ÁREAS DEGRADADAS

 

Vamos iniciar a nossa conversa, com a tentativa de esclarecer a respeito da origem ou da interpretação da palavra: DEGRADADAS.

Na busca por uma melhor orientação encontramos:

Que foi alvo de degradação; que foi rebaixado.

Que foi obrigado a sair de seu país, território, local de origem etc; exilado.

Exonerado de seu cargo, ocupação, título, função etc.

Diminuído em seu caráter moral; degenerado.

[Por Extensão] Que foi estragado; deteriorado.

[Por Extensão] Fotografia. Diz-se da cor gradualmente organizada.

indivíduo que foi expulso da pátria; exilado.

E então concluímos que a definição que mais se adapta a real situação é: QUE FOI  ESTRAGADO. DETERIORADO.

A nossa real situação em termos de uso do solo brasileiro, já remonta desde o descobrimento do Brasil, no século XVI, quando os perdidos e extraviados lusitanos, deram de cara um esse enorme e assustador que hoje chamamos de Brasil.

No decorrer da nossa desastrada colonização e por que não dizer ocupação por portugueses degradados, juntou-se a fome com a vontade de comer. Condenados pela Justiça de Portugal, erroneamente (fora de curso de navegação) e até pode-se dizer que o Brasil foi descoberto por um acaso do Universo, foram deixados por aqui dois degradados da terrinha, um deles que se tem noticia foi Afonso Ribeiro, o outro....

Qual foi a comparação que fizemos entre o degradado Afonso Ribeiro, que deixado aqui para reparar suas dívidas com a Justiça Portuguesa de então e as Áreas Degradadas brasileiras¿

Que no exato momento que os mareantes de além-mar, por aqui aportaram começou a degradação de um modo geral. A degradação moral, foi a primeira. Não venham me dizer que nos 20 meses que por aqui ficou, não teve seus olhares sexuais voltados para a belas, inocentes e pudicas índias que ali estavam, praticamente nuas¿

Por mais que o Espírito seja for, 20 meses no meio daquela exuberante natureza, não há carne que resista.

Diz o historiador que a missão do degradado era de andar com os índios, saber das coisas, e coletar informações para quando por aqui voltassem os agora, já escolados navegadores, que não se perderam como da primeira vez, pudessem levar de volta dados que fossem de interesse de Portugal. E como foram.

A partir de então, começou literalmente a degradação de todo o patrimônio natural brasileiro. Pau Brasil, Ouro, Prata, Diamantes, Madeiras outras e por ai vai.

E no transcorrer dos séculos às escusas de que em aqui em se plantando tudo dá, a cultura da cana de açúcar ganhou notoriedade na região litorânea do norte e nordeste do Brasil. Milhares de hectares de Mata Atlântica foram transformados em canaviais.

E no decorrer dos anos, ou até dos séculos, outra exploração se fez presente. A cultura do café no interior de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

Feita essa pequena apresentação, vamos ao que interessa.

Desde os anos de 1.500 até aos anos de 2020, o patrimônio telúrico nacional, vem sendo tratado com desdém e irresponsabilidade, de tal modo que é ainda comum vermos por esses brasis afora, verdadeiras crateras nos campos, ou mais conhecidas como voçorocas.

Causas¿

Difícil afirmar. Fácil identificar. Difícil solucionar. Fácil sugerir. Difícil linhas de crédito, para tal. Fácil prometer.

Seriam inúmeras as causas de provocam esse tipo de problema e até o momento que algum iluminado resolveu, assumir tal bandeira. Temos duas Franças de áreas degradadas.

Preocupante¿ Sim. Irresponsabilidade¿ Sim. Não seria o momento de se demorar em identificar quem. É chegado o momento e já com atraso de se buscar uma solução obrigando o agricultor, o pecuarista, investidor oportunista em terras rurais, latifundiários a adotar soluções definitivas de proteção ao solo.

Mas o panorama no momento se apresenta como uma solução caseira. A adoção das práticas propaladas por organismos governamentais, se pautam nas práticas de Integração – Lavoura- Pecuária – Floresta-. Resolve¿ Até que resolve. Mas no nosso entender a recuperação de áreas degradadas, o universo é um pouco maior do que esse micro universo de ILPF.

No excelente artigo: RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO BRASIL: CONCEITO, HISTÓRIA E PERSPECTIVAS. Kárita de Jesus Boaventura, Élida Lúcia da Cunha, Sandro Dutra e Silva, encontramos o seguinte: ...”que existem técnicas de nucleação, transposição do banco de sementes, poleiros naturais ou artificiais, transplante de plântulas, estaquia, semeadura direta, plantio de mudas, adubação verde, plantio de espécies nativas e a utilização de fungos micorrizados arbusculares; e que existe uma política revestida de leis e decretos para assegurar a teoria e a legalidade disso. Entretanto, conclui-se também que, enquanto a recuperação ameaçar o lucro dos grandes latifundiários, ou do próprio governo, tudo ficará só na teoria, ou até poderá entrar em vigor, todavia, com resultados inexpressivos, se considerado o tamanho da necessidade de execução”.

Partindo para uma análise mais real.

No momento estamos com uma área aproximada de 140.000.000 de hectares de áreas degradadas. No terreno das hipóteses, se usarmos 10% desse total, ou 14.000.000 de hectares, para o plantio de soja, teríamos algo como 84.000.000 toneladas a mais e, de milho 100.800.000 toneladas. Na última safra o resultado foi de 134.000.000 de toneladas de soja. Em relação ao milho 105.000.000 de toneladas de milho.

Fazendo uma conta de padeiro: Soja atual: 134.000.000 toneladas. Se adotarmos só 10%  dos 140.000.000, obteríamos uma produção de 84.000.000 toneladas, que daria um resultado de 218.000.000 toneladas de soja e na mesma linha de raciocínio para o milho: 100.800.000 safra passada somada a uma pretensa safra de milho advindo de áreas degradadas, teríamos algo como 205.800.000 toneladas. A produção mundial estimada de soja, safra 2019/2020 será de 367,10 milhões de toneladas. Ou seja, nós responderíamos só por 55,84% da produção mundial de soja.

Se formos adentrar na pecuária de corte se produzirmos 15 arrobas/hectares/ano, teríamos algo como 210.000.000 de arroba.

São números simples. É um panorama simples, sem muitas cores. É um futuro que só depende de nós.

Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.