Arquiteto da memória: nas trilhas dos sertões de Crateús

Antonio Torres Montenegro autor do texto "Arquiteto da memória: nas trilhas dos sertões de Crateús" atua sua pesquisa com o benefício da história oral. Sua pesquisa é feita sobre a realização de entrevistas, que sobre o intermédio de um projeto apresentado ao CNPq, começou a entrevistas. Toda a sua pesquisa esta envolvida na história de vida do bispo dom Antonio Fragoso. A entrevista tem como objetivo a construção da história com o benefício da oralidade e da memória sobre os relatos da diocese de Crateús.
O texto trás em seu conteúdo um pouco sobre a história de vida de dom Fragoso, onde nasceu, onde exerceu seu bispado, nome da mãe e do pai, ou seja, o texto relata a história de vida de dom Fragoso desde a sua infância. Após muito tempo no seminário, dom Fragoso se ordenou padre no ano de 1944, aos 24 anos, e em 1957 foi consagrado bispo, assumindo a função de bispo auxiliar de São Luis do Maranhão, onde permaneceu ate julho de 1964. Em São Luis dom Fragoso permaneceu sete anos, onde teve convívio com o arcebispo dom Delgado. Em meados de 1963, dom Delgado se transferiu para fortaleza, e dom Fragoso era considerado seu sucessor, entretanto na hierarquia eclesiástica, diz que quando um bispo se afasta, a figura do bispo auxiliar se desaparece.
Antonio Torres Montenegro em seu texto também traz a perseguição dos militares aos comunistas, relatando também a perseguição que dom Fragoso sofreu: "Em 1964, dom Fragoso foi denunciado por um padre do maranhão, com subversivo, como comunista. Foi transferido para "o fim do mundo", para Crateús, no interior do Ceará" (MONTENEGRO, Antonio Torres. 2010: p.106). E com essa decisão, os militares tinham na mente que transferindo dom Fragoso ele estaria condenando ao esquecimento e ao silêncio, e acabaram cometendo um grande erro, pois Crateús representou uma forma de voltar as raízes daquela criança que foi criada em Teixeira, sertão da Paraíba, numa família de agricultores sem terra.
Ao entrevistar dom Fragoso, o autor percebe que a memória do religioso é muito organizada, pois, as palavras, as lembranças, as reflexões, ditas de forma muito delicada, se associa a uma maneira firme a positiva de se expressar. Tudo isso, provavelmente é resultado de longos períodos de reflexões. Tornando claro o entendimento e a ligação do texto com o título.
O texto deixa bem claro que essa memória pessoal sempre foi uma preocupação da diocese de Crateús em documentar encontros, acontecimentos, práticas, reflexões, projetos, caminhos e descaminhos. Isso porque além da diocese ter uma linha voltada para a comunidade, os problemas das condições de vida e trabalho, são todos acompanhados por um trabalho de registros dos acontecimentos de cada paróquia, em que o padre é o responsável por descrever a memória das comunidades de sua paróquia.
Com esse artifício de documentação, o autor reflete sobre a prática de dom Fragoso de exercer a memória, que com essa atividade transforma seu caminho de artesão para arquiteto, ou seja, dom Fragoso passa a estimular essa prática de memória para a continuação da história.
Esta é mais uma forma da busca do entendimento da história através da memória com o auxilio da oralidade. Todos os escritos utilizados como base para a construção desse texto mostram a importância da memória, e da utilização de relatos orais, como uma das fontes principais de se buscar o entendimento e novos questionamentos, com o objetivo de manter viva a história.