Aprendendo através das redes participativas

Por Diego Brockveld Gomes | 31/03/2017 | Sociedade

Resumo


A presente pesquisa usa os conceitos da função executiva (2011, Mourão &
Rodrigues) para tratar dos processos cognitivos das redes e do fluxo informacional
do Web.Doc participativo. Consideramos que o desenvolvimento da rede
participativa é sustentado pelo usuário, mas para que o mesmo participe, deve-se
enfocar no estimulo e nas necessidades do mesmo, como: acessibilidade,
funcionalidade, qualidade, além da interatividade e inovação desse ambiente. Por
isso abordaremos os conceito de Design Participativo (DP) apresentado por
(CAMARGO&FAZANI), tanto no web.doc quanto em outras redes participativas,
contribuindo para o desenvolvimento da uma plataforma Web.Doc bem
estruturada, participativa e de fácil interação com o usuário.

Palavras-Chave: aprendizado; rede; corpo; memória; conhecimento; inovação;

Abstract


This research will present how the body gets involved in the cognitive process,
using the concepts of executive function (MOURÃO & RODRIGUES), comparing it to
the cognitive processes of networks and information flow participatory Web.Doc.
We will also analyze how the body creates, contribute, share and transforms the
space, memory and knowledge of the network and the network. We also believe
that the development of participatory network is supported by the user, but for it to
participate, one must focus on the stimulus and the needs of the same, such as:
accessibility, functionality, quality, and interactivity and innovation this
environment, it will approach the concept of Participatory Design (PD) presented by
(CAMARGO & FAZANI), all through references and articles, we will also find the
design of other participating networks, contributing to the development of our
Web.Doc platform, well-structured, participatory and easy user interaction.

Keywords: learning; network; body; memory; knowledge; innovation;


Introdução


Para o desenvolvimento da pesquisa, o artigo de Mourão e Melo (2011) apresentará
os aspectos da função executiva e o funcionamento do corpo no processo de
aprendizado: “o cérebro é composto por um conjunto de habilidades, que de forma
integrada possibilitam o direcionamento de determinados comportamentos a
objetivos, realizando ações voluntárias. Essas ações são auto-organizadas,
elegendo as estratégias mais eficientes, resolvendo problemas imediatos ou em
longo prazo, assim se define a função executiva, a compreensão de fenômenos de
flexibilidade cognitiva e da tomada de decisões” (pg.309). A principal característica
do processo cognitivo é a aquisição/retenção de determinada informação provocada
pela intensidade dos estímulos, principalmente o estado motivacional e emocional,
além da capacidade de evocar esse conhecimento em uma nova situação. Mas todo
esse processo de aprendizado só funciona através das redes neurais, plásticas,
dinâmicas e mutáveis, onde as sinapses se formam e deixam de existir em frações
de segundo. Diante das atuais circunstâncias e possibilidades de aprendizado,
conforme os conceitos de (Mourão e Melo. 2011), principalmente de uma sociedade
em rede (Augusto Franco. 2010), acreditamos que um ambiente de rede digital
com estímulos adequados possibilita a inovação da produção do conhecimento.
Para isso, tratamos dos conceitos de desenvolvimento cognitivo e design
participativo, apresentados por Camargo e Fazani (2014) a fim de analisar como os
usuários se envolvem e transformam esse espaço-rede.
Analisamos também pensamentos importantes de autores como Ivan Illich (1970),
Célestin Freinet (1969) e Augusto Franco (2009), sustentando os conceitos de
sociedade em rede, aprendizado e inovação. Por fim, com base nestes conceitos
pesquisamos uma rede web.doc participativa já desenvolvida, o web.doc The
Human, comparando aos conceitos apresentados.
Dentre os recursos apresentados vamos destacar e focar a produção audiovisual, o
principal meio para o desenvolvimento da nossa rede participativa, que vem sendo
um formato muito utilizado no espaço-rede, pode-se observar a ascensão constante
das palestras TED ou vídeos aulas alternativos e independentes nos canais como
Youtube, Vimeo, etc., que os usuários “sobem” nas redes disponíveis.

Objeto de Pesquisa

O corpo e a produção de conhecimento no web.doc participativo é nosso principal
objeto de pesquisa. O corpo é em si mesmo uma rede interna tramada com o
ambiente externo (BORGES. 2010). Esse ambiente “fora de si” pode ser o espaço
ou as pessoas à nossa volta. Devido à expansão das redes, o espaço e o contato
com as pessoas estão em constante crescimento. Junto à expansão da rede, a troca
de experiência, o aprendizado e o conhecimento podem caminhar rumo à inovação
do processo de produção de conhecimento na experiência do corpo na rede.

Metodologia


Pesquisa bibliográfica e videográfica
Análise do web.doc


Resultados e Discussão


Podemos observar que a rede neural é um fator determinante para o processo de
aprendizado. Todavia, onde adquirimos esse aprendizado? Em síntese Ivan Illich
(1970) aponta que armazenamos as informações nas coisas e nas pessoas, e o
pedagogo Célestin Freinet(1969) acredita que o aprendizado deve decorrer de um
ambiente estimulador. No nosso caso “a coisa” e o ambiente estimulador é a rede
web.doc participativa, que vai estimular as pessoas e usuários, que vão sustentar a
plataforma. Em uma palestra para o TEDex, Augusto Franco (2009) diz que: “uma
sociedade em rede está aberta a inúmeras possibilidades de aprendizado”, pois a
sociedade em rede possibilita a distribuição de conhecimento para além do espaço
físico, tendo também o fator cooperação, tornando-se um atributo do modo em
que os seres na rede se organizam. Mais que isso, as redes possibilitam um campo
inovador, onde a inteligência coletiva pode manifestar e ir de encontro á novos
conhecimentos, dando margem ao surgimento de novas ideias. Podemos observar
que a sociedade em rede funciona exatamente como a função executiva e as redes
neurais. E que se desenvolvermos uma rede extremamente estimulante, na qual
desperte o interesse do usuário, o mesmo estará aberto a um aprendizado muito
mais amplo; evocando, compartilhando e transformando o conhecimento.
Mas como podemos desenvolver uma rede estimulante? Quais aparatos, recursos e
meios devemos utilizar para que o usuário queira participar?
Camargo e Fazani (2013) propõem, através do seu projeto de Design Participativo
(DP), que “o (DP) não abrange apenas práticas, mas princípios que implicam em
novas formas de pensar, sentir e trabalhar, considerando que cada participante
tenha algo a oferecer” (pg.147). Essa é a principal diferença do DP, segundo Tizzei,
Foschiani e Santos (Apud Camargo&Fazani. 2013 pág.141): “uma das principais
diferenças entre o planejamento tradicional e o planejamento participativo é que no
segundo, cada stakeholder contribui no processo de discussão, pois pode existir
uma grande variedade de opiniões, ideias, conhecimentos, entre outros”. Sustenta
Tenório (Apud Camargo&Fazani. 2013, pág.141): “participar é uma prática social
na qual os interlocutores detêm conhecimentos que, apesar de diferentes, devem
ser integrados. Que o conhecimento não pertence somente a quem passou pelo
processo de educação formal”. E segundo Muller (Apud Camargo&Fazani. 2013
pág.145): “a participação de diversos interessados podem trazer benefícios como:
desenvolvimento de novos conceitos, engajamento das partes interessadas e
combinações de ideias de diferentes pessoas em conceitos unificados.” Podemos
concluir então que o (DP) possibilita a participação de diversos integrantes que
criam seu espaço com objetivos em comum, produzindo novos conhecimentos em
um ambiente inovador, saindo do modelo de aprendizado alienante baseado nas
experiências e referências de um “superior”, além possibilitar uma avaliação das
metas de uma forma mais global e com diferentes pontos de vista e perspectivas,
consequentemente expandindo o planejamento e desenvolvimento do grupo.
Abordamos alguns conceitos do DP que nutre os conceitos da função executiva,
processo cognitivo e a função das redes. Mas, retornando ao nosso
questionamento, quais aparatos e recursos nós temos disponíveis para o
desenvolvimento de uma nova rede web.doc participativa mais estimulante?
Podemos considerar algumas práticas participativas, como: depoimentos, oficinas,
maquetes, descrição de cenário, prototipação, entre outras. Muller (Apud
Camargo&Fazani. 2013, pág.145) destaca que “as histórias e contos, fotografias,
filmes, jogos, construções por meio de reflexão, descrição de trabalhos e
protótipos, linguagem apropriada para comunicação e outros artefatos como:
apresentações visuais, acesso e expressão para o lado emocional da experiência,
além da identificação da perspectiva subjetiva nas experiências das pessoas com as
tecnologias e o relato de histórias pessoais”. Já Ribeiro (2013, pg.145) cita outras
redes e aparatos como os “Blogs e Videologs, Wikis, e-Portfólios, Bases de dados,
Revistas digitais, etc.”. Ele destaca que "a produção audiovisual, que para o ensino
tem, sobretudo duas tendências – produção audiovisual de exploração ou de
investigação/observação e apresentação dos resultados e de exposição ou
explanação que, na forma mais simples, constitui o que poderemos denominar de
vídeo aula ou conferência ilustrada" (pág.141).
Analisamos o web.doc Human (http://www.human-themovie.org/), que relata
histórias humanas de diversas partes do mundo, buscando o que há de mais
sombrio e mais nobre no ser humano. O design da homepage é objetivo e limpo em
relação à acessibilidade e usabilidade, mas o que mais chama atenção no projeto é
o fator Participativo, a rede possibilita inúmeros trajetos de aprendizado e
participação aos usuários, em cada história contada, os usuários podem criar
ambientes para trocar ideias sobre a narrativa apresentada, além de poder
compartilhar suas histórias e modificar o enredo da já publicada. O foco do
documentário é promover a discussão entre os usuários através das histórias
humanas, tentando criar um sentimento de solidariedade e humanidade.


Conclusões


Como vimos, o aprendizado depende do estimulo presente no espaço em que nos
envolvemos. No caso das redes, não se deve levar em consideração apenas
questões como usabilidade e acessibilidade para estimular o usuário, é de suma
importância o Design Participativo (DP), que consiste não apenas nas práticas e
formatos envolvidos, e sim nas possibilidades de participação e contribuição dos
usuários no processo de discussão e desenvolvimento do Web.Doc. Assim o
ambiente se torna uma rede do próprio usuário, que alimenta, molda e transforma
á sua forma, assim como o conhecimento e a experiência adquirida nesse processo,
um forte exemplo é o Web.Doc Human que possibilita essas infinitas possibilidades
de aprendizado e troca de experiência.


Referências


BORGES. F.: A performatividade do corpo na arte da performance. Pesquisa de pós-doc desenvolvida no Instituto de Artes da UNICAMP, 2010.


CAMARGO, L., & FAZINI, A.: Explorando o Design Participativo como prática e desenvolvimento de sistemas de informação. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 5, n. 1, p. 138-150, mar./ago. 2014. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/incid/article/viewFile/64103/pdf_18


MOURÃO, C., & MELO, L.: Integração de Três Conceitos: Função Executiva, Memória de Trabalho e
Aprendizado. UFJF - Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Jul-Set 2011, Vol. 27 n. 3, pp. 309-314. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf


RIBEIRO, J.: Entrevista com o Prof. Dr. José da Silva Ribeiro. UFRGS - teccogs n. 7, 156 p, jan.-jun, 2013. Disponível em: http://www4.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/entrevistas/2013/edicao_7/2jose_ribeiro.pdf


Franco, A.: TEDXSP 2009 com Augusto Franco – Disponível em: https://www.youtube.com/watchv=-3bnzmykCiM