E assim começou:

Eu daqui, ele de lá. Um encontro ao acaso, uma webcam ligada, um rapaz estrangeiro bem apresentável me mostrou a bandeira do Brasil e disse que o amava. Bate-papo todos os dias, cada palavrinha ia aumentando o carinho de amigos. As vezes as palavras ofendiam, e pedidos de desculpam foram inúmeros.

Vai Brasil, em busca do Hexa! A decepção dele foi grande com a eliminação nas quartas de finais. E o shortinho com as bandeirinhas do Brasil não deu sorte. Ahh não, não gostou da camisa azul do Brasil, por que deu azar. Mas não decepcionou seu pai e vestiu a camisa da holanda que ganhou da turminha de futebol com tanto carinho.

Certa vez, um desespero, tristeza inexplicável, uma garrafa de cerveja, um desejo de morrer. As lágrimas aqui não paravam de cair, desejando fortemente dar um abraço e dizer que tudo ia ficar bem. Preces foram feitas, orações e então tudo acalmou.

E então o grande simbolo surgiu. A medalhinha viajou sete dias para chegar as suas mãos, que a pôs em seu pescoço e nunca mais a tirou, assim como o sonho e o desejo de conhecer o seu país amado ficou em seu coração.

Passou-se por bons e ruins, um sonho deslanchou, aquela carreira tão desejada de Policial Civil não foi possível realizar e eu vi, e apoiei no dia da seleção. Lembro das mãos trêmulas, da roupa bem arrumada, social de terno e gravata, sonhando ter passado, mas infelizmente um problema de saúde não o deixou passar. E eu estava lá quando tristemente me deu a notícia.

Recuperou rapidamente, buscou algo novo pra se fazer, passou numa prova, voltou a estudar. Agora sim, encontrou algo que amava fazer, e ainda o faz com gosto. É o primeiro da classe lutando para conquistar seus sonhos. Fazendo campeonatos, passando, vencendo, e quem sabe chegar a capital de seu país, quem sabe Brasil, quem sabe Alemanha. Ele há de chegar, e não importa quando. Com toda certeza ele virá.