Samanta Demetrio da Silva*

Resumo:

O presente artigo tem como proposta apresentar uma breve revisão acerca da história da aquisição da linguagem e de algumas contraposições entre as teorias inatista e interacionista. Os estudos linguísticos à luz dessas teorias, suas perspectivas e posturas argumentativas acabam por dialogar, dada a sua importância e abrangência. Esse trabalho visa à contemplação teórica que discute, através dos tempos, os vários prismas da linguagem.

Palavras chaves: Teorias de aquisição da linguagem; inatista; interacionista; estudos linguísticos.

Abstract:

This paper has as proposal a brief review about the language acquisition history and some contradictions among the interactionist and innatist theories. The linguistic studies through these theories, perspectives and argumentative postures end by to dialogue, given their importance and coverage. This work aims the theoretical contemplation that discusses the several language views through time.

Key-words: Theories of Language Acquisition; innatist; interactionist; linguistic studies.

Introdução

A história da aquisição da linguagem data de séculos de estudos e especulações. Por volta do século VII a.C Heródoto narra que o rei Pasmético do Egito ordenou que duas crianças fossem confinadas desde o nascimento até a idade de dois anos, sem o convívio com outros seres humanos, a fim de se observarem as manifestações linguísticas produzidas em contexto de privação interativa. Sua hipótese era que, se uma criança fosse criada sem exposição à fala humana, a primeira palavra que emitisse espontaneamente pertenceria à língua mais antiga do mundo. Ao cabo de dois anos de total isolamento, as crianças emitiram uma sequência fônica interpretada como ¨bekos¨, palvra frigia para ¨pão¨. Concluiu então, que a língua que o povo frígio falava era mais antiga que a dos egípcios (cf. Campbell & Grieve, 1982). Apenas mais recentemente foram feitos estudos sistemáticos sobre como a criança adquire a linguagem. No século XIX, surgem mais experimentos sobre o assunto através dos experimentos com diários da fala espontânea de filhos de lingüistas e estudiosos. Guiados por interesses, tanto profissional quanto paterno, formaram esse tipo de análise.
A partir do século XX, os estudos sobre aquisição da linguagem estavam baseados em uma visão teórica behaviorista. Assumindo que a aprendizagem de uma língua se dava pela exposição ao meio e em decorrência da imitação e do reforço. O ponto de vista teórico behaviorista defendia que o ser humano aprende por condicionamento, assim como qualquer outro animal. Porém, no final da década de 50 os estudos de Noam Chomsky impulsionam os trabalhos em aquisição da linguagem, com base na posição assumida de que a linguagem é inata. Por volta de 1970 as obras, póstumas, e estudos de Vygotsky começam a exercer influência sobre os estudos de aquisição da língua materna. Representou uma alternativa ao construtivismo piagetiano, questionando o inatismo chomskyano. Explica o desenvolvimento da linguagem e do pensamento com tendo origens sociais externas (Scarpa, 2001).
Segundo Pinker (2002), a universalidade da língua e sua aquisição é a primeira razão para suspeitar que a linguagem não é apenas uma invenção cultural, mas o produto de um instinto humano específico. Sendo assim, o presente artigo tem o objetivo de dissertar acerca das idéias e teorias que permeiam o processo de aquisição da linguagem. As contraposições acabam ao longo por interligar-se, postulando o estudo de que coexistem entre si e de que, talvez, nunca se desassociem. Partindo do breve histórico das teorias de maior expressão nesses estudos e observando o ponto de vista que as diferem e as aproximam. Desevolveremos com maior riqueza de detalhes as seguintes propostas: Behaviorismo de Skinner, inatismo de Chomsky, interacionismo de Vygotsky e as considerações de Pinker, Sternberg entre outros. Não esquecendo que o foco em questão será as contraposições inatistas e interacionistas.
Aquisição da linguagem

Skinner é o mais famoso psicólogo defensor da hipótese behaviorista. Um dos seu principais preceitos, e de seus seguidores, é que o aprendizado se dá através de um processo denominado condicionamento operante. Skinner (1957) parte de pressupostos como a premissa de inacessibilidade à mente para se estudar o conhecimento, postura contrária à mentalista e idealista nas ciências humanas. O comportamento verbal para ele se enquadrava na sucessão de mecanismos de estímulo-resposta-reforço: eles explicam o condicionamento que está na base da estrutura do comportamento.
Mas não são apenas os padrões de estímulo que chamam a atenção dos behavioristas. A imitação também exerce uma função importante na aquisição da linguagem pela criança. O padrão de imitação segue um princípio fixo: o adulto fala uma palavra, a criança imita essa produção e o adulto recompensa a criança por essa repetição, mesmo que ela não seja fiel ao que foi dito inicialmente. Com o passar do tempo, a criança passa a falar mais parecido com o adulto, aprendendo como combinar as palavras da mesma maneira que aprendeu a reproduzi-las, através da imitação e posterior aproximação ao modelo adulto.
É na crítica a essa visão que os behavioristas tendem a enfatizar a influência do meio e ver a criança como um receptor passivo da linguagem, desprezando o seu papel no processo de aprendizagem. Não explicam o fato das crianças produzirem construções que nunca foram ouvidas por elas anteriormente, assim como o fato da aquisição dos padrões gramaticais, já que as construções agramaticais nem sempre são corrigidas pelos pais e as gramaticais elogiadas, não podendo, assim, serem explicadas pelo reforço paterno. No condicionamento operante, um mecanismo é fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor e mais freqüente. No modelo skinneriano, o indivíduo é visto como um ser único homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente. Com os avanços dos estudos lingüísticos, desenvolvimento das neurociências, que ajudaram a compreender melhor o que ocorre na mente humana e em seus processos internos, somado as críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes.

Inatismo e considerações

Noam Avram Chomsky é o criador do gerativismo. Sua teoria de que a linguagem é inata, passou a ser conhecida a partir da publicação de Syntatic Structures e desde então é um líder no que se diz respeito à linguagem humana, impondo perspectivas com alto poder de convencimento. Segundo ele, a mente deve ser estudada assim como se estuda o corpo humano; cada parte do cérebro tem sua função, portanto, existe uma parte que é responsável pela linguagem. Segundo Pinker (2002), no século XX, a tese mais expressiva de que a linguagem é como um instinto foi elaborada por Chomsky, o primeiro linguísta a revelar a complexidade do sistema e talvez o maior responsável pela moderna revolução na ciência cognitiva e na ciência da linguagem. Antes as ciências sociais eram dominadas pelo behaviorismo, a escola de Watson e Skinner, que não estudavam os processos mentais e rejeitavam a existência de ideias inatas. Ele nos chama atenção para fatos fundamentais sobre a linguagem. Em primeiro lugar, cada frase dita ou ouvida é uma nova combinação de palavras, que aparece pela primeira vez no universo. Por isso, uma língua não pode ser um repertório de respostas, o cérebro deve conter alguma receita ou programa que consiga construir um número infinito de frases a partir de uma lista finita de palavras. A esse suposto programa damos o nome de gramática universal (GU). A linguagem é vista como uma dotação genética do ser humano. A criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem e é capaz de, a partir da exposição à fala, construir suas hipóteses sobre a língua em que está imersa. Assim, a linguagem é atrelada a características inerentes a espécie humana, o que reafirma seu caráter universal, tomando-a como fator biológico e cognitivo. Ao assumir essa postura, admite-se que o ser humano por natureza é um detentor de uma GU que possui princípios universais que fazem parte da faculdade da linguagem e parâmetros que serão definidos pela influência do meio e ou da língua nativa.
Segundo Chomsky (1972), a teoria de princípios e parâmetros significou uma adequação dos conceitos da GU frente aos questionamentos surgidos em torno da mesma, bem como diante das novas descobertas na área da aquisição da linguagem. Nessa releitura, postula-se que a criança já nasce com princípios universais e um conjunto de parâmetros que deverão ser marcados de acordo com os dados da exposição linguística a que a criança está exposta. A partir da teoria dos princípios e parâmetros, ele retoma o problema da pobreza de estímulos com uma atitude platonista ante a linguagem. Chomsky transfere o problema de Platão, ?como é que o ser humano pode saber tanto diante de evidências tão passageiras, enganosas e fragmentárias?? para a linguagem. Desse modo, vincula a linguagem aos mecanismos inatos da espécie humana. Pinker (2002), a respeito da aquisição, define um modelo denominado de mentalês universal, ou seja independentemente da língua, todos os falantes pensam a linguagem de forma universal. Os estudos teóricos de Chomsky foram criticados e sofreram contraposições por duas vertentes teóricas: o cognitivismo contrutivista e o interacionismo social. Sendo essa última, junto à teoria inatista, objeto desse trabalho.


Interacionismo e considerações

Lev Semyonovitch Vygotsky nasceu a 5 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, no nordeste de Minsk, na Bielo-Russia. Em 1917,após graduar-se na Universidade de Moscou, com especialização em Literatura, começou sua pesquisa literária. De 1917 a 1923 lecionou literatura e psicologia numa escola em Gomel. Em 1924 mudou-se para Moscou, trabalhando no Instituto de Psicologia e no Instituto de Estudos das Deficiências, por ele criado. Entre 1925 e 1934, reuniu em torno de si um grande grupo de jovens cientistas que trabalhavam na área de psicologia e no estudo das anormalidades físicas e mentais. Vygotsky sempre considerou o homem inserido na sociedade e, desta forma, sua abordagem foi orientada para os processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sócio-histórica e na interação do sujeito com o outro no espaço social. Suas maiores contribuições estão nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a aprendizagem em sociedade e o desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
Ressalta-se, como apontado em Molon (1995), que há diferentes leituras da obra de Vygotsky e, portanto, são identificados, pelo menos, dois tipos de determinação do sujeito: a interação com outros sujeitos e a linguagem. Dessas determinações resulta o sujeito interativo, isto é, aquele que não é nem ativo e nem passivo, e que é constituído na e pela relação interpessoal, e o sujeito semiótico, "sujeito constituído na e pela linguagem, sendo que apareceu como sujeito resultante da relação (...), e como sujeito constituído na relação constitutiva eu-outro, numa relação dialética". (p.106). Vygotsky apresenta uma argumentação elaborada, demonstrando que a Linguagem é um processo pessoal ao mesmo tempo em que é um processo social.
Chomsky ressalta que a criança nasce com as condições de aprender línguas, com o órgão da linguagem embutido no sistema nervoso central. Para ele, embora o meio ambiente importe, influenciando no processo da linguagem, o curso geral do desenvolvimento e os traços básicos são pré-determinados pelo estado inicial. A criança não aprende uma língua, ela a desenvolve e todo ser humano considerado normal é capaz de desenvolver qualquer língua natural (humana). Sua teoria é confrontada com a de Skinner, que alega que a linguagem é essencialmente uma questão de aprendizagem, no sentido específico de aquisição pela mente, através de um sistema exterior.
Vygotsky, ao contrário, acredita que a aquisição da linguagem na criança se dá devido à interação que a mesma possui com o ambiente que a rodeia e o convívio com outros da espécie. A linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança, entre pensamento e palavra existe uma inter-relação fundamental, em que a linguagem tem papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.
Pode-se considerar a linguagem como um instrumento complexo que viabiliza a comunicação e a vida em sociedade. Sem ela, o ser humano não é social, nem cultural. Segundo ele, pensamento e linguagem tem origens diferentes. Inicialmente ,no inicio da vida humana, o pensamento não é verbal e a fala não é intelectual. Desta maneira, o balbucio e o choro da criança nos primeiros meses de vida são estágios do desenvolvimento da fala que não têm relação com a evolução do pensamento, sendo consideradas como manifestações de comportamento emocional. As risadas, os sons inarticulados e os gestos são meios que o bebê dispõe de contato social a partir do nascimento. Embora pensamento e linguagem tenham raízes diversas, genéticas do pensamento e da linguagem, há no desenvolvimento da criança um período considerado como pré-linguístico do pensamento e um período pré-intelectual da fala. Vygotsky formula sua teoria por entender que os mentalistas e os naturalistas não explicavam cientificamente os processos mentais superiores. No seu entender, os naturalistas, ao aderirem aos métodos das ciências naturais, limitavam-se ao estudo de processos psicológicos relativamente simples, tais como as sensações ou comportamentos observáveis, mas ao se depararem com funções complexas, fracionavam-nas em elementos simples ou adotavam um dualismo que abria espaço para a especulação arbitrária. Já com relação aos mentalistas, ele ponderava que estes, por sua vez, levavam em consideração os fenômenos do "espírito" e, a partir de um apriorismo fenomenológico ou do idealismo, descreviam os processos mentais superiores, mas alegavam que era impossível explicá-los ou explicavam-nos de uma forma arbitrária e especulativa. Vygotsky ressalta que a descoberta mais importante da vida da criança acontece por volta dos dois anos de idade, quando as curvas da evolução do pensamento e da fala se cruzam e unem-se para formar uma nova forma de comportamento, surgindo assim a fala racional ou pensamento verbal. Neste período a criança percebe que cada coisa tem um nome, um signo, um significado. A curiosidade desperta e a criança desenvolve seu vocabulário. Desta forma, ¨É no significado da palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal¨. É no significado, então, que podemos encontrar as respostas às nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a fala. (Vygotsky, 2005), o significado é parte integrante da palavra, pertencendo ao domínio da linguagem e ao domínio do pensamento, pois uma palavra sem significado é um som vazio. Vygotsky em Scarpa ( 2001), considera que o significado da palavra é a chave de compreensão da relação do pensamento e linguagem, logo sendo também da consciência e da subjetividade. Desse modo, seria possível analisar as transformações semânticas da língua ao longo do desenvolvimento da criança.
Os trabalhos realizados pela corrente de pensamento vygotskiana entendem que a criança é o sujeito no processo de aquisição da linguagem, construindo seu conhecimento de mundo com a ajuda do outro. Os estudos dessa linha são conhecidos como interacionismo social. Vygotsky, de acordo com Bonin (1996), empenhou-se em criar uma nova teoria que abarcasse uma concepção de desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instrumentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento.
A teoria por ele proposta surge como meio de superar o quadro apresentado pela psicologia, que se encontrava dividida em duas orientações: a naturalista e a mentalista. Na sua percepção, tal divisão acentuava a questão do dualismo mente-corpo, natureza-cultura e consciência-atividade.
Segundo Pinker (2002), tanto a hereditariedade como o ambiente, desempenham papéis importantes. Para ele, se uma criança cresce no Japão, ela irá falar japonês, mas se crescer nos Estados Unidos, falará inglês. Portanto, sabemos que o ambiente desempenha um papel. ¨Se uma criança nasce inseparável de seu hamster, a criança acaba falando uma língua, mas o hamster, exposto ao mesmo ambiente, não¨. A partir dessa consideração bem humorada de Pinker sobre a discussão de inatismo X interacionismo, denota-se a imensa complexidade do fenômeno da aquisição da linguagem. Haja vista, a pertinência de todos os estudos vygotskianos, o interacionismo social não seria, só ele, suficiente para tamanha minúcia de detalhes complexos da linguagem dos homens. A idéia de linguagem foi concebida pela primeira vez em 1871 por Charles Darwin em ¨The Descent of Man¨( Pinker, 2002, p.11-2): Como um dos fundadores da nobre ciência da filosofia observou, a linguagem é uma arte, como fermentar, assar; mas a escrita teria sido uma comparação melhor. Ela decerto não é um verdadeiro instinto, pois toda língua tem de ser aprendida. Contudo, difere muito de todas as artes comuns, pois o homem tem uma tendência instintiva a falar, como vemos no balbucio de nossos filhos pequenos; nenhuma criança, no entanto, tem uma tendência instintiva a fermentar, assar ou escrever. Além disso, nenhum filósofo supõe atualmente que alguma língua tenha sido deliberadamente inventada; desenvolveu-se lenta e inconscientemente etapa por etapa.

A aquisição da linguagem sob considerações da psicologia

Em seu livro Psicologia Cognitiva, Sternberg (2008), fez considerações embasadas na atualidade de pesquisas sobre as questões da aquisição. Em seu livro, discute-se que, no passado, os debates sobre a aquisição da linguagem se centraram no mesmo tema dos debates sobre aquisição de qualquer capacidade ? o inato versus o adquirido. Entretanto, o pensamento atual sobre aquisição da linguagem incorporou a visão de que adquirir linguagem realmente envolve um dom natural modificado pelo ambiente. Por exemplo, o ambiente social, no qual os bebês usam suas capacidades sociais para interagir com outros, proporciona uma fonte de informações para a aquisição da linguagem (Carpenter, Nagell e Tomasello, 1998). Dessa forma, a abordagem ao estudo da aquisição da linguagem gira agora em torno de descobrir quais capacidades são dadas de forma inata e quais são ajustadas pelo ambiente da criança. Esse processo é chamado adequadamente ¨aprendizagem guiada de forma inata¨(Elman, 1996; Jusczyk, 1997). Antes de examinar o debate inato-adquirido, deve-se considerar o exame de uma série de etapas que parecem ser universais na aquisição da linguagem.
Nos últimos anos, a pesquisa sobre o desenvolvimento da percepção da fala encontra o mesmo padrão geral de progressão, ou seja, das capacidades gerais às mais específicas (cf. STERNBERG, 2008). Desde o primeiro dia de vida, os bebês parecem estar programados para sintonizar com o seu ambiente linguístico, com o objetivo específico de adquirir a linguagem.


Aquisição da linguagem: considerações finais

Nem a natureza, por si só, nem aquilo que adquirimos explica todos os aspectos da aquisição da língua materna. Sendo assim, como a natureza pode facilitar a aquisição no processo? (cf. STERNBERG, 2008). Talvez os seres humanos tenham realmente um dispositivo de aquisição da linguagem (DAL), um mecanismo biologicamente inato que facilita a aquisição da linguagem (Chomsky,1965,1972). Ou seja, nós, seres humanos, parecemos estar biologicamente pré-configurados para adquirir linguagem.
Várias observações de seres humanos sustentam a noção de que estamos predispostos a adquirir a linguagem. Por exemplo, a percepção de fala dos seres humanos é muito boa, dada a natureza das capacidades auditivas para os sons. Além disso, todas as crianças dentro de uma ampla gama normal de capacidades e de ambientes parecem adquirir linguagem em um ritmo incrivelmente rápido. Entretanto, é válido, e também imprescindível, mencionarmos que estudos de crianças linguisticamente isoladas parecem proporcionar mais sustentação para a noção de interação da maturação psicológica e do apoio ambiental. A interação com o meio coexiste com os princípios biológicos.
Por conseguinte, nem fatores inatos nem fatores adquiridos parecem determinar, por si só, a aquisição da linguagem. A complexidade dessas questões, e seus estudos, tem uma abrangência que ultrapassa os limites de especificidades simples. A questão pode ser pautada em perspectivas, não em verdades absolutas e ceticistas.



Referências

BONIN, L.F.R. (1996). A teoria histórico cultural e condições biológicas. São Paulo (Brasil), Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

CAMPBELL, R. & GRIEVE, R. Royal investigations of the origin of language. Historiographia Linguística. Amsterdam, John Benjamins, v. ½, n. IX, 1982.

CARPENTER, M., Nagell, K., & Tomasello, M.(1998). Social cognition, joint attention, and communicative competence from 9 to 15 months of age. Monographs of the Society for Research in Child Development, 63 ( 4, serial No. 255 ).

CHOMSKY, N. Syntact structures. Aspects of a theory of syntax.Cambridge, MIT Press, 1965.

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ELMAN, J. L. Bates, E. A., Johnson, M. H., Karmiloff-Smith, A., Parisi, D., & Plunkett, K. Rethiking innateness: A connectionist perspective on development. Cambridge, MA: MIT Press, 1996.

MOLON, S.I. (1995). A questão da subjetividade e da constituição do sujeito nas reflexões de Vygotsky. São Paulo, Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

PINKER, Steven. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Cristina. Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. V. 2.

SKINNER, B. F. Verbal behavior. Englewood Cliffs, Prentice- Hall, 1957. . In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Cristina. Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. V. 2.

STERNBERG, Robert J. Psicologia cognitiva / Robert J. Sternberg; tradução Roberto Cataldo Costa. ? 4. Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 2008.

VYGOTSKY, Lev. S. Pensamento e Linguagem. 3ªed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.