O aprendizado é algo inerente à condição humana. O ser humano aprende desde que o cérebro é formado e não deixa de aprender ao longo de toda a sua existência. Apesar de natural, este processo está longe de ser simples. Durante a vida estudantil, o ser humano percebe, por exemplo, como determinados tipos de conhecimentos são difíceis de serem construídos e assimilados. Nas organizações não é diferente: o ser humano vive nelas um dia a dia repleto de oportunidades para desenvolver o aprendizado contínuo e, no entanto, as condições nem sempre são as mais facilitadoras para que este processo aconteça plenamente.

Como seres sociais, seria de se esperar ainda, que, quando o ser humano se reúne em torno de um tipo de experiência qualquer, a capacidade de aprendizado coletivo deveria ser no mínimo, a soma das capacidades individuais. Mas na prática não é o que acontece em muitas situações de vida e, particularmente, nas experiências nas organizações.

Mas o que leva a estas dificuldades? Por que seres humanos inteligentes, capazes de aprender, quando se reúnem, nem sempre são capazes de gerar organizações inteligentes e também capazes de aprender com elas? O que faz com que os indivíduos não possam aproveitar toda a sua capacidade de aprendizado nas organizações, dado que esta capacidade seria interessante também para elas? Quais são as características de uma organização que aprende e que facilita a aprendizagem dos indivíduos que dela participam?

Citando o conceito de aprendizagem organizacional definido por Antonello (2005, p. 27), como o processo contínuo de apropriação e geração de novos conhecimentos nos níveis individual, grupal e organizacional, envolvendo todas as formas de aprendizagem – formais e informais, podemos perceber que é necessário que todos os níveis de aprendizado precisem estar integrados na mente do indivíduo, para que assim o processo seja realizado de forma holística.

E já segundo Morin (1996), o significado mais amplo da palavra aprender, no caso do indivíduo, se refere ao processo de se instruir, de compreender, de seguir o sentido e a direção de qualquer coisa e de adquirir o poder de ação que isto supõe. Aprender é fazer coisas sempre pensando em suas conseqüências e imaginando seus resultados.

As pessoas freqüentemente associam a aprendizagem a um resultado concreto, seja um conhecimento adquirido ou um comportamento adaptado. Todavia, a aprendizagem é um processo que ocorre de modo único e distinto para cada indivíduo. O verdadeiro aprender significa adquirir conhecimentos e competências, modificar suas atitudes e seu comportamento, mudar suas rotinas, seus hábitos e seu automatismo, adaptar-se a uma nova situação, desenvolver uma nova consciência.

A aprendizagem não se produz do mesmo modo para todo mundo. Existem diferenças individuais, sejam por atitudes e capacidades de aprendizagem ou por disposições pessoais e interesses diferentes. Em outras palavras, fatores fisiológicos, tais como a idade, a inteligência, a motivação e o engajamento do indivíduo influenciam sobre o nível de aprendizagem.

Trata-se de um processo que precisa ser, necessariamente, voluntário, que exige uma atitude de abertura à experiência. É também um processo ativo e não passivo. Um indivíduo não aprende verdadeiramente senão estiver disposto a tal. No máximo, é um processo que pode ser auxiliado, facilitado, porém, jamais imposto ou totalmente dirigido.

É, ainda, um processo que permite ao indivíduo conectar as suas experiências do passado, do presente e do futuro. A consciência que dele resulta é enriquecida pelas experiências passadas e modifica a qualidade daquelas que se seguirão. A atitude e comportamento atuais de uma pessoa são o produto das experiências (passado) e das tentativas (futuro) que a pessoa ajusta aos novos eventos.

A aprendizagem é um processo que requer a desestabilização das certezas. Em uma situação familiar, o indivíduo tende a se comportar como de hábito, sem que tenha necessidade de refletir sobre o que faz, já que ele sabe o que esperar de si mesmo. Ele, geralmente, confirma suas expectativas e tem confiança em suas capacidades. Simplificando, pode-se dizer que, em uma situação familiar, o indivíduo tende a interpretar os fatos e dirigir a sua ação de modo mais automatizado. Por outro lado, em uma situação fora de costume, estranha, ou diante de uma dificuldade, os comportamentos habituais podem dar lugar a resultados insatisfatórios que forçarão o indivíduo a colocá-los em questão. Este é, em geral, o início de uma nova aprendizagem.

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