Não penso sobre a guerra.

Os motivos políticos, econômicos ou religiosos que movem a máquina da batalha ou direcionam o canhão do medo não deveriam justificar tantas vidas findas.

Nada justifica. Não.

Por este motivo que lhes descrevo, não penso sobre a guerra.

Em tempos de egos nucleares, estratégias biológicas e metralhadoras virtuais, melhor não pensar na guerra.

Melhor não imaginar o sonho estrategicamente desfeito pelo brio de quem proclama e a luta inobservada de soldados “desamados” (armados ou não), no sangue virtual que será derramado em nossas telas reais nos tornando parte de algo que não faz parte de nós.

Melhor nem imaginar as criancinhas (o diminutivo comove mais).

Melhor não pensar nelas.

Na labuta, são só soldados. Ou não?

Nascidos em laboratório, seres (humanos?) produzidos com sistema operacional para matar em nome de uma causa controversa e aprazível (?), desprovidos de tudo que nos sobra.

Já diz o dito digitalmente (eis a casa da ironia) popular “eles que lutem”.

Por que pensar no que não nos fere!? Ou fere?

Você pensou? Pensou se te fere? Ou não pensou?

Não, definitivamente, não penso sobre a guerra.

É preferível valermos de nossa musicalizada ignorância, pois, se não enxergarmos digitalmente não está acontecendo. A ignorância é a mãe da sabedoria, alguém disse um dia.

Nós, avariados pelo distanciamento do que é real e palpável, abandonados em nossa ignorância virtual, emburrecidos pelo excesso de informação nenhuma, nos tornamos alienados politicamente e eletronicamente desumanos. Somos parte de um todo, uma rede (social) de criaturas caricaturadas em imagens repostadas que se limitam a eventualmente lamentar e comentar o que desconhecem. Assim, é por isso que não penso sobre a guerra, mas posto sobre ela.

Temos compaixão sim, está ao alcance de um post.