O JULGAMENTO DE SÓCRATES

 

Alex de Sousa [1]

 

MARCONES, Danilo. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a

Wittgenstein. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.  

 

 

 

Platão, ateniense, fundador da escola Academia, é apontado como grande filósofo da idade antiga. Deixou muitos escritos, em forma de diálogos que contribuíram para a compreensão de uma nova filosofia diferente da filosofia dos pré-socráticos que visavam apenas responder a questões sobre a origem do universo. Acredita-se, que um dos seus primeiros escritos foi à apologia de Sócrates, a mesma, procura relatar o julgamento e condenação de Sócrates pelos cidadãos atenienses. Platão também apresenta nesta apologia, o discurso de Sócrates diante do júri que o condenou.

No julgamento os júris acusavam Sócrates de desrespeitar as leis da cidade e os deuses tradicionais e ainda corromper a juventude. Mas, ele fala para aqueles que o condenaram, que o verdadeiro motivo de sua condenação, não foi suas reflexões a respeito das virtudes e de outras coisas que muitos já ouviram, e também não foi por causa dos seus questionamentos feitos a ele mesmo e aos outros, nem tão pouco a falta de palavras, mas sim, por que não usou do cinismo e do descaramento, como também, não teve vontade de dizer às coisas que eles mais gostariam de ouvir.

Sócrates, no inicio do seu discurso diz que a “vida sem reflexões não vale apena ser vivida”, por esse motivo, ele aceita a sua condenação e não aceita um exílio, permanecendo firme no seu estilo de vida e de filosofar. Com sua habilidade, usar da defesa tradicional para se livrar da condenação seria fácil, contudo, saberia que se fizesse estaria traindo a si mesmo.

 

Em nenhum momento do julgamento Sócrates demonstra arrependimento no que disse e nem tão pouco, medo da morte, pelo contrário, ele diz que seja onde for nem ele, nem homem algum devem tentar escapar da morte seja qual for o seu preço, mas mesmo assim ele diz que há muitas maneiras de escapar da morte, porém muito mais difícil é escapar da iniqüidade, pois essa corre muita mais veloz. Sócrates deixa bem claro a eles que sua morte, não vai livrá-los de prestar contas de suas vidas, mas diz que o resultado será bem diferente. Aqueles que ele conseguiu refrear vão forçá-los, a prestar contas e o número será ainda maior.

Sócrates faz uma grande crítica, a aqueles que o condenaram ao dizer que “condenar os homens a morte não eliminam os seus atos errôneos, mas sim torná-los bom ao Maximo seria a melhor maneira.

Para aqueles que não o condenaram, Sócrates expressa a alegria de poder conversar com eles enquanto ainda há tempo. Partilha com eles as possibilidades da natureza da morte e se alegra com os seus resultados. Pois de uma forma ou de outra segundo Sócrates com a nossa morte só teremos vantagens.

Por fim, este diálogo de Platão, sobre a apologia de Sócrates, procura nos mostrar o verdadeiro papel do filósofo que é contemplar a verdade, estar sempre em busca da sabedoria e nunca corroer o seu verdadeiro sentido para agradar a alguém e em nenhuma das hipóteses fugir do seu estilo de vida e de filosofar, como também, trás átona os sentimentos de Platão em relação à injustiça cometida pelos cidadãos atenienses ao seu mestre. 

 

 

 

 

 



[1] Aluno do Curso de Licenciatura em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras.