 147/4459

Stella de Oliveira Cândido é arquiteta e urbanista formada em 2009 pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tem experiência em projetos arquitetônicos de pequeno e grande porte, com ênfase em projetos residenciais e institucionais. Atualmente está finalizando seu mestrado em Arquitetura e Urbanismo (UFV) sobre as diferenças entre o discurso e a prática na Arquitetura Sustentável Nacional – (Extraídos do texto).

A autora inicia seu artigo com a explanação da necessidade de discussão do tema Desenvolvimento Sustentável. Aborda a questão da consciência pesada da sociedade capitalista em preservar ou salvar o mundo. Indica uma fatia do mercado oportunista que se descobre dentro do nicho cada vez mais presente. Apresenta projeto ecológico como disciplina na formação do arquiteto. Mostra uma sociedade politicamente correta amparada pela mídia cartorária profetizando um apocalipse ecológico e suas soluções milagrosas, feitas sob medida para cada indivíduo, sem que nada precise passar por modificações em nossas práticas de condutas.

Para o conceito de Arquitetura Bioclimática, Stella de Oliveira Cândido se ampara aos preceitos Vitruvianos, cujo objetivo primeiro do tratado é registrar as matérias essenciais de cada gênero de edificação, detalhando questões de base sobre as diferentes tipologias e exemplificando-as. Segue a autora que, Arquitetura Sustentável tem suas discussões em torno de diversos autores, indicando a não existência de um consenso sobre seu significado. Segundo Stella, outros termos e definições surgem a partir de cognominações como: projeto sustentável, construção sustentável, edifício sustentável, edifício inteligente, tecnologias sustentáveis, materiais sustentáveis.

 A autora faz referencias à citação de Yeang quando se trata da fusão direta dos termos acima mencionados, onde ampliam para Sustentabilidade, derivando o termo a um lugar comum, sendo usado para tudo e significando, em linhas gerais, o que for mais conveniente. Derivações como estas também foram incorporadas de acordo com a autora, ao vocabulário da Arquitetura como: Arquitetura Verde, Arquitetura Bioclimática, Arquitetura Ecológica. A autora traz pensamento de outros teóricos sobre arquitetura verde, arquitetura ecológica e ecoarquitetura como sinônimos de Arquitetura Sustentável. Uma breve reflexão da autora nos afirma que a Arquitetura Sustentável é, na verdade, uma sequência natural da Arquitetura Bioclimática.

Assim, não existe consenso entre os conceitos utilizados pelos profissionais e nem mesmo entre os termos que a designariam. De acordo com Stella, os conceitos indicam o caminho a ser seguido pelos arquitetos por serem profissionais que sempre demonstraram comprometimento com a qualidade de vida e com a paisagem urbana. Ora, assim sendo, infere a autora que práticas semelhantes à proposta pela Arquitetura Sustentável podem ser encontradas nas diversas formas, sem que seja necessário deduzir um estilo específico ou padronização espacial. Neste ínterim, pressupõe Stella, que todo processo arquitetônico na realidade, não é apenas uma evolução natural, com implementação de novas tecnologias e atenção à responsabilidade social. Considerar-se-ia também que responsabilidade social deveria ser uma formalidade na atividade profissional de arquitetura? O que estamos vendo na verdade, incorpora o processo  natural de novas tecnologias na construção civil invisivelmente? Para Stella de Oliveira Cândido, o problema está no que afirma em seu artigo Isoldi; Sattler & Gutierrez, “que ao invés de servir como instrumentos da Arquitetura, as novas tecnologias têm submetido à Arquitetura o seu controle”.

O ponto (1) concordante com Stella de Oliveira Cândido vem da consciência pesada que a sociedade assumiu, abrindo caminho para lucratividade através do marketing sustentável. Outro fator está na generalização propriamente dita, do termo “Sustentabilidade”, como significado universal e conveniente. A (2) discordância está no emprego excessivo de novas tecnologias na tentativa de transformar a Arquitetura em algo mais prático. Isso é possível em linhas gerais, porém, o uso de tecnologias não pode ser sinônimo de “sustentável”. Além disso, uso de ecoarquitetura pode produzir um ponto de fusão em que os processos de solidificação ocorrem sempre a uma mesma terminologia: Sustentabilidade.

Em comum, termo “sustentabilidade” alicerçado em três aspectos (ambiental, social e econômico), parece não fazer sentido ao considerarmos apenas como um ganho econômico. Porém, infelizmente é assim que grande parte das iniciativas ditas sustentáveis – inclusive algumas das mais fortes e influentes do mundo – está sendo praticada.

O próprio conceito “desenvolvimento sustentável” é contraditório, tendo em vista que vivemos em um sistema econômico capitalista que visa em última instância, o lucro crescente na economia e a exploração da força de trabalho. No hibridismo humano, está a conscientização ambiental que abrange a educação social para novas perspectivas e a assimilação dessas ditas “nova tecnologias” a favor de uma arquitetura mais moderna sem perder o humanismo.

Contudo, reservamo-nos no direito de afirmar que, esse ou aquele modelo, deve ser utilizado respeitando ordenamento do ambiente local. A discussão semântica não traz a lume, subsídios para desenvolvimento da função, embora seja difícil atuar num universo de indefinições.